O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Lançamento: O Campo das centáureas - a primeira ficção viking produzida pelo NEVE!

 


O campo das centáureas: cenas da vida na Dinamarca viking

Romance escrito por Luciana de Campos, com prefácio do prof. Dr. Álvaro Bragança Jr. (UFRJ). 
João Pessoa: Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, 2024, 136 páginas. ISBN: 978-65-01-20543-4 (CBL).

Venda exclusiva em formato pdf pelo Instagram@fadacelta ou e-mail: fadacelta@yahoo.com.br  

Sinopse: O campo das centáureas é um romance inspirado em histórias nórdicas, cuja narradora, Olga, é uma adolescente de 15 anos que vive com o pai, um comerciante, a mãe Gudrun, tecelã, pastora e agricultora, e o frágil irmão Erik. A trama começa quando o pai da narradora, como muitos homens da região, tem de deixar temporariamente o lar para comerciar. O foco narrativo valoriza a experiência de ser mulher nesse contexto da Era Viking. Na mesma medida em que é uma menina autônoma, astuciosa e curiosa, a narradora também sonha com o casamento, a manutenção da vida na pequena propriedade rural e a maternidade. O campo das centáureas não é uma narrativa a respeito das aventuras dos homens, mas das atividades das mulheres enquanto os aventureiros e comerciantes viajam. Os ciclos da vida, associados às mudanças no clima e à paisagem natural, dão o compasso do romance, em que reviravoltas na trama se combinam à introspecção reflexiva da narradora.






Luciana de Campos é graduada em letras pela UNESP-Araraquara, mestre em História pela UNESP-Franca e doutora em Letras pela UFPB. É integrante do NEVE e The Northern Women’s Art Collaborative. É autora do livro Na mesa com a História: a alimentação na Antiguidade, Era Viking e Medievo.



domingo, 10 de novembro de 2024

Colóquio de Estudos Vikings: a nova edição se aproxima

 


O novo CEVE está chegando! Nesta edição teremos quatro conferências internacionais, falando sobre os vikings na América e na França, uma caverna islandesa com elementos ragnarokianos e as primeiras cidades da Era Viking, todas em inglês. Não entende nada de inglês? Não se preocupe: teremos várias atividades na língua portuguesa - um minicurso sobre alinhamentos megalíticos da Escandinávia antiga e uma oficina sobre Arqueologia experimental da Era Viking. Duas mesas redondas falando sobre runas e História dos vikings. E várias comunicações: sobre os deuses nórdicos, sagas islandesas, História da Escandinávia e cultura material. Você pode fazer a sua inscrição como ouvinte até o dia 12 de novembro, pelo site do evento. O evento é totalmente online, público e gratuito. Qualquer pessoa pode participar, sendo da Academia ou não. Basta ter interesse.




domingo, 3 de novembro de 2024

A suástica da Shell no RS: budismo ou nazismo?

Uma nova polêmica envolvendo a suástica no Brasil vem criando diversas interpretações equivocadas, tanto por parte de jornalistas quanto historiadores. Novamente, o professor Johnni Langer publica um texto sobre o tema, esclarecendo questões históricas mais profundas envolvendo o dito símbolo. 










No canal do NEVE no Youtube também foi disponibilizado um vídeo sobre o assunto: 'A História da Suástica - Cotidiano e História Ep. 23':



sábado, 2 de novembro de 2024

Livro 'Odin' na Amazon em formato kindle e físico!

O livro 'Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking' já está disponível nas grandes livrarias do Brasil e também pode ser adquirido na Amazon. O livro é o resultado de várias pesquisas de Johnni Langer na região da Dinamarca antiga, realizadas em 2018 e 2019. 

Para mais detalhes sobre o livro, clique aqui.

A professora Luciana de Campos apresenta o novo livro:



Nas fotos, alguns locais visitados pelo autor (Jelling, o salão rúnico do MND, Lindholm Høje, Lejre e Aarhus).








quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Dias das Bruxas no NEVE: leia um artigo ou assista a um vídeo!

Hoje é o dia de se ler ou assistir a um vídeo de teor acadêmico sobre uma das personagens mais importantes da imaginação no Ocidente: as bruxas. Escolhemos três opções de antigas produções do NEVE para você se deleitar!

Artigo - Existiram bruxas vikings? Blog do NEVE, 2022.



Vídeo: Gatos, Satã e bruxas na Escandinávia, NEVE responde ep. 11, 2021:


Vídeo: As bruxas na arte sacra da Escandinávia:


Vídeo: Bruxaria Nórdica e Paganismo Contemporâneo






terça-feira, 29 de outubro de 2024

Os 'vikings' liam as Eddas?

Afinal, os 'vikings' conheciam as Eddas? A Edda Poética foi realmente um livro sagrado para os adeptos das antigas religiões 'pagãs' na Escandinávia? Novo texto de Johnni Langer, com colaboração do historiador Leandro Vilar Oliveira. 

