Os estudos de recepção de temas nórdicos vem tendo muito interesse em nosso país. A intenção deste pequeno ensaio é fornecer subsídios bibliográficos e um pequeno vislumbre metodológico e conceitual, voltado especialmente para graduandos em História e Ciências Humanas em geral. Na introdução, discutiremos algumas questões mais teóricas e em seguida, serão comentados oito tipos de suportes (mídias), envolvendo a temática de recepção de temas nórdicos em geral (não vamos distinguir entre representações dos vikings e a Mitologia Nórdica, geralmente campos separados de análise): cinema, séries de televisão, artes visuais, quadrinhos, literatura, música e jogos.
A teoria da recepção surgiu na Alemanha, durante os anos 1960, inicialmente atrelada aos estudos de literatura. Logo depois ela passou a ser aplicada em comunicação, Arte e História, entre outras áreas e campos. Especialmente o texto literário e ou uma obra artística passam a ser considerados não somente pela criação individual (do artista), mas também pela relação que se estabelece entre este objeto e um público receptor/leitor.
Recepção nórdica: questões gerais
Uma das mais prestigiadas escandinavistas que se enveredou pelas pesquisas de recepção foi Margaret Clunies Ross, segundo a qual um receptor entende o seu artefato cultural (um livro, uma pintura, um filme, uma imagem) dentro de um "pano de fundo" de expectativas que podem ser as suas crenças individuais ou de um grupo específico. Estas expectativas condicionam as respostas de um indivíduo ao artefato cultural. As respostas combinadas de diversos indivíduos em um determinado recorte histórico para determinado artefato cultural (ou o conjunto de conceitos associados a um tema, como a mitologia nórdica), podem provocar respostas de uma sociedade inteira. Um artefato cultural pode ser apresentado para os receptores de diversas formas, mas nenhuma versão desta recepção pode ser considerada original ou a mais definitiva (ROSS, Margaret Clunies. Introduction to volume I. In: ROSS, Margaret Clunies (Org.). The Pre-Christian Religions of the North: Research and Reception, Volume I: From the Middle Ages to c. 1830. Turnhout: Brepols Publishers, 2018, p. xxii-xxiii).
Segundo Ross, a aplicação da teoria da recepção a qualquer tema requer um conhecimento das ideologias e sua recepção em uma perspectiva histórica. Isso pode ser aplicado empiricamente nas seguintes formas:
1. Ao nível das respostas individuais a um artefato cultural (uma pintura, um filme, um quadrinho, uma música).
2. Ao nível da recepção de um grupo social específico ou de toda uma sociedade (a concepção de vikings na sociedade dinamarquesa residente em Copenhague na primeira metade do século XIX; a concepção de vikings na sociedade brasileira dos anos 1960).
3. No modo como escritores, artistas e outros intelectuais entenderam e receberam um artefato cultural ou um conceito, ou em como uma leitura mais ampla ou um público receptor o interpretaram (como a escultura Loki de Herman Freund foi recebida na Dinamarca do Oitocentos; como a série Loki da Marvel foi recebida pelo público norte-americano). Aqui interessa particularmente a postura mental do intérprete que afeta o objeto da interpretação e as razões pelas quais ele adotou essa postura, bem como a natureza do próprio objeto interpretado.
Os estudos de recepção nórdica também se interessam pelas maneiras pelas quais a recepção de um bem (ou artefato) cultural em particular, pode trazer mudanças nos significados que uma sociedade, ou subconjunto da sociedade, pode atribuir a ele (ROSS, Margaret Clunies. Reception studies in: GLAUSER, Jürg et al (Org.). Handbook of Pre-Modern Nordic Memory Studies. Berlin: Walter de Gruyter GmbH, 2018, pp. 361).
Também é relevante destacar que um dos princípios centrais da recepção é a de que os significados de uma determinada obra (artefato cultural) não são definitivamente estabelecidos no momento em que foram produzidos: ela "não existe por si mesma". A recepção é sempre uma apropriação ativa. VARGAS, Anderson Zalewski. As recepções e as conformações de passado e presente, Heródoto 4(2), 2019, p. 10. Os consumidores/leitores/intérpretes/receptores de uma obra atribuem não apenas significados múltiplos a ela, mas também legibilidade e sentido.
