O mais novo vídeo do NEVE no canal do Youtube ensina a reconstituir um delicioso prato nórdico da Era Viking. Confira e aguarde os próximos vídeos!
O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br
sábado, 28 de janeiro de 2017
sábado, 21 de janeiro de 2017
site História Agora publica entrevista sobre a Escandinavística no Brasil
O site HISTÓRIA AGORA acaba de publicar uma entrevista, cujo enfoque são as pesquisas escandinavísticas brasileiras, com o professor Johni Langer (UFPB), membro do NEVE.
Confira a entrevista clicando aqui.
sábado, 14 de janeiro de 2017
Vídeo ensina a elaborar tranças da Era Viking
O mais novo vídeo do canal do NEVE no Youtube traz análises e dicas de como realizar tranças nórdicas da Era Viking. O vídeo foi elaborado pela professora Luciana de Campos e foi baseado em suas pesquisas na área de cultura material escandinava.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Livros sobre Vikings em inglês
BRINK, Stefan (Ed.). The Viking world. London: Routledge, 2008.
Um dos mais completos e atualizados manuais histórico-culturais sobre a Escandinávia da Era Viking (com 717 páginas!), cobrindo praticamente todos os aspectos: sociais, institucionais, tecnologia, guerra e armamentos, religião e mitologia, linguagem e literatura, arte e História, entre outros aspectos. Cada seção foi escrita por uma especialista no tema.
SAWYER, Peter (Ed.). The Oxford Illustrated History of the Vikings. Oxford: Oxford University Press, 1997.
Excelente manual introdutório para o estudo da expansão nórdica durante a Era Viking, cobrindo desde as ilhas britânicas, o Novo Mundo até a área oriental. destaque para os capítulos sobre religião (cap. 9) e o imaginário dos vikings (cap. 10).
GRAHAM-CAMPBELL, James (Ed.). The Viking world. London: Frances Lincoln, 2001.
Um dos mais populares manuais sobre a Era Viking, organizado pelo arqueólogo britânico James Graham-Campbell. A perspectiva da obra são os aspectos de cultura material e arqueologia, contendo capítulos sobre guerra, navegação, comércio, vida cotidiana, arte e religiosidade.
CHRISTIANSEN, Eric. The norsemen in the Viking Age. London, Blackwell, 2006.
O mais completo manual sobre o cotidiano nórdico na Era viking.
HOLMAN, Katherine. Historical dictionary of the vikings. Oxford; Scarecrow, 2002.
Um dos mais populares dicionários históricos sobre a Era Viking, extremamente recomendado aos iniciantes no tema.
HAYWOOD, John. Encyclopaedia of the Viking Age. London: Thames and Hudson, 2000.
Excelente enciclopédia ilustrada sobre a Escandinávia da Era Viking.
HAYWOOD, John. The Penguin Historical Atlas of the Vikings. London: Penguin, 1995.
Um dos melhores livros de referência sobre o tema, repletos de mapas históricos coloridos e detalhados, infográficos, tabelas e recursos visuais.
sábado, 7 de janeiro de 2017
O Sol e a Lua na Mitologia Nórdica
LUA E SOL (VERBETE DO DICIONÁRIO DE MITOLOGIA NÓRDICA)
A
personificação da Lua (Máni) e do Sol (Sól) na mitologia escandinava. Ao
contrário da maioria das narrativas mundiais, a Lua é vista como um ser
masculino no mundo nórdico pré-cristão, assim como na mitologia irlandesa
(Ealhada), lituana (Meness) e eslava (Jarilo). E o Sol (Sól, Sunna) era visto
como um ser feminino, como nos mitos eslavos (Solntse), lituanos (Saule),
finlandeses (Beiwe). Na poesia éddica, Sól é considerada uma deusa dos ases e
Máni um gigante.
