O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

DESCOBERTAS SURPREENDENTES SOBRE AS VESTIMENTAS VIKINGS


Resultados fascinantes de novas revisões dos artefatos das embarcações funerárias de Valsgärde em Uppsala apontam que aristocratas do período Viking estavam vestidos como reis da Ásia Central.

 
Em Valsgärde a norte de Old Uppsala há um cemitério com embarcações funerárias que foram conhecidos por quase cem anos. Em conexão com coleções de arqueologia da universidade de Valsgärde os artefatos foram levados para o Centro de Biologia Evolutiva, EBC, em Uppsala onde a arqueologa e doutora em arqueologia têxtil pela Universidade de Uppsala, Annika Larsson, teve a chance de trabalha-los. A arqueóloga encontrou muitos vestígios excepcionalmente bem preservados de tecidos de seda coloridos com padrões sofisticados.
- As sedas nas sepulturas foram apontadas pela arqueóloga como pertencentes a um padrão de traje russo e a um padrão de traje dos reis persas. Os Vikings em Gamla Uppsala e os chefes de Valsgärde foram assim enterrados portando trajes de seda de inspiração persa e trajes apontados pela arqueóloga como produzidos com seda típica da China. Apontando assim novos contatos e intercâmbios com diferentes povos ainda não considerados pela maior parte dos arqueólogos.

Restos humanos encontrados.

Annika Larsson e seus colegas também descobriram restos humanos destas embarcações funerárias datados para o século X.
- Muitas vezes, os livros de registro dos materiais arqueológicos não apresentam nenhum resto de seres humano. Então ficamos surpresos quando encontramos os dentes e restos de crânios e outros ossos. Pequenos pedaços de restos do esqueleto foram suficientemente bem preservados o que tornou possível a extração de DNA. Annika Larsson contatou a geneticista molecular Marie Allen, e desde então elas têm trabalhado nesse projeto juntas.
- É gratificante encontrar vestígios de ossos e dentes, materiais duros que permitem pela moagem das camadas exteriores a remoção do DNA de tempos posteriores, mas não é sempre que existe a possibilidade de extrair o DNA suficiente para analise a partir de tais ossos- diz Marie Allen, que é professora de genética forense.

Ansiosas pelos resultados.

Ambas as investigadoras estão animadas sobre os possíveis resultados dos testes de DNA. É intrigante a possibilidade de que os resultados podem apontar para o fato de que não apenas os belos tecidos, mas as pessoas enterradas também podem ter vindo dos países do leste.
- Análises de DNA podem agora serem usadas para dar uma indicação da origem de um indivíduo- diz Marie Allen .
Em uma embarcação funerária Viking em Gamla Uppsala também foram encontrados objetos que retratam as mulheres com o mesmo tipo de roupa que os homens. Isso pode indicar que as crenças vikings tinham um papel importante a desempenhar na disposição dos artefatos que preparavam os mortos para o além-vida. Marie Allen espera que as análises de DNA possam ser capazes de dizer se qualquer uma das pessoas enterradas em Valsgärde foi possivelmente uma mulher.

O intercambio comercial com Sogdiana.


Os tecidos enterrados em Valsgärde são apontados principalmente como originados de Sogdiana, a leste do Mar Cáspio. Confirmando assim o contato entre os Vikings e os persas, mas teriam estes Vikings viajados para regiões como Sogdiana para fazer compras como as de pano e outras mercadorias?
- Muitas vezes é tomado como certo que não foram eles que estavam lá, mas eles poderiam estar- diz Annika Larsson.
Surgem assim questões como: Os vikings teriam ido fazer comercio em Sogdiana? Havia intermediários? É ótimo que com estes tipos de projetos interdisciplinares temos a oportunidade de ajudar a dissipar os mitos e colocar questões em bases mais científicas.

Geralmente com roupas de seda.

Uma imagem comum que temos dos Vikings é que eles estavam vestidos com grossos tecidos de lã. Provavelmente uma verdade se considerarmos a maior parte das roupas do cotidiano, mas em túmulos mais ricos são quase sempre roupas de seda.
Estes padrões de roupas de seda marcou a cultura sueca daquele período.
- Muitos dos padrões de artesanato suecos daquele período possuem um padrão tradicional persa- disse Annika Larsson.
Eu acho isso muito legal! Este é mais um exemplo da era Viking de um contexto internacional, contexto que definiu a cultura destes povos como influenciada por todo o mundo conhecido, tal fato pode influenciar a forma como pensamos hoje. Essa é uma das minhas motivações para mostrar que a atividade de arqueólogos e historiadores é muito importante e relevante para nossos dias atuais.
 
 

FATOS: As diferentes produções da seda e a seda de Valsgärde.

 
As diferentes propriedades das sedas mostram onde os tecidos foram feitos. Os fios de seda provem do bicho da seda e são extraídos de seus casulos de diferentes maneiras nas diferentes regiões de sua produção, e os fios são tecidos de diferentes formas na China e no Oriente Médio.
O lugar onde os Vikings compravam o tecido era quase certamente a área chamada de Sogdiana, na Ásia Central ao leste do mar Cáspio. Sogdierna foi um local muito prospero no ramo comercial e teve contato com a China e a Europa sendo influenciado pela cultura da seda chinesa e da antiga Pérsia. Sogdierna também tinha sua própria produção de seda. Os Vikings provavelmente entraram em contato com sogdierna por viagens ao longo do rio Volga e do Mar Cáspio.
 Texto original:
 
Tradução de Munir Lutfe Ayoub (NEVE)