Postagem em comemoração ao Dia Nacional do Livro! Data instaurada para comemorar a criação da biblioteca Nacional do Rio de janeiro, em 29 de outubro de 1810.
















sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Infográfico: principais fontes iconográficas sobre Odin da Era Viking

Como estudar o deus Odin na Escandinávia antiga, muito antes das Eddas e das sagas islandesas terem sido escritas? Descubra as principais fontes iconográficas que os pesquisadores da Odinologia recorrem para entender a formação e o desenvolvimento do culto ao deus caolho na Escandinávia. O livro 'Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking' está em pré-venda pela Livraria Vozes.

Para mais detalhes sobre o livro, clique aqui.



terça-feira, 22 de outubro de 2024

Runas e pedras rúnicas analisadas no livro 'Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking'

Elas falam de deuses, magia, poetas, vikings, maldições, famílias e reis poderosos. Descubra mais sobre algumas das mais importantes pedras e inscrições rúnicas da Dinamarca da Era Viking. O novo livro de Johnni Langer apresenta alguns dos mais recentes estudos de Runologia acadêmica e a sua importância para se compreender a História da Escandinávia antiga. 

O livro 'Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking' está sendo vendido nas principais livrarias do Brasil.

Para saber mais detalhes do livro (vendas, Sumário e resenha), clique aqui.


A professora Luciana de Campos apresenta o novo livro:



sábado, 19 de outubro de 2024

Lançamento - 'Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking'


O novo livro de Johnni Langer foi lançado: Odin: uma história arqueológica da Dinamarca viking, Editora Vozes. Com 240 páginas, ilustrado com mais de 80 imagens, guia de pronúncia do dinamarquês e um glossário de siglas, termos e conceitos.

Ele está em venda pela Amazon e nas principais livrarias do país.

A professora Luciana de Campos apresenta o novo livro:


O livro é um estudo monográfico sobre a história arqueológica da Dinamarca durante o período viking. A vida cotidiana e material desta região é analisada em detalhes, além de uma pesquisa minuciosa sobre como o deus Odin foi sendo construído ideologicamente pelas elites nórdicas, do Período das Migrações até o século X.

Johnni Langer é professor na Universidade Federal da Paraíba. Desde o final dos anos 1990 dedica-se ao estudo da Escandinávia da Era Viking, particularmente em seus aspectos arqueológicos e mitológicos. É autor de dezenas de artigos acadêmicos em periódicos da Dinamarca, Suécia, Inglaterra, França, Rússia, Portugal, Espanha, Itália, Argentina e em dezenas de periódicos brasileiros. Este é o seu décimo segundo livro. Langer é coordenador do NEVE (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos) e editor chefe do Scandia Journal of Medieval Norse Studies. Realizou pesquisas na Dinamarca e Escandinávia em 2018 e 2019.

Texto de contracapa


Sumário completo do livro:


Texto de apresentação da primeira orelha escrito pelo historiador Sandro Moita


Qualidade gráfica de uma das maiores editoras brasileira!





Odin, Dinamarca, Vikings!

 No ano de 2018 o professor Dr. Johnni Langer viajou à Dinamarca, um dos países que compreendem a Escandinávia, a região norte da Europa, sendo uma das terras ancestrais dos nórdicos, mais conhecidos como vikings. Lá ele visitou museus, sítios arqueológicos e locais históricos, coletando fontes e dados para suas pesquisas. Finalmente após alguns anos de espera, o resultado dessa incursão a uma das terras nórdicas vem à tona.

 O livro Odin: Uma história arqueológica da Dinamarca Viking consiste numa obra que não buscou contar a história de guerreiros, reis e heróis, mas centrar-se em seu povo, com seus costumes, crenças e ideias. Como bem salientou o professor Langer, a proposta do livro foi contar uma história dessa Dinamarca medieval a partir de sua cultura material, através de artefatos, monumentos e sítios arqueológicos, os quais perfazem lugares de memória, pois as paisagens também nos contam histórias. Narrativas essas desenterradas das brumas de um passado distante.

 Assim, baseado numa abordagem arqueológica, mas também historiográfica, a obra apresenta a história da Dinamarca entre os séculos I d.C. ao XI., perfazendo a chamada Idade de Ferro Nórdica, período que antecede a Era Viking, uma época em que a Dinamarca não era um território unificado, sendo disputado por vários governantes. Um período que vimos a formação do povo danês, mais tarde chamado dinamarquês. Em segundo momento adentramos a Era Viking, quando a Dinamarca se unificou no século X através do rei Haroldo Dente Azul, sendo o primeiro reino escandinavo a passar por tal processo, posteriormente expandindo seus domínios com os reis Sueno Barba-Bifurcada e Canuto II, o Grande.

 Dessa forma, a obra nos concede uma visão ampla sobre a formação do Estado dinamarquês no período medieval, apresentando aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos. Abordando-os esses temas através da organização das lideranças, as fortificações militares, o comércio, o surgimento das cidades mercantes, os templos, os cemitérios, os navios etc., revelando por diferentes perspectivas como era a vida, a sociedade e a cultura na época dos vikings.

