Leandro Vilar de Oliveira (NEVE)
Doutor em Ciências das Religiões pela UFPB
O terceiro jogo em RPG da
franquia Assassin’s Creed trouxe como temática a Era Viking (sécs. VIII-XI),
mesclando história com ficção, em cuja narrativa acompanhamos o guerreiro Eivor
Varinson numa jornada pela Inglaterra e outros territórios. Embora esse jogo
tenha sido lançado em 2020, no entanto, ele nos anos seguintes recebeu DLCs (Downloadable
Contents) e atualizações de conteúdo, condição essa que a última missão de
Eivor somente foi lançada em dezembro de 2022, concluindo a sua jornada.
Todavia, para este texto foquei a
análise sobre a campanha principal que começa na Noruega, mas se desenvolve na
Inglaterra, não levando em consideração as campanhas ocorridas na França e
Irlanda. Sendo assim, o presente estudo consistiu numa análise simples sobre
alguns aspectos históricos, culturais e sociais associados à Era Viking. Em
outro texto abordarei os aspectos religiosos e mitológicos, por esses demandarem
uma análise mais específica.
Imagem 1: Capa
conceitual de Assassin’s Creed Valhalla.
Fundamentos históricos
Embora a franquia Assassin’s
Creed (abreviada para AC) criada e produzida pela Ubisoft, seja conhecida desde
2007, por abordar temas históricos para construir sua narrativa, entretanto,
nem sempre a Ubisoft preocupa-se em manter uma veracidade histórica, optando em
adotar o que é chamado de verossimilhança, ou seja, utilizar elementos
fictícios para emular algo que poderia ter sido real. E, no caso, de AC
Valhalla essa prática foi retomada.
Por mais que Valhalla seja o jogo
da franquia com a campanha mais extensa, no entanto, grande parte de sua
narrativa é ficcional, não tendo embasamento histórico. Sendo assim, decidi
comentar apenas os personagens históricos retratados no jogo e alguns fatos a
eles associados que realmente ocorreram.
A trama do jogo se desenrola
entre os anos de 872 e 878, abarcando principalmente acontecimentos ocorridos
na Inglaterra, os quais serão comentados a seguir. Mas antes de Eivor viajar
para lá, ele ao lado de seu irmão adotivo, Sigurd Styrbjornson vão atrás de um
chefe chamado Kjotve, o Cruel, a fim de vingar a morte da família de Eivor.
Concluída a vingança, os irmãos são convocados a se reunir com seu pai, o rei
Styrbjorn que foi chamado para participar de uma assembleia (thing), convocada
pelo rei Haroldo Cabelo Belo (c. 850-932).
Imagem 2: o rei Haroldo Cabelo
Belo da Noruega. O primeiro personagem histórico a aparecer no jogo.
No caso, Haroldo é o primeiro
personagem histórico a aparecer nesse jogo, o qual se proclamou em 872, como
sendo o único rei de uma Noruega unificada, exigindo que os outros reis e
jarlar declarassem sua lealdade a ele. Esse acontecimento realmente ocorreu, no
entanto, o jogo não explora isso, apenas o retrata brevemente. Por sua vez,
Eivor e Sigurd discordam que seu pai tenha se submetido a autoridade de
Haroldo, então os dois reúnem seus guerreiros e partem para à Inglaterra.
O grupo conhecido como Clã do
Corvo, chegou a Inglaterra em 873, período no qual a guerra iniciada pelo Grande
Exército Pagão em 866, seguia em desenvolvimento, condição essa que Eivor
comenta tal acontecimento, e cita que alguns dos filhos de Ragnar Lothbrok
ainda estavam naquela ilha, lutando para consolidar os domínios conquistados.
No jogo conhecemos Ubba, Ivar, o Sem-Ossos e Halfdan. Os outros dois irmãos,
Bjorn, Flanco de Ferro e Sigurd Cobra no Olho são apenas citados.
