O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sábado, 16 de maio de 2020

Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico*


Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico*




                                                                                    

Imagem 1: Skivarpstenen, Lundagård, Lund/Suécia.

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

Índice de símbolos: 1. Suástica e triskelion; 2. Triquetra e Valknut; 3. Espiral e labirinto; 4. Nó quadrifólico; 5. Pentagrama; 6. Cruz Troll; 7. Cruz élfica; 8. Vegvísir e ægishjálmr.

Introdução
O uso de símbolos para práticas mágicas variadas é atestado desde a Antiguidade, mas ainda verificamos a sua extrema abundância nos dias de hoje. A finalidade deste ensaio é possibilitar ao público de língua portuguesa o acesso a um mostruário parcial da imensa riqueza visual e histórica de símbolos mágicos e religiosos utilizados na área escandinava. A mesmo tempo, aproveitamos para corrigir vários equívocos sobre o tema, abundantes em livros e na internet. Nosso levantamento possui alguns critérios: incluímos apenas símbolos mágicos com morfologia geométrica não figurativa e que foram utilizados na Antiguidade e Medievo, alguns com continuidade após a cristianização, também sendo utilizados no folclore e tradição popular moderna. Atualizamos algumas considerações já realizadas em nosso anterior estudo acadêmico (Langer, 2010) mas com várias adições e correções.
Com o intuito de apontar interpretações equivocadas, mas não confundir o leitor, separamos as formas de referência em dois tipos: livros e sites com teor esotérico, neopagão e jornalístico são descritos com autoria e título completo no texto; obras acadêmicas e científicas são referenciadas no texto como sobrenome da autoria, data e paginação – sendo a bibliografia completa descrita ao final do ensaio.
O estudo dos símbolos é uma área complexa e que requer alguns cuidados. Primeiro, evitamos generalizações, referenciais diacrônicos e universalistas em excesso. Símbolos extremamente difundidos na área euro-asiática (como a suástica) necessariamente não tem os mesmos significados, variando conforme o contexto histórico, geográfico, social e cultural: “O símbolo é sempre proteiforme, polivante, ambíguo (...) no mundo dos símbolos, tudo é cultural  e deve ser estudado em relação à sociedade que dele faz uso (...) nada funciona fora do contexto” (Pastoreau, 2002, p. 495, 505, 507). Outra questão é o conceito de magia. Aqui empregamos noções relacionadas ao caráter pragmático dos simbolismos, onde magia envolve uma série de recursos materiais para o controle do sobrenatural e a natureza, também empregando mitos e tradições orais; diversas práticas, rituais e simbolismos para tentar encontrar em contato com poderes invisíveis, para conhecer o futuro ou influenciar eventos (Mitchell, 2015, p. 59). E neste sentido, a magia medieval não pode ser entendida enquanto oposta à religião, tanto erudita quanto popular (Jolly, 1996, p. 18), mesclando-se e hibridizando-se com as tradições religiosas.
Algumas considerações gerais também são necessárias. Primeiro, a de que não sabemos o nome original da maioria dos símbolos antigos, sendo utilizadas designações genéricas, posteriores à Era Viking ou de outros recortes históricos e geográficos. Em segundo, o estudo dos símbolos nórdicos ainda é muito precário na academia, sendo objeto de poucas investigações científicas. Para o caso de símbolos presentes na Era Viking, estamos preparando um material acadêmico mais detalhado e analítico, a ser publicado futuramente. Neste pequeno ensaio, concederemos apenas algumas considerações sistematizadoras de base diacrônica, enfatizando um recorte da Antiguidade à modernidade.

1.      Suástica e Triskelion
A suástica é um símbolo complexo, existindo em várias culturas euroasiáticas desde a Antiguidade. No mundo germânico antigo ela aparece especialmente entre as bracteatas: pingentes feito de ouro ou prata que foram encontrados em tumbas no período de migrações e merovíngio. Elas possuem um caráter mágico-religioso e geralmente contém motivos relacionados com o mundo do guerreiro. Várias imagens de bracteatas contém performances de guerreiros dançando ou então representações do deus Wotan e seus animais auxiliares. O êxtase e a dança ritual parecem estar particularmente relacionadas com o símbolo da suástica, que em algumas bracteatas possui pequenas arestas em suas extremidades, sugerindo movimento e êxtase (Franceschi, 2005, p. 55). Em várias inscrições rúnicas da Antiguidade, a suástica aparece como um símbolo de sorte e proteção ou então como instrumento para aumento do poder mágico do amuleto, possuindo uma funcionalidade semelhante às palavras de encantamento (MacLeod & Mees, 2006, p. 21, 74, 86, 94).