No
poema éddico Vafthrúdinismál 22-23,
Odin questiona o gigante sábio Vaftrúdinir porque o Sol e a Lua percorrem o céu
acima dos homens e a resposta é que ambos são filhos de Mundilfeari (aquele que
se move de acordo com o tempo), realizando este percurso pelo céu todo dia e
medindo os anos. John Lindow estudando os kennings da poesia escáldica,
acredita que poderia ter existido uma narrativa sobre a união sexual entre Máni
e as gigantas, mas não existem outras evidências sobre isso nos relatos
míticos.
Em
Gylfaginning 11, Snorri concede outra
versão para estes astros: Mundilfari é o pai de dois filhos muito bonitos,
chamados Máni e Sól - tendo esta segunda casado com Glen. Os deuses
enfurecem-se com o ato e colocam os dois na abóbada celeste – permanecendo
assim guiando duas carruagens transportando os discos do Sol e Lua. Durante o
Ragnarok, ambos serão devorados pelos lobos Skoll e Hati, mas é somente em
Snorri que isso é explicitado, especialmente no caso da Lua – um lobo chamado
Managarm (devorador de Máni) se alimentará com a vida de todos os humanos e
manchará o céu com o sangue da Lua e fará o Sol perder o brilho (Gylfaginning 12). Com certeza, trata-se
de uma alusão ao eclipse total da Lua, que é denominada em várias culturas
europeias de “Lua de sangue” - fenômeno causado pela atmosfera durante a
visibilidade do encobrimento total do disco lunar. O poema éddico Grimnismál 37-38 reforça alguns
elementos de Snorri, como a menção aos cavalos Árvak e Álsvid, que puxam as
carroças dos irmãos, mas cita o detalhe do escudo Svalin, que protege as
montanhas e mares do calor solar.
Existem
poucos estudos sobre Máni e Sól devido aos seus pequenos papéis na mitologia
escandinava. Leonhard Franz (1922) argumentava que teria existido algum tipo de
mitologia lunar, reforçado em 1929 por Ernst Philippson, mas depois contestado
por Rudolf Munch (1941). Rudolf Simek acredita que Snorri inventou o nome das
crianças Bil e Hjúki, que acompanham o Sol e a Lua e poderiam ser vistas da
Terra (Gylfaginning 11), mas a
narrativa deve ter uma base folclórica, visto que é encontrada em diversos
relatos europeus (a lenda do homem na lua portando uma vara – Bilwis - e uma
mulher levando um balde), especialmente na Escandinávia, Inglaterra e norte da
Alemanha, que segundo alguns, poderia estar relacionada à visibilidade das
fases ou das crateras da Lua.
Segundo
Simek e Boyer, existem muitas evidências de culto ao Sol na Idade do Bronze,
evidenciados pela grande existência de grafismos rupestres e do disco da
carroça de Trundholm. No Encantamento de
Merseburg (ver verbete), a deusa Sunna é citada como irmã de Sinthgun,
mas Simek acredita que a combinação dos antigos símbolos solares com o navio
nos contextos ritualísticos (que ocorrem frequentemente da Idade do Bronze aos
tempos medievais), parecem estar conectados à cultos de deuses da fertilidade
(como Njórd e Freyr, mas que não possuem conexões diretas com personificações
solares). Em 1936 Vilhelm Kiil argumentou que o nome Solberg significava montanha do sol, evidenciando algum tipo de
culto solar na Escandinávia. Em 1981 o francês Régis Boyer realizou um extenso
estudos sobre o simbolismo dos mitos solares na Idade do Bronze da
Escandinávia, inseridos em sua obra Yggdrasill:
La religion des anciens scandinaves. Algumas das principais pinturas de
Bohuslän analisadas por Boyer, embarcações transportando discos (relacionadas a
procissões e rituais solares), foram depois analisadas pelo astrônomo Göran
Henriksson em 1996, sendo associadas a eclipses totais do Sol nesta região.