Os Ragnarson possuem um papel
importante na trama do jogo, aparecendo em alguns capítulos e missões, além de
que Eivor desenvolve amizade com eles. No entanto, é preciso ter cautela nesse
momento. AC Valhalla considera que o fator que levou a invasão do Grande
Exército Pagão em 866, tenha sido por um ato de vingança dos Ragnarson, pois
Ragnar Lothbrok foi assassinado pelo rei Aelle II da Nortúmbria. Tais
acontecimentos são citados no jogo e são encontrados na Saga de Ragnar
Lothbrok, na Saga dos Filhos de Ragnar e algumas crônicas inglesas dos séculos
XII e XIII. Entretanto, Ragnar é ainda hoje considerado um rei semilendário ou
lendário, logo, não se pode tomar essa explicação como totalmente plausível.
Imagem 3: Ubba (ao centro)
e Ivar, o Sem-Ossos.
Além disso, os próprios filhos de
Ragnar: Ivar, Ubbe, Halfdan, Bjorn e Sigurd, não se sabe se realmente
existiram, ou foram guerreiros reais, mas que acabaram sendo inseridos na lenda
de Ragnar Lothbrok. Sobre isso, saliento que as fontes literárias que narram
esses acontecimentos, foram redigidos séculos depois de tais eventos, o que
daria margem para que lendas surgissem sobre essa invasão e esses chefes
militares. Dessa forma, Ragnar e seus filhos devem ser considerados personagens
com uma historicidade duvidosa, visto que haja a possibilidade de eles nem
terem existido, ou pelo menos não agiram da forma como foi narrada.
Explanado essa questão envolvendo
os Ragnarson, passarei a comentar sobre alguns reis anglo-saxões que aparecem
no jogo. Alguns dos monarcas realmente existiram, outros são ficcionais. O
primeiro soberano real advém do Reino da Mércia, que em 873, era então governado
por Burgred, o qual foi desafiado por Ceolwulf, um governante fantoche
auxiliado pelos nórdicos para assumir o trono mércio. No jogo, Eivor participa
desse movimento político-militar para derrubar o rei Burgred e coroar Ceolwulf.
Historicamente não temos detalhes sobre esse acontecimento, não sabendo como
ele se desenvolveu, mas somente se sabe que Ceolwulf saiu vitorioso em 874.
Outro personagem histórico foi o
rei Ricsige da Nortúmbria, o qual tentou libertar esse reino da dominação
nórdica. Em AC Valhalla, Eivor viaja a capital da Nortúmbria, a cidade de
Jorvik (York), em que ele vai ajudar um casal de amigos, e eventualmente passa
a cooperar com o monarca para caçar alguns inimigos. Mais tarde Eivor conhece
Halfdan Ragnarson, o qual mantém uma relação política com Ricsige, a qual foi
baseada na história, embora se desconheça como ela realmente funcionava, pois
com a morte dele, Halfdan o sucedeu por volta de 876 como rei.
Halfdan, rei da Nortúmbria,
costuma ser creditado por algumas fontes medievais como sendo um dos filhos de
Ragnar Lothbrok. No jogo é dito que ele era o filho mais velho, no entanto,
essa informação não é confirmada devido a questão já comentada que haja vista
que Ragnar foi um personagem lendário.
A próxima dupla de personagens
históricos que aparecem são o rei Alfredo, o Grande (849-899) e Guthrum, o
Velho. Os dois são conhecidos por terem sido inimigos por alguns anos, pois o
chefe nórdico tentou conquistar Wessex, o reino de Alfredo.
Imagem 4: Arte
conceitual do rei Alfredo de Wessex.
Quando a grande invasão nórdica
começou na Inglaterra, Alfredo ainda não era rei, Wessex era governada por seu
irmão Etereldo, mas com a morte dele em 871, Alfredo o sucedeu, sendo assim, na
época que a trama do jogo ocorre, Alfredo era um rei recentemente entronado,
embora o jogo passe a impressão de que ele já fosse um monarca veterano. Quanto
a Guthrum, nada se sabe sobre suas origens e história, apenas que ele
participou da invasão e conseguiu se tornar rei da Ânglia Oriental mais tardiamente.
