O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Reconstrucionismo histórico e Arqueologia experimental da Era Viking





A atuação conjunta do reconstrucionismo histórico e Arqueologia experimental da
Era Viking



Enrico Dalmas Baggio Di Gregorio
Graduando em Arqueologia pela UERJ

Resumo
: O trabalho  visa  desenvolver  o  elo  existente  entre  a  reconstrução  histórica  e  a arqueologia experimental, ressaltando como a primeira possui diversas características as quais se enquadram nos métodos utilizados pelos arqueólogos. Para fundamentar esta ligação, serão desenvolvidos os métodos e trabalhos destes pesquisadores e os materiais dos grupos  de  reconstrução,  com  ênfase  nos  estudos  realizados  e  os  métodos empregados   na   reconstrução   por   estes   mesmos   grupos,   afim   de   representar determinadas épocas com o máximo de fidelidade. A pesquisa foca na atuação conjunta entre essas duas áreas nos estudos que dizem respeito à Era Viking, onde esta atuação tem se expressado de maneira mais ativa e frutífera.

PALAVRAS-CHAVE: arqueologia; reconstrução histórica; história;


Introdução

A  reconstrução  histórica  é  uma  prática  educativa  de  recriação  de  diversos aspectos de determinado período ou evento, como por exemplo a Era Viking ou a Batalha de Waterloo, e deve envolver a reprodução da indumentário, armamentos e vocabulário. Esta atividade se trata da retomada das características relativas ao grupo social e à época escolhida pelo reconstrucionista, geralmente se tratando de uma prática coletiva. Existem centenas de grupos de reconstrução distribuídos pelo mundo, que cumprem a tarefa de reconstruir estes diversos aspectos das civilizações passadas, buscando informações sobre o modo de vida, tecidos e modelos usados nas vestes e técnicas de combate, por exemplo.

O principal foco da reconstrução histórica é a verossimilhança com o período representado. Considerando este objetivo, é necessário um estudo aprofundado e, não raras vezes, a nível acadêmico acerca de diversas características, especialmente, acerca da  cultura  material  do  século  ou  ano  que  será  reconstruído.  A  arqueologia,  como principal fonte de cultura material, contribui de maneira científica ao desenvolvimento desta atividade educativa, na busca pelo máximo de autencidade em sua prática. Além disso, uma das bases da reconstrução histórica é o uso de fontes primárias, com ênfase aos documentos antigos, muitos deles também descobertos e/ou decifrados por métodos utilizados por arqueólogos, a título de exemplo, a paleografia.



Atividade de Arqueologia experimental do Neolítico, Centro experimental de Lejre, Dinamarca. Fotografia de Luciana de Campos, julho de 2018.



Entretanto, a ligação da reconstrução histórica com a arqueologia ultrapassa o uso dos achados arqueológicos e análise de materiais feitos pelos arqueólogos. A recriação possui laços atados com um campo da arqueologia em principal: a arqueologia experimental. Este método da arqueologia surge como uma forma de entender melhor a produção de artefatos cotidianos de civilizações passadas. A produção de materiais líticos, por exemplo, por meio da lascação, percussão ou pressão é muito utilizada afim de melhor compreender o meio utilizado pelos grupos pré-históricos nas produções de suas próprias ferramentas.


Sobre a produção destes materiais, o professor Bruce Bradley explica: “Então, quanto mais aprendermos como as pessoas faziam uso de seus instrumentos de pedra melhor compreendemos o passado” (CORDEIRO, 2015). O mesmo caminho é seguido por muitos reconstrucionistas. Como exemplos específicos, podem ser citados a fabricação  de  um  machado  dinamarquês  do  século  IX,  pelos  meios  de  produção utilizados neste mesmo século, ou a produção de um vestuário norueguês do século XI, por meios de tecelagem desta determinada época, práticas não raras de se encontrar no cenário da reconstrução histórica. Esses produtores almejam tanto a produção de um artefato com o máximo de semelhança a uma ferramenta original da época estipulada, quanto uma compreensão cada vez mais ampla em relação aos modos de produção antigos.


Oficina de tecelagem, Centro experimental de Lejre, Dinamarca, Fotografia de Johnni Langer, julho de 2018.


