O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

domingo, 12 de março de 2017

Vikings na National Geographic Brasil: algumas notas

 
 
 
Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)
 
Com o estrondoso sucesso da série Vikings, as bancas de jornais e revistas do Brasil vem sendo tomadas por diversas publicações envolvendo o tema, algumas com razoável conteúdo, mas a maioria realizada por jornalistas escrevendo matérias superficiais para aproveitar o modismo. Mas não pode passar despercebida a recente matéria de capa da edição de março de 2017 da revista National Geographic, um dos mais importantes meios de divulgação científica do mundo.
 
O tema não é novidade nesta revista, que já realizou algumas matérias primorosas em diversos momentos. O descobridor do sítio de Newfoundland, Helge Ingstad, escreveu o famoso artigo Vinland ruins prove vikings found the New World, na edição de novembro de 1964. Em 1970, a edição 137 publicou a matéria The vikings, de Howard Lafay, com as sensacionais pinturas do artista Tom Lovell, enfatizando como o passado e a memória da Era Viking intervia na sociedade escandinava contemporânea. Outro excepcional artigo foi escrito por Robert Jordan, When the Rus invaded Russia: Viking trail East (março de 1985), com uma extensa reconstituição da trajetória dos suecos no mundo eslavo e oriental. Em 2000, na estreia da edição brasileira, foi publicada o artigo Na trilha dos vikings, de Priit Vesilind, concedendo um panorama geral da história da Era Viking, mas com uma atenção especial para as sagas islandesas.
 
A atual matéria da edição 204, A volta dos vikings, foi escrita por Heather Pringle e contém um panorama extremamente atual das pesquisas arqueológicas envolvendo sítios nórdicos pelo mundo. O artigo é muito bem escrito e realiza uma boa síntese de aspectos ainda pouco conhecidos ou então, recentemente descobertos pelos pesquisadores. Alguns mostram-se inovadores, como a primeira evidência arqueológica de uma ação à viking, em sítio da Estônia, no ano de 750 d.C., antecipando não somente em muitas décadas o início da tradicional Era Viking, como também evidenciando o uso abundante de espadas. Outra novidade, ainda pouco conhecida do grande público, são as pesquisas do arqueólogo Neil Price sobre as evidências de mudanças climáticas causadas por vulcanismo ou impacto de corpos celestes antes da Era Viking e que podem ter auxiliado nas motivações da expansão nórdica e na criação do mito do Ragnarok. Outras informações reveladoras provém de sítios da Suécia, Leste europeu e América do Norte.
 
Os infográficos e ilustrações da edição são excelentes, além das costumeiras fotografias de alta qualidade, que garantem aos leitores um ótimo mergulho no universo desse período formidável da história europeia. A publicação é recomendada a todos os interessados na Escandinávia e seu passado.