No jogo, Guthrum aparece poucas
vezes, condição essa que das várias batalhas que ele teve contra o exército de
Alfredo na História, apenas uma é retratada, no caso, a Batalha de Chippenham
(878), a qual ocorreu numa vila, em que Alfredo estava hospedado por conta do
feriado de Dia de Reis. Os nórdicos sabendo disso, armaram uma emboscada para
capturar ou matar o rei. O conflito marcou uma vitória parcial para Guthrum,
pois Alfredo conseguiu escapar.
Ser viking
Embora a palavra viking hoje seja
usada no sentido de povo, o termo era utilizado pelos nórdicos para se referir
a uma ocupação, geralmente associada ao do pirata ou saqueador. Nesse caso, o
jogo enfatiza bem essa condição, pois Eivor possui seu próprio barco-longo
(langskip) e controla um grupo de vikings, dessa forma ele pode empreender
incursões vikings pela Noruega e a Inglaterra. Nas DLCs isso é ampliado para os
territórios da França e da Irlanda.
Nesse quesito AC Valhalla
retratou bem como poderia ter sido as incursões vikings, as vezes chamadas de
razias (raids no inglês), em que um grupo de vikings atacava um mosteiro,
porto, vila, aldeia ou fazendas. No jogo é possível atacar distintas
localidades à beira-mar ou à beira-rio, inclusive um dos desafios colocados a
Eivor e o Clã do Corvo é saquear os mosteiros e igrejas anglo-saxões para obter
butins, os quais serão usados no desenvolvimento de Raventhorpe.
Além disso, uma série de missões
secundárias centradas nas incursões vikings pelos rios ingleses foi criada para
expandir essa atividade de saque, fornecendo maiores desafios e melhores
recompensas. Condição essa que nessas missões os ingleses chegam a levantar
barricadas pelos rios, como cercas e correntes, para bloquear a passagem dos navios.
Arquitetura
A franquia Assassin’s Creed é
conhecida por fazer um bom trabalho na recriação da cultura material da época,
algo encontrado na maioria de seus jogos, e, no caso, de AC Valhalla, esse
trabalho também foi bem feito, no quesito dos utensílios, objetos, roupas e
construções. No entanto, não significa que não existam imprecisões históricas.
Uma primeira imprecisão arquitetônica
que é bem marcante, refere-se ao salão (hall), traduzido em alguns momentos do
jogo como “casa comunitária”, conceito até impreciso, pois os salões eram a
residência de um governante, além de possuir funções políticas e até religiosas
em alguns casos; embora banquetes fossem ali realizados, ele não teria uma
noção comunitária propriamente, pois somente os convidados de um chefe ou
governante iriam participar do banquete.
Imagem 5: Fotografia
de um dos salões do jogo.
Entretanto, o grande problema
associado aos salões nesse jogo diz respeito a sua aparência e proporção.
Arqueologicamente os salões eram longas casas que poderiam ter mais de trinta
metros de comprimento, mas não seriam tão largas e altas. No entanto, no jogo,
os salões além de longos, são bastantes largos e altos; alguns salões possuem
primeiro andar e até um segundo andar. E essa condição de termos salões
gigantescos é encontrada em todo o jogo, o que consiste numa invenção dele.
Outro aspecto associado com
tamanhos exagerados é visto nas ruínas romanas. Em todas as ruínas encontradas
pela Inglaterra, suas dimensões são desproporcionais deliberadamente. Condição
essa que em York é possível encontrar estátuas com mais de cinco metros de
altura; ou correr por aquedutos que parecem ter mais de trinta metros de
altura. Mas além desse tamanho aumentado para as ruínas romanas, as fortalezas
e igrejas anglo-saxãs também tiveram seus tamanhos ampliados. Essa condição não
é única de AC Valhalla, pois outros jogos da franquia também apresentam
edificações maiores do que o normal.
Outra imprecisão arquitetônica
encontrada no jogo diz respeito a existência de castelos. Embora esses sejam
poucos, no entanto, no século IX não existiam castelos ainda, esses vão surgir
no século seguinte e eram feitos de madeira. Porém, no jogo encontramos alguns
castelos de pedra e bem altos. Novamente uma invenção do jogo.
Imagem 6: Comparativo entre um
templo nórdico do jogo na foto acima, e abaixo a igreja de madeira de Heddal,
na Noruega, construída no século XIII.