A arqueologia experimental e a reconstrução histórica assemelham-se também no sentido de ambas possuírem o intuito de reviverem algumas características de civilizações  ou  grupos  sociais  do  passado.  As  práticas  utilizadas  pelos reconstrucionistas, na procura de reproduzir aspectos da vida de um grupo social específico, envolvem o uso das ferramentas as quais aquela população detinha em um dado momento, os meios de produção para estas ferramentas, os costumes culinários e os meios para cozinhá-los e os lugares para dormir, por exemplo. As vestimentas costuradas por máquinas de tear, o uso de espadas e machados e o uso de fogueiras ou fornalhas são comuns de se encontrar em meio à esta atividade. Parte dessas características também são desenvolvidas pelos arqueólogos que praticam a arqueologia experimental, que experimentam o uso de uma ferramenta lítica ou até mesmo noites de sono em cabanas feitas de troncos e peles de animais.

São justamente estas semelhanças entre a arqueologia experimental e a reconstrução histórica que serão desenvolvidas neste artigo, focando nas pesquisas e reconstruções da Era Viking.

Arqueologia experimental e reconstrução histórica: diferenças e semelhanças das atividades


Antes   de   qualquer   desenvolvimento   das   semelhanças   da   arqueologia experimental e  da  reconstrução  histórica,  relacionando  características  desta  segunda como métodos da primeira, é necessário ressaltar o caráter da arqueologia como disciplina acadêmica. A ciência arqueológica, desde o final do século XIX e início do XX, travou duras lutas por seu reconhecimento como ciência e como disciplina. Os arqueólogos utilizam teorias, hipóteses e materiais de eficácia comprovada para validar seus estudos.


Portanto,  é  necessário  afirmar,  que  por  meio  deste  artigo,  não  se  procura comparar a reconstrução histórica com uma ciência fundamentada, que há mais de um século,  luta  por  seus  avanços  no  meio  acadêmico  e  científico.  Mesmo  quando caracteriza-se a reconstrução histórica  como uma atividade séria e aprofundada em estudos científicos, não é possível compará-la com a arqueologia no geral. Reitera-se aqui, que intuito no presente artigo é comparar certas características da reconstrução histórica com métodos da arqueologia experimental, explanando o caráter importante desta primeira atividade como prática educativa fundada em estudos aprofundados e suas diversas semelhanças com o campo da arqueologia citado anteriormente.



Vila viking, Centro experimental de Lejre, Dinamarca, fotografia de Luciana de Campos, julho de 2018.


A arqueologia experimental surge durante a década de 1960, no florescer da Arqueologia Processual, também conhecida como Nova Arqueologia. Nas décadas anteriores, a ciência arqueológica estava engendrada na agenda política das grandes potências, os estudos desta ciência eram focados, principalmente, em discussões sobre etnia e raça e os países que possuíam capacidade de investir na ciência, mesmo no cenário da Segunda Guerra Mundial. Utilizavam-na afim de justificar a suposta grandiosidade de sua cultura acima das culturas das diversas nações.

É na década de 1960 que estas discussões se deterioram em meio ao surgimento do Processualismo. Esta corrente da arqueologia nasce com forte influência do positivismo,  manifestando-se  com  o  intuito  de  provar  a  arqueologia  como  ciência.

Novos métodos surgem dentro das discussões arqueológicas, assim como novas hipóteses. Dentro destas novas hipóteses, surgem questionamentos sobre os artefatos encontrados em meios às escavações. “Como o artefato X ou Y foi produzido?”, “qual era a função deste objeto?”.


Foi por meio destas questões que a arqueologia experimental se desenvolveu. Para responder a primeira pergunta, os arqueólogos buscavam produzir artefatos semelhantes aos encontrados com materiais que, segundo os estudos, estaria disponível na época e local remetente ao espaço em que o artefato foi encontrado. Para responder a segunda, a réplica era testada em cima das hipóteses sobre a função do vestígio original, afim de comprová-las ou não. Sobre isso, o doutor Metin I. Eren explica (2009, p.26):

In  order for  an  experimental analysis to  be  valid  and  applicable archaeologically, it must be actualistic. This requires replicated artifacts to be produced as closely as possible to those found in the archaeological record. Experimental and experiential practice with the procedures and techniques necessary for accurate artifact replication not only requires students to memorize what a particular artifact or artifact trait looks like (e.g. a lithic flake with a lipped platform), but also why it appears the way it does[...].



Vilas da Idade do Bronze e do Ferro, centro experimental de Lejre, Dinamarca, fotografias de Johnni Langer, julho de 2018.



Pode-se considerar, então, a arqueologia experimental como um meio científico da arqueologia, com o objetivo de obter melhor compreensão acerca da produção de artefatos e de seu uso.


