Figura 1. Imagem do Skansen Lejonet (O fortim do Leão). É uma fortificação datada do século XVII que conta, em seu topo, com o símbolo da cidade: um leão empunhando uma espada e o escudo com as três coroas do reino. Esses elementos, presentes no brasão de armas da cidade, é uma referência direta ao brasão de armas da dinastia Vasa.
O quadricentenário da cidade de Gotemburgo na Suécia
Vitor Bianconi Menini (NEVE)
Doutorando em História pela UNICAMP
E-mail: meninivitor@gmail.com
Desde a ascensão de Gustavo Eriksson Vasa ao trono sueco, os regentes do reino buscavam ocupar a região da Västergötland (Gotalândia Ocidental) como forma de estabelecer uma saída para o Mar do Norte e Atlântico. As fortificações, no entanto, não foram bem-sucedidas. Em 1621, Gustavo II Adolfo concede a Privilegiebrevet (carta foral) para a construção de uma nova cidade à beira do rio Göta. Gotemburgo (su. Göteborg) foi planejada à moda neerlandesa (as plantas para os canais eram semelhantes aos utilizados para a fundação de Jacarta) e recebeu uma grande quantidade de comerciantes dos Países Baixos, da Escócia e de principados alemães do Báltico.
Voltada para o mar e dentro de suas muralhas, Gotemburgo prosperou. Em 1626, a cidade tornou-se uma das sedes da Nya Sverige-kompaniet: empresa de colonização responsável pelos empreendimentos suecos na América do Norte (região da bacia do Delaware, nos Estados Unidos). Na época de seu centenário, a cidade passou a sediar a Companhia Sueca das Índias Orientais (Svenska Ostindiska Companiet). Responsável por comercializar produtos chineses como o chá, procelna, pedras preciosas, móveis e outros artigos de luxo, a cidade passou a figurar entre os principais centros comerciais da Europa.
Durante o século XIX, as fortificações do século XVII foram demolidas e a cidade passou por diversas transformações em sua paisagem. Ainda com pouco mais de 25 mil habitantes, a cidade tornou-se do Göteborgs-Posten e da Chalmers tekniska högskola (Universidade Tecnológica de Chalmers). Em 1832, outro empreendimento fundamental para a expansão econômica de Gotemburgo fora a construção do Canal Göta que integra uma via fluvial de 390 quilômetros entre a costa Oeste e o mar Báltico.
Figura 4. Gotemburgo representada no livro Suecia Antiqua et Hodierna, de Erik Dahlberg (ca. 1700)Às vésperas do tricentenário, a cidade Gotemburgo anunciou novas construções como a praça Götaplatsen – onde está localizada a estátua de Poseidon-, o teatro e a ópera Municipal, assim como o museu de Arte. As novas construções faziam parte do projeto urbano para a feira mundial de 1923.
Durante a primeira metade do século XX, Gotemburgo foi o ponto de partida de diversas viagens transatlânticas responsáveis pelo fluxo migratório escandinavo para a América do Norte. A companhia responsável pelo translado Nova Iorque era Svenska Amerika Linien (1915). Sede de um imponente centro naval, a cidade viu surgir uma das marcas automobilísticas mais icônicas do globo: a Volvo, fundada em 1927 e que, em pouco tempo, atingiu fama mundial.
Apesar da recessão econômica que afetou toda sua malha industrial, Gotemburgo é um importante centro comercial, educacional, cultural e esportivo da Suécia, recebendo ondas de turistas durante o ano para os diferentes eventos do calendário como o festival internacional de cinema.
Figura 7. Estátua de Poseidon em Götaplatsen. Ao fundo, o Museu de Arte de Gotemburgo (atual).Devido à pandemia do covid-19, as principais comemorações do quadricentenário foram postergadas para o ano de 2023. Saiba mais sobre a cidade e as intervenções para a celebração em @goteborg2021.