MITOS NÓRDICOS NA DINAMARCA: GUIA
ICONOGRÁFICO
Prof.
Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)
A
Dinamarca é um dos países escandinavos com um dos maiores acervos sobre a
antiguidade nórdica e alguns dos mais interessantes materiais sobre Mitologia
Nórdica. A seguir repassamos algumas destas fontes, separadas por região e
cidade.
1. JUTLÂNDIA
Thor pescando a serpente do mundo. Pedra pintada da Igreja de Hørdum, Koldby (Thorvej 25A, Snedsted, 20km ao sul da cidade de Thisted), norte da Jutlândia.
Descoberta em 1954 durante a restauração da igreja, trata-se da imagem mais
antiga de uma das mais populares iconografias sobre o deus Thor, datada entre
os séculos VIII e IX d.C. A igreja data de 1170 e fontes antigas descrevem que
originalmente o local era dedicado ao culto de Odin e Thor.
Pedra de Snaptum, Museu Moesgaard (Moesgaard Allé 15, Aarhus),
Jutlândia. Descoberta em 1950 e datada do ano mil, acredita-se que tenha sido
originalmente uma pedra de lareira. O bocal de um fole seria inserido no buraco
da frente da pedra. O ar soprado faria com que as chamas saíssem pelo topo. A
imagem representa um ser masculino com a sua boca costurada – algo associado
nas fontes com o deus Loki e este estava relacionado ao fogo. É a principal
atração da seção viking do museu, dispondo inclusive de bancada frontal para
poder contemplar a peça com mais atenção.
As três nornas. Escultura contemporânea (autoria desconhecida) realizada para o Centro Viking de Ribe (Lustrupvej 4, Ribe, Dinamarca), representando Urðr, Verðandi e Skuld.
2. ZELÂNDIA
Pingente de Lejre, Lejre Museum (Orehojvej 4B, Lejre) Uma das mais impressionantes descobertas arqueológicas nórdicas das últimas
décadas. Trata-se de um pequeno mas importante amuleto, contendo o deus Odin
sentado em seu trono, tendo ao lado quatro animais, dois corvos e dois lobos. É
a principal atração do museu, que dispõe de recentes tecnologias visuais para
detalhar todos os ângulos e detalhes do objeto.
Pedra rúnica de Snoldelev (DR 248), Museu Nacional da Dinamarca (Ny
Vestergade 10, Prinsens Palæ DK-1471, Copenhague). Pedra rúnica
datada do século IX, contendo a representação de uma suástica e um símbolo com
três cornos entrelaçados – este último pode estar associado ao mito em que o
deus Kvasir é morto pelos anões Fjalarr e Galarr e seu sangue é disposto em
três vasilhames e depois misturado para fabricar o hidromel. Ambos os símbolos
estão associados diretamente com o deus Odin. No fundo da suástica, quase
imperceptível, está gravada outro símbolo mais antigo, uma roda solar.
Carro solar de Trundholm, Museu Nacional da Dinamarca (Ny Vestergade
10, Prinsens Palæ DK-1471, Copenhague). Objeto
encontrado em um pântano em 1902, sendo um artefato da Idade do Bronze, datado
de 1400 a.C. Representa um cavalo puxando uma carroça com um disco solar, um
antecessor do cavalo Skinfaxi da mitologia nórdica. A sala onde está exposto
possui efeitos de claro e escuro, imitando o dia e a noite, acompanhado de uma projeção
automática com uma animação reconstituindo a cosmologia germano-escandinava.
Pingentes de valquírias. Museu Nacional da Dinamarca (Ny Vestergade
10, Prinsens Palæ DK-1471, Copenhague). Dois pingentes de
valquírias, um representando duas mulheres armadas e ao lado de um cavalo,
enquanto outro pingente apresenta a versão domesticada: uma mulher vestindo
longas vestes e protando hidromel em sua mão. Ao lado esquerdo, um conjunto de
três imagens masculinas, possivelmente representando deidades ou seres
sobrenaturais.
Audumla e Ymir, pintura de Nicolai Abraham Abildgaard (1777),
Museu Nacional de Artes da Dinamarca (Sølvgade 48-50, Copenhague). Uma das
mais icônicas e representativas obras de arte do ocidente a representar mitos
nórdicos. Representa a vaca primordial alimentando o gigante Ymir, enquanto Búri
surge do gelo logo atrás. A tela é bem pequena, mas possui um grande destaque na exposição, devido ao seu conteúdo temático.
O festin de
Aegir (Ægirs Gjæstebud, de Constantin Hansen
(1861). Museu Nacional de Artes da Dinamarca (Sølvgade 48-50, Copenhague). Famosa pintura retratando o banquete do Lokasenna, tendo o deus Thor como
principal elemento figurativo, ao centro do quadro, portando seu martelo,
enquanto Loki surge em primeiro plano.
Friso do
Ragnarok, Hermann Ernest Freund (1825-1827), Museu Nacional de Artes da Dinamarca (Sølvgade 48-50, Copenhague). Uma das mais grandiosas esculturas sobre Mitologia
Nórdica, originalmente composta por Freund para o palácio Christiansborg, mas foi
destruído parcialmente por um incêndio em 1884. Partes do friso são expostos no
Statens Museum for Kunst.
A morte de Balder, Christoffer Wilhelm Eckersberg (1817), Real Academia Dinamarquesa de Artes (Philip de Langes Allé 10, Copenhague). Uma icônica pintura, altamente influenciada pelo nacionalismo dinamarquês. Atualmente não encontra-se exposta, sendo parte do acervo da Academia Dinamarquesa Real de Belas Artes (Det Kongelige Danske Kunstakademis) em Copenhague.
