O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sábado, 17 de dezembro de 2022

Novo artigo: Quando o Mito foi História - os usos da Mitologia Nórdica

 



Trata-se de um estudo sobre como a Mitologia Nórdica foi utilizada para referenciais de identidade nacional na Dinamarca dos anos 1850.

Resumo: Nossa pesquisa tem como objetivo a reflexão sobre a inclusão de temas da Mitologia Nórdica e da Escandinávia da Era Viking no livro de popularização Illustreret Danmarkshistorie for folket (História ilustrada da Dinamarca para o povo, 1854), do dinamarquês Adam Fabricius. Utilizamos como principal elemento teórico as considerações do historiador Niels Kayser Nielsen sobre os usos do passado nórdico e como metodologia a cultura visual na perspectiva de John Harvey. Nossa conclusão é que essa recepção dos mitos nórdicos esteve atrelada a uma forma específica de uso da história nórdica, a saber, a utilização de símbolos femininos pelo nacionalismo dinamarquês.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Um grande TROLL e um feliz Natal para todos!

 


Um grande TROLL e um feliz Natal para todos!

 

Dra. Andréa Caselli (NEVE/Reception)

 Era uma vez uma paleontóloga norueguesa que teve uma infância marcada pela crença do seu pai na existência dos trolls. Logo ali, perto de onde ela faz os seus trabalhos de pesquisa, acontece a construção de um empreendimento muito inovador. Para tanto, os construtores causam uma explosão nas montanhas, que desperta uma criatura enfurecida que sai de dentro delas e destrói tudo nas proximidades. As autoridades governamentais convocam a paleontóloga para solucionar o caso.  Jovens ecologistas protestam contra o ato da explosão no momento em que a criatura surge de dentro da montanha e afugenta a todos eles. Enquanto o governo, o seu serviço de inteligência e a paleontóloga buscam descobrir o que é o ser misterioso, este derruba uma cabana de camponeses e começa a dirigir-se para a cidade de Oslo, capital da Noruega.

Lançado pelo streaming Netflix no início de dezembro de 2022, do diretor Roar Uthaug, o filme TROLL foi muito criticado na internet  por lembrar os clássicos KING KONG e GODZILLA, com as cenas do monstro a destruir helicópteros que o perseguem, a interagir com a protagonista loira cheia de compaixão e, principalmente, pela cena do monstro a invadir a cidade. Tal avaliação tem sua dose de injustiça, haja vista que a narrativa da donzela perseguida pelo monstro – muito antes do cinema -  tem origens mitológicas como no mito helênico de Andrômeda. É o antigo mote da figura feminina que enfrenta monstros com a sua delicadeza (que é respeitar a fragilidade das coisas). Já a cena do troll a invadir a cidade, ao contrário do que dizem as críticas, nada tem de cópia de outras obras do cinema, mas se refere a algo mais antigo e genuinamente norueguês: a ilustração “Trollet på Karl Johan” do artista Theodor Kittelsen (este sendo bastante citado no filme).

King Kong é um gorila gigante que tornou-se clássico dos cinemas, com diversas adaptações feitas desde sua criação, em 1933. O Godzilla surgiu em 1954 no Japão, inspirado pelos ataques a Hiroshima e Nagasaki e o naufrágio do navio Lucky Dragon 5. Apesar de o filme Troll apresentar alguns estereótipos como o monstro a destruir tudo e mostrar a sua relação com uma loira de cabelo curto, a inspiração em que se baseia o enredo e a estética são muito mais antigas que filmes sobre monstros modernos e com maior profundidade de conteúdo. O pai da protagonista paleontóloga é um pesquisador dos trolls e vive na cordilheira norueguesa de Jotunheimen (em tradução livre do norueguês bokmål: Casa dos gigantes ou Onde vivem os gigantes) e, em uma cena, mostra uma ilustração do artista norueguês Theodor Kittelsen. Neste momento, ele questiona se o ilustrador cometeu o erro de propósito. E o erro ao qual ele se refere é o fato de o troll caminhar na cidade sob a luz do sol.

 

Imagem 01: Trollet på Karl Johan. Theodor Kittelsen. 1897. Fonte: nasjonalmuseet.no.

  

Imagem 02: Cena do filme Troll. Troll invade a cidade. Fonte: Netflix, 2022.