Um panorama das mais variadas formas de pesquisa da recepção (tanto em tipos de mídia, temáticas quanto em perspectivas metodológicas) são as efetuadas pelo Reception Group, da Universidade de Alcalá (Espanha), cujas publicações e eventos acadêmicos podem ser acessados neste link. Três membros deste grupo também pertencem ao NEVE e podem ser contatados via e-mail (Andréa Caselli: adea.caselli@gmail.com, literatura e recepção nórdica; Alberto Robles Delgado: alb14j52@hotmail.com, cinema e recepção nórdica; Johnni Langer: johnnilanger@yahoo.com.br, arte e iconografia na recepção nórdica).
História e recepção nórdica
Os pesquisadores de História devem estar atentos ao fato de que a recepção foi um campo teórico criado pela área da literatura, e neste caso, trata-se de uma apropriação pelos historiadores: não é uma tarefa simples e não parece estar concluída. Esta apropriação se aproxima de outro gênero de pesquisa histórica muito semelhante, os "usos da História". VARGAS, 2019, p. 9.
A recepção histórica é a história dos significados que foram atribuídos aos eventos históricos. Essa abordagem reconstitui as diferentes maneiras pelas quais receptadores, observadores, historiadores e outros intérpretes tentaram dar sentido aos eventos históricos, tanto à medida que estes se desenrolavam quanto ao longo do tempo desde então, para tornar esses eventos significativos para o presente em que viveram e vivem. MARCUSE, Harold. Reception History: Definition and Quotations, Universidade da Califórnia, 2003.
Para Marcuse, existiriam dois aspectos da recepção histórica: as formas como uma pessoa ou um evento histórico foram retratados (pelos "multiplicadores" e formadores de opinião pública) e as formas como essas representações foram percebidas (pela população em geral). Aplicando ao campo da recepção nórdica, podemos também dividir os aspectos concebidos por Marcuse em dois: um primeiro, onde artistas, jornalistas, escritores, cineastas e historiadores produzem obras relacionadas com a história da Escandinávia da Era Viking, e outro, onde a população em geral consome, recebe e ressignifica esta mesma produção. Um exemplo são os livros de História e obras artísticas produzidos pelos dinamarqueses durante os anos 1850 a 1890, tendo como tema a Era Viking, seguido do público consumidor destas obras.
As representações são mais fáceis de determinar - elas constituem o registro histórico direto (no exemplo citado: livros e obras artísticas dinamarquesas dos anos 1850 a 1890). No entanto, geralmente temos apenas indicações indiretas de como essas representações foram percebidas pelos indivíduos e, mais raramente, como os grupos as perceberam (um exemplo de fontes primárias para este caso são os jornais locais, cartas e manuscritos). Assim, o último, como os grupos perceberam as representações dos eventos históricos ao longo do tempo, que é a história da recepção em um sentido mais restrito, seria bem mais difícil de acessar.
No caso das apropriações individuais, destaca-se que a imaginação do receptor organiza, seleciona e cria sentidos. Assim não existiram "tradições" fechadas por si mesmas, influenciado simplesmente as produções dos artefatos culturais, mas sempre interpretações e alterações ou mesmo rupturas. O passado é sempre avaliado e recebido pela recepção: "E podemos ainda nos perguntar sobre como ela reformulou a visão do passado, instaurando uma nova realidade". VARGAS, 2019, p. 11.
Uma das melhores sínteses sobre como cada período histórico vai reapropriar e ressignificar os conteúdos das recepções nórdicas, do Medievo até o Oitocentos é o artigo: ROSS, Margaret Clunies & LÖNNROTH, Lars. The Norse Muse Report. Alvíssmál, n. 9, 1999, p. 3–28.