Imagem 2: Bracteata Djupbrunns I, Suécia (SHM 4877), séc. V-VI. Fonte.  A imagem apresenta uma figura masculina (geralmente identificada a Wotan), onde seu cabelo se transforma em pássaro, com um cavalo logo abaixo, portanto chifres (talvez parte de antigo ritual). A suástica está logo abaixo.

Durante a Era Viking a suástica continua particularmente associada com os sítios e contextos monumentais do deus Odin. Ela aparece relacionada com Ygdrasill em várias tapeçarias suecas, mas também a outros símbolos, como o triskelion de cornos (Snoldelev, DR 248). Apesar de muitos autores, representações artísticas e obras popularizarem o deus Thor vinculado à suástica, não existe nenhum contexto iconográfico ou material que comprove isso. Essa associação parece ter sido criada no final do medievo, mas durante o período Viking não existem evidências iconográficas deste vínculo.

       
 

Imagem 3: Suástica e triskelion de Snoldelev (DR 248), séc. IX, original e reconstituição gráfica, Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. Foto de Johnni Langer/NEVE, 2018. Trata-se da representação mais famosa de uma suástica na Era Viking. O triskelion feito de cornos relaciona o conjunto imagético ao deus Odin (remete ao mito do hidromel).
    

Imagem 4 e 5: DR 337 (Valleberga, Lundagård, Lund/Escânia, Suécia), séc. XI, erguida em memória de Manni e Sveini. Uma das inscrições cita a cidade de Londres, porém o detalhe mais interessante é a suástica esculpida no meio de uma cruz latina. Foto de Johnni Langer/NEVE (julho de 2019). A suástica possui extremidade curvas, gerando uma ideia de movimento circular interno. Aqui o Sol pode ter sido relacionado a Cristo? Na área irlandesa medieval, o simbolismo solar em suásticas foi reinterpretado dentro da noção cristã de ressureição (Rynne, 1990, p. 3-18).



Imagem 6: Pedra rúnica do aeroporto de Arlanda, Séc. XI (L2013:3081 Runristning), descoberta em 1990. É relacionada às expedições de Ingvar. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE (2019). A cruz com suástica é inserida dentro do padrão tradicional de entrelaçados com serpentes, típica da área sueca. O simbolismo das serpentes em pedras rúnicas da Suécia foi tema de uma recente tese de doutorado no Brasil: Oliveira, 2020.

A maior quantidade de suásticas em pedras rúnicas surge em um contexto cristão, ao final da Era Viking. Geralmente ela foi esculpida no centro de uma grande cruz e seu significado ainda não é conhecido neste caso. Pesquisando sobre o significado de suásticas na área das ilhas britânicas na Idade Média Central, Rynne (1990, p. 3-18) conclui que ela possuía um significado relacionado com a ressureição, retomando valores solares antigos e as conectando ao contexto dos valores cristãos. Esse referencial talvez possa ser adotado no contexto escandinavo em novas pesquisas, especialmente em representações de suásticas em cruzes e igrejas.






Imagem 7 e 8: Escultura de rosto humano e pássaros, Santa Maria, Great Canfield (Essex, Inglaterra), séc. XII. Foto de Susan Tsugami/NEVE (2019). A escultura é tradicionalmente interpretada como sendo Odin e seus dois corvos, ao lado de um conjunto de cinco suásticas (foto abaixo), mas também como dois pombos alimentando a face de Cristo. As suásticas seriam signos de boa sorte (Wilson, s.d., p. 12).






Imagem 9 e 10: A pedra do Sol, séc. IX-X, Igreja de Govan Old Parish, Escócia. Fotos de Susan Tsugami/NEVE (2019) e Barbara Keeling (2010). A suástica do monumento possui seus terminais com cabeças de serpentes e é interpretada como sendo um símbolo da redenção humana (Ritchie, 2011, p. 14). Esta suástica é muito semelhante a representações de triskelions com terminais em forma de animais, comuns na Escandinávia antiga, como na estela de Smiss, Gotland.



Imagem 11: Triskelion, estela de Smiss, Museu de Gotland, Suécia, séc. V-VI. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. O tiskelion aqui possui terminais em forma de javali, águia e serpente, animais relacionados ao deus Odin. A figura abaixo, muito polêmica, geralmente é interpretada como um ser feminino e segura em suas mãos duas serpentes. Recentemente a cena foi relacionada ao parto e o simbolismo da serpente-dragão na transição de mundos (durante o nascimento da criança) (Mitchell, 2019, p. 125-126.


Imagem 12: Þórshmar, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 24v, 1860. Fonte. 


