God
of War: Ragnarök é a continuação de God of War (2018) em que voltamos a
acompanhar a jornada de Kratos e Atreus pelos Nove Reinos, dessa vez, alguns
anos se passaram desde os acontecimentos anteriores, agora pai e filho se
encontram diante das consequências de seus atos, pois Odin, Thor e Freyja estão
atrás deles, assim como, Atreus está obcecado por profecias sobre o Ragnarök.
O presente ensaio apresenta uma análise entre o mito ragnarokiano e sua adaptação nestes jogos de videogame, apontando como ideias básicas foram mantidas, mas outras foram totalmente reformuladas para constituir o enredo dos jogos. Sendo assim, antes de começar a análise em si, é preciso contextualizar o mito do Ragnarök.
O que é o Ragnarök?
Embora
seja o nome bastante difundido pela cultura pop nos últimos anos, estando
associado com a ideia de apocalipse nórdico, o Ragnarök realmente tem algumas
particularidades apocalípticas no sentido de se tratar de um evento
escatológico, ou seja, é um acontecimento associado com o fim dos tempos. Por
outro lado, o Apocalipse cristão difere em vários aspectos do Ragnarök,
principalmente na ausência de elementos associados com o julgamento, a punição
divina e a salvação.
Ragnarök
pode ser traduzido como “fim dos deuses”, “fim dos poderes divinos”,
“consumação dos poderes divinos”, “destino final dos deuses”, entre outras
possibilidades de interpretação, apesar que ainda seja comum ler “crepúsculo
dos deuses”, um significado romântico que surgiu no século XIX e se popularizou
a partir da ópera wagneriana.
Na
mitologia nórdica os relatos sobre o Ragnarök estão contidos principalmente em
duas fontes escritas: a Edda Poética
e a Edda em Prosa, obras que reúnem a
maior parte das narrativas mitológicas conhecidas, tendo sido escritas na
Islândia do século XIII. Nessas fontes há ligeiras diferenças no
desenvolvimento desse mito, por conta disso, é possível falar em duas versões
dele.
Na
Edda Poética as principais
referências ao Ragnarök estão reunidas no poema Völuspá (Profecia da Advinha), compreendendo as estrofes 40 a 65.
Além desse poema, esse mito é citado brevemente em outros poemas como o Lokasenna (Escárnio de Loki), Baldrs draumar (Sonhos de Balder) e Vafþrúðnismál (Os ditos de Vafthrúdnir).
Por sua vez, na Edda em Prosa, nos
últimos capítulos do Gylfagnning (Alucinação de Gylfi), temos o relato do
Ragnarök.
Vale
sublinhar que na versão encontrada na Edda
em Prosa, seu autor Snorri Sturluson (1178-1241) cita os poemas da Edda Poética, fazendo inclusive citações
diretas de versos do Völuspá, além de
usar ideias do Lokasenna e do Vafþrúðnismál, apesar disso, seu relato
possui informações que não estão presentes nesses poemas, o que concede a ele
algumas mudanças no desfecho do Ragnarök.
Mas
explicado brevemente acerca do significado desse nome e as fontes literárias
nas quais encontram-se seu relato, o próximo passo é situar os leitores o que
trataria o Ragnarök em si. Primeiro, trata-se de uma série de eventos, alguns
profetizados, os quais vão culminar numa catastrófica batalha final entre os
deuses e os gigantes, num mundo invernal onde grande parte da humanidade
pereceu. Nesse conflito vindouro alguns dos deuses iriam morrer, por conta
disso, a referência a “fim dos deuses”, apesar que o reinado deles não terminaria,
pois, uma nova ordem e era seriam instaurados. Dessa forma, o Ragnarök
representa tanto a culminação de um cataclismo, mas também a renovação cósmica.
Na análise a seguir abordaremos diferentes aspectos dele.