Uma coletânea recente, apesar de não conter estudos teóricos sobre a recepção nórdica, vem sendo uma edição padrão para os vários temas e recortes possíveis de se pesquisar neste campo: História, literatura, cinema, quadrinhos, jogos, gênero, televisão, ópera, marketing, moda e consumo, entre outros. BIRKETT, Tom (Ed.). The Vikings Reimagined: Reception, Recovery, Engagement. De Gruyter and Medieval Institute Publications, 2019. O livro está disponível gratuitamente neste link. Também é possível vislumbrar algumas questões genéricas da recepção nórdica de um ponto de vista diacrônico neste estudo: OLIVEIRA, Leandro Vilar. Vikingmania: dois séculos de construção da representação do viking. Scandia Journal of Medieval Norse Studies 4, 2021.
1. O cinema e a recepção nórdica
O cinema é uma das mídias preferidas para o estudo da recepção de temas históricos. A área da História já produziu muito material sobre as possibilidade conceituais e metodológicas de se utilizar filmes como fontes para análises. Destacamos aqui o clássico Cinema e História, de Marc Ferro (SP: Paz e Terra, 2012). Mais próximo de nossa temática, a obra Idade Média no cinema, organizada por José Rivair Macedo (SP: Ateliê Editorial, 2009), é um material extremamente valioso. A sua introdução contém perspectivas de abordagem extremamente instrumentais, especialmente as questões de reminiscências medievais e medievalidade, a recriação e a invenção. Dois estudos deste livro são fundamentais aos escandinavistas, respectivamente, uma análise do filme Erik, o viking e outro, analisando Kristin Lavransdatter, que podem servir como modelos para estudos futuros.
Se o intento é realizar um estudo da recepção de temas históricos, o cinema não pode ser tomado apenas em seu sentido imagético (o aspecto mais imediato da recepção), mas também o seu entorno sociológico (a mensagem). Neste sentido, uma produção fílmica atende tanto às motivações dos seus produtores, quanto às expectativas de um público em potencial e suas reações. Após produzido, uma película gera atitudes e gostos de seus observadores, mas ao mesmo tempo, a narrativa visual e discursiva desta produção é o produto de uma longa construção. ROSA, Maria de Fátima. A recepção da antiga Mesopotâmia no cinema. Heródoto 4(2), 2019, p. 61-62.
Adaptando o tema desta publicação de Maria Rosa ao tema da recepção nórdica, podemos exemplificar deste modo: a narrativa de um filme sobre vikings (por exemplo) é construída acima de um grande conjunto significante de várias outras narrativas que se formaram desde o século XIX, num espaço-tempo identificado essencialmente com a Europa. Antes de chegar ao espectador, esta narrativa já havia sido sujeita a outros referenciais, ideologias, identidades. Deste modo, o viking é "uma teia indiscernível de história e de mito, um novelo de ideias e noções sobrepostas estabelecidas numa dispersa longue durée" ROSA, p. 62.
Um excelente estudo que analisa com muito detalhamento as representações midiáticas modernas (especialmente cinema, televisão e música) sobre a Escandinávia Medieval (incluindo tanto os vikings quanto os mitos nórdicos) dentro de uma longa tradição narrativa e cultura do Ocidente é "Winter is Medieval: Représentations modernes et contemporaines des Nords médiévaux", Gautier et al, Deshima n. 15, 2021.
Fundamental para quem vai trabalhar o cinema norte-americano e britânico de temática viking, é o livro The Vikings and the victorians: inventing the old north in 19th-century Britain, de Andrew Wawn (Cambridge: D.S. Brewer, 2000). Apesar deste autor focar mais em produções literárias em língua inglesa do século XIX, elas são fundamentais para se entender os estereótipos, discursos, ideologias e representações sobre os nórdicos antigos em mídias anglófonas contemporâneas.
Uma publicação muito importante para quem vai trabalhar com produções cinematográficas de temática nórdica é a coletânea The vikings on film: essays on depictins of the nordic Middle Ages, editado por Kevin Harty (London: McFarland, 2011). O livro contém quinze estudos, além de uma preciosa filmografia no final, extremamente detalhada e que serve como guia para os pesquisadores.