Nos tempos modernos a suástica foi associada ao martelo de Thor (MacLeod & Mees, 2006, p. 252). Este instrumento continuou a ter um papel importante em comunidades rurais suecas na modernidade. Um martelo utilizado em confrarias possui vários caracteres gravados em sua cabeça (semelhantes a marcas de propriedade), incluindo uma suástica. Não sabemos se existe alguma continuidade folclórica entre este símbolo e o martelo pagão ou se possui alguma similaridade com a área islandesa. Em todo caso, este objeto demonstra a perpetuação do símbolo na vida cotidiana dos escandinavos.


Imagem 13: Fattigklubba, martelo de madeira utilizada em confrarias rurais na Suécia, século XVIII. Fonte: Mejborg, 1889, p.16.



Imagem 14: Sinais mágicos encontrados em um livro de nascimentos e batismos de Ytterlännäs, 1680. A suástica é o terceiro sinal marcado da direita para a esquerda. Fonte da imagem: Wijk, 2020.

A suástica nórdica também continua nos tempos modernos com usos diferentes. Em 1680, um padre da igreja de Ytterlännäs (Ångermanland, Suécia), anotou vários símbolos em um livro de registro de nascimentos e batismos. Entre letras romanas, quadrados e sinais variados, ocorre uma suástica - aqui ela teria funções repulsivas, de afastar o mal das crianças, segundo alguns historiadores (Wijk, 2020). Marcas antigas eram utilizadas como substitutos de assinaturas na Suécia e as vezes elas misturavam runas e símbolos antigos, mas também proviam de letras da liturgia e tradição bíblica, com o sentido de afastar o mal. E a suástica muitas vezes estava incluída.
Algumas tapeçarias modernas usaram a suástica talvez como um ornamento tradicional, sem maiores vinculações mágicas ou religiosas, como em um manto de 1874 sueco, constante do acervo do Nordiska Museet (Mejborg, 1889, p. 14). Nesta mesma instituição, porém, existem duas pranchas de madeira para dobrar roupas, do Setecentos, que possuem inscrições de vários signos, sigilos, desenhos e marcações, possivelmente de caráter mágico ou protetor, incluindo vários tipos de suásticas. Suásticas também eram gravadas em portas de casas suecas como sinais profiláticos (Mejborg, 1889, p. 15).




Imagem 15: Dobrador de roupa, Igreja de Djura (Dalarna, Suécia); dobrador de roupa, Leksand (Dalarna, Suécia). Ambos os objetos são do acervo do Nordiska Museet e datados entre 1600 e 1700. Fonte das imagens: Mejborg, 1889, p. 13.

2.      Triquetra e Valknut
Existem vários símbolos nórdicos denominados de valknutar (termo do norueguês moderno) com a forma entrelaçada entre si. Nesta categoria, entram tanto as formas conhecidas como triquetra e nó quadrifólico quanto o pentagrama (especialmente em ornamentações medievais) e o valknut “clássico” (constante nas estelas gotlandesas da Era viking). Para aumentar ainda mais a confusão, também tanto a triquetra quanto o valknut são identificados ao único símbolo nórdico registrado na literatura medieval (Boyer, 1986, p. 114), o Hrungnis hjarta (coração de Hrungnir, Skáldskaparmál 7). Em nossas pesquisas, temos diferenciado todos estes símbolos, especialmente para a Era Viking.



Imagem 16: Triquetra, runestone de Sanda I (G 181), séc. X-XI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. O símbolo aparece junto ao que se acredita ser uma figuração do deus Odin, segurando uma lança (Gungnir ?).

A triquetra é uma forma geométrica cujos terminais entrelaçam-se a partir de um centro em comum, projetando suas extremidades em três pontos diferentes. Em nossa opinião, é o principal candidato a ser o símbolo descrito por Snorri Sturluson (Hrungnis hjarta). Já o valknut são três triângulos que se encaixam entre si, mas ao contrário da triquetra, não formam uma figura única e possuem seis pontas, não se encaixando na descrição de Snorri.



Imagem 17: Triquetra, runestone U 937, séc. XI, parte do conjunto das pedras rúnicas de Funbo, atualmente situada no jardim da Universidade de Uppsala, Suécia. Fonte da imagem. É a representação mais famosa de uma triquetra durante a Era Viking, possuindo traços uniformes e bem definidos.

Tanto a triquetra quanto o valknut foram associados ao deus Odin na Era Viking. Mas enquanto a triquetra é mais antiga e sobreviveu muito mais tempo na Europa (extremamente comum nas regiões celtas), o valknut é quantitativamente encontrado quase que exclusivamente na ilha de Gotland e somente entre os séculos VIII ao X. Em objetos móveis (como pentes, bastões, moedas, pingentes) e sem o contexto de figurações e iconografias mais complexas, é muito difícil de tentar entender o significado da triquetra e do valknut nos tempos pré-cristãos e saber se possuíam algum sentido mágico (talvez também fossem apenas motivos de decoração nestes materiais móveis).  Em monumentos, porém, a sua relação com mito e ritual é bem definida, a exemplo das estelas gotlandesas de Hammars I (valknut, acima de um sacrifício) e Sanda I (triquetra, ao lado de Odin recebendo um morto). A triquetra também foi adotada como símbolo da trindade no medievo nórdico (MacLeod & Mees, 2006, p. 128; Historiska, 2020).