 No entanto, o livro não se limita apenas a esses temas, ele também se propôs a analisar a cultura visual sobre Odin, um dos mais famosos deuses escandinavos, o senhor de Valhala, um deus dos mortos, das vitórias militares, senhor da guerra, mas também uma divindade de sabedoria e conhecimentos mágicos. O que torna Odin numa figura fascinante e emblemática por sua diversidade de funções míticas e religiosas.

 Assim, partindo de diferentes artefatos como bracteatas (um tipo de amuleto), moedas e pedras rúnicas, o professor Langer nos apresenta a relação entre a cultura material, mitologia e crenças religiosas em torno de Odin, importante divindade adorada na Dinamarca, sendo evocado por guerreiros e senhores.

 Dessa forma, Odin: Uma história arqueológica da Dinamarca Viking é uma obra inovadora no âmbito da língua portuguesa por não haver nada do tipo publicado nesse idioma, se tratando num estudo pioneiro tanto da Dinamarca do período viking quanto sobre Odin por um viés histórico-arqueológico. Assim, para aqueles que se interessam sobre vikings, esse é um livro que vale à pena ser conferido.

 Leandro Vilar Oliveira é historiador, professor, cientista da religião e escritor. É Doutor em Ciências das Religiões, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE), membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, autor do blog Seguindo os Passos da História



sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Novo vídeo: Honra e lealdade entre os vikings

 Novo vídeo do NEVE: Honra e lealdade entre os vikings - Cotidiano e História Ep. 27.

Em várias mídias e na cultura pop, é constantemente repetida a ideia de que para um nórdico, o ORGULHO e o CULTO À FORÇA eram uma questão central. Daí a suposta importância da defesa da honra, da lealdade e da bravura inconteste, algo que, muitas vezes, fomentaria atitudes beligerantes. Isso condiz com a História? Quais "valores" seriam fundamentais para um nórdico antigo? Como a pilhagem era justificada moralmente dentre os valores 'vikings'?

Apresentado pela professora Luciana de Campos (NEVE).



segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Mito, estereótipos e cultura pop em 'Crepúsculo dos Deuses' (2024)

 




Prof. Dr. Leandro Vilar Oliveira

Crepúsculo dos Deuses (Twilight of the Gods) é uma série animada para adultos, produzida pela parceira entre a produtora Stone Quarry Animation de Zack Snyder e sua esposa Deborah Snyder e o estúdio chinês Xilam Animation, sendo exclusiva do streaming da Netflix. O seriado possui no momento uma temporada de 8 episódios, tendo estreado em setembro.

A trama realiza uma adaptação de alguns mitos e contextos da mitologia nórdica, apresentando uma versão original para o Ragnarök, além de inserir características comuns de produções audiovisuais atuais como filmes e jogos eletrônicos, influências da Vikingmania do século XXI, como também exagera em cenas de violência, nudez e relações sexuais, aspectos que permeiam todos os episódios dessa temporada.

Assim, o presente ensaio apresenta comentários de alguns aspectos do seriado, como referências mitológicas, estereótipos ligados aos vikings e elementos da cultura pop atual, vigentes em filmes e jogos eletrônicos. 

Figura 1: Cartaz de divulgação do seriado.

 

 Aspectos da produção

 

            Zack Snyder é produtor, diretor e um dos criadores da série Crepúsculo dos Deuses. Snyder atua como diretor, roteirista e produtor executivo de filmes e desenhos, sendo conhecido pelos seus filmes de ação, alguns até elogiados como 300 (2006), Watchmen (2007), A Lenda dos Guardiões (2010), Sucker Punch (2011) e Mulher-Maravilha (2017), embora também tenha colhido críticas mistas quanto a produções como Homem de Aço (2013), 300: A Ascenção do Império (2014), Batman vs Superman (2016) e Liga da Justiça: Snyder’s Cut (2021).

            Observa-se que Snyder possui experiências com filmes de ação, principalmente baseados em histórias em quadrinhos, destacando-se sua colaboração de vários anos com a Warner Bros e a DC Comics. E vários desses filmes foram feitos com subsídios da sua empresa a The Stone Quarry. Por conta dessa sua associação com filmes de ação, muito disso está presente em Crepúsculo dos Deuses, apesar que ele não tenha roteirizado todos os episódios e conte com o apoio de dois cocriadores e produtores.

O primeiro é o desenhista, diretor e produtor Jay Oliva, que trabalhou em séries animadas como Homem-Aranha, Godzilla, The Batman, Jackie Chan, Max Steel, He-Man e os Mestres do Universo, Jovens Titãs, Liga da Justiça etc. Observa pelo currículo de Oliva, sua longa experiência em produções de super-heróis, e a condição de ele ter trabalhado tanto na Marvel quanto na DC, isso e importante frisar, pois Crepúsculo dos Deuses possui claramente elementos advindos de produções de super-heróis das duas empresas.

O segundo cocriador é o roteirista Eric Carrasco, o qual escreveu roteiros para animações e séries da DC Comics, destacando-se por ter trabalhado regularmente no seriado da Supergirl (2016-2019), uma produção com grande destaque para o protagonismo feminino, algo bastante evidente em Crepúsculo dos Deuses.