Cartazes europeus do filme norte-americano The Vikings (1958):
Um aspecto pouco valorizado nas pesquisas sobre cinema é a questão dos cartazes, que além de favorecer o uso de metodologias iconográficas (tratamos mais adiante), permite perceber particularidades regionais da recepção nórdica. Como exemplo, citamos as variações de cartazes do filme norte-americano The Vikings (1958, direção de Richard Fleischer), todas sendo pinturas a partir dos fotogramas do filme, da esquerda para a direita (imagens acima), sugerindo algumas problemáticas investigativas (não aprofundadas). O primeiro é o cartaz alemão - a cena destacada é o ator Kirk Douglas segurando-se sobre a figura de proa da embarcação e com a outra mão, agitando a sua espada, enquanto do outro lado os atores Tony Curtis e Ernest Borgnine também aparecem. Valorização da visão guerreira dos vikings? O segundo é o cartaz espanhol: o barco aparece na parte de baixo, em tamanho pequeno, enquanto três atores estão de tamanho maior e mais destacado - mas a do centro é a atriz Janet Leigh. Seria um enaltecimento da sua personagem e por sua vez, da mulher, pela ótica espanhola? O terceiro é o cartaz italiano: no centro, destacado, um cavaleiro medieval luta contra um viking, portando chifres, peles e um grande machado (o filme não contém estes detalhes em nenhum momento...). Seria uma exaltação totalmente regional de velhos estereótipos sobre o homem do Norte? O quarto é o cartaz sueco: o barco surge abaixo, em tamanho reduzido e somente dois atores são representados, Kirk Douglas, com uma lança, e Tony Curtis, com uma espada. Uma visão do guerreiro, idealizada como a do cartaz alemão?
Um procedimento equivocado e por vezes muito limitado, bem comum em trabalhos de graduação em História, é quando a análise de um filme se concentra apenas nos erros ou desvios de uma adaptação literária, mitológica ou histórica pelo cinema. Por certo, alterações e ressignificação são importantes para a pesquisador conhecer de modo geral o conteúdo da obra - é necessário saber que o Thor da Marvel (loiro, imberbe, jovem) é diferente do Thor das Eddas (barbudo, ruivo, adulto), mas muito mais importante é descobrir por que ele foi modificado - quais os contextos sociais e culturais que levaram Jack Kirby a criar esta representação visual específica do deus dos trovões durante os anos 1960? Outro exemplo são os usos de balestras na série Vikings - não basta apenas apontar esse erro histórico, é preciso contextualizar e problematizar: isso foi apenas um recurso de impacto cênico, foi influenciado por outras série, filmes ou mídias visuais e principalmente - qual a motivação de sua inclusão?
Metodologias e problemáticas investigadoras tradicionais na análise cinematográfica podem ajudar muito o pesquisador de recepção. Um deles é analisar primeiramente os conteúdos externos de um filme (estilo, direção, produção, etc) e depois os conteúdos internos (ideológicos), que podem ser aprofundados com auxílio do artigo: Metodologia para análise de estereótipos em filmes históricos, História Hoje, 2004.
A seguir, uma pequena bibliográfica temática sobre o tema dos vikings e dos mitos nórdicos no cinema:
Épica y barbarie en la pantalla: Representación de la cultura vikinga a través de las ficciones del cine y la televisión, de Alberto Delgado, tese de doutorado, 2023. A mais extensa e detalhada investigação sobre o tema dos vikings no cinema. Nos anexos é possível acessar uma detalhada filmografia sobre a temática, incluindo dados de produção, cartaz original e resumo.
LANGER, Johnni. A volta dos bárbaros: Asterix e os vikings no cinema e na HQ. Revista História, imagem e narrativas, n. 3, 2006.
LANGER, Johnni. Fé, exotismo e macabro: algumas considerações sobre a Religião Nórdica Antiga no cinema. Ciências da Religião: história e sociedade 13(2), 2015, pp. 155-180.
DELGADO, Alberto Robles. El furor y el rugido: la figura del Berserkr en los medios audiovisuales (cine, televisión documental). Fuera de Campo vol. 2, No. 2 (2018).
DELGADO, Alberto Robles. «Un rey para el olvido: La figura de Alfredo el Grande a través de la pantalla» en Medievalismo, vol.1, nº 31, 2021.
DELGADO, Alberto Robles. “Proyectando la historia: un recorrido por la cinematografía vikinga” in Scandia. Journal of Medieval Norse Studies, nº 3, 2020.