Tentando escapar do destino
Para
poder entender o enredo de God of War:
Ragnarök é preciso retomar aspectos da trama do jogo anterior, pois ali o
prenúncio do Ragnarök teve começo. Assim, nesse primeiro jogo, Kratos enquanto
decide jogar as cinzas de Faye, sua esposa, do pico mais alto dos Nove Reinos,
ele e seu filho Atreus recebem uma visita inesperada, um deus briguento que diz
que estava procurando por eles. A divindade se revela mais tarde como Balder. A
partir daí tem início o conflito deles dois contra Balder, o qual os persegue
ao longo da jornada.
Próximo
ao final do primeiro jogo, Kratos e Atreus descobrem que os gigantes foram
quase exterminados por ordem de Odin, que enviou Thor, Balder e outros
guerreiros para mata-los, no intuito de evitar o Ragnarök de acontecer, afinal,
as profecias falavam que um exército de gigantes atacaria Asgard, mas se não
houvesse gigantes, então esse acontecimento não aconteceria.
No
entanto, no segundo jogo, quando Kratos encontra as Nornas, as deusas do
destino, elas informam que mesmo que se tente mudar o destino, ele sempre
encontra uma forma de seguir seu curso, de atingir sua finalidade. Logo, as
tentativas de Odin de evitar o Ragnarök apenas remediavam sua ocorrência, pois
ele iria ocorrer de alguma forma, fato esse que quando ele enviou Balder para
caçar Kratos e Atreus, acabou sem saber enviando o filho para a morte, e assim,
cumprindo uma das profecias também.
Neste
ponto, a morte de Balder é um dos acontecimentos associados com o Ragnarök nos
mitos. A versão mitológica de Balder é bem diferente da vista nos jogos, pois
nos mitos ele é uma divindade pacífica, bela e justa. Tendo ganho de sua mãe
Frigga, a invulnerabilidade. Mas Loki por inveja decidiu descobrir uma forma de
feri-lo, que acabou matando-o. Na Edda em
Prosa, o assassinato de Balder está diretamente ligado com um dos eventos
do Ragnarök, já que na Edda Poética,
isso não é tão explícito.
Dessa
forma, ao retornamos a God of War,
quando Balder é atingido por uma flecha de visgo disparada por Atreus, ele
perde sua invulnerabilidade e acaba sendo morto por Kratos. O destino que Odin
evitava acabou se concretizando.
A profecia de Tyr
A
morte de Balder é o grande acontecimento ragnarokiano que ocorre em God of War, embora nesse jogo tenhamos a
presença de Jormungand, que aparece de forma enigmática, além de citações sobre
Loki e outras profecias. Uma dessas profecias está associada com Tyr, o deus
nórdico da guerra. Até então dado como morto.
Figura 2: Em God of War: Ragnarök o
deus Tyr possui uma função bastante importante na trama e marcada por
reviravoltas.
No
segundo jogo descobrimos que Tyr não havia morrido, mas estava preso. Como
Kratos e Atreus voltam a serem ameaçados pelos deuses, em especial Odin e Thor,
os dois decidem confrontar os Aesir, para isso eles partem em busca de Tyr. Mas
qual seria o papel de Tyr no Ragnarök?
Quando
passamos para a mitologia esse deus aparece em poucas narrativas, uma das mais
importantes é quando ele cuida da prisão de Fenrir, o lobo gigante, um dos
filhos monstruosos de Loki. Na terceira tentativa de prender Fenrir, Tyr para
enganar a fera, aceita colocar uma mão dentro da boca dele, enquanto o lobo era
amarrado por uma corrente mágica feita pelos anões. Ao tentar escapar e não
conseguir, Fenrir irrita-se e arranca a mão do deus. Além desse mito, Tyr
também ajuda Thor a providenciar um caldeirão para produzir cerveja para os
deuses. Entretanto, sua ligação com o Ragnarök é bem simples.