Os templos da religião nórdica
apresentam um caso curioso, pois sua arquitetura não foi baseada nos templos
reais até porque se desconhece como eles seriam. As poucas evidências arqueológicas
a respeito de templos da Era Viking, apontam que eram construções pequenas.
Porém, no jogo os templos são estruturas altas em formato de torre. E o
interessante é que a arquitetura desses templos foi baseada em algumas igrejas
de madeira da Noruega, edificações erigidas a partir do século XII.
Cultura material
Mas deixando o quesito
arquitetônico, a questão da indumentária também possui seus problemas. Eivor
utiliza diferentes tipos de armaduras, algumas apresentam placas de metal,
camadas de peles e tiras de couro. Visualmente as armaduras são bonitas, mas
historicamente imprecisas e ficcionais. Basicamente a armadura na Era Viking
era uma cota de malha, que curiosamente raramente aparece no jogo. Além dessa
cota de malha, se faria uso também de gibões de couro reforçado ou gibões
acolchoados que eram colocados sob a cota.
Mas além das armaduras, os trajes
do cotidiano também mostram algumas imprecisões singelas quanto as cores e o
estilo, que passam despercebidos para os que não entendem do assunto. Nessa
condição, é possível encontrar mulheres usando vestidos datados de séculos
posteriores, além da condição de vermos até mesmo casacos de frio que não
existiriam naquele período. No entanto, observa-se o uso excessivo de peles de
animais, mesmo que o clima não estivesse frio para se utilizar tais mantos e
casacos. Outro destaque é o uso de cores escuras pelos mais pobres e até os
ricos. Todavia, o uso de roupas coloridas era algo comum na Idade Média,
sobretudo para as elites.
Aspectos socioculturais
Os cortes de cabelo que Eivor e
outros personagens nórdicos e anglo-saxões usam, e as tatuagens, ambos os casos
mostram imprecisões históricas, sendo reflexos dos estereótipos atuais sobre os
vikings, que vigoravam de 2010 em diante, tendo sido popularizados pela série
Vikings (2013-2020). Por conta disso encontramos cabelos raspados nos lados,
tranças nas barbas em estilos não nórdicos; mas principalmente a presença de
tatuagens, que se popularizou bastante com a série Vikings, passando a
influenciar outras produções sobre essa temática.
Outra condição que chama atenção
é a polêmica envolvendo guerreiras nórdicas. No jogo elas aparecem várias
vezes, inclusive existe a versão feminina do Eivor. Historicamente não há
evidência seguras de houvessem guerreiras regulares, mesmo os achados
arqueológicos apontam para casos isolados. Porém, a fase atual da Vikingmania
(2000 em diante) popularizou a presença feminina no campo de batalha, logo, o
jogo manteve essa condição.
No entanto, para além de termos
mulheres atuando como guerreiras, AC Valhalla também mostra mulheres agindo
como ferreiras, navegadoras e governantes, profissões essencialmente
masculinas, ainda mais nos tempos medievais. Observa-se assim uma inserção de
valores atuais acerca do empoderamento feminino, sendo aplicados a um jogo de
ambientação medieval.
Outro fator que reflete
tendências sociais atuais é a inclusão social. Essa é menos perceptível no
jogo, mas em Raventhorpe é possível encontrar uma mercadora chinesa e dois
vikings negros. Historicamente chineses não andavam perambulando pela Europa,
muito menos vivendo na Inglaterra do século IX. Possivelmente a mercadora possa
ter sido inspirada na chinesa que aparece na série Vikings, a qual era uma
escrava e se tornou amante de Ragnar Lothbrok.
Já os dois vikings negros, isso
também é incoerente, pois a presença de pessoas negras era restrita ao sul da
Europa e a determinadas localidades. Dificilmente estrangeiros como esses
conseguiriam ingressar na sociedade escandinava e ganhariam destaque socialmente.
