O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

A história da suástica no site da BBC Brasil

Um recente artigo da jornalista Kalpana Sunder, traduzido pela BBC Brasil, resgata a história da suástica: Suástica: como símbolo religioso se tornou emblema do nazismo. A matéria é bem escrita e apresenta uma boa síntese dos significados culturais do dito símbolo. Mas também apresenta alguns pequenos problemas:

1. Não existem evidências objetivas de que a suástica seja o símbolo do martelo do deus Thor na Escandinávia antiga. Possivelmente ela foi um elemento apotropaico na cultura material móvel, bem como conectada a outros elementos da ideologia da aristocracia-guerreira - e neste caso, muito mais relacionada a Odin.

2. Faltou uma perspectiva mais diacrônica e sistemática na história do símbolo, talvez pela ausência de bibliografias. Até o início do nazismo no século XX, podemos pontuar no Ocidente a história da suástica em três vertentes bem definidas - o seu uso como objeto apotropaico no cotidiano material (de vasos cerâmicos na antiguidade até chaveiros da Coca Cola); como símbolo religioso (e especialmente na arquitetura e em contextos fúnebres) nas três grandes religiões monoteístas (Judaismo, Cristianismo e Islamismo); como elemento de identidade em ideologias políticas e raciais (especialmente na denominada "raça ariana") desde os anos 1860. Este último elemento, fundamental para se entender a recepção da suástica na Alemanha, está ausente do artigo da BBC. Para quem se interessar mais por essa visão histórica do símbolo, ver no canal da historiadora Juliana Cavalcanti o vídeo com a minha participação - "Propaganda n@zist@ e usos do passado:cristianismo e politeísmo".

Sobre a suástica na Escandinávia antiga: LANGER, Johnni. Suásticas, ritos e espacialidades. RBHR 15(44), 2022. 

Sobre as origens da suástica na Alemanha oitocentista: MEES, Bernard. The Science of the Swastika. Central European University Press, 2008.

Fotografia da capa: portal de entrada da cervejaria Carlsberg, Copenhague, com um dos elefantes da entrada ostentando suástica, esculpido originalmente em 1901.