 

 O filme começa com uma linda imagem das montanhas refletidas na água, mostrando o conceito de mundo invertido que remete à uma dimensão espacial paralela. Nesta cena, já fica implícito que há na história um mundo sobrenatural além no real, que o filme vai apresentar um mundo sobre a terra e outro, que está abaixo dela. Alguns minutos depois, aparece a confirmação disto: Rostos de trolls aparecem magicamente nas montanhas de Trolltindene (em tradução livre do norueguês bokmål: Os dentes do troll), quando a sombra das nuvens se dissipa e o sol revela os habitantes que vivem sob as rochas. A luz é, portanto, a força natural mais importante, que no verão assume uma presença infinita. No espaço nórdico, as sombras são mais alongadas e a luz é mais ténue e cristalina. O lugar é influenciado por este ambiente e pelo estado de espírito que surge dele. Tal sentimento humano perante a força natural é exemplificado pela literatura local, que narra histórias de trolls temperamentais que se transformam em pedras quando são tocados pelo sol.

 

Imagem 03: Cena de abertura do filme Troll. Espelho de água reflete as montanhas. Fonte: Netflix, 2022.

 

Os trolls são mostrados como parte intrínseca da floresta norueguesa, como entes inseparáveis. Esta cena do filme (inspirada nas ilustrações dos contos noruegueses) os faz grandiosos e dominantes na natureza, em relação aos humanos minúsculos e alheios à sua presença. No folclore, os trolls são conhecidos por terem uma relação escatológica com o sol, pois as narrativas populares dizem que, ao entrarem em contato com sua luz, podem se transformar em pedra ou sofrer outros tipos de transformações. Assim, na imagem estática natural sugere um troll possivelmente petrificado há muito tempo; mas também é possível interpretar que esse troll tem uma poderosa centelha de vida, pois seus rostos impoem autoridade. Uma imagem que dá expressão visual ao mistério que habita sobre uma floresta montanhosa e silenciosa da durante um dia de verão.

 

Imagem 04: Cena do filme Troll. Rostos dos trolls nas montanhas. Fonte: Netflix, 2022.

 

 

 

Imagem 05: Fossen. Theodor Kittelsen. 1907. Fonte: nasjonalmuseet.no.

  

Imagem 06: Svælgfos. Theodor Kittelsen. 1907. Fonte: nasjonalmuseet.no.

 

 

 O filólogo John Lindow (2015, p. 11-28) caracteriza o troll como elemento folclórico de consequentes variações de uma localidade para outra (que se configura atualmente na Noruega e na Islândia como patrimônio cultural e algo muito rentável para a economia e o turismo); mas havendo sempre similaridades existentes a despeito das distinções regionais e de organização social. Ele usa o termo “crença folclórica” e o explica como um sistema compartilhado e abreviado de interpretações culturais, abrangendo diversas expressões a serem analisadas. Lindow especifica que os limites entre o crível e o não crível são constantemente debatidos, mas que o essencial dentro do tema se situa no fato de que as narrativas sobre trolls ou fenômenos semelhantes não devem ser entendidas apenas como crenças folclóricas, mas também como pequenas partes de uma discussão muito maior sobre a natureza do ambiente em que se vive.

A maioria dos escandinavistas (Entre eles: AUBERT, 1992; HEIDE, 2011; GUNNELL, 2004; LINDOW, 2015) não descarta a teoria de que os trolls são descendentes culturais dos mitológicos jotuns, gigantes com força sobre-humana que se manifestam em oposição aos deuses, embora frequentemente eles se misturassem ou até mesmo tomassem por matrimônio alguns deles. Sua fortaleza era conhecida como Utgard, e ficava situada em Jotunheim (sim, o mesmo nome da cordilheira na qual mora o pai da protagonista do filme), um dos nove mundos da cosmologia dos nórdicos, separados de Midgard - o mundo dos homens - por montanhas elevadas e por florestas densas. Os gigantes que viviam em outros mundos diferentes dos seus próprios, pareciam preferir cavernas e lugares escuros (AUBERT, 1992, p. 10-12). A Edda (Cf. Lerate, 1986) descreve a maioria dos trolls como tendo olhares tenebrosos e intelecto fraco, comparando-os muitas vezes com trejeitos infantis.

Na moda nacionalista do séc. XIX, eles atingem grande força literária popular. Os muitos significados do troll estão relacionados ao misterioso, ao inexplicável e ao desconhecido; estando sempre do outro lado, do lado irracional da vida. Afinal, a mudança de forma é uma das artes mágicas dos trolls, que costumam mudar de aparência quando necessário ou quando lhes convêm. Muitas lendas e contos populares narram trolls se transformando em animais, pedras e montes; ou mudando de cor, tamanho e aparência. Então, não é estranho que gigantes tenham se transformado em trolls ao longo dos séculos.

