O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Medievo & Recepção, UFF, 25 de março de 2024


MEDIEVO & RECEPÇÃO, UFF, 25 de março de 2024

Auditório do PPGH, 5º andar do Bloco O, Universidade Federal Fluminense (UFF), Campus do Gragoatá, Niterói.

O evento é uma parceria entre os grupos Translatio Studii (UFF), NEVE (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos) e Reception (Universidade de Alcalá, Espanha).

 Link para inscrições: Formulário Google

O interesse pelo estudo das reapropriações modernas e contemporâneas da Idade Média vem crescendo significativamente nas últimas décadas. Diversas publicações apresentam estudos sobre os jogos eletrônicos, as mídias, as ideologias políticas, o cinema, entre outros suportes e contextos. No Brasil, vem se consolidado a perspectiva do Medievalismo (ou Neomedievalismo), que busca estudar as diferentes formas com que este período histórico foi apreendido e construído da Modernidade até nossos dias (Temponi; Guerra, 2019, p. 492). Uma outra perspectiva teórico-metodológica, muito semelhante ao Medievalismo, ainda é pouca conhecida em nosso país: os estudos de recepção do Medievo. A teoria da recepção surgiu nos anos 1960 na Alemanha, inicialmente atrelada aos estudos literários, depois passando a ser aplicada em História, Comunicação, Arte, Música, entre outros campos. 

Algumas de suas diferenças com relação à perspectiva do Medievalismo é que a recepção pode ser estudada ainda no contexto tradicional do próprio Medievo – diferentes percepções do passado, reapropriações ideológicas ou usos culturais e políticos (de diversos temas) também foram frequentes no período conhecido como Idade Média, desde o seu princípio. Assim, a demarcação de um marco temporal é muito mais ampla e fluida: temos a possibilidade de estudar a recepção do passado no próprio Medievo. A escandinavista Margaret Clunies Ross, por exemplo, em sua vasta coletânea de estudos sobre a Mitologia Nórdica, iniciou a sua demarcação de pesquisa ainda no fim da Antiguidade. Neste sentido, um mito não é visto como uma narrativa fixa, mas uma incessante ressignificação do passado, mesmo na Edda Poética. A recepção é um fenômeno contínuo, sendo que seu receptor pode apreender um artefato cultural dentro dos mais diferentes contextos sociais, inclusive na própria Idade Média (Langer, 2023).

Mesmo a historiografia medieval pode ser um campo de estudos da recepção: a elaboração de conceitos, de periodizações, como a historiografia de um país se relaciona ou foi influenciada por outra, como o pensar e o escrever sobre o Medievo mudou na História das idealizações e dos conceitos ou como a historiografia esteve envolvida com ideologias nacionalistas (Corbellari, 2014). O Medievo pode ser considerado como uma categoria reconstruída pelo tempo presente de cada autor em determinado contexto histórico (Gally; Ferré, 2014). 

Assim, o evento Medievo & Recepção se propõe a debater os mais amplos aspectos das reelaborações, representações e discursos sobre a Idade Média, tendo como principal expoente a professora Paloma Ortiz-de-Urbina, coordenadora do Reception da Universidade de Alcalá, Espanha. O Reception é um grupo de pesquisa internacional e multidisciplinar que investiga as relações culturais dentro da perspectiva da recepção, reunindo diversos pesquisadores das mais variadas áreas, como Música, Tradução, Arte, Audiovisual, Literatura e Mitocrítica. O evento é organizado pelo grupo de pesquisa Translatio Studii da Universidade Federal Fluminense, com apoio do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos da Universidade Federal da Paraíba.

O evento também tem a proposta de não somente apresentar estudos temáticos, mas também discutir a relação conceitual e metodológica dos estudos de recepção com o Medievalismo e a perspectiva dos Usos do Passado (Féo, Bastos, 2022; Silva, 2021), este último geralmente vinculado a determinadas seleções da História com intuitos de promoções políticas e identitárias, tanto por parte de historiadores quanto do público em geral (incluindo o ensino e outras formas de História Pública: Nielsen, 2012).

 

PROGRAMAÇÃO

 Conferência de abertura: 25 de março, 10:00 horas da manhã.


La recepción del Cantar de los Nibelungos en la ópera y en el cine – Profa. Dra. Paloma Ortiz-de-Urbina (Reception/Universidade de Alcalá, Espanha).

 

Mesa Redonda: 25 de março, 14:00: A recepção dos vikings e da Reconquista

 


- Os usos nazistas da marcialidade viking: o caso da invasão nazista da Noruega e seus impactos na Escandinavística – Prof. Me. Caio de Amorim Féo (Translatio Studii/UFF)

- A Dinamarca e a invenção dos vikings – Prof. Dr. Johnni Langer (Reception/NEVE/UFPB)

- Pelágio 2.4: Vox, xenofobia e o discurso de Reconquista na Espanha atual – Profa. Dra. Paula de Souza Valle Justen (Translatio Studii/UFF)

 

Referências e Bibliografia:

CORBELARI, Alain. Entre réception et histoire des idées : l’histoire des études médiévales comme archéologie de nos passions. Perspectives médiévales 35, 2014. 

SILVA, Daniele G. G. Para uma (re)mitificação dos Nibelungen no período entre guerras mundiais. In: Literatura e Autoritarismo (UFSM), v. 1, p. 61-79, 2014. 

FÉO, Caio de Amorim; BASTOS, Mario Jorge da Motta. Quando a farsa também é tragédia. Passa Palavra, 20 de abril de 2022. 

GALLY, Michèlle; FERRÉ, Vincent. Médiévistes et modernistes face au médiéval. Perspectives médiévales 35, 2014. 

LANGER, Johnni. Recepção Nórdica: Guia metodológico e bibliográfico. Blog do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, 26 de junho de 2023. 

NIELSEN, Niels Kayser. Historiebrug - hvad er det? Danmarks Historien, 13 de julho de 2012, Universidade de Aarhus. 

ORTIZ-DE-URBINA, Paloma; Tomas Macsotay (Org): Recepción de Richard Wagner y Vanguardia en las Artes Españolas: Mito y Materialidad. Madrid: Editorial Dykinson, 2024.

ORTIZ-DE-URBINA, Paloma (Org). Germanic Myths in the Audiovisual Culture. Tübingen: Gunter Narr Verlag, 2020.

ORTIZ-DE-URBINA, Paloma. La recepción de Richard Wagner en Madrid (1900-1914), Madrid, Universidad Complutense de Madrid, 2003.

ROSS, Margaret Clunies (Org.). The Pre-Christian Religions of the North: Research and Reception, Volume I: From the Middle Ages to c. 1830. Turnhout: Brepols Publishers, 2018.

SILVA, Renato Rodrigues da. The Uses of the 'Anglo-Saxon Past' between Revolutions, Imperialism and Racism. Práticas da História 12, 2021, pp. 130-160. 

TEMPONI, Eduarda; GUERRA, Luiz. Medievalismo: uma breve introdução. Temporalidades 3(11), 2019, pp. 492-496.

ZERNACK, Julia; SCHULZ, Katja (Org). Gylfis Täuschung. Rezeptionsgeschichtliches: Lexikon zur nordischen Mythologie und Heldensage. Heidelberg: Universitätsverlag Winter, 2019.