Gefion (1882), Lorenz Frølich, Frederiksborg Slot, Dinamarca. Pequena mas impressionante pintura a óleo da deusa Gefion. Ao contrário da escultura de Bundsgaard, a deusa possui uma ramo de bétula (assim como vários dos pequenos acompanhantes), uma planta sagrada para os povos do norte da Europa.
Fonte de Gefion (Gefionspringvandet, Churchillparken 1263,
Copenhague). Esculpida por Anders Bundgaard em 1908, a fonte foi encomendada
pela fundação Carlsberg. A escultura representa a deusa Gefion, associada coma
criação mítica da ilha da Zelândia e cuja narrativa foi preservada pelo poema
escáldico Ragnarsdrápa e pela Ynglinga saga de Snorri Sturluson. A
escultura representa a deusa de modo extremamente soberbo e poderoso,
conduzindo quatro touros vigorosos. A indumentária da deusa foi influenciada
pelas descobertas arqueológicas oitocentistas, como o detalhe da sua tiara, de
modelo da Idade do Bronze, cujos vários exemplares estão expostos no Museu
Nacional da Dinamarca. A fonte localiza-se bem próxima da estátua da pequena
sereia, a principal atração turística de Copenhague.
Valquiria, escultura de Stephan Sinding, Churchillparken/Kastellet
(Gl. Hovedvagt, Kastellet 1, 2100, Copenhague). Estátua executada em Paris em
1908, baseada num desenho de 1872. Uma pequena versão em bronze está em
exibição na Ny Carlsberg Glyptotek, também em Copenhague.
A batalha de Thor contra os gigantes, Ny Carlsberg Bryghus (Gamle Carlsberg Vej
111799, Copenhague) Escultura de Carl Johan Bonnesen para a cervejaria Carlsberg, realizada em
1901. Trata-se de uma majestosa obra, apresentado o deus Thor em uma vigorosa
posição de batalha contra os gigantes. A escultura foi influenciada pela
pintura Thor de M. Winge (1872) e apresenta o filho de Odin como uma divindade
solar e ariana, dentro dos critérios oitocentistas. Seguindo também essas
tendências artísticas, Bonnesen inseriu grandes suásticas nas rodas e pequenas na
parte superior da biga (no quadro de Winge este símbolo está no cinto da
deidade).
Odin,
escultura de Hermann Ernest Freund (1829), Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads
7, Copenhague). O primeiro artista dinamarquês a esculpir obras sobre mitologia nórdica, todas
inspiradas na estética classicista.
Thor,
escultura de Hermann Ernest Freund (1828-29), Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes
Plads 7, Copenhague).
Loki,
escultura de Hermann Ernest Freund (1822). Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads
7, Copenhague).
Valquíria, escultura de Herman Wilhelm Bissen (1858). Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads 7, Copenhague).
Idunna, escultura de Herman Wilhelm Bissen (1858). Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads 7, Copenhague).
Brunhilde, escultura de Herman Wilhelm Bissen (1857). Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads 7, Copenhague).
Ingeborg, escultura de Herman Wilhelm Bissen (1857). Ny Carlsberg Glyptotek (Dantes Plads 7, Copenhague).
3. FIÔNIA
A batalha de Thor contra os gigantes (Thors kamp med Jætterne), outra estátua do
escultor Carl Johan Bonnesen, realizada em 1918. A escultura foi encomendada
por Harald Plum e vendida para a fábrica Hastrup, onde localiza-se atualmente (Næsbyvej
20, Odense). Ao contrário de sua obra da cervejaria Calsberg, esta estátua não
apresenta elmo germânico nem capa, sendo muito mais dentro dos padrões
estéticos neoclássicos: tanto o deus quanto os gigantes foram representados nus,
com formas extremamente musculosas e vigorosas.
Thor med Midgårdsormen (Thor e a serpente do mundo). Maravilhosa escultura de bronze da artista dinamarquesa Anne Marie Carl-Nielsen, realizada em 1887 para um concurso público de fontes. Ela retrata com muito vigor o confronto do deus contra a serpente do mundo, ainda muito influenciada pelo neoclassicismo. Ela também realizou uma versão menor da mesma cena e ambas as esculturas estão atualmente no Odense Bys Museer (Overgade 48, 5000 Odense, Dinamarca).
O poço de Ymir (Ymerbrønden), de Kai Nielsen (1913), Faaborg Museum (Groennegade 75, Faaborg). Ao contrário de Abildgaard, a obra de Nielsen
apresenta um Ymir muito mais contemporâneo: aqui o gigante possui um corpo
maior do que a vaca primordial, mas a sua posição é de submissão, ficando
deitado com a cabeça totalmente abaixo do animal.
Bibliografia:
BOYER,
Régis. Héros et dieux du Nord: guide
iconographique. Paris: Flammarion, 1997.
Danish Prehistory. Copenhagen: National Museum of Denmark,
2016.
Follow the vikings: highlights of the viking world. Uppsala:
Almqvist, 1996.
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LANGER,
Johnni (Org.). Dicionário de Mitologia
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LAURING,
Palle. A History of Denmark.
Copenhagen: Host, 2016.
Vikings in Denmark: a travel guide. Kobenhavn: Politikens
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Vikingernes Aros. Aarhus: Moesgard Museum, 2005.
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Kobenhavn: Nationalmuseet, 2013.