Estes procedimentos demarcam uma semelhança marcante da reconstrução histórica com a arqueologia experimental. Dentro desta primeira, como já falado anteriormente, procura-se atingir o máximo de autenticidade. Não raro os equipamentos utilizados pelos reconstrucionistas são produzidos por materiais que, de acordo com estudos, estaria disponível para o grupo social reconstruído na época escolhida.


Além disso, um assunto exaustivamente estudado dentro do reconstrucionismo histórico, são as táticas de combate, principalmente da Idade Média. Este estudo sofre grande influência do HEMA (Historical European Martial Arts), também conhecido como AMHE (Artes Marciais Históricas Europeias), um sistema de luta que, baseado principalmente em fontes primárias literárias ou iconográficas, busca recriar os sistemas de luta europeus que desapareceram ou se modificaram ao decorrer dos séculos.


As táticas de combate utilizadas no reconstrucionismo, além de utilizarem de equipamentos  verossimilhantes  aos  da  realidade  do  grupo  social  reconstruído,  são
estudadas e desenvolvidas para também atingirem o nível de autenticidade pretendida. Manuais e tratados de combate, quando existentes, são estudados em busca de fundamentos teóricos para os sistemas técnicos das lutas.

Os reconstrucionistas buscam responder dentro de sua propria atividade as duas questões principais da arqueologia experimental: desenvolvem os equipamentos com base no questionamento sobre os métodos utilizados e, por meio dos artefatos reconstruídos (além de outras fontes), procuram aprofundar-se na forma como eram operados. Diferentes tipos de armamentos, como espadas, machados, escudos ou lanças tem sua anatomia examinada para sejam descobertas as funções de cada parte do objeto.


Os  combates  são,  na  verdade,  uma  área  de  grande  combinação  entre  a arqueologia experimental e a reconstrução histórica. Diversos arqueólogos também desenvolvem suas pesquisas em cima dos combates, como é o caso do arqueólogo Rolf F. Warming, em seu artigo Round Shields and Body Techniques: Experimental Archaeology  with  a  Viking  age  round  shield  reconstruction  (WARMING,  Rolf Fabricius, 2014), o qual desenvolve técnicas de combate com o uso de um escudo da Era Viking, tendo como base a arqueologia experimental. Além dessas pesquisas servirem para o desenvolvimento da reconstrução histórica na busca pela autenticidade. Na busca incessante pela verossimilhança que existe entre os reconstrucionstas, alguns utilizam-se de métodos científicos para atingir os métodos mais adequados de luta e, por meio desta descoberta e pela análise de fontes científicas, encontrar quais táticas eram mais provavelmente utilizadas dentro dos conflitos.

Dentro do contexto de reconstrução histórica e arqueologia experimental da Era Viking, as semelhanças se aprofundam. Ainda inserido no campo do combate, os armamentos e armaduras representam um assunto importante tanto para os reconstrucionistas, quanto para os arqueólogos. Uma das semelhanças marcantes, é o uso da tipologia Petersen por ambos os grupos. Dentro do reconstrucionismo, ferreiros buscam recriar espadas, machados e lanças da Era Viking, assim como elmos e cotas de malhas. É o caso de Vinícius Ferreira Arruda, fundador do site reenactmentbr e ferreiro profissional na ferraria Hjörvarðr, focado em réplicas da alta Idade Média. Assim como na arqueologia, equipes de pesquisadores coordenam pesquisas em cima de artefatos desta Era, desde os mais simples aos mais complexos, como é o caso das espadas Ulfberth.

As espadas Ulfberth fazem parte de um conjunto desses armamentos que foram encontrados principalmente na Noruega e na Suíça. A lâminas dos exemplares encontrados leva a inscrição +Vlfberth+. Entretanto, o que chamou mais atenção dos arqueólogos foi a qualidade do equipamento. A qualidade do aço era muito superior ao aço medieval, além de possuir uma quantidade de carbono acima do normal em relação ao padrão das espadas medievais. No documentário “Secrets of the Viking Swords”, o ferreiro Richard Furrer, com o auxílio de pesquisadores, reconstitui uma réplica de uma das espadas Ulfberth encontradas. O grupo Combat Archaeology está trabalhando em um projeto semelhante, intitulado “The Ulfberth Project: Reconstructing a Viking Age Sword”.