Primeiro
que na Edda Poética essa ligação nem
é mencionada, somente aparece na Edda em
Prosa, na qual durante a batalha final, Tyr lutaria contra Garm, o cão de
guarda de Hel. Ambos acabariam morrendo. Mas nos jogos o deus da guerra possui
um papel totalmente diferente e bem mais relevante, pois ele se tornou uma
oposição e ameaça a Odin e os Aesir, quando se posicionou contrário ao
extermínio dos gigantes. Além disso, as profecias do Ragnarök revelam que Tyr
seria o responsável por liderar o exército de gigantes no conflito final.
Percebe-se como esse deus deixa de ter um papel pequeno como na mitologia e
ganhou protagonismo no enredo do jogo.
Um Loki altruísta
Loki
é um dos personagens mais populares da mitologia nórdica, famoso por suas
artimanhas e afrontas, principalmente pela condição de ele possuir
características de trickster como a astúcia, o sarcasmo, a travessura, a
trapaça, a mudança de forma, o desrespeito, a magia etc., porém, em God of War
e God of War Ragnarök temos um Loki bem diferente.
Primeiro,
ele é representado por Atreus, o filho adolescente de Kratos e Faye (Laufey), o
qual apesar de representar a teimosia típica da adolescência, ainda assim,
Atreus é completamente oposto à sua versão mitológica. O garoto não é
sarcástico, travesso, trapaceiro, afrontador e nem astuto na maior parte das
vezes, apesar que em God of War Ragnarök ele possua a habilidade de se
transformar em animais, podendo assumir a forma de um lobo ou de um urso, curiosamente,
dois animais os quais ele não se transforma nos mitos.
Outra
característica bem diferente entre ambas as versões se encontra no fato de
Atreus ser um herói nos jogos, pois ele ajuda seu pai em God of War e no
segundo jogo ele se torna um dos protagonistas incluindo a questão de ser um
personagem jogável, algo que não ocorria anteriormente, o que revela o aumento
da sua importância para trama.
Além
disso, nesse segundo jogo, Atreus é motivado pelo altruísmo em evitar o
Ragnarök, e em dado momento quando ele percebe que não pode evitar tal destino,
ele passa a considerar que talvez seja o suposto “campeão dos gigantes”. Atreus
também é um personagem bondoso e até ingênuo em dados momentos, um contraste
com a versão mitológica, na qual Loki costuma aparecer como uma figura sagaz e
maliciosa.
A giganta Angrboda
Uma
personagem que não aparece no jogo anterior é a giganta Angrboda, retratada
como uma adolescente negra que vive no Bosque de Ferro, em Jotunheim. No jogo
ela é dita ser órfã, vivendo em companhia de seus animais de estimação, além de
pintar murais com as profecias do Ragnarök, que lhe são reveladas em sonhos.
Atreus
que neste ponto da história assume o nome de Loki, acaba conhecendo-a. Os dois
adolescentes desenvolvem uma rápida amizade e um interesse romântico, até
porque na mitologia Angrboda foi a primeira esposa de Loki, sendo mãe de
Fenrir, Jormungand e Hel. Apesar disso, a personagem raramente aparece nos
mitos, sendo lembrada apenas como a mãe desses seres, mas no jogo ela tem um
papel bem mais importante, pois ela também age como conselheira de Atreus,
falando acerca das profecias.
Figura 3: No jogo, Angrboda e Loki
são adolescentes e viram amigos.
E,
além dessa mudança, é preciso salientar que nos dois jogos, Fenrir, Jormungand
e Hel já existem antes mesmo de Loki e Angrboda se conhecerem, o que revela uma
mudança bastante significativa com os mitos. Neste caso, Fenrir é um dos lobos
de estimação de Atreus, resgatado na floresta de Midgard. Já Jormungand aparece
misteriosamente no jogo anterior. Por sua vez, Hel é apenas citada nos jogos,
ela nunca aparece.