 

Enredo

 A trama de Crepúsculo dos Deuses gira em torno de um ato de vingança que acaba culminando os acontecimentos que dão início ao Ragnarök (“o fim dos deuses”). Na narrativa somos apresentados a uma forte e bela guerreira chamada Sigrid, a qual durante uma batalha conhece o rei Leif Volsungo. Ambos acabam se apaixonando e pretendem se casar. Sigrid pede ao noivo que o casamento seja realizado em sua terra natal, vindo a ser uma vila em Jotunheim (Terra dos Gigantes). O motivo se deve que Sigrid é uma “meia-giganta”.

Leif concorda e assim o casal de noivos viaja até Jotunheim. Durante a cerimônia de casamento, Thor e Balder aparecem em busca de Loki. Os gigantes dizem não saber o paradeiro dele, mas o deus do trovão suspeita ser uma mentira, então inicia uma batalha, matando todos os gigantes. Sigrid recebe a ajuda de Loki e Hel para não morrer, mas em troca, o ardiloso gigante diz para ela vingar a morte de seu povo. Assim, temos início a jornada de vingança de Sigrid, a Chorona.

Leif reluta em ajudar Loki, mas apoiando a esposa, o casal vai em busca de reunir guerreiros destemidos e habilidosos para empreender um ataque a Asgard, a fim de confrontar e matar Thor. Para isso, Sigrid e seus aliados, que ela vai fazendo pelo caminho, requisitam armas mágicas forjadas pelo anão Andvari, as quais são capazes de matar os deuses. De posse dessas armas a jornada prossegue para montar-se um exército e invadir Asgard, quando isso finalmente ocorre, o Ragnarök é deflagrado.

Alguns aspectos da construção da trama desse seriado apresentam clara influência de duas produções recentes do produtor e diretor Zack Snyder, algo visto nos filmes Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo (2023) e Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes (2024). Em ambos os filmes somos apresentados a uma protagonista forte e valente que vive longe de sua terra natal, mas depois de seu novo povo ser ameaçado por forças imperiais, ela decide reunir uma equipe de valorosos guerreiros com habilidades e comportamentos distintos, determinados a arriscarem suas vidas para combater uma grande ameaça.

Basicamente essa fórmula contida nos filmes Rebel Moon foi utilizada em Crepúsculo dos Deuses, trocando-se a ambientação de ficção científica espacial pelo cenário e contexto da mitologia nórdica.

 Referências mitológicas

        A série possui várias referências a alguns mitos, o primeiro que se destaca ocorre ainda no episódio 1 e diz respeito a chacina que Thor realiza durante o casamento de Sigrid e Leif. Esse acontecimento pode até suscitar em alguns leitores a ideia de que seja uma inspiração advinda do “casamento vermelho” de Game of Thrones, mas na verdade trata-se de uma referência vinda diretamente da própria mitologia nórdica.

No poema Thyrmskvida (O Cantar de Thyrm), que compõe a Edda Poética, nessa narrativa o gigante Thyrm rouba de alguma forma o martelo de Thor. Mais tarde Loki descobre tal fato e Thyrm diz que somente devolveria o poderoso martelo caso os Aesir lhe enviassem a deusa Freyja como noiva. Os deuses se negam a isso, mas Loki propôs um ardil: Thor iria vestido de noiva no lugar de Freyja. Loki transformado em mulher acompanha o deus do trovão como sua dama de honra, e após Thor recuperar seu martelo, ele mata todos os gigantes da festa de casamento que Thyrm preparou.

Outro mito apresentado diz respeito a Andvari e a maldição do ouro. Essa narrativa mítica é apresentada na Edda em Prosa. O mito conta a história de três irmãos anões chamados Andvari, Otr e Fafnir, os quais conseguiam se transformar em animais. Em certa ocasião, Loki matou uma lontra, vindo a descobrir que era Otr. O pai dos anões exigiu uma “indenização”, o pagamento em ouro pela morte do filho. Loki agindo com astúcia, roubou o tesouro de Andvari e o ofereceu ao pai deles. Por sua vez, Fafnir tomado por grande ganância, matou o pai e se apossou do tesouro, sendo amaldiçoado a se transformar num dragão.

Esse mito é apresentado de forma similar no desenho, com a diferença que Fafnir ao invés de guardar uma caverna com riquezas, passa a proteger um jardim com maçãs douradas. Na mitologia nórdica o dragão Fafnir é morto pelo herói Sigurd dos Volsungos, que obtém seu tesouro. Porém, na trama do desenho, Tiwaz, o líder dos Vanir diz que ajudaria Sigrid e sua missão, caso ela lhe trouxesse tais maçãs. Ela e seu grupo viajam até o jardim de Fafnir para obter as frutas de ouro. Neste aspecto temos a mescla de mitos, pois aqui se encontra uma influência da mitologia grega, em que o herói Héracles (Hércules) em um de seus Doze Trabalhos era conseguir as maçãs douradas que cresciam no Jardim das Hésperides, porém, o pomar era guardado pelo dragão Ladon.