A literatura medieval escandinava tardia produziu textos que abordam trolls trabalhando nas minas, ajudando a construir igrejas ou fazendo acordos com os reis e santos. Esta relação amistosa se encontra muito mais presente nos contos e nas lendas folclóricas, que são abundantes principalmente no período oitocentista, no qual os românticos e folcloristas realizaram vasta produção de cultura popular. Os contos destacam uma vizinhança entre humanos e trolls. Estes, que tinham completa aversão aos cristãos e seus símbolos, em algumas narrativas passam a colaborar na fermentação da cerveja, colocam sinos em igrejas, fazem visitas natalinas e fornecem riqueza material aos humanos que - em troca - oferecem uma cordial amizade. Esta amistosidade mostra que a memória da antiga religião nórdica faz parte da tradição popular e continua a ser mantida através da inserção social dos trolls nas contações folclóricas. Ao narrar histórias nas quais os troll estão inseridos nas atividades comunitárias, os escandinavos os mantém como parte essencial de sua memória cultural.

Imagem 07: Cena do filme Troll. Caderno com ilustrações de Theodor Kittelsen. Fonte: Netflix, 2022.

 

           Há uma discussão etimológica sobre as origens e os significados da palavra troll, pois que não há um significado único e nem um consenso sobre a procedência da palavra. Para tanto, são encontradas diferentes composições da palavra nos antigos textos nórdicos e as diferentes evoluções que o termo sofreu na Noruega, na Islândia e na Dinamarca. Há a presença de trolls em algumas sagas islandesas e narrativas mitológicas. É importante distinguir os momentos em que o nome aparece no plural e no singular, como também destacar suas aparições nos gêneros masculino e feminino. De todos os empregos da palavra, vale destacar a primeira aparição, que surge no singular e se refere a uma trolesa. Tal emprego se dá em um livro da Edda em prosa - o Skáldskaparmál – e narra o encontro no qual o deus Bragi[i] - distante da presença humana e na obscuridade de caminhos longínquos – encontra a trolesa. Entre os dois ocorre um diálogo que esbanja adjetivações sobre suas respectivas características, através de kenningar[ii] que designam o sol, o ouro, o deus Odin e a lua. Lindow (2015, p. 28-31) analisa o diálogo a cada verso e comenta que o deus Bragi estava em uma noite escura na natureza, em situação de estresse, de tempestade ou de embriaguez; quando os sentidos podem ser alterados e, assim, ocorrer uma experiência empírica do sobrenatural. Sendo assim, o autor discorre sobre as causas de, na mitologia nórdica, os trolls aparecerem como seres noturnos e ligados à natureza selvagem, assim como as videntes e os lobos.

A saga Bárðar tem sido considerada uma saga da família islandesa e a saga pertence a esta categoria, embora seu material possa ser um tanto extraordinário. A principal diferença é que os personagens principais da saga Bárðar são trolls, não humanos. A saga, no entanto, não faz distinção clara entre os dois, pois tanto os trolls quanto os humanos faziam parte da realidade do século XIV (JAKOBSSON, 1998, p.64). Por exemplo, a dupla natureza do personagem Dumbr é enfatizada, assim como a dupla natureza do personagem Bárðr em uma extensão ainda maior. Ele é um gigante e, portanto, bonito e de disposição gentil, mas também um troll e, portanto, mal-humorado e implacável quando fica com raiva. Sua beleza é herdada de sua mãe, um ser de natureza não especificada que parece representar o inverno, e sua sabedoria do sábio gigante Dofri, que o criou, em Dofrafjöll (também conhecido como Dovrefjell ou Dofrafjöll, montanha onde, no filme, trabalha a paleontóloga e também caminha o troll). E não é sem motivo que o filme foi lançado pouco antes do solistício de inverno. Pois, um dos contos de trolls mais famosos da Noruega é “O gato de Dofrafjell”, narrativa popular que foi publicada pela dupla de folcloristas Asbjørnsen e Moe (1852, sem paginação), os dois maiores responsáveis pela divulgação do folclore norueguês.

 

Imagem 08: Capa do livro “The cat on the Dovrefell”. Tomie de Paola, 1979. Fonte: Editora Simon&Schuster.