DELGADO, Alberto Robles. Dragones del Mar: El Barco Vikingo en el Cine. In: MARCHENA, Lapeña (Ed.). El Cine va de Viaje, Université Paris-Sud, 2019, pp. 81-95.
DELGADO, Alberto Robles. Historia de un estereotipo: La imagen del vikingo en el cine. Metakinema n. 21, octubre 2017.
ORTIZ-DE-URBINA, Paloma (Org.). German Expressionism in the Audiovisual Culture: Mythen, Fantasy, Horror und Science-Fiction. Tubinga: Gunter Narr Verlag, 2022.
ORTIZ-DE-URBINA, Paloma (Org.). Germanic Myths in the Audiovisual Culture. Tubinga: Gunter Narr Verlag, 2020.
YULIANI, Vera. The intertextuality of odin´s characterization in the adaption of nordic mythology to Thor trilogy. Universidade do Norte de Sumatra, 2022.
SACI, Katia. Ice Ice Lady, Made to be Maiden? An analysis of the reception of Viking women throughout cinematic history. Dissertação de mestrado, Universidade da Islândia, 2022.
2. Televisão
A televisão é a mídia mais popular nas novas pesquisas sobre recepção nórdica, especialmente devido ao sucesso da série Vikings. No geral, a metodologia básica para pesquisar os seriados parte das mesmas premissas para o cinema, trabalhando em conjunto imagem e discurso narrativo.
Um excelente estudo para se perceber as reapropriações e transformações sobre o Medievo nas séries televisivas como um fenômeno comunicativo e midiático de nosso tempo, dentro do referencial do medievalismo é: Alban Gautier et Laurent Vissière, « Les séries télévisées, entre Moyen Âge et médiévalisme », Médiévales 78 , 2020.
Um estudo que também analisa as produções televisivas de temática viking dentro de uma longa tradição discursiva sobre o "Norte" europeu é: Pierre-Brice Stahl, « Médiévalisme boréal et séries télévisées », Médiévales 78, 2020.
Bibliografia temática sobre vikings na televisão:
Uma coletânea pioneira em língua portuguesa sobre a série Vikings foi publicada em 2015, num dossiê do boletim Notícias Asgardianas do NEVE, contando com 14 estudos.
CUNHA, Laís Navarro. As representações das mulheres escandinavas na série televisiva vikings. TCC em História, Universidade de Alfenas, 2017.
ROBLES, Andrea et al. Análisis de la representación de roles de género en los personajes femeninos de las series de televisión Juego de Tronos y Vikingos. Comun. gén. 4(2) 2021,
DONSTRUP, Mayte. Vikings: poder e identidades culturales en la serie de History Channel. Revista de Comunicación vol.17 no.1, 2018,.
DONSTRUP, Mayte. Género y poder en la ficción televisiva: análisis textual ideológico de una serie histórica (Vikingos). Doxa Comunicación, 28, 2018.
GAUTIER, Alban. Représenter le fait religieux dans les séries Vikings et The Last Kingdom. Le temps des Médias n. 37, 2021.
GADELLI, K.E. L'usage du norrois dans la série télévisée Vikings, Etudes Germaniques, 2018.
SOLINE, Anthore. Le mythe de la Skjaldmö: de la figure des sagas islandaises à celle de l’empowerment féminin. Revue Interrogations n. 36, 2023.
FACCHINI, Riccardo & IACONO, Davide. « The North is hard and cold, and has no mercy » Le Nord médiéval dans les séries télévisées. Médiévales n. 78, 2020.
RAMIREZ, Neus Cot. History or Myth? The Role of Women in Vikings (2013-). TCC em estudos ingleses, Universitat de les Illes Balears, 2018-2019.
PISTOLATO, Alice. Medieval language contact: an analysis of the interaction between Old Norse and Old English in “Vikings”. Tesina di Laurea, Università degli Studi di Padova, 2021-2022.
TEAGUE, Gypsey. The Vikings: History Channel's Fact or Fictionalized View of the Norse Expansion. Presentation 60, Clemson University, 2015.