Imagem 18: Detalhe da cena sacrificial, estela de Stora Hammars I, séc. IX-X, Museu aberto de Bunge, Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. É talvez a representação mais famosa de um valknut, totalmente inserido dentro de um contexto ritual e religioso – cercado de pássaros, sacrifício e guerreiros armados, uma situação objetivamente relacionada ao deus Odin.

Equívocos contemporâneos: “Valknutr (...) expressa pela lei evolutiva do nascer/ser/desaparecer, rumo a um novo começo” (Mistérios nórdicos, Mirella Faur, 2007, p. 410).  O conceito de evolução na religiosidade e espiritualidade é moderno, derivado do evolucionismo oitocentista, sem qualquer tipo de evidência na Era Viking.
“Valknut (...) era utilizado como amuleto de proteção” (Símbolos Vikings, Educacional.com). Não existem evidências objetivas do uso do valknut como amuleto na Era Viking.

3.      Espiral e labirinto
Na Idade do Bronze Nórdica o espiral era conectado ao culto solar e a guerra, com a carruagem, embarcações e ao movimento do Sol. Na Idade do Ferro, o Sol passa a ser personificado e figurado, diminuindo as abstrações e elementos não figurativos (Wang, 2017, p. 6, 10).


Imagem 19: Estela de Väskinde, séc. V-VI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. A espiral no período Vendel era geralmente representada associada a figuras de animais, mais comumente serpentes, mas também a seres humanos em cavalos.

A maioria das representações simbólicas em formato espiralado da Escandinávia apareceram durante os períodos das migrações e Vendel, especialmente na ilha de Gotland. A grande parte dos especialistas a conectam ao culto solar. O súbito desaparecimento de suas representações neste local é visto por alguns pesquisadores como indício de catástrofes climáticas (535-536 d.C., relacionadas ao mito do Fimbulwinter, advinda das consequências climáticas do vulcanismo, como perda das colheitas, fome, frio, abandono das vilas, etc). As imagens de discos solares e espirais solares em movimento (conectadas ao culto do Sol) das estelas pintadas da ilha de Gotland do século V e VI d.C. diminuem dos monumentos da ilha após o século VI e cederam lugar a imagens de heróis e deuses da Mitologia Nórdica, muito comuns no posterior período Viking. Após um período de grandes erupções vulcânicas, a visibilidade do Sol é interrompida por meses e até mesmo por anos (Price; Gräslund, 2012, pp. 428-443).



Imagem 20: Detalhe da estela Stenkyrka Lillbjärs III (G 268), Gotland, Suécia, séc. IX, atualmente parte do acervo do Historiska Museet, Estocolmo. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. Uma das representações figurativas mais complexas realizadas durante a Era Viking, possuindo três símbolos geométricos (valknut, triskelion e espiral), um cavaleiro e uma valquíria portando um corno. O tema de escudos com espirais também foi representado em pingentes de valquírias: Wickham Market (Suffolk, séc. IX, Museu Colchester); Vrejlev (séc. IX, Museu Nacional da Dinamarca); Tissø séc. IX, Museu Nacional da Dinamarca).

Apesar de ter diminuído muito na iconografia do período Viking, a espiral ainda ocupa posição em alguns monumentos. Em Lillbjärs, um cavaleiro porta um escudo com uma espiral, ao lado de um valknut e um triskelion de cornos e em sua frente, uma valquíria o recepcionando. Aqui o sentido solar talvez não seja tão importante, mas pode ser que neste caso, simbolismos solares foram transferidos a Odin – pois o contexto da cena é totalmente odinista. A espiral seria assim uma proteção ao guerreiro? Em amuletos encontrados em tumbas femininas de Birka, onde observamos a representação central de uma espiral, arqueólogos identificam este objeto como sendo uma representação de escudo – neste caso, o objeto teria sido utilizado para proteção mágica individual (Gräslund, 2005, p. 385). Snorri Sturluson menciona que escudos eram denominados de “Sol no navio”. Vários elementos da literatura e mitologia nórdica indicam que escudos eram vistos como símbolos do Sol (a exemplo do kenning para escudo: skipsól, Wang, 2017, p. 14, 25). Talvez tenha ocorrido uma continuidade na vinculação do astro rei com espirais e escudos, mas na iconografia foram transferidos para contextos odinistas.




Imagem 21: Amuleto em forma de escudo com suástica espiralada, tumba feminina de Birka (Bj 954), Era Viking (Gräslund, 2005, p. 385).



