Odin foi cultuado na Islândia viking?
Johnni Langer
Para a maioria das pessoas hoje em dia, falar de deuses implica automaticamente na ideia de que os nórdicos antigos adoram todos eles, em qualquer lugar e do mesmo modo. Esse referencial de um "paganismo" homogêneo, imutável, sem modificações e sem diferenças foi criado principalmente pelas fontes cristãs medievais, tentando nivelar essas crenças com a própria experiência do cristianismo enquanto religião hierarquizada e institucional. E como a maioria dos antigos mitos foi preservada pelas duas Eddas, nada mais natural do que acreditar que na Islândia todos os deuses tenham sido adorados sem exceção. Mas aqui reside todo o problema: mito não é rito (Langer, 2023, p. 125-128). No caso de Odin, não existe nenhuma evidência toponímica na ilha. E a inexistência de reis e de bandos guerreiros influenciou decisivamente essa questão: não existiam as categorias sociais mais relacionadas ao seu culto, como na península escandinava. Por certo, haviam casos isolados de escaldos e guerreiros que mantinham ligação com o continente e este deus (como Egil Skallagrimsson), mas para a maioria dos fazendeiros ele não tinha a menor importância. Odin era bem conhecido (pelos mitos), mas sem maior respaldo nas práticas religiosas da islândia pré-cristã.
Bibliografia:
LANGER, Johnni. As Religiões Nórdicas da Era Viking. Petrópolis: Vozes, 2023.
SCHJØDT, Jens Peter. Óðinn. In: SCHJØDT, Jens et al (Ed.). The Pre-Christian Religions of the North. History and structures, volume I. London: Brepols, 2020, pp. 1123-1194.