WAN, Evelyn. The reframing of stereotypical female representation in Vikings. TCC em Mídia e Cultura, Universidade de Utrecht, 2020-2021.
PUCHALSKA, Joanna. Vikings Television Series: When History and Myth Intermingle. The Polish Journal of the Arts and Culture n. 15/3, 2015.
ASISH, Restu Wahyuning. Intertextuality of the sagas of Ragnar Lodbrok by Ben Waggoner and its tv-series version: Vikings (Symbolic interactionism approach). CrossOver: Journal of Adaptation Studies vol. 1/1, 2021.
AL-MANASSER, Farah & ALIAKBAR, Shayma. Legitimization Strategies used by Family Members in the ''Vikings'' TV Series. International Journal of Linguistics, Literature and Translation, 2021.
NUTTALL, Nicola Louise. ‘Torn between Saxon and Dane’ Reconstructing ‘Viking’ and ‘Anglo-Saxon’ cultural identity through the ‘personal’ in Vikings and The Last Kingdom. Dissertação de mestrado, Universidade de Oslo/Islândia, 2022.
STEENBAKKER, Margaret. “But in the Thunder, I Still Hear Thor”: The Character Athelstan as a Narrative Focal Point in the Series Vikings. Religions 12(3), 2021:
PÉREZ, Ana Valverde. An Analysis of Viking Culture: Clichéd Views of the English Raids and Settlements through Modern Media. TCC em estudos ingleses, Universidade de Valladolid, 2015-2016.
3. Artes visuais (iconografia) e recepção nórdica
O estudo da recepção nas artes visuais envolve desde obras isoladas/individuais das artes plásticas (como esculturas, pinturas, ilustrações) até produções artísticas de mídias como cinema, televisão, quadrinhos, jogos e música (cartazes, ilustrações, capas de disco, indumentárias, etc).
Em primeiro lugar, é necessário o estudo de teoria da imagem, do qual existem dezenas de metodologias para aplicação. Analisar imagens não é algo tão complexo, mas exige uma certa dose de leituras e experiência. Em língua portuguesa, o manual mais adequado para uma introdução no estudo de imagens históricas é o livro Testemunha ocular: O uso de imagens como evidência histórica, de Peter Burke (SP: Edusc, 2004). A obra O corpo das imagens oferece vários exemplos analíticos de fontes imagéticas na Idade Média, de Jean-Claude Schmitt (SP: Edusc, 2007).
DOSSIER: NORSE MYTHS IN THE ARTISTIC RECEPTION, Scandia Journal.
ALBUQUERQUE, Maurício; SILVA, Danielle Galindo Gonçalves. "Hail Arminius! O Pai dos Alemães! ": a construção mítica da Unificação Alemã entre 1808 e 1875. Topoi (Rio J.) , Rio de Janeiro, v. 18, n. 35, p. 330-355.
LANGER, Johnni. Quando o Mito foi História: os usos da Mitologia Nórdica no livro "História Ilustrada da Dinamarca para o povo", 1854. FÊNIX, 2022.
LANGER, Johnni. Religião, Vikings e arte: reflexões sobre o medievo na pintura 'St Sigfrid döper allmoge i Småland', Revista de História Comparada vol. 15, 2021, n. 1.
LANGER, Johnni. Unveiling the Destiny of a Nation: The representations of Norns in Danish Art (1780-1850), Perspective: Journal of art history, January 2021, pp. 1-23 (National Gallery of Denmark).
LANGER, Johnni. Imagining national belief through art: Old Norse Religion and the Vikings in J. L. Lund´s painting “Nordisk offerscene fra den Odinske periode” (Nordic sacrificial scene from the period of Odin, 1831), RHAC: Journal of Art History and Culture vol. 2, n.1, 2021.
LANGER, Johnni. Valkyries and Danish National Symbolism in the 19th Century (Views of a Nordic Past), NORDICS.INFO: KNOWLEDGE ON THE NORDICS, 2021.05.26 (School of Culture and Society, Aarhus University, Denmark).
LANGER, Johnni. Horned, barbarian, hero: the visual invention of the Viking through European art (1824-1851), Scandia Journal of Medieval Norse Studies vol. 4, 2021, pp. 131-180.