Vinicius Ferreira Arruda, Medieval Taberna Folk, Cosmópolis (SP), 2016


É possível ver também um trabalho semelhante empreendido por reconstrucionistas históricos e arqueólogos em relação às embarcações vikings. As embarcações colaboraram muito para o sucesso da civilização viking; Foram um dos principais motivos da fama desta civilização, tanto na história quanto posteriormente, na mídia. Até hoje os barcos da Era Viking são valorizados como potentes veículos marinhos, principalmente para sua época, o que demonstrava um avanço tecnológico na cultura escandinava deste período em relação às outras quando se trata deste assunto. Os barcos vikings eram divididos em duas categorias: embarcações de carga e navios de guerra. As primeiras  possuíam uma capacidade  maior para viagem  em mar aberto, sendo utilizadas para o deslocamento de mercadorias e de maior peso que as segundas. Os navios de guerra eram “voltados para as comitivas reais, geralmente longos e leves, com pouca capacidade de carga e desenvolvidos para a navegação de cabotagem” (MIRANDA, 2018, paginação irregular).


Os arqueólogos começaram o trabalho de arqueologia experimental em cima dos barcos da Era Viking, principalmente após 1962, quando a pesquisa arqueológica feita acerca de cinco embarcações vikings encontradas na região de Skuldelev, na Dinamarca, foi concluída. A descoberta da presença da primeira embarcação encontrada ocorreu em 1924,  quando  os  arqueólogos  descobriram  uma  quilha  e  avisaram  ao  Museu  da Dinamarca.  Sobre  as  embarcações,  Munir  Lutfe  Ayoub  explica  (AYOUB,  2018, paginação irregular):

O bloqueio resultante do naufrágio das embarcações e de um preenchimento de pedras – que se situava aproximadamente no ponto intermediário da profundidade de  40 km  do Fjord, que corta a  ilha    de Zealand em direção norte-sul – , é considerado estratégia de bloqueios de embarcações inimigas que poderiam tentar atacar a cidade de Roksilde. Tal estratégia teve sua primeira fase de desenvolvimento entre os anos 1070 e 1090, com o naufrágio do Skuldelev 1 (grande cargueiro), no Skuldelev 3 (pequeno cargueiro) e do Skuldelev 5 (embarcação de guerra de médio porte). A segunda parte, que seria desenvolvida entre os anos 1100 e 1140 – com o objetivo de reforçar o bloqueio –, foi realizada pelo naufrágio de uma grande embarcação   de   guerra   (que,   inicialmente,   foi   confundida   com   duas embarcações e, por esse motivo, denominada Skuldelev 2/4) e pelo Skuldelev 6, um pequeno cargueiro […].

Ele continua, então, sobre a pesquisa arqueólogica feita em cima das embarcações:

O trabalho arqueológico teve início em 1957, quando iniciou um ponto de compreensão da área, que contou até mesmo com mergulhos estratégicos nas partes em que a água se fazia mais profunda. O trabalho incluía mapear a extensão da localidade coberta pelas pedras e, finalmente, remove-las […].


Marcelo Casariego, grupo Haglaz (RJ)


Após a finalização das pesquisas sobre as embarcações, os arqueólogos se engajaram na arqueologia experimental em cima da fascinante descoberta. Em 1983, os pesquisadores  envolvidos  construíram  uma  embarcação  denominada  Saga  Siglar, baseada na Skuldelev 1. Já em 1982, foi construída a Roar Ege, desta vez, inspirada na Skuldelev 3. Esta segunda embarcação pode ser encontrada nos dias de hoje aportada próxima ao Museu de Barcos Viking, enquanto a primeira naufragou em 1992.


Como já foi dito, a recriação de embarcações da Era Viking também ocorre dentro da reconstrução histórica. Em muito se assemelham à arqueologia experimental os métodos utilizados pelos grupos praticantes de reconstrução, os quais buscam uma maneira efetiva e autêntica de atingir os resultados esperados. Em 2013, reconstrucionistas australianos participaram da recriação de um navio Viking, junto de pesquisadores do Australian National Maritime Museum, afim de participar da abertura da exposição “Vikings – Beyond the legend” no Museu Histórico de Estocolmo. O trabalho dos reconstrucionistas junto aos funcionários do museu explicita uma proximidade dos métodos usados pelos pesquisadores e pelos reconstrucionistas, além do interesse conjunto de ambos.

A comida se trata de outro exemplo em que o reconstrucionismo e a arqueologia medieval   se   encontram.   Em   entrevista   com   o   Núcleo   de   Estudos   Vikings   e Escandinavos, o doutor Daniel Serra, estudioso da culinária medieval, principalmente da Era Viking, explica seu trabalho com a arqueologia experimental e a culinária. Para ele, “a comida serve como um veículo de expressão cultural e social”. Nesta mesma entrevista, Daniel Serra cita que começou a “recriar sabores e pratos para os propósitos de Arqueologia Experimental, bem como a Era Viking e com grupos de reconstrucionismo também”.