A própria história de Geirmund Pele-Negra, recentemente chamado de “o viking
negro” é um caso excepcional, e ele seria um mestiço de um nórdico com uma
mulher desconhecida de origem de povos siberianos, os quais possuem a pele
parda. Além disso, haja vista que parte da história de Geirmund possui
elementos fictícios, usá-lo como referência histórica é algo impreciso.
Imagem 7: Eivor
versão feminina e o viking negro.
Geografia
A geografia na franquia
Assassin’s Creed costuma ser normalmente algo até preciso, mesmo que suas
dimensões sejam reduzidas para permitir viagens a pé e a cavalo em poucos
minutos. No caso do mapa da Noruega temos a região de Rygjafylke sendo
retratada com algumas alterações propositais para incluir cavernas, ilhas e
povoados. Por sua vez, a Inglaterra é o mapa mais extenso do jogo, apresentando
várias localidades.
No caso inglês o mapa é dividido
de duas formas: os cinco reinos da Nortúmbria, Mércia, Ânglia Oriental, Essex e
Wessex, sendo cada reino desse subdividido em condados. Historicamente os nomes
dos reinos e dos condados são reais e ainda hoje alguns deles seguem com a
mesma nomenclatura.
Pela Inglaterra é possível
visitar várias localidades históricas como Londres (chamada de Lunden no jogo),
York (Jorvik), Manchester, Oxford, Winchester, entre outras pequenas cidades e
vilas. Além de haver localidades fictícias também. No caso deste mapa suas
fronteiras são limitadas ao norte pela Muralha de Adriano (situada no jogo numa
região fria da Nortúmbria), no leste e sul o limite se faz com o mar, no oeste
temos a região do País de Gales, que é parcialmente explorada. Além disso, o
território da Cornualha (a antiga Dumnonia) não é acessado nesse mapa.
Possivelmente o maior problema
geográfico apresentado em AC Valhalla diz respeito a Vinland (chamada no jogo
de Vinlândia na tradução para o português). No jogo Eivor é informado sobre a
existência de um território distante do outro lado do oceano, o qual teria sido
descoberto séculos antes por São Brandão, e posteriormente povoado por
nórdicos. Aqui é preciso salientar que o jogo misturou diferentes elementos
históricos para criar sua versão de Vinland, logo, se faz necessário explicar
que elementos seriam esses, pois da forma que esse lugar foi apresentado no
jogo, ele é historicamente anacrônico.
Imagem 8: Eivor
conversando com indígenas em Vinland.
Primeiramente, São Brandão (c.
484 – c. 577) foi um missionário, bispo e importante santo associado a Irlanda.
Ele era conhecido pela fama de ser supostamente um hábil navegador, tendo
surgido lendas de expedições marítimas suas e a descoberta de ilhas ao oeste da
Irlanda. A produção de AC Valhalla pegou essa condição e a aplicou a trama do
jogo – não se sabe ao certo o motivo disso – para que Brandão se tornasse o
“descobridor de Vinland”.
No entanto, o que se sabe sobre
Vinland? Esse local aparece citado em algumas fontes dos séculos XII e XIII,
referindo-se a uma das três terras situadas ao oeste da Groenlândia, que no
final do século X passou a ser colonizada pelos nórdicos. A Saga dos
Groenlandeses e a Saga de Eric, o Vermelho, creditam a Leif Erickson a
descoberta de Vinland, algo que historicamente teria ocorrido por volta do ano
1000. Embora haja dúvidas quanto a expedição de Leif, achados arqueológicos
atestam a presença escandinava na costa do que hoje é o Canadá, mais
precisamente as terras da Ilha Nova (Newfoundland).
Por conta do jogo se passar entre
872 e 878, historicamente a Groenlândia nem havia sido “descoberta”, a
colonização da Islândia estava no início, e Vinland nem era imaginada existir,
assim, a produção do jogo decidiu reimaginar a descoberta desse lugar, criando
uma nova história para ele. Mas além disso que escrevi, vale mencionar que na
Vinland do jogo, temos aldeias e acampamentos nórdicos convivendo tranquilamente
ao lado de aldeias indígenas, no melhor estilo de colonização da Idade Moderna.
As sagas que citam Vinland relatam que houve contato com os nativos, mas que
não foram tão amistosos assim como vemos no jogo.
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