 ·         O gato de Dovrefjell:

Este conto conta a história de um homem que tinha capturado um grande urso branco e iria levá-lo ao rei da Dinamarca. Ele chegou às montanhas de Dovrefjell um dia antes da véspera de Natal e pediu abrigo a um homem em uma cabana. O homem lhe informa que não pode abrigá-los porque toda véspera de Natal a propriedade é invadida por trolls que comem e bebem tudo e eles ficam sem ter lugar para onde ir. Então o forasteiro implora para ficar na cabana, mesmo com esse problema. Ele consegue se hospedar com o urso, mas as pessoas da casa fogem com medo dos trolls e fantasmas. E, antes de partirem, tudo estava pronto para os Trolls: as mesas estavam postas com fartura com muitos tipos de bolos, pães, peixes, mingaus e carnes. Então chegam os trolls e outros seres na cabana. Eles começam a provocar com espetadas e gritarias o urso que estava a dormir sob o fogão. Então o urso branco levantou e rosnou, caçando todo o bando de trolls por todo o terreno. No dia seguinte, o anfitrião estava na floresta na tarde da véspera de Natal, cortando lenha antes dos feriados, pois achava que os Trolls voltariam; e assim ele ouviu uma voz na floresta o chamar. Então era o troll que perguntou “Ainda tens o grande gato contigo?” E o anfitrião responde: "Sim, isso eu tenho. Ele está deitado em casa sob o fogão e, além disso, agora tem sete gatinhos, muito maiores e mais ferozes do que ele mesmo." E o troll responde: "Ah, então, nunca mais voltaremos a vê-lo", gritou o Troll na floresta. E ele manteve sua palavra; pois desde aquela época os Trolls nunca mais comeram a ceia de Natal em Dovrefjell.

 No natal de 2022 tivemos a brilhante visita de um troll, através do filme de Roar Uthaug. E ele apareceu grandioso, com a força das montanhas. Seguiu o modelo estético dos ilustradores do século XIX, os primeiros a retraratem a figura do troll como conhecemos hoje. Cada ilustrador retratava os trolls à sua maneira. Sempre convergindo para uma estatura maior que a humana, formas grandes, partes do corpo exageradas e poucos trajes contendo elementos da natureza como folhagens e pedras preciosas. No entanto, as diferenças entre um artista e outro se encontram na diversidade de elementos que incluem; como jogos de luz e sombra, personagens com aparência muito próxima a dos trolls (geralmente habitantes do bosque) e formas mais ou menos humanoides.

Há diferenças entre os trolls dos manuscritos medievais e os trolls dos contos. Enquanto os trolls lendários eram apresentados como gigantes que viviam em lugares distantes; os contos e a tradição popular revelam uma aproximação como misteriosos vizinhos de aparência deformada. Lindow (2015, p. 47) ressalta que apesar de os trolls terem natureza ambígua, continuarem amaldiçoando/sequestrando e pertencerem ao ambiente natural; boas relações e coexistência amigável são, dos textos do séc. XVII em diante, uma constante em direção aos humanos, não só na literatura, mas também nas artes plásticas e no folclore. Os trolls são perigosos, mas de boa índole ao mesmo tempo, assim como a natureza é bela, mas também insidiosa e errática. Um significado mais profundo pode ser encontrado entre os trolls, que refletem os diferentes caprichos da vida.

As ilustrações dos contos noruegueses moldam a estética que envolve a paisagem e a arquitetura repletas da presença de camponeses e trolls – unindo o cotidiano ao maravilhoso espiritual – ampliando os significados. Muitas das ilustrações que dão sentido visual às publicações dos contos noruegueses são de autoria de Theodor Kittelsen (que, no filme, tem suas ilustrações expostas na casa do pai da protagonista, além de ser também citado por ele.). Sua arte apresenta uma mescla de espírito, natureza, pessoas e paisagem. Como representante da última fase do romantismo, foi conhecido por sua capacidade criativa de expressar a melancolia e a alegria simultaneamente através da fantasia. A constituição de criaturas e forças que nenhum ser humano realmente viu, e a mudança de humor da natureza. Sua arte moldou a percepção de uma nação sobre o que a alma do povo norueguês denota e, em particular, seus retratos dos trolls foram estabelecidos como ícones nacionais. Ao descrever sua arte, Kittelsen narra o aparecimento do troll da floresta:

 