 

 

Figura 2: Sigrid combatendo Fafnir no pomar das maçãs de ouro.

 

No desenho combinou-se o mito das maçãs douradas, as quais são guardadas pela deusa Iduna, com o mito de Héracles. No caso, vale frisar que Iduna não aparece no desenho, além disso, o herói Sigurd também não existe, embora que Leif seja uma referência a ele, por pertencer ao Clã dos Volsungos.

Uma terceira referência mitológica diz respeito a guerra dos Aesir e dos Vanir. A narrativa é citada de forma fragmentada nas duas Eddas. Ambas as famílias de deuses estavam em conflito, mas no final chegam a um acordo de paz. Njörd e seus filhos Freyr e Freyja vão viver entre os Aesir. Por sua vez, os deuses fazem um juramento cuspindo dentro de um caldeirão de onde nasce o deus Kvasir (mais tarde assassinado por anões que criaram o hidromel da poesia com o sangue dele).

Em Crepúsculo dos Deuses essa guerra é mencionada para justificar porque Tiwaz e os Vanir odeiam os Aesir e Freyja viveria como “refém” entre eles. Porém, Njörd e Freyr não aparecem na trama do desenho, inclusive Freyr é substituído por Tiwaz, que se torna irmão da Freyja. Outra mudança é que o deus Hoenir assume o lugar de Kvasir na trama do desenho, tornando-se a divindade que conseguiu estabelecer um acordo de paz, mesmo que mais tarde Odin o enganou. Outro detalhe é que quando Sigrid e seu grupo firmam acordo com os Vanir, eles selam o trato com cuspes, uma referência a mitologia.

            Existem outras referências mitológicas, mas citarei duas para concluir. A primeira diz respeito a morte de Balder. Essa é citada no poema Völuspá (Profecia da Advinha) na Edda Poética e na Edda em Prosa. Embora as versões sejam ligeiramente diferentes, ambas apresentam que Balder morreu acidentalmente pelas mãos de seu irmão Hodr. Esse deus aparece como mero figurante no desenho apenas por alguns segundos durante uma batalha, quando ele é acusado de ter atirado uma lança com visgo que atingiu Balder, o qual fez isso para proteger Thor de ser ferido.

Na mitologia tal assassinato repercute entre algumas profecias associadas ao Ragnarök, e na Edda em Prosa, resulta na prisão de Loki, pois é descoberto que ele tramou tal crime. Entretanto, no desenho o impacto é bem menor. A guerra já tinha se iniciado, Loki não tem tanto impacto em tramar a morte de Balder, Hodr é um personagem sem relevância no desenho, Odin ignora a morte do filho, apenas Thor fica furioso com a morte do irmão.

            A última referência mitológica que destaco diz respeito a representação de Odin. No desenho ele aparece principalmente no último episódio, sendo retratado como sendo três personagens, uma referência a trindade cristã? Talvez, porém, na Edda em Prosa, no começo do Gylfaginning, o rei Gylfi entra num salão misterioso na Suécia e se depara com três reis que se dizem chamar Alto, Mais Alto e Terceiro, os quais seriam manifestações de Odin.

Essa ideia parece ter inspirado a representação de Odin no desenho, o qual aparece na forma de senhor, usando um elmo com asas (influência da ópera wagneriana), na forma de andarilho encapuzado e como um enforcado (referência ao seu autossacrifício na Yggdrasil). Os três Odin são confrontados pela seidkona que lhe fala sobre o verdadeiro significado do Ragnarök, o qual ele teme.

 

Figura 3: As três manifestações de Odin.

Estereótipos

             O desenho acaba retomando alguns estereótipos clássicos relacionados aos vikings: dois deles são destacados aqui: a barbárie e o elmo com chifres. Os guerreiros que aparecem na trama são bastante agressivos e as comunidades nórdicas apresentam estarem regularmente em estado de guerra.

            Quanto ao detalhe dos chifres, esses aparecem em distintas ocasiões. A deusa Hel é representada como tendo chifres ósseos, ou seja, são naturais, não um capacete. Essa condição atribui uma característica sombria a personagem, pois ela é a deusa dos mortos. Todavia, na mitologia nórdica Hel não possui chifres, tampouco é uma deusa maléfica, isso consiste num estereótipo advindo principalmente das histórias em quadrinhos, especialmente as da Marvel Comics, em que Hela é maléfica e usa uma máscara com chifres.

 

 

Figura 4: As duas faces de Hel.


O segundo exemplo advém da Guarda de Asgard ou Soldados Aesir, a qual é retratada como guerreiros usando armaduras, capas e elmos dourados com longos chifres. Diferente dos personagens anteriores em que os chifres reforçam o visual de algo sombrio e cruel, o caso da guarda asgardiana não transpassa a mesma ideia. Possivelmente o uso de tais elmos evoque uma ideia de intimidação para realçar o fato de ser uma tropa de elite. Vale ressalvar que na Marvel Comics temos representações de tropas de Asgard usando elmos com diferentes estilos de chifres. Condição presente nos quadrinhos, desenhos, jogos e até nos filmes do Thor. O último exemplo ocorreu em Thor: Amor e Trovão (2022), em que aparece os Einherjar utilizando elmos com chifres.