Imagem 22: Labirinto da igreja de Fröjel, Gotland, Suécia, séc. XIV. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. A ilha da Gotlândia possui mais de 500 labirintos de pedra criados na Idade Média.



Imagem 23: Labirinto (trojaborgar) em Maria kirkko (Igreja de Santa Maria), Turku, Finlândia, séc. XV. Foto de Vitor Menini/NEVE (2019).

Uma forma diferenciada de espiral que ocorria na Escandinávia eram os labirintos Sámi. Geralmente eram estruturas de pedra, seguindo uma tendência circular, em formato oval ou em forma de ferradura de cavalo. A função destes locais é controversa, mas geralmente são atribuídas relações com rituais e práticas mágicas (Sampaio, 2017). Também são encontradas pinturas, esculturas e ornamentações de labirintos de estilo Sámi em dezenas de igrejas da Escandinávia Medieval.
Os labirintos que ocorrem nas igrejas nórdicas não seguem o padrão europeu, conhecido como modelo de Chartres (comum em pinturas e pavimentações). Em vez disso, são frequentemente encontrados os trojaborgar. Pesquisas efetuadas nas igrejas medievais de Gevninge, Båstad e Östra Karup indicam que elas possivelmente foram utilizadas como símbolos apotropaicos, protegendo o portão e a abertura para o coro da igreja. No momento em que estes labirintos foram perdendo espaço nas igrejas, eles continuaram a existir no ambiente costeiro como protetores da pesca e caça até pouco tempo (Swärd, 2012 p. 40).
Equívocos contemporâneos: “Espiral: o movimento cíclico da introversão e extroversão, involução e evolução” (Mistérios nórdicos, Mirella Faur, 2007, p. 410). A extroversão e introversão são conceitos modernos, derivados da Psicologia e Psicanálise, enquanto a evolução é um produto do Oitocentos. Nenhuma delas pode ser aplicada ao medievo nórdico.

4.      Nó quadrifólico - Símbolo de Hablingbo (Tetragrama, Nó de Salomão, St. Hanskors, Bandknutar, Tristramsknoten)
Um enigmático símbolo que está pintado na estela Hablingbo Havor II (SHM 21879), datada entre os séculos V ao VII d.C. Não existem estudos que comprovem exatamente qual o significado deste símbolo neste monumento. Uma publicação, analisando o motivo de serpentes logo abaixo ao quadrifólio do monumento, relaciona as imagens com relação a simbolismo marinhos no mundo nórdico, onde a figura do dragão estaria vinculada a proteção de viagens e das embarcações (Pearl, 2014, p. 149). O nó quadrifólico também aparece na arte germânica do período Vendel em outros materiais, como bracteatas (IK 297, Lyngby, Dinamarca), o que sugere um simbolismo mágico em amuletos de uso pessoal, mas com significado ainda indefinido.


Imagem 24: Estela Hablingbo Havor II (SHM 21879), séc. V-VII d.C., Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019.


Imagem 25: Fragmento da tapeçaria de Oseberg, Suécia, séc. IX d.C., reconstituição de Mary Storm (1939-1940). Fonte da imagem.  O nó quadrifólico foi representado ao lado de suásticas. Ambos os símbolos parecem estar relacionados ao contexto fúnebre da cena. Um nó quadrifólico isolado foi representado ao lado de uma figura masculina portando um elmo com cornos e espada na mão.

Durante a Era Viking este símbolo permaneceu com esparsas aparições, a exemplo da tapeçaria de Oseberg (datada do século IX d.C.). Várias representações foram realizadas de forma isolada e em outras, ele aparece ao lado de suásticas, sugerindo um significado próximo ou relacionado ao contexto fúnebre do conjunto. Em todo caso, é possível que ele também tivesse vínculo com os rituais a Odin (sem maiores evidências) ou então a rituais de morte (mais provável).


Imagem 26: Nós quadrifólicos na pia batismal de arenito da Igreja de Näs, Västergötland, Suécia, 1200 d.C. Fonte da imagem: Höök, 2015, p. 33. Os símbolos integram-se a um conjunto de esculturas de nós que perfazem quase toda a superfície do objeto, dando um sentido estético ao significado de proteção.

Após a cristianização escandinava, seu uso foi relacionado a João Batista e denominado de Sankt Hanskors na Suécia. Era esculpido em pias batismais como objeto de proteção contra os males que poderiam afligir a criança antes do batismo, considerada ainda pagã. Os pais queriam proteção, ao mesmo tempo que buscavam que o filho pudesse adentrar aos céus no futuro. As cordas e os nós do símbolo possuíam o significado de amarração e controle (Höök, 2015, p. 33).
Nos calendários medievais suecos, o dia de João Batista (24 de junho) era marcado com este símbolo. Também era gravado em portas para impedir a entrada de forças malignas e infortúnios para os seus habitantes (Cronsioe, 2010). Os ornamentos pagãos em forma de nós foram transformados em símbolos pela arte românica, tornando-se instrumentos de proteção contra o mal (Ullén & Ljungstedt, 2003, p. 34), mas ao mesmo tempo, são também decorativos (Historiska, 2020).