A monotonia selvagem da floresta é o seu selo. Nós nos tornamos uma parte dela. Nós a amamos como é – forte e melancólica. Quando crianças, ficamos olhando os pinheiros escaldantes. Seguimos as poderosas tribos com os olhos e com a alma, subimos entre os fortes braços retorcidos e alcançamos os mais altos picos, balançando e assobiando lá em cima, no delicioso azul. Quando o sol se pôs, a solidão e o silêncio se espalharam como nozes longas e densas. Era como se a floresta não respirasse em avassaladora expectativa. Quando martelou em nossos corações, queríamos mais – imploramos e oramos por aventuras fortes e selvagens, para nós, pobres crianças. E a floresta nos deu o que pedimos. Rastejante como um gato, tudo o que costumava ficar petrificado começou a se mover. Ao longe, uma crista da montanha brota. Inspirou admiração e terror. Ela abriu os olhos ... ela começou a se mover... ela estava em pé silenciosamente em nossa direção. Ficamos aterrorizados, mas gostamos! Era o troll da floresta. Em seu único olho enorme, ele nos ofereceu todo o mistério e horror, todo o ouro e brilho que nossa alma infantil ansiava! (1892, sem paginação. Tradução livre da autora)[iii].

 

O filme segue o conceito já utilizado pelo diretor Mikkel Brænne Sandemose de usar as obras de Kittelsen como base para as cenas. Nos filmes  “Askeladden - I Dovregubbens hall” (Em tradução livre: “Askeladden – No salão do rei da montanha”) de 2017 e “Soria Moria Slott” (O castelo de Soria Moria), de 2019; o diretor mostra toda a inspiração que teve na obra de Kittelsen e no seu legado artístico. Pois os produtores editaram, em arte gráfica e digital, a pintura de Kittelsen e a adaptaram para uma cena do filme. Assim como na pintura de Kittelsen, o castelo dourado remete ao sol por trás das montanhas, ao domínio que os trolls têm sobre a arte de trabalhar com o ouro e outros minerais.

 

 

Imagem 09: Far, far away Soria Moria Palace shimmered like Gold, 1900, Theodor Kittelsen. Fonte: Natjionalmuseet, Oslo.


Imagem 10: Cena do filme “Soria Moria Slott, Mikkel Brænne Sandemose, 2019. Fonte: Amazon Prime, 2020.

 

 A arquitetura norueguesa é sensível à cultura e à topografia. A relação com o céu é também relevante, principalmente a luz e o clima, como as alterações temporais que os locais estão sujeitos e que por consequência influenciam as formas de construir. O amarelo dourado do castelo remete ao sol e ao ouro, mas também à luz  do fogo na morada norueguesa - que está na vela, no fogão e na lareira - remetendo à ideia de luz interna e aconghegante. O natural é tido como ponto de partida, um conjunto de referências existentes e não um obstáculo. a forma que pode representar um modelo para todos os simples fenómenos. A humanidade marca a sua presença na terra construindo, e apenas construindo em conformidade com a natureza se criam lugares com significado verdadeiramente espiritual. O entendimento norueguês acerca do espirito de lugar desperta em uma forma mística, fantástica e espiritualizada de ver os lugares e a arquitetura, relembrando a importância da tradição cultural e do contexto.

Imagem 11: Cena do filme Troll. Palácio nacional da Noruega. Fonte: Netflix, 2022.

 

 

Imagem 12: Soria Moria Slott, 1911, Theodor Kittelsen. Fonte: Natjionalmuseet, Oslo.

 

 Outro ponto a ser apreciado é a música utilizada nos créditos finais e em algumas cenas do filme: “Peer Gynt. Op. 46 In the hall of the Mountain King”, composta para a ópera Peer Gynt de 1938, baseada na peça homônima de Henrik Ibsen. Mais uma vez o filme segue o padrão do audio-visual norueguês que costuma usar esta música nos filmes sobre trolls e motivos folclóricos. Também esta música foi bastante explorada nos filmes de Sandemose. Na peça Peer Gynt de Ibsen, o rei dos trolls faz a pergunta: “Qual é a diferença entre um troll e um homem?” e os trolls respondem: “Seja fiel a si mesmo” (IBSEN, 2007, p. 33). No filme, o guardião do Palácio nacional de

Oslo surge com a seguinte afirmação: “A coisa mais importante para um troll é a família.” Assim, fica implícito que o filme passa a mensagem de que o troll valoriza a tradição e a família. E isto é diferente do egoísmo do troll de Ibsen, que coloca a importância de sua vontade acima de tudo.