 

 

Figura 5: A guarda asgardiana com seus elmos com chifres.

 

            Odin usa um elmo com asas e Heimdall utiliza um elmo com chifres de carneiro. Mas outra referência a tais elmos chifrudos advém do grupo de caçadores chamados Bolverks, os quais são cavaleiros sinistros, que usam peles de animais e máscaras feitas com crânios de cervídeos e caprinos. Os personagens são inventados para a trama do desenho, sendo enviados para caçar Sigrid e seus aliados.

Outro estereótipo presente é associado as valquírias, as quais são representadas utilizando elmos com asas (algo difundido principalmente pela ópera wagneriana no século XIX), além de elas serem apresentadas com asas, característica que se popularizou nas últimas décadas, principalmente em jogos eletrônicos e ilustrações difundidas pela internet. Porém, as valquírias de Crepúsculo dos Deuses possuem um diferencial notável: todas estão nuas. Sendo até o presente momento a retratação mais sexualmente explícita dessas personagens.

 

 

Figura 6: As valquírias nessa produção são representadas todas como sendo belas mulheres louras, possuindo asas, usando elmos com asas, ombreiras, braçadeiras ou peitorais, mas estando nuas.

 

O motivo das valquírias aparecerem nuas provavelmente seja reflexo do apelo erótico que o desenho possui. Por ser uma produção adulta, decidiram investir pesadamente nisso, já que quase todas as protagonistas femininas aparecem nuas em algum momento. Embora exista também nudez masculina em alguns episódios.

Um último exemplo de estereótipo que citaremos advém da personagem de Áile, uma seidkona. Como de costume, tais feiticeiras são retratadas de forma sombria baseando-se no estereótipo das bruxas. Inclusive em alguns momentos Áile é chamada de bruxa. A personagem vive numa floresta sombria (o que reforça os estereótipos a ela associados), tendo a companhia do ulfhdenar Ulf, que foi amaldiçoado e serve ela como seu “cão de guarda”. Álie possui diferentes habilidades mágicas como previsão, conjurar laços mágicos com as entranhas de animais (uma referência ao mito do castigo de Loki) etc. A personagem aparece também misteriosa, de pouca conversa e disse que se aliou a Sigrid porque aquilo estava destinado a acontecer e ela precisava confrontar Odin e lhe revelar o destino que ele temia.

 

Reflexos da cultura pop

 

            Embora o visual de alguns deuses como Thor, seja baseado em pinturas românticas dos séculos XIX e XX, retratando-o usando apenas um saiote rústico, os demais personagens apresentam visuais diferentes, alguns baseados em produções recentes como seriados, desenhos e jogos. Por exemplo, os vikings que aparecem no desenho vestem-se com roupas que lembra séries como Vikings (2013-2020) e Vikings Valhalla (2022-2024). Porém, um elemento que está quase ausente no desenho é a presença de tatuagens, bastante comum no seriado Vikings.

            Por sua vez, alguns personagens aparecem com visuais estranhos. Anteriormente citei o caso de Hel, retratada tendo chifres. Aqui acrescento a condição de Jormungand ser representada como uma mulher de cabelos curtos e usando um vestido colado ao corpo e quase transparente. A personagem é vítima de abusos sexuais perpetrados por Thor.

            No caso de Loki, ele se parece visualmente com elfos negros da Marvel Comics, especialmente as versões dos quadrinhos, não a do filme Thor Mundo Sombrio (2013). Porém, alguns pontos estranhos na representação de Loki: na série é informado ele ser um gigante que vive cativo entre os Aesir, porém, Loki é totalmente diferente dos demais gigantes que aparecem no seriado, sendo o único a se parecer mais com um elfo do que um gigante propriamente dito. E essa condição é estendida para a deusa Freyja, que é retratada como uma mulher negra.

            Quanto a Freyja, a estranheza se dá que ela é a única divindade negra do desenho inteiro, mas a situação fica ainda mais incoerente quando somos apresentados ao seu povo, os deuses Vanir. Essas divindades são retratadas como sendo “plantas humanoides”, algo encontrado em alguns desenhos e jogos de RPG eletrônico. Sendo assim, se todos os Vanir são “plantas humanoides”, por qual motivo Freyja tem a aparência de uma mulher negra? Dessa forma, somente ela e Loki são retratados tendo pele mais escura.

 

 

Figura 7: Loki, Freya e seu irmão Tiwaz.