Loki em Asgard
Após
o encontro com Angrboda, Atreus fica cada vez mais obcecado com as profecias,
acreditando que ele seja o “campeão” dos gigantes, que irá ajudar Tyr na
batalha no Ragnarök. Eventualmente isso leva o garoto a entrar em conflito com
seu pai e amigos, fazendo-o fugir de casa e receber o convite de Odin para ir a
Asgard. Ao chegar a terra dos deuses, Atreus volta a assumir o nome de Loki. Lá
ele escala as muralhas do reino, que no mito foram construídas por um gigante
que foi enganado por Loki para não concluir sua tarefa. Porém, essa questão não
existe no jogo. Nem se quer o cavalo Sleipnir aparece ou é citado.
Ao
chegar ao topo das muralhas asgardianas, Loki conhece Heimdal, representado
como um jovem deus arrogante que encara o forasteiro com bastante desconfiança
e até mesmo desenvolve uma inimizade imediata com ele, dizendo que se não fosse
por ordem de Odin, o teria matado num primeiro momento. Essa inimizade advém da
mitologia, pois Loki e Heimdal se desentendem em algumas narrativas e durante o
Ragnarök ambos iriam lutar até a morte, em que um pereceria pela arma do outro.
Assim, a trama do jogo adaptou esse aspecto, fato esse que Kratos ao saber que
o filho corria risco, decidiu evitar que Heimdal matasse Loki. Novamente uma
tentativa de alterar o destino.
No
entanto, não é apenas Heimdal quem ameaça Loki em sua estadia em Asgard, Thor
também faz isso. Inclusive na mitologia nórdica é sabido que o deus do trovão
em dados momentos se desentende com o gigante ardiloso. Porém, no jogo, Odin
evita que Thor e Heimdal matem Loki, pois ele tem planos para o visitante,
usando-o para coletar uma relíquia antiga e misteriosa, uma máscara mágica. Na
mitologia sabemos que Loki vive em Asgard, em companhia dos deuses, embora não
seja explicado claramente o motivo disso, mas no jogo é justificada sua
presença pelo fato de ele saber ler as runas contidas na máscara que Odin
ambiciona usar seu poder.
A escolha de Surtr
Na
mitologia nórdica Surtr é um gigante que governa Muspelheim, no entanto, ele é
pouco mencionado nos mitos, dizendo-se que ele teria uma espada flamejante e
lideraria os gigantes de Muspelheim durante a batalha final. Na Edda em Prosa é informado que ele seria
responsável por destruir a ponte Bifrost e matar o deus Freyr.
Em
God of War: Ragnarök Surtr aparece brevemente, sendo retratado como um gigante
melancólico e apaixonado por Sinmara, sua esposa fictícia inventada para a
trama do jogo. Surtr diz que somente ajudaria Kratos e Atreus se eles não
procurassem pela esposa dele, pois de acordo com a profecia, marido e mulher
deveriam se unir para iniciar o Ragnarök. Entretanto, o gigante propõe uma
alternativa para poder deixar a esposa de fora da guerra, que Kratos usasse seu
poder de fogo e o apunhalasse em seu coração de gelo.
Assim,
Kratos aceita ajuda-lo, então Surtr assume uma forma gigantesca e passa a ser
chamado Ragnarök, ou seja, nesse caso Ragnarök não é descrito como sendo um
evento apenas, mas o nome de uma entidade também. Assim como ocorre na
mitologia a qual informa que Surtr levaria destruição, no jogo ele faz o mesmo,
embora que em menor escala, já que ele destrói somente Asgard.
O destino dos deuses
No
poema Völuspá é informado que os
deuses morreriam durante o Ragnarök, embora a quantidade dos que morreriam não
é informada exatamente, apenas cita-se a morte de Thor e Odin. Por sua vez, na Edda em Prosa são listados também como
mortos Tyr, Freyr e Heimdal. O próprio Loki também morreria no Ragnarök. Por
sua vez, Modi e Magni, os filhos de Thor sobreviveriam, assim como, Balder e
Hodr retornariam de Hel.