A imagem dos trolls está intimamente ligada à paisagem natural e à antiga religião, sendo um forte elemento tradicional e ancestral. Segundo Martine Joly (2007, p. 48) a imagem confunde-se com aquilo que representa e pode tanto enganar como educar, através da mímese. É um reflexo da realidade física ou imaginária. A vida no além da morte, o sagrado, o sentimento, o saber, a verdade e a arte são campos para os quais o simples termo imagem remete o indivíduo que tem memória. Os trolls de Kittelsen, resgatados pelos mais recentes filmes noruegueses, trazem à lembrança o que Ortega y Gasset (2011, p. 106) diz sobre a obra de arte superior expressar sempre a trágica condição da existência; reunindo tanto os elementos ativos de combate, ação e dinamicidade; como os passivos que remetem à renúncia, inércia e quietude. Apesar de conter elementos cinematográficos já muito conhecidos e utilizados pelo cinema, o filme Troll surge – assim como os trolls que aparecem no natal – para nos lembrar que a ancestralidade espiritual e natural estará sempre presente, por mais que se busque esquecê-la. O troll,em uma única figura, apresenta símbolos importantes. No filme, a caça ao troll como enfrentamento do caos e domínio sobre a natureza é tratado como um problema a ser solucionado, pois a morte do monstro não é percebida como vitória, mas como o fracasso de ser impotente e incompreensível com a própria ancestralidade.

 

Fontes primárias:


ASBJØRNSEN, P. C.; J. MOE. 1852 Norske Folkeeventyr samlede og fortalte af P.Chr. Asbjørnsen og Jørgen Moe, Christiania: Johan Dahls Forlag, 1852.

AUBERT. Francis. Askeladden e outras aventuras. São Paulo: Edusp, 1992.

IBSEN, Henrik. Peer Gynt: a dramatic poem. Traduzido por John Northam. Ibsen.net, 2007. Dispon+ivel em: <https://www.hf.uio.no/is/tjenester/virtuelle-ibsensenteret/ibsen-arkivet/tekstarkiv/oversettelser/114049.pdf>. Acessado em: 12 de abril de 2022.

KITTELSEN, Theodor. Troldskab. Kristiania: Det Kgl. Bibliotek, 1892.

LERATE, Luís. Edda Mayor. Tradução de Luís Lerate. Madrid: Alianza Editorial, 1986.

 

 

Referências bibliográficas:


GUNNELL, Terry. The Coming of the Christmas Visitors: Folk legends concerning the attacks on Icelandic farmhouses made by spirits at Christmas, Northern Studies. Vol. 38, 51-75. 2004.

HEIDE, Eldar. ”Loki, the Vätte, and the Ash Lad: A Study Combining Old Scandinavian and Late Material.” Viking and Medieval Scandinavia Vol. 7. pp. 63–106. 2011.

JAKOBSSON, Ármann. “History of the Trolls? Bárðar saga as an historical narrative”, Saga-Book 25 (1998), 53–71. Saga-Book of the Viking Society, 1998.

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Lisboa: Edições 70, 2007.

LINDOW, John. Trolls: an unnatural history. London, Reaktion Books, 2015.

ORTEGA Y GASSET, José. Ensaios de estética: Mona Lisa, três quadros de vinho e Velázquez. São Paulo: Cortez, 2011.

 NOTAS: 

[i] Bragi, o Antigo. Primeiro poeta nórdico, a quem é creditada a criação dos versos que os poetas da Era

Viking e seus descendentes na Islândia usaram através dos séculos (Lindow, 2015, p. 14).

[ii] Palavras que são figuras de linguagem para substituir substantivos na literatura medieval nórdica. O singular é kenning e o plural é kenningar.

[iii] Texto original: Derborte springer en fjeldknaus frem. Undring og angst samled sig om den: Den fik øine tog til at le'e paa sig  vandred i staaende stilhed lige mod os! Og vi fryded os i angsten, vi elsked den! Det var skogtroldet. I sit eneste store øie bar han frem for os al den uhygge og rædsel, alt det guld og glimmerglans, som vor barnesjæl forlangte. Vi vilde skræmmes — og vi vilde trosse! Saa smaa vi var, vilde vi tirre ham, hugge ham i hælen og røve guldet hans. Men allerhelst vilde vi have det lysende øiet, som han havde i panden. Hvem skulde trod, at det stygge skogtroldet eied sligt et øie!






segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Nova edição da Revista Scandia é publicada


Nova edição da revista Scandia (vol. 5, 2022): 12 artigos, 6 resenhas, 1 entrevista e 1 tradução. Acesso digital e público: clique aqui para acessar a edição.