 

Provavelmente isso seja reflexo das ações de representividade e inclusão que permeiam as produções audiovisuais na atualidade, vide o Heimdall dos filmes do Thor (2011-2022), os “vikings negros” no jogo Assassin’s Creed Valhalla (2020), Angrboda no jogo God of War Ragnarök (2022) e a jarl Hakon em Vikings Valhalla (2022). Observa-se uma tendência de inserir personagens negros no contexto escandinavo, em que o fenótipo predominante é o branco, mesmo que a produção seja pautada em elementos mitológicos ou históricos, o que no segundo caso é bastante anacrônico.

No caso do deus Balder, esse é retratado em Crepúsculo dos Deuses trajado como uma divindade grega e possuindo o corpo dourado. A ideia por tal visual advém de que na mitologia nórdica é dito que Balder era o mais branco dos deuses, mas também “iluminado”. Pelo visto os desenhistas levaram isso ao pé da letra, retratando-o como se fosse uma “divindade solar”. Sobre isso, nota-se certa influência no visual de Balder em algumas representações do deus Apolo. Um exemplo é a versão desse deus no desenho Sangue de Zeus (2022), em que tem um momento que Apolo aparece de forma radiante.

Outros personagens que aparecem com influências da cultura pop está Andvari, o qual é o anão que mais se destaca na trama do desenho, que inclusive utiliza um tipo de óculos. Acessório bastante destoante, ainda mais se considerarmos que a trama se passe num período medieval anterior a invenção dos óculos. Em seguida temos Ulf, um ulfdhenar que se veste com a pele de lobo, mas comporta-se como um cão ou lobisomem em dadas ocasiões.

 

 

Figura 8: Balder parecendo com Apolo, Andvari utilizando óculos e Ulf na forma de lobisomem.

 

            Embora seja uma animação para adultos, no entanto, Crepúsculo dos Deuses apresenta-se bastante apelo a violência e a sexualidade. Outros desenhos para adultos que se encontram na Netflix como Sangue de Zeus (2022), o qual aborda a mitologia grega, tem cenas de combate e algumas personagens femininas sensuais (especialmente Hera), mas não possui essas mesmas características de batalhas sangrentas com vísceras aparecendo, e cenas recorrentes de nudez e erotismo. Já a série Castlevania (2017-2021), baseada no jogo Castlevania III, apresenta bastante ação, monstros, alguns combates sangrentos, porém, a sexualidade é explorada pontualmente na terceira temporada. Por sua vez, o desenho Dragon Dogma (2020) já faz mais apelo a nudez feminina. No entanto, o desenho que mais se aproxima dos aspectos da série de Zack Snyder é a animação Samurai de Olhos Azuis (2024), que possui bastante sangue e tripas nos combates, além de sua dose de nudez e sexo explícito.

            Esses quatro desenhos citados, são produções para adultos e disponíveis na Netflix, e os usei para mostrar que Crepúsculo dos Deuses segue uma tendência das animações adultas desse streaming, embora se sobressaia por investir mais massivamente na violência e no pornográfico. A meu ver, somente Samurai de Olhos Azuis fica equivalente nesses dois quesitos.

 

Considerações finais

 

            Crepúsculo dos Deuses resultou em críticas mistas em sites especializados, blogs e canais de youtubers. Alguns criticaram de forma negativa o roteiro, desenvolvimento dos personagens, qualidade da animação, estilo do desenho e a forma como a mitologia nórdica foi adaptada, havendo comentários de que “ela foi deturpada” ou “mudaram muita coisa”. Aqui se faz necessário um comentário: Crepúsculo dos Deuses é uma adaptação da mitologia nórdica voltada para um público adulto masculino entre seus 18 e 35 anos, que consome filmes de ação, videogames e séries de fantasia, o qual não é conhecedor da mitologia nórdica para além de seus aspectos mais básicos. Logo, toda a construção do desenho dialoga com esse público-alvo.

            Por conta dessa característica fica perceptível a forma como o desenho foi elaborado: ação frenética, nudez, sexo, mas algumas questões sociais também foram inseridas como destaque ao protagonismo feminino, representividade e vilões traumatizados, características em voga em várias produções na atualidade baseadas em hqs (de onde a série se inspira bastante) como Thor Amor e Trovão (2022), The Marvels (2023), Coringa: Delírio a Dois (2024), e até mesmo séries de fantasia não ficaram de fora, algo perceptível em Anéis do Poder (2022) e Casa do Dragão (2022).

O que é reflexo do contexto o qual influencia sobre a adaptação e a recepção, como salienta Dennis (2024), ao comentar que em cada época e cultura, os mitos eram ressignificados para os padrões culturais, sociais e morais do lugar social em que o autor e seu público estavam inseridos. Crepúsculo dos Deuses como uma produção contemporânea segue isso, mesmo que tal condição gere desentendimento entre os espectadores.

            Isso me faz recordar do livro Mitologia Nórdica (2017) de Neil Gaiman. No ano em que foi lançado, a obra foi elogiada por alguns críticos, mas alguns leitores estudiosos de mitologia nórdica ou neopagãos, redigiram críticas ferrenhas ao trabalho de Gaiman, por conta de algumas liberdades criativas que ele fez. E ainda teve o caso de pessoas acharem que seu livro era uma tradução das Eddas, outro equívoco surgido.