Imagem 27: Triquetra, Nó quadrifólico e bandknutar, Pia batismal, Igreja de Remmarlöv (Escânia, Suécia), 1200 d.C., Fonte da imagem. 

As pias batismais são excelentes fontes iconográficas para o estudo do simbolismo animal e sua associação com bestiários medievais, hagiografia, narrativas bíblicas, história da Escandinávia, etc. Elas apresentam farto simbolismo geométrico, figuras animais e humanas, cenas históricas e cotidianas, possuindo extensa morfologia e variações. Na Escandinávia, elas apresentam muitas vezes conjugadas a runas, imagens e símbolos do paganismo (como em Norum, Suécia). Essa ambiguidade religiosa possuía contextos políticos e sociais, refletidos na arte monumental (Boyer, 1987, p. 61).

5.      Pentagrama (hekselås, marekross, tussestjerne)
O pentagrama não é um símbolo presente na Escandinávia antes da cristianização. De origem oriental, ele se torna comum após o século XII, tanto com a posterior popularização dos grimórios, quanto pela presença do folclore mágico popular, presente em diversas igrejas sob a forma de grafites e marcas. Estas tanto podem significar expressões de agradecimento (embarcações), quanto marcas de proteção contra o mal (especialmente formas circulares) (Heath, 2014). O pentagrama foi utilizado para afastar o diabo, as bruxas e os demônios (hekselås) e identificado a Maria (Marekross) nas Igrejas medievais suecas (Källström, 2017, p. 6). Nos registros rurais, ele foi denominado de trollfot, markors, älvkors, häxlås (Historiska, 2020). O símbolo também foi utilizado na Escandinávia medieval para identificação da posse de objetos, contra roubos, marcas de gado e conjuração do mal, sendo associado aos gigantes (trolltegn, tussestjerne) (Boyer, 1986, p. 115).
Outra utilização do pentagrama na Escandinávia medieval foi em marcas de tijolos na construção das igrejas, especificando associações dos pedreiros a corporações, mas ao mesmo tempo, também utilizados como símbolos da proteção popular contra os males, como na catedral de Turku (Stenlund, 2017, p. 479-486).
   
 



Imagem 28 e 29: Pentagrama da igreja de Ala, Gotlândia, Suécia, séc. XII (Fonte: Källström, 2017, p. 5); Símbolos encontrados na Catedral de Turku, Finlândia (séc. XIV). As marcas abaixo do pentagrama simbolizam as chaves de São Pedro (Stenlund, 2017, p. 482).

No medievo nórdico o pentagrama possuía dois tipos de representações: uma tradicional, com a forma da estrela de Salomão na posição normal ou invertida (a associação desta inversão com o diabo foi produzida na modernidade), geralmente gravada na forma de grafites nas paredes de Igrejas e casas. Outra, mais elaborada e artística, esculpida entrelaçada com um círculo central, seguia a tradição de esculturas em forma de nós de períodos mais antigos e quase sempre inseridas em pias batismais.



Imagem 30: Fonte batismal, Igreja de Ekeby (Escânia, Suécia), 1200 d.C., Fonte da imagem. O pentagrama é integrado a um círculo central e encontra-se ao lado de relevos de nós ornamentais.

Após o medievo, a popularidade do símbolo tem continuidade. Parteiras da Suécia do Setecentos utilizavam pentagramas para proteção de crianças; elas também eram colocadas em portas de casas, estábulos, camas, berços, esculpidas com faca na madeira ou pintadas com giz ou cera vermelha (Hendriks, 2016, p. 2).



Imagem 31: Pentagrama, pia batismal, Igreja de Fulltofta (Escânia, Suécia), séc. XII. Fonte da imagem. Esta bela representação de pentragrama filia-se à antiga tradição de símbolos entrelaçados em nós, presentes especialmente em triquetas e valknutes.

