O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Tesouro é descoberto em templo nórdico pré-cristão




Texto de Johnni Langer (PPGH-UFRN/NEVE).

Arqueólogos descobriram 35 placas de ouro em um templo pré-cristão na fazenda Hov em Vingrom (Lillehammer, Noruega, foto capa). O templo é datado do período merovíngio (Idade do Ferro/Alta Idade Média), entre 550-800 d.C. Os objetos são denominados "Gullgubber" e consistem em pequena e finas placas de ouro com figurações humanas (do tamanho de uma unha) - neste caso, as figuras representam um casal, interpretado genericamente como sendo o deus Freyr e a giganta Gerd.

 Alguns destes objetos foram encontrados na base de pilares e outros juntos às paredes do templo, sendo consideradas hierogâmicos (uma identidade política e religiosa da liderança para com a comunidade - teoria de Gro Steinsland) ou então, associados com oferendas ou atos religiosos de proteção ao templo. Esta edificação tinha o tamanho de 15 a 16 metros de comprimento, pequena se comparada com as casas longas (grandes salões, que podiam medir 30 metros), mas possivelmente era bem alto e proeminente na paisagem. E possivelmente poucas pessoas adentravam e utilizavam o seu espaço interno, talvez uma exclusividade da elite. 

A arqueólogo Kathrine Stene apresenta um dos gullgubber descobertos no templo de Hov, Noruega.

Por que ele é considerado um templo? Os arqueólogos não encontraram indícios de habitação, objetos cotidianos, domésticos ou de artesanato – mas somente materiais com intenção religiosa, os gullgubber. Aliás, esta é uma das grandes novidades da recente descoberta norueguesa – poucas destas placas de ouro haviam sido encontradas até agora na Noruega. Anteriormente, os casos mais comuns eram da Suécia e especialmente da Dinamarca – somente na ilha da Boríngia foram descobertos 2.708 deles. Datações por C14 irão determinar as datas exatas da construção e os usos deste templo. 

Detalhe ampliado de um dos gullgubber encontrados no templo de Hov.


Outras edificações (do mundo germânico antigo) também vem sendo considerados templos pré-cristãos por grande parte dos arqueólogos: 1. O edifício D2a de Yeavering, séc. VI-VIII, Inglaterra anglo-saxônica; 2. Uppåkra, Escânia danesa da Era Viking; 3. Tissø, Zelândia danesa da Era Viking; Ose (Bygland, Noruega), Era Viking, descoberto em 2020 e ainda em estudos pelo Museu de Bergen. 


Referência da notícia da descoberta: Another gold treasure in Norway, Ida Irene Bergstrøm, https://sciencenorway.no, 19 de setembro de 2023. 

Referência da análise: “Uma história arqueológica da Dinamarca Viking” (livro, no prelo).