Para acessar todas as edições anteriores da revista, clique aqui.

Artigos

Elementos do leste europeu da saga de Egils Einhenda ok Ásmundar berserkjabana através do prisma dos mitos greco-romanos e germânicos, Vladyslav Kiorsak.

Ovídio, Virgílio, Dares e Haukr: a história da guerra de Tróia na literatura islandesa do século XIV

Beatrice Bedogni.

Entendendo um deus esquecido: o papel de Ullr, Matthew Edwards.

A mitologia e o culto de Freyja e sua importância para as mulheres da era viking, Juliette Friedlander.

Humano, afinal: emoções em exposições de museus da era viking, Francesca Stoppani, Kathryn A. Teeter.

Investigando a paisagem da era viking em Lunnasting, Shetland: namoro, características, função, Caroline Wilhelmsson.

Nas asas de um machado: compreendendo um único machado da Dinamarca através da citação interobjeto, Gustav Hejlesen Solberg.

‘È andata come pensavo’: trasgressione dello script rituale nella Gísla saga Súrssonar, Angie Padilla.

Majūs – Os ataques vikings ao al-Andalus, entre os sécs. IX-X, e o seu impacto no Garb al-Andalus, Guilherme Mourão Marôco.

A ira dos normandos: o papel da raiva na obra de Dudo de Saint-Quentin, uma emoção franca ou escandináva? Matheus Brum Domingues Dettmann.

Por uma crítica à naturalidade das cronologias: configurando um melhor conceitualmente da periodização na escandinavística, Caio de Amorim Féo, Patrick Zanon Guzzo.

Vikings x neonazistas: crítica e contestação do recriacionismo histórico e da história viva vikings no Brasil acerca do neonazismo contemporâneo, João Batista da Silva Porto Junior.

Entrevista

Folclore e religião do norte da Europa: uma entrevista com Thomas A. Dubois.

Avaliações

Mitologia finlandesa ao modo do século XVIII: mitologia finlandesa (Christfrid Gannander), Victor Hugo Sampaio Alves.

O uso da imaginação na escrita histórica: o viking negro (Bergsveinn Birgisson), André Araújo Oliveira.

Violência e ritos nórdicos no cinema: o homem do norte (Robert Eggers), Monicy Araujo.

Mito e meio ambiente no início da Islândia: vulcões na mitologia nórdica antiga (Mathias Nordvig), Glezia Alves de Melo.

O mundo nórdico na literatura: o mundo medieval de Game of Thrones (Carolyne Larrington), Thaïs Matos Barbosa.

Desconstruindo a figura midiática do nórdico: vikings, a história definitiva dos povos do norte (Neil Price), Guilherme Garcia Galego.

Traduções

Hrafnagaldur Òðins: une nouvelle traduction, Lyonel Perabo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Curso digital: Introdução à Arqueologia da Era Viking

 

Objetivo do curso

Divulgar as principais teorias, metodologias, temas de pesquisas e sítios arqueológicos na Arqueologia da Escandinávia da Era Viking, ampliando a repercussão da Escandinavística e suas possibilidades de pesquisa e conhecimento no Brasil. Incrementar a interdisciplinaridade entre as Ciências da História e da Arqueologia nas pesquisas da Escandinavística brasileira. Popularizar as mais recentes descobertas e estudos da Arqueologia Escandinava do Período Viking.

Sobre o ministrante:

Johnni Langer é professor da UFPB, editor chefe do periódico Scandia Journal of Medieval Norse Studies, coordenador do NEVE (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos) e credenciado no PPGH-UFRN e PPGCR-UFPB.

Tem experiência em pesquisas de Arqueologia em campo e laboratório (estágio no Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas, UFPR, Curitiba, 1988/1989). Foi Coordenador do projeto arqueológico "Pesquisa arqueológica no médio rio Iguaçu" autorizado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob ofício n. 62/02 pela portaria n. 73, Diário Oficial da União, seção 1) na UNESPAR, União da Vitória (PR) de 2001 a 2003. 

Publicou estudos arqueológicos em diversos periódicos acadêmicos especializados em Arqueologia do Brasil e exterior (como European Journal of Archaeology/2003, Archaeoastronomy and Ancient Technologies/2018, Revista do Museu de Arqueologia da USP/2005, Revista de Arqueologia da SAB/1997, entre outras).