6.      Cruz Troll (Trollkors)
No medievo cristão existia a visão de que uma criança recém nascida era “pagã” e que corria o risco de ser levada pelo diabo – um verdadeiro risco de vida. Havia o medo de que um feiticeiro substituísse a criança antes do batismo, o que gerava a necessidade do uso de vários objetos mágicos para proteção da criança. Estes também seriam usados para conceder uma boa vida futura para o pequeno cristão. Essas crenças e práticas perduraram do medievo até o século XIX na Suécia (Höök, 2015, p. 13). A grande maioria das proteções mágicas era direcionada para os trolls e feiticeiras – que poderiam substituir os filhos. O recém-nascido (“pagão”) era vigiado de perto, o fogo nas lareiras devia queimar constantemente para afugentar os poderes do mal, objetos de ferro e livros sagrados eram colocados no berço. Na casa do recém-nascido ainda não batizado, todas as janelas e portas deviam ficar permanentemente fechadas e nenhum estranho podia entrar (Höök, 2015, pp. 13-15).


Imagem 32: Cruz Troll (Trollkors), Brogården, Suécia, sem datação, provavelmente século XIX. Fonte da imagem Esta representação de cuz geralmente era esculpida em portas, janelas e locais próximos a caminhos.

As cruzes troll eram amuletos com uma cruz latina incisa ou ainda, marcas de cruzes realizadas em portas, janelas e objetos móveis, realizadas com a intenção de proteger contra malefícios. Sua origem provém do folclore escandinavo moderno. Estas marcas também são inseridas em potes ou recipientes para proteger alimentos (Ålenius, 1943, p. 91).


Imagem 33: Pingente “Futhark troll cross”, vendido no Brasil pelo site Philip Mead como sendo “antigo amuleto dos povos escandinavos”  

Na década de 1990 o artesão sueco Kari Erlands inventou um novo símbolo com o nome de Trollkors, utilizando a runa Othala (Odal) do Futhark antigo (Frej, 2016). O símbolo se propagou pela internet e transforma-se equivocadamente num suposto “objeto da Era Viking”, propagado mesmo no Brasil: “Acreditavam -se que a Cruz de troll tinha o poder de afastar os trolls e elfos dos povos vikings” (Símbolos nórdicos e seus significados, Elizangela Assis, internet). O verbete Asatru da Wikipedia em português, inseriu a cruz troll como sendo um pingente do folclore sueco (ao lado de uma imagem do Valknut e Mjollnir), o que também é um erro.
Equívocos contemporâneos: “Cruz Troll (...) usado por los primeiros pueblos escandinavos como uma protecion contra los trolls y elfos” (Símbolos de poder nórdicos). A cruz troll é uma invenção moderna (em sua forma rúnica) e a folclórica é muito posterior ao cristianismo ser introduzido na Escandinávia.


7.      Cruz élfica (ellakors, ellakors, älvkors)
Amuletos criados para prevenir doenças entre as crianças, geralmente feitos de prata e utilizados na Dinamarca e Suécia do século XVI até o século XIX (Höök, 2015, p. 19). Os elfos eram considerados originadores de vários tipos de doenças, como erupções cutâneas, doenças de pele até mau hálito. Para ser eficiente, a cruz ou amuleto deveria ser de prata e carregada junto ao corpo e dentro da roupa, sem ser visível externamente. Podia também ser utilizada por adultos doentes. Não podia ser vendida e era alojada junto ao túmulo do seu usuário, quando este morria (Höök, 2015, p. 20).


Imagem 34: Cruz élfica (Ellakors), pingente de prata, Västergötlands Museum, Suécia. Sem datação, provavelmente depois do século XVIII. Fonte da imagem. 

8.      Vegvísir e ægishjálmr
Dois símbolos mágicos que surgem nos tempos modernos, não sendo conhecidos durante a Era Viking.
O Vegvísir foi um signo mágico utilizado para encontrar o caminho e devido ao seu formato semelhante a uma rosa dos ventos, foi comparado a uma bússola (Zarrillo, 2018, p. 29).
O Ægishjálmur foi citado primeiramente no Fáfnismál 16, 17 e 19 (Codex Regius da Edda Poética). Neste poema éddico, o símbolo traria vitória a seu possuidor (segundo o dragão Fáfnir), e no mesmo poema, alude-se a pertencer ao tesouro de Sigurðr, de onde se deduz que estaria gravado em um elmo. Ao mesmo tempo, essa descrição de um objeto mágico na cabeça de Fáfnir tem relação com uma tradição européia que remonta aos gregos e que sobreviveu até o fim da Idade Média: de uma pedra que os dragões possuíam em suas cabeças (snakestone ou dracontite), utilizada para fins curativos; e por outro lado, com o olhar mortífero que este tipo de monstro teria (o “olhar de fogo”). Em algumas sagas islandesas, como Sverris saga 38, o símbolo também é citado como proteção nas batalhas.