Entretanto,
no jogo essas mortes ocorrem, mas são totalmente alteradas. Por exemplo, Odin
que nos mitos é assassinado pelo lobo Fenrir, no jogo ele é morto de maneira
totalmente diferente após ser derrotado por Kratos, Atreus e Freyja. Thor que
luta contra a serpente Jormungand, também chega a confrontá-la durante o
Ragnarök, mas sua morte é diferente e bem mais triste, sendo um ato de traição.
Heimdal
também morre no jogo, mas enquanto no mito é informado que ele lutaria até a
morte com Loki, e ambos morreriam, no jogo ele é morto em combate por Kratos.
Por sua vez, Modi e Magni não sobrevivem ao Ragnarök a começar pelo fato de que
eles são mortos no jogo anterior, ou seja, os irmãos nem participam dessa
batalha final.
O
destino de Tyr é mudado, já que anteriormente ele é dado como morto, depois
descobre-se que Odin o havia aprisionado. Já Freyr que na mitologia morreria ao
lutar contra Surtr, no jogo ele se sacrifica para proteger sua irmã e aliados,
enquanto o gigante de fogo destrói Asgard.
Por
sua vez, se nos mitos Loki também entraria na lista de mortos no Ragnarök, no
jogo ele sobrevive. O mesmo também ocorre com Fenrir e Jormungand, os quais nos
mitos acabam morrendo, mas no jogo sobrevivem.
Considerações finais
Além
dessas mudanças, existem outras mais específicas, mas as apresentadas mostram
como o mito do Ragnarök foi bastante alterado para o enredo desses jogos,
inclusive são alterações profundas, algo visto até mesmo em outras mídias como
nas hqs do Thor e no filme Thor Ragnarok
(2017), os quais nos apresentam os eventos desse “fim do mundo”.
O
que se sublinha é que nessas mídias: videogame, histórias em quadrinhos e
cinema, o Ragnarök não é retratado como narrado nas Eddas, mas sempre apresenta suas adaptações e liberdade de criação
de seus autores ao inserirem elementos próprios de suas tramas para poder
justificar determinados acontecimentos e escolhas.
É
evidente que a depender da adaptação as alterações podem ser mais sutis ou
drásticas como no caso da franquia God of War, em que tivemos mudanças
impactantes como na personalidade de Loki e sua função na trama, o papel dos
deuses como Odin, Thor, Tyr, Freyja e Balder. O destaque dado a personagens
como Angrboda e Surtr, a mudança na origem de criaturas importantes como Fenrir
e Jormungand, a ausência de outros deuses como Hel, Vidar, Hodr e Hermodr, que
nos mitos estão ligados a esse contexto também.
Fontes:
God of War. Direção: Cory Barlog. Roteiro: Matt Sophos, Richard
Gaubert e Cory Barlog. Desenvolvedora: Santa Monica Studio. Publicadora: Sony
Interactive Entertainment. 2018. Mídia digital.
God of War: Ragnarök. Direção: Eric Williams. Roteiro: Matt
Sophos e Richard Gaubert. Desenvolvedora: Santa Monica Studio. Publicadora:
Sony Interactive Entertainment. 2022. Mídia digital.
The
Poetic Edda. Translated by Carolyne Larrington. Revised edition. Oxford: Oxford
University Press, 2014.
STURLUSON, Snorri. The
Uppsala Edda. Edited with introduction and notes by Heimir Pálsson.
Translated by Anthony Faulkes. London: Viking Society for Northern
Research/University College London, 2012.
Referências:
LANGER, Johnni
(org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos.
São Paulo: Hedra, 2015.
LINDOW, John. Norse Mythology: A guide to the gods, heroes,
rituals, and beliefs. New York: Oxford University Press, 2001.
SIMEK, Rudolf. Dictionary of Northern Mythology. Translated by
Angela Hall. 4a reimpressão [2007]. Cambridge: D. S. Brewer, 1993.