Conclusões finais

O artigo trilhou um caminho entre a arqueologia experimental e a reconstrução histórica, principalmente em cima da Era Viking, buscando comparar características e métodos dos reconstrucionistas com os dos arqueólogos. Além disso, ressalta-se no presente trabalho os frutíferos resultados provenientes das recentes atuações conjuntas dos praticantes da reconstrução histórica e dos arqueólogos que trabalham no ramo da arqueologia experimental.


Foi fundamentado o conceito de reconstrução histórica e de arqueologia experimental por meio de estudos em cima de bibliografias sobre ambas as atividades. O mesmo caminho foi seguido para justificar as afirmações sobre a Era Viking. As semelhanças entre o reconstrucionismo e a arqueologia experimental tornaram-se claras por meio de exemplos de atividades parecidas dos dois campos, da atuação conjunta de reconstrucionistas e arqueólogos e por meio de citações de pesquisadores que ressaltam a participação dos grupos de reconstrução nos projetos de arqueologia experimental.


Nota-se, então, o quão importante é o envolvimento dos reconstrucionistas comprometidos com a atenticidade com a arqueologia experimental, como afirma a doutora Luciana de Campos em sua matéria “Recriando a cerâmica da Era Viking: uma atividade em arqueologia experimental”:

Este experimento mostra que atividades como a Arqueologia experimental   pode   fazer   parte   de   uma   nova   proposta   de   Educação museológica,  onde  a  teoria  e  a  prática  estão  aliadas  e  concede espaço e visibilidade aos recconstrucionistas sérios e  comprometidos que  trabalham para que a pesquisa científica desenvolvida em laboratórios e universidades
extrapolem seus muros e se tornem, cada dia mais presentes no cotidiano de todos.
É necessário ressaltar que os interesses de arqueólogos podem, por vezes, ir de encontro   aos   dos   artesãos   que   trabalham   no   reconstrucionismo   histórico.   Os arqueólogos buscam métodos de recriação e uma réplica autêntica que irá servir ao desenvolvimento de seus experimentos. Já os reconstrucionistas, que praticam os ofícios de recriação de artefatos, vão buscar nas culturas materiais uma fonte de inspiração para sua atividade, procurando desenvolvê-la com o máximo de verossimilhança.
Entretanto, até o momento os interesses divergentes não tem se mostrado um obstáculo para o andamento destas atuações em conjunto. Alguns grupos já estão buscando ampliar esta inteiração entre os reconstrucionistas, arqueólogos praticantes ou não da arqueologia experimental, museólogos e outras categorias. Um exemplo disto é a “Reconference”, uma conferência interdisciplinar organizada pelo grupo Hands on History que possui como tópico o reconstrucionismo histórico e living history. O grupo conclama todas as categorias anteriormente citadas neste parágrafo para estarem presentes no evento, além de jornalistas, cinegrafistas e professores universitários. Iniciativas como essas são de suma importância para o avanço do potencial presente nesta integração.

Por fim, vê-se, então,  a  necessidade  de  se  incentivar  cada  vez  mais  estas atuações. É notável que esta ligação entre a arqueologia experimental e o reconstrucionismo histórico apresenta um grande potencial, como foi comprovado, além dos exemplos mostrados no artigo, mas também no projeto do Centro de Arqueologia Experimental da Universidade de Copenhagen explicado pela doutora Luciana de Campos em sua matéria citada acima.

Referências bibliográficas

AYOUB, Munir Lutfe. Roskilde. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e
Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra. Edição eBook. 2018.

CORDEIRO, Silvio Luiz (dir.); Arqueologia Experimental - técnicas de produção de artefatos líticos. Museu Imaginário, 2015, 9m.

EREN, Metin I. Experimental archaeology as a pillar of archaeological education. Nicolay               107,               p.25-32.               2009.


MIRANDA, Pablo Gomes  Miranda de. Embarcações.  In: LANGER, Johnni (Org.).
Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra. Edição eBook. 2018.

SERRA,  Danial.  Entrevista concedida a  James  Wiener.  Tradução parcial  feita pelo grupo Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos. Comida da Era Viking: entrevista com    o    novo    colaborador    estrangeiro    do    NEVE.    2016.