Com
certeza, o espaço do Sol e da Lua na religiosidade nórdica pré-cristã foi muito
maior do que a maioria dos acadêmicos geralmente se posiciona. Além das
narrativas mitológicas, existem indícios de calendários que podem demonstrar a
importância ritualística destes dois astros. O líder germânico Ariovistus,
inimigo de César, foi aconselhado por mulheres anciãs de sua tribo, a não
combater antes da Lua Nova (De Bello
Gallico 1, 50). Segundo Tácito, os líderes germânicos reuniram-se para
negociar durante o prelúdio da Lua Nova ou Cheia (Germânia 11). O
astrônomo Göran Henriksson analisou marcações pré-históricas em rochas da ilha de
Gotland, báltico sueco, onde indicam fases da Lua Nova ou Cheia durante o
solstício de inverno. E o
arqueólogo Mike Parker Pearson comparou diversos sítios da Idade do Ferro em
áreas germânicas que possuem alinhamentos voltados para eclipses totais da lua
durante o solstício de inverno, demonstrando que além de observações, também
ocorreram registros destes fenômenos celestes. Na Era Viking, o computo do
tempo era realizado baseado em um calendário lunar e os períodos de tempo mais
curtos eram definidos pela noite e não pelo dia.
As representações de Sól e Máni na arte ocidental
são escassas e as existentes são muito simples. A mais famosa é a ilustração The wolves pursuing Sol and Mani (1909),
do pintor britânico John Charles Dollmann, realizada em preto e branco, com
traços simples em torno da oposição claro e escuro: Hati e Skoll perseguem os
carros do Sol e Lua, sendo os lobos representados como uma espécie de sombra
ameaçadora, cujas mandíbulas são proeminentes e assustadoras. Outra imagem é do
ilustrador de livros infantis, o húngaro Willy Pogany: Far away and long ago (1920). Com traços ainda mais singelos do que
a obra de Dollmann, aqui os lobos são representados de corpo inteiro e o Sol e
a Lua recebem apenas as representações dos dois discos, percorrendo o céu na
faixa da Via Láctea.
Anteriormente, o conhecido artista dinamarquês
Lorenz Frølich também havia realizado algumas imagens, porém mais próximas da
mitologia do que com caráter astronômico. Na primeira ilustração (1895), ambas
as divindades são retratadas dentro do ideal neoclássico, subindo aos céus. Na
segunda, ambos são atacados pelos lobos. Em 1908 o pintor inglês William
Colingwood, membro do Viking Club,
realiza uma ilustração extremamente romântica, desta vez incluindo na carruagem
do Sol o menino Bill portando o escudo Svalin, de grandes proporções. Uma das
imagens mais recentes deste mito é a pintura Skoll (1995), de Glenn Steward, com fortes cores, apresentando o
lobo perseguindo Sól, evidenciando algumas noções modernas sobre o mundo
selvagem e a natureza.
Johnni Langer
Ver
também: Constelações e mitos nórdicos; Fenrir; Pinturas rupestres nórdicas;
Planetas e mitos nórdicos.
Referências Bibliográficas:
BOYER, Régis. Máni/Sól. Héros et dieux du Nord. Paris: Flammarion, 1997,
pp. 98-99, 143-145.
HENRIKSSON, Göran. The grooves on the island of
Gotland in the Baltic Sea: a Neolithic lunar calendar. Proceedings of the Conference Astronomy of Ancient Society, Moscow,
2000, pp. 71-77.
HENRIKSSON, Göran. Solar eclipses and Encke´s comet on
Swedish rock carvings. Current studies in
Archaeoastronomy: conversations across time and space. Santa Fe, 1996, pp.
475-485.
LINDOW, John. Máni
(Moon)/Sól (Sun). Norse Mythology: a guide to the gods, heroes, rituals, and
beliefs. Oxford: Oxford University Press, 2001, pp. 222-223, 278-280.
REUTER, Otto Siegfried. Skylore of the North. Stonehenge Viewpoint n. 47–50, 1982.
SIMEK, Rudolf. Máni/Sól. Dictionary
of Northern Mythology. London: D.S. Brewer, 2007, pp. 201-202, 297.