CASELLI, Andrea. Skogtroll: brief analysis of Theodor Kittelsen's illustration. Scandia Journal of Medieval Norse Studies vol. 4, 2021.
4. Quadrinhos e recepção nórdica
A metodologia de histórias em quadrinhos deve envolver tanto análises visuais quanto de narrativas e textos, de forma muito semelhante ao cinema. Um excelente referencial para os pesquisadores iniciantes é o artigo "Uma proposta de metodologia para a análise de histórias em quadrinhos", de Márcia Chico, Cadernos Unifoa 43, 2020, com vários exemplos práticos. Também recomendamos a excelente dissertação de mestrado em História: Por Trás da Capa e da Espada: o neomedievalismo em “Príncipe Valente” (1939 – 1940), de Maurício Albuquerque, UFPEl, 2019.
Bibliografia temática em recepção nórdica nos quadrinhos:
LANGER, Johnni. Guerreiras na Era Viking? Uma análise do quadrinho "Irmãs de escudo". Revista Roda da Fortuna 1(1), 2012.
COSTA, Fabio Antonio. O humor e a crítica em Hagar, o Horrível, de Dik Browne, no Jornal Folha de São Paulo (1973-1974). Dissertação de mestrado em História, PUC-SP, 2013.
LANGENBRUCH, Beate. La Fabrique de la Normandie médiévale dans quelques bandes dessinées historicisantes. Actes du colloque international organisé à l’Université de Rouen en décembre 2011, publiés par Michèle Guéret-Laferté et Nicolas Lenoir (CÉRÉdI). (c) Publications numériques du CÉRÉdI, "Actes de colloques et journées d'étude n° 5, 2013.
SEPÚLVEDA, Yaledma Ayala. Longships In The Gutter: Reception of Medieval Norse Culture in Comics and Graphic Novels. Dissertação de mestrado, Universidade da Islândia, 2022.
THIRY, Maxime. Reshaping the Scandinavian Saga through Hybridity. Thorgal, an Anti-Mythological Hero. "International Congress of Medieval Studies (More than Marvel: Norse Mythology in Popular Culture)", Western Michigan University, 2019.
NORDFJORD, Björn. Twilight of the Vikings: Probing Warriors, Fighting Shieldmaidens and Noir Gloom. In: BRADLEY, Linda et al (Eds.). Nordic Noir, Adaptation, Appropriation. Switzerland: Palgrave Macmillan Cham, 2020.
5. Literatura e recepção nórdica
O campo de literatura possui inúmeras teorias e metodologias que podem ser aplicadas ao estudo da recepção nórdica. Recomendamos aos interessados como introdução a este campo (tendo como base metodológica a perspectiva histórico-literária) o estudo: O conto islandês de Helgi Thorison (século XIV), In: Narrativa, Sentido, História. Campinas: Editora Papirus, 1997, p. 67-83, disponível no AcademiaEdu do NEVE.
Bibliografia temática da recepção nórdica na literatura:
DOSSIÊ: VIKINGS E MITOS NÓRDICOS NA RECEPÇÃO LITERÁRIA OCIDENTAL (1750-1900), Scandia Journal of Medival Norse Studies.
LANGER, Johnni; MENINI, Vitor Bianconi. A invenção literária do nórdico: Vikingen (O Viking), de Erik Gustaf Geijer (1811). Scandia: Journal of Medieval Norse Studies n. 3, 2020, pp. 709-738.
CASELLI, Andrea. Religião e folclore na obra de Asbjørnsen e Moe e a sua recepção artística. Tese de Doutorado em Ciências das Religiões pela UFPB, 2022.
SILVA, Danielle Galindo Gonçalves; QUINTANA, Tiago. Entre Deuses e Heróis: A Ressignificação Do Universo Nórdico Em Odd e Os Gigantes De Gelo De Neil Gaiman. Signum 16(3), 2015.
SILVA, Danielle Galindo Gonçalves; QUINTANA, Tiago. O Crepúsculo de Tegnér: tradução e comentários do poema Tegnér’s Drapa (1849), de Henry Wadsworth Longfellow. Brathair 21, 2021.