            Mas algumas indagações me vêm em mente: por que algumas mudanças e permanências ocorrem? O Thor nesse desenho é um brutamontes barbudo e ruivo, inclusive tendência vista em produções recentes como God of War: Ragnarök (2022), como forma de distanciar o personagem da versão loura, imberbe e engraçada dos filmes da Marvel, por outro lado, Loki e Freyja foram retratados como negros, os Vanir como um povo planta, Odin na forma de trindade, Balder como Apolo, além de que o desenho traz personagens bissexuais como Egill e Thyra. Evidentemente isso é uma escolha dos roteiristas, artistas e diretores, mas é uma reflexão a ser feita: quais deuses podemos alterar sua aparência e por qual motivo isso deveria ser feito?

Segundo Dennis (2024) algumas dessas mudanças são feitas para causar identificação entre o público e a produção, de forma que os espectadores se identifiquem aos personagens por conta de sua aparência, orientação sexual, comportamentos, crenças etc. Essa tendência já existia nas produções audiovisuais desde o século passado, mas ganhou bastante destaque nos vinte anos.

            A segunda indagação surgida é se a série fosse uma produção escandinava poderia suscitar maior fidelidade as narrativas mitológicas? De fato, haveria mudanças, isso é inevitável, porém, afirmar que ela seria automaticamente mais fiel aos mitos por ser algo produzido por dinamarqueses, noruegueses, suecos e islandeses, é equivocado. Sobre isso cito casos recentes como Valhalla: A Lenda de Thor (2019), um filme dinamarquês que adapta o quadrinho infantil Valhalla (1979), em cuja produção o ator que faz Loki é de origem iraquiana, apesar de ser naturalizado dinamarquês; além disso, a deusa Freyja nesse filme é retratada como uma guerreira, algo que destoa da mitologia. Por sua vez no seriado norueguês Ragnarok (2020-2023), a trama dos deuses e gigantes é trazida para os dias atuais (algo provavelmente inspirado por Percy Jackson), em que há humanos que são reencarnações dos deuses, enquanto os gigantes representam pessoas que degradam a natureza, ou seja, uma pauta ambiental em voga.

            Dessa forma, Crepúsculo dos Deuses apesar de suscitar algumas polêmicas e ter recebido críticas negativas pela forma como adaptou a mitologia nórdica, no entanto, esse desenho claramente representa a atual fase da Vikingmania, a qual se configura pela adaptação de questões culturais, sociais e morais do século XXI, de forma bem mais intensa do que foi nos dois séculos passados. Embora isso possa desagradar alguns, mas a Vikingmania essencialmente consiste na ressignificação e recepção dos vikings, sua cultura, crenças e mitologia, principalmente para fins de entretenimento, condição essa em que o desenho se encaixa.

Além disso, Crepúsculo dos Deuses (2024) consiste em uma nova adaptação do mito do Ragnarök, o qual está bastante em voga nos últimos anos, já que tivemos referências a ele em Thor Ragnarok (2017), Assassin’s Creed Valhalla (2020), Ragnarok (2020-2023) e God of War Ragnarök (2022), em que em cada uma dessas produções audiovisuais o mito ragnarokiano é retratado de forma bastante diferente das versões mitológicas, em que cada produção buscou dar sua própria interpretação a esse evento apocalíptico, ora suavizando ele ou o tornando mais brutal, até mesmo mudando os motivos pelo qual ele começará, os deuses que morrerão e o final que ele chegará.

 

Referências de sites

Crepúsculo dos Deuses. Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt10625492/.

Eric Carrasco. Disponível em: https://www.imdb.com/name/nm4660381/.

Jay Oliva. Disponível em: https://www.imdb.com/name/nm0646515/.

Zack Snyder. Disponível em: https://www.imdb.com/name/nm0811583/.

 

Referências bibliográficas

DENNIS, Abigail Rebecca. Perspective Chapter: Representation and Subversion of Norse Mythology in Popular Culture. In: ATTWOOD, Adam I (ed.). Comics and Graphic Novels - International Perspectives, Education, and Culture, 2024. Disponível em: https://www.intechopen.com/chapters/1173020.

LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015a.

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OLIVEIRA, Leandro Vilar. Vikingmania: dois séculos de construção da representação do viking. Scandia: Journal of Medieval Norse Studies, n. 4, p. 469-502, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/scandia/article/view/60421.

PIRES, Hélio. Sexualidade e divindade na mitologia nórdica. Scandia: Journal of Medieval Norse Studies, n. 2, p. 309-320, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/scandia/article/view/47788.

PONCE, Ariel Gómez. El retorno de los bárbaros. Frontera semióticas y desmitificación de complejos culturales en la figura del vikingo. Revista de Culturas y Literaturas Comparadas, v. 6, p. 1-15, 2016. Disponível em: https://ri.conicet.gov.ar/handle/11336/179835.


VER TAMBÉM: RECEPÇÃO NÓRDICA: GUIA METODOLOGICO E BIBLIOGRÁFICO