VERBETE DO DICIONÁRIO DE MITOLOGIA NÓRDICA. São Paulo: Hedra, 2015.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Nove mundos da Mitologia Escandinava (verbete do DMN)
Em diversas fontes dos mitos nórdicos,
menciona-se a existência de nove mundos (Níu
heimar) na cosmografia após a morte de Ymir: Vafþrúðnimál 43, Völuspá
2, Gylfaginning 34, mas não se
detalha exatamente quais seriam estes mundos. Alguns especialistas percebem
isso como uma deficiência nas fontes e de que não existiria uma concepção
definida ou clara sobre a constituição cosmográfica; outros, no entanto,
acreditam que os nove mundos eram bem definidos.
Para Enrique Bernárdez, a referência ao
número nove deve ser entendida em sentido simbólico e não necessariamente matemático:
a importância sacra e poética do número nove suplantou a lista real dos mundos,
que deveria ter sido originalmente sete (como pensa também Hilda Davidson).
O poema éddico Alvíssmál 20 enumera como o vento era conhecido nas diferentes
famílias de seres, do qual podemos aferir seis mundos: homens, deuses, vanes,
gigantes, elfos, mortos. Assim, os seis mundos que a maioria dos especialistas
concorda que fazia parte da cosmovisão pagã são: Midgard, Asgard, Vanaheim,
Jotunheim/Utgard, Álfheim, Hel. A lista é completada pelo mundo dos anões Nídavellir
(ou Svártalfaheimr), a terra primordial do gelo (Niflheim) e a terra do fogo
(Muspelheim). Para Hilda Davidson, entraria também na lista o Valhalla. E
ainda, autores como Brian Branston que dividem o mundo dos elfos em escuros e
claros, mas eliminam Niflheim da lista.
As
representações visuais dos nove mundos tiveram início somente durante o século
XIX. Em 1847, o artista dinamarquês Oluf Olufsen Bagge, na pintura Yggdrasill, integrante do livro Northern Antiquites, reproduziu sua
interpretação dobre a cosmografia nórdica. Como a ilustração em cores não possui
legendas ou denominações é difícil saber quantos mundos o autor quis elencar,
mas alguns são óbvios: a terra resplandescente ao alto, certamente é Asgard,
enquanto Midgard fica ao centro e o submundo de Hel mais abaixo, nas raízes de
Yggdrasill. Em 1886, outra imagem foi criada por Friedrich Wilhelm Heine (Die eiche Yggdrasill), mas como na obra
de Bagge, não possui qualquer alusão direta aos mundos, centrando-se na representação
do bestiário cósmico: os animais situados no topo da árvore, a grande serpente
do mundo rodeando o mundo central, e abaixo de tudo, a serpente Nidhog
entrelaçada às raízes de Yggdrasill.
Durante
o século XX surgem as mais variadas tentativas de criar uma imagem coerente dos
nove mundos, nem sempre com bons resultados. A maioria é anônima e se encontra
reproduzida em livros, revistas, quadrinhos e internet, sendo que quase todas
são devedoras do referencial criado por Bagge e Heine: o cosmos é dividido em
três planos, todos tendo como base a árvore Yggdrasill; Asgard ocupa o topo,
acompanhada de perto por Vanaheim e Alfaheim; mais abaixo, no centro de tudo,
localiza-se Midgard e em seu entorno, Jotunheim; a divisão do submundo é muito
mais confusa, em várias ilustrações reproduzindo Hel junto a Niflheim e próximo
a estes, Svartálfaheimr e Nidavellir; em muitas imagens, o mundo de Muspelheim
é incluído no submundo.
Johnni Langer
Ver
também: Álfheim; Asgard; Cosmogonia
nórdica; Cosmologia nórdica; Hel; Jötunheim;
Midgard; Muspell; Niflheim e Niflhel; Vanaheim.
Referências Bibliográficas:
BERNÁRDEZ, Enrique. La geografia mitológica. Los mitos germánicos.
Madrid: Alianza, 2010, p. 281-288.
BRANSTON, Brian. Los nueve mundos. Mitología germánica ilustrada.
Barcelona: Vergara, 1960, pp. 181-183.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
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