Imagem 35: Ægishjálmur no manuscrito GKS 2367 4to, página 14r (Codex Regius da Edda em Prosa), séc. XIV. Segundo o pesquisador Kári Pálsson (comentário na internet), trata-se de um acréscimo posterior ao manuscrito, pela diferença de cor e textura, possivelmente realizado no século XVI. Segundo os pesquisadores Teresa Dröfn Freysdóttir Njarðvík e Rune Hjarnø Rasmussen (comentários na internet), o desenho foi realizado ao lado do texto de Snorri – na cena onde o deus Thor enfrenta a serpente do mundo. Ainda não existem estudos publicados sobre este tema. Foto de Rune Hjarnø Rasmussen (Universidade de Uppsala, internet, 2019).


Imagem 36: Ægishjálmur no manuscrito AM 756 4to, 10v, séc. XV (transcrição da Edda em Prosa). Possivelmente trata-se de uma inserção imagética posterior à escrita do manuscrito, talvez no século XVI, ainda sem estudos. Os desenhos foram realizados na parte inferior da página. Fonte


Para o pesquisador alemão Rudolf Simek (2007, p. 2) as características terríveis do Ægishjálmur foram originadas do classicismo, derivados do grego aigis (como o escudo de Zeus e a capa de Pallas Atenas). A palavra grega aigis pode ter se tornado elmo do terror na etimologia folclórica como resultado da similaridade fonética com o nórdico œgr, terrível. E apesar da derivação etimológica, Ægishjálmur não teria relação com o gigante marinho Ægir. Alguns especialistas traduzem Ægishjálmur como leme do pavor ou de Æegir, devido ao seu formato nos grimórios, um círculo formado de oito braços em forma de tridentes, assemelhando-se ao leme de roda das embarcações. O problema é que esse tipo de instrumento náutico só foi conhecido na Escandinávia a partir do século XIII: os vikings utilizavam um remo transversal como leme. Como Æegir era uma divindade relacionada ao mar, talvez os eruditos nórdicos do final do medievo tenham fundido a este folclore o tridente de Netuno, explicando a sua morfologia (ou mesmo o tridente do demônio, utilizado no imaginário cristão). Segundo Macleod e Mees (2006, p. 252), o Ægishjálmur foi uma forma cruzada e adaptada do símbolo tvímadr, presente no calendário rúnico do século XIII.


Imagem 37: Ægishjálmur, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 25v, 1860. Fonte.  


Imagem 38: Vegvísir, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 26v, 1860, Fonte. 



Recentemente encontramos uma referência de um vaso cerâmico encontrado em Hedeby na década de 1970, apresentando suásticas e uma figura muito semelhante ao Ægishjálmur. Portanto, graficamente este símbolo já era conhecido  durante a Era Viking, mas talvez com significados diferentes do registrado pela literatura medieval e depois pelos grimórios islandeses. A cena inclui cinco cervídeos, junto a três suásticas e o dito símbolo cruciforme, logo acima de um dos cervos. Referência da imagem: Hahn, K-D. 1973: Ein GefaB mit Tierfries aus Haithabu. Berichte iiber die Ausgrabungen in Haithabu. Bericht 6. Das archaologische Fundmaterial Il. Neumtinster.





Equívocos contemporâneos: em vários sites, canais do youtube, livros e revistas é generalizado que o vegvísir foi uma bússola viking: “Era utilizada pelos vikings para diversas viagens como um guia para que o caminho não fosse perdido” (Símbolos nórdicos, Dicionário de Símbolos). Em primeiro lugar, este símbolo é bem posterior à Era Viking. Em segundo, os nórdicos da Era Viking não conheciam a bússola e nem o timão (leme redondo) para navegação. Foi somente a partir do século XIII que a Europa começou a utilizar um eixo magnetizado inserido em uma rosa dos ventos (a bússola como conhecemos e não apenas um ponteiro/imã) (Hernández, 2020).


*Nota
Este ensaio faz parte da pesquisa Simbolismo religioso nórdico em monumentos da Era Viking e na Europa Medieval(Lattes/PPGCR-UFPB). Vários resultados desta pesquisa já foram apresentados em eventos acadêmicos: Conferência: A religião dos vikings: novas perspectivas, III Feira Medieval e VI Simpósio de História, Cultura e Política. da PUC-PR, 2019; Conferência: La religion nórdica en la Era Vikinga, Universidad Complutense de Madrid, 2018; Conferência: As relações culturais entre Escandinávia e Eurásia na Era Viking, I Simpósio Nacional de Estudos Medievais da UFSJ, 2018; Palestra: Animais, suásticas e símbolos celestes na Escandinávia (séc. V-XI d.C.), V Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos, 2017.

Agradecimentos:
Helena Bure Wijk, Eirik Westcoat, Susan Tsugami (NEVE), Vitor Menini (NEVE), Victor Hugo Sampaio (NEVE), Munir Lutfe Ayoub (NEVE), Pablo Gomes de Miranda (NEVE) e Leandro Vilar Oliveira (NEVE).

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