Realizou investigações em sítios arqueológicos, Centros de Arqueologia Experimental, Museus de Arqueologia e História, arquivos e bibliotecas da Dinamarca, Suécia e Alemanha em 2018 e 2019, durante licença capacitação pela UFPB.

Ministrou o curso "Arqueologia Escandinava" no VI CEVE, UFPB, 2018; as disciplinas do PPGCR-UFPB: "Arqueologia da Religião Nórdica Antiga" e "Entre deuses e artefatos: Introdução à Arqueologia das Religiões", ambas em 2015 e o módulo Iconografia da Cultura Material no curso Teorias e Métodos da Escandinavística (UFPB, 2019).


Primeiro módulo - História da Arqueologia Viking:


Segundo módulo - Teorias e Métodos:


Terceiro módulo - Temas (Templos pré-cristãos e Pedras Rúnicas):


Quarto módulo - Sítios arqueológicos:


Bibliografia básica:

AYOUB, Munir Lutfe. Arqueologia. In: LANGER, Johnni; AYOUB, Munir Lutfe (Orgs). Desvendando os vikings: estudos de cultura nórdica medieval. João Pessoa: Idéia, 2016.

BURENHULT, Goran (Ed.). Arkeologi i Norden, vol. I. Stockholm: Natur & Kultur, 2008. 

HALL, Richard. Viking Age Archaeology. Oxford: Shire Publications, 1995.

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Bibliografia complementar:

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AYOUB, Munir Lutfe. Primeiros apontamentos sobre a diversidade nos cemitérios de Nordre Kaupang e Bikjholberget. Embornal n. 14, 2016.

AYOUB, Munir Lutfe. Salões de cultos e banquetes: a compreensão dos espaços escandinavos. Revista Crítica Histórica n. 7, 2013.

AYOUB, Munir Lutfe. Arqueologia da memória: estudos e teorias para um novo rumo da compreensão dos artefatos. Território e Fronteiras n. 9, 2016.

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LANGER, Johnni. Entre artefatos e heróis: a invenção do conceito de Era Viking pela Arqueologia Dinamarquesa, 1841-1873 (no prelo).

LANGER, Johnni. Suásticas, ritos e espacialidades: uma comparação iconográfica entre os monumentos escandinavos de Kårstad e Snoldelev, RBHR vol. 15, n. 44, 2022, pp. 05-29

LANGER, Johnni. Entre cervos, Odin e Sigurd: simbolismos religiosos em moedas danesas da Era Viking, Medievalis 10(2), 2021, pp. 24-56

LANGER, Johnni. O simbolismo da águia na religiosidade nórdica pré-cristã e cristã, RBHR 23, 2015.

LANGER, Johnni. A Escandinávia antes dos Vikings (Curso História da Escandinávia, módulo 1), 2022

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SONNE, Lasse Christian Arboe. Thor-kulti vikingetiden: Historiske studier i vikingetidens religion. Køpenhavn: Museum Tusculuanums Forlag, 2013.

TRIGGER, Bruce G. História do pensamento arqueológico. São Paulo: Odysseus, 2004.

VICTOR, Helena. The Archaeological Material Culture behind the Sagas. Á austrvega. Saga and East Scandinavia. Preprint Papers of The 14th International Saga Conference Uppsala, 9th – 15th August 2009.


 

Sites, revistas eletrônicas e recursos digitais:

Scandinavian Archaeologyonline based popular science magazine, 2020-2022.

Danish Journal of Archaeology, 2012-2022.

Norwegian Archaeological Review, international journal, 1968-2022.

Current Swedish Archaeology, peer-reviewed journal, 1993-2021.

Challenges of the Past: Experimental Archaeology in Lejre, Youtube, 2014.

Danish Archaeology in a Globalised and Politicised World, Flemming Besenbacher, Youtube, 2016.

Rescue Archaeology in Scandinavia (European Association of Archaeologists), Youtube, 2021.

Recording Archaeology, Open Past, Youtube, 2010-2022.

European Association of Archaeologists, Youtube, 2016-2022.

European Archaeology Channel, Youtube, 2013-2022.


Apoio:

PPGH-UFRN (Programa de Pós Graduação em História da UFRN)

PPGCR-UFPB (Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da UFPB)

ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais)


Equipe técnica

Lorenzo Sterza (website/inscrições)

Sandro Teixeira Moita (Zoom)

Monicy Araújo (monitoria/secretaria)