SILVA, Danielle Galindo Gonçalves. Para uma (re)mitificação dos Nibelungen no período entre guerras mundiais. Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo, nº 23, 2014.
DELGADO, Alberto robles. «Salvajes, vikingos y monstruos: la construcción de la barbarie en Juego de Tronos» en Juego de Tronos: un dialogo con la Historia (y las Humanidades), Antonio Míguez Santa Cruz (ed.), 2021.
GUFFROY, Yohann. Loki dans tous ses états: Présentation de la figure du dieu scandinave dans trois oeuvres contemporaines. Fantasy Art and Studies, 2019, Pop Norse, 6, pp.42-50.
CASELLI, Andrea. Askeladden abodes: the sacred in the architectures of Norwegian folk tales.
WILKINS, Kim. ͞Ravished by Vikings͟: The Pre-modern and the Paranormal in Viking Romance Fiction. Journal of Popular Romance Studies 5.2, 2016.
6. Música e recepção nórdica
Questões gerais sobre o uso da música como fonte para os estudos de recepção nórdica foram discutidos com detalhes em: ALBUQUERQUE, Maurício; SILVA, Danielle Galindo Gonçalves. Para uma recepção do medievo: a temática viking no heavy metal. História Comparada 10, 2016.
Outras referências sobre a música de temática nórdica:
BÉNARD-GOUTOULY, Nadège. La figure du Viking dans la musique métal. Nordiques 29, 2015.
MANEA, Irina-Maria. VALHALLA RISING: THE CONSTRUCTION OF CULTURAL IDENTITY THROUGH NORSE MYTH IN SCANDINAVIAN AND GERMAN PAGAN METAL. Tese de doutorado em História, Universidade de Bucareste, 2016.
HELDEN, Barbarians and literature: Viking metal and its links to Old Norse mythology. In: The Metal Void: First Gatherings, 2010.
7. Jogos/jogos eletrônicos
O Brasil já conta com diversos estudos sobre as representações do Medievo em jogos eletrônicos. Para os iniciantes na temática, recomendamos a leitura teórica: Diálogos entre Neomedievalismo, História e Jogos eletrônicos, de Gonçalves; Strazzi, Intelligere n. 9, 2020.
Bibliografia temática sobre jogos e recepção nórdica:
DI FILIPPO, Laurent. La mythologie nordique dans Donjons & Dragons Entre réception et stéréotypes. Festival Fest’Ain d’histoire 2018, Noémie Budin, Oct 2018, Chazey-sur-Ain, France. pp.74-90.
ARRIGHI, Carlo. Assassin's Creed Valhalla” e il problema della Storia come interpretazione (s) oggettiva. Clionet 5, 2021.
DONCILA, Paul. The Norse Myth in Video Games: A Controversial Approach. Universidade de Pádua, 2012-2022.
LASAUSSE, Lysiane. Norse mythology in video games: part of immanent Nordic regional branding. Dissertação de mestrado, Universidade de Helsinke, 2018.
KOSHKINA, Ekaterina. Reconstruction of Norse Myth in videogames: the case of God of War. Dissertação de mestrado, Universidade de Dublin, 2020.
MARTINELLI, Alice. Loki’s gender fluidity and bisexuality in Norse mythology and in modern adaptations. Universidade de Pádua, 2021-2022.
8. Outras mídias e artefatos culturais:
WILKINS, Kim & BENNET, Lisa. Viking tattoos of Instagram: Runes and contemporary identities. Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies Vol. 26(5-6), 2020.
LOPES, Ines Garcia. El periplo de los Hávamál en los países de habla germánica: aspectos de su recepción ecdótica, traductológica y teórico-crítica. Tese de doutorado, Universidade de Barcelona, 2015.
KIESER, Trevor. Al(t-Right) Father? Germanic Neopaganism, Nordic Nationalism, and Modern Reception of Old Norse Religion and the Vikings. Dissertação de mestrado, Universidade de oslo, 2019.
Videografía sobre recepção nórdica:
La recepción del mito de Brunhilda
De Thor a Odín: una aproximación a la mitología nórdica a través de la pantalla
O mistério das sete estrelas de Thor