O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Recriando a cerâmica da Era Viking


 
 
Recriando a cerâmica da Era Viking: uma atividade  em Arqueologia experimental.

 Profa. Dra. Luciana de Campos
Pós-doutoranda em Educação pela UFPB
NEVE/Northern Women Arts Collaborative
 
Nos últimos vinte anos foi crescente o número de pesquisadores que se dedicaram a desenvolver atividades em diversos centros de estudos que envolvem a Arqueologia experimental. Essas atividades muitas vezes contam com a colaboração de leigos que, mesmo não estando ligados a nenhum centro de pesquisa envolvem-se nos experimentos graças ao contato estreito com os pesquisadores, leituras de publicações e estudos da área, proporcionando assim uma interatividade onde todos os envolvidos são beneficiados.
Em Dublin (Irlanda), no campus da University College Dublin há a o Centro de Arqueologia Experimental e Cultura Material da Escola de Arqueologia que se dedica à pesquisa experimental tanto no ensino de graduação como de pós-graduação. No espaço do campus universitário são reconstituídos não só elementos da cultura material da Idade do Bronze e do Ferro (incluindo a Era Viking) tais como copos, pontas de lanças, mas também casas, utensílios agrícolas e até pequenos campos arados. O espaço é dirigido pelo PhD Aidan O’Sullivan e conta com a colaboração de outros pesquisadores como a Dra. Aoife Daly (Universidade de Copenhagen, Dinamarca), uma das maiores referências mundiais em dendrocronologia.
Além de contar com a colaboração de pesquisadores renomados, o Centro de Arqueologia Experimental da UCD mantém parceiras com o grupo recriacionista escandinavo “Hands on History” e um dos seus integrantes é um mestre egresso do programa de pós-graduação em Arqueologia experimental.Incentivando a parceira entre pesquisadores e entusiastas o Centro procura mostrar como a Aqueologia experimental é uma ferramenta útil para o processo ensino-aprendizado de crianças e jovens em idade escolar e, também é importante para a divulgação das pesquisas, abrindo suas portas para todos os interessados, mostrando que o conhecimento é para todos, sem distinções - como infelizmente ainda podemos observar em alguns centros de pesquisas do Brasil, que se fecham para os interessados mas que  não possuem vínculos ou títulos acadêmicos.
Uma experiência com a Arqueologia experimental que se concentrou na reconstituição de potes e utensílios da Era Viking foi realizada no início de junho em uma propriedade em Nuanda, no estado de Nova York e foi conduzida por arqueólogos experimentais amadores que contando com a sua experiência, anos de estudo e o apoio de pesquisadores conseguiram com sucesso, reconstituir peças cerâmicas da Era Viking.
Utilizando materiais semelhantes aos que eram usados na Era Viking, como madeira, palha e estrume, Andrea Glass, Thorsol Solinauga, e Gail Hope Kellog trabalharam durantes alguns dias confeccionando as peças em argila, pratos, copos e terrinas e, depois aplicaram resina vegetal em casa uma antes de leva-las para a queima. Para o forno que abrigaria as peças, foi aberta uma cova que foi forrada com madeira e selada com argila para reter ainda mais o calor. No “leito” da cova foi espalhado o carvão e o estrume e, logo depois foi colocada a lenha e as peças foram cuidadosamente cheias com palha e madeira e foram justapostas e, depois cobertas com mais madeira a fim de que o calor do fogo queimassem cada peça por todos os lados. O fogo eram constantemente alimentado para que a temperatura se mantivesse a mesma por muitas horas a fim de que todas as peças fossem cozidas. O processo de queima levou mais de doze horas e, assim que o fogo deixou de ser alimentado as brasas foram esfriadas naturalmente e foram mais dois dias para isso pois se a temperatura fosse baixada com qualquer tipo de resfriamento artificial as peças se quebrariam.
Um vídeo de vinte e cinco minutos foi feito sobre essa experiência bem sucedida de reconstituição de cerâmica da Era Viking mostrando que leigos quando estão em parceria séria e comprometida com acadêmicos igualmente sérios conseguem reproduzir os mais variados artefatos, utilizando técnicas e materiais que são semelhantes àqueles utilizados na Era Viking.
Este experimento mostra que atividades como a Arqueologia experimental pode fazer parte de uma nova proposta de Educação museológica, onde a teoria e a prática estão aliadas e concede espaço e visibilidade aos recconstrucionistas sérios e comprometidos que trabalham para que a pesquisa científica desenvolvida em laboratórios e universidades extrapolem seus muros e se tornem, cada dia mais presentes no cotidiano de todos.
 
Vídeo: Viking Pottery Pit Firing


 
 
 
Site do grupo recriacionista Hands on History.