O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Os simbolismos animais do filme O homem do Norte (2022)


Os simbolismos animais no filme O Homem do Norte (2022)

 

Leandro Vilar de Oliveira/NEVE

Doutor em Ciências das Religiões pela UFPB


A mais nova produção do diretor Robert Eggers, O Homem do Norte (Northman) traz uma clássica narrativa de tragédia e vingança, baseada na história do príncipe Amleth, que teve seu pai traído e morto pelo tio, e ele foi sentenciado a morte. Porém, Amleth escapa e anos depois retorna para se vingar e recuperar seu reino. Esse enredo ficou bastante conhecido através da adaptação feita por William Shakespeare em sua peça Hamlet (1603). No entanto, a versão cinematográfica consiste numa colaboração de Robert Eggers e o escritor islandês Sjón (Sigurjón Birgir Sigurðsson).

Entretanto, em meio a diversidade de elementos da cultura material e imaterial apresentados no filme, destacam-se os ritos religiosos e algumas crenças religiosas e mitológicas. No entanto, alguns animais se revelam presentes na trama, alguns com maior destaque do que os outros. Porém, a presença desses animais possui um significado simbólico para o filme, revelando camadas ocultas de interpretação, as quais somente são perceptíveis para espectadores mais familiarizados com questões religiosas, mitológicas e culturais dos povos nórdicos da Era Viking (sécs. VIII-XI).

Dessa forma, o presente texto traz alguns comentários sobre o simbolismo dos animais que apareceram no filme, os quais representam ideias e conceitos que complementam a narrativa ou representam crenças e hábitos daquela época.

O corvo

O primeiro animal que recebe destaque no filme são os corvos, aves de rapina conhecida por sua coloração preta e associados a lendas e mitos no Hemisfério Norte, em alguns casos, os retratando-os como aves de mau agouro. No entanto, na cultura nórdica da Era Viking, os corvos não necessariamente tinham uma conotação ruim, mas eram aves associadas com a guerra, pois devido a terem hábitos carniceiros, não era incomum num campo de batalha, cheio de cadáveres recentes, avistar alguns corvos ali. (JENNBERT, 2009).

Por outro lado, corvos também são animais observadores, inteligentes e até conseguem repetir algumas palavras. No caso da mitologia nórdica, os corvos mais famosos eram Hugin e Munin, ambos pertenciam a Odin, sendo usados pelo deus para espionar o mundo, coletando informações diversas e depois eles iam relata-las ao Pai de Todos. Neste aspecto, Hugin e Munin não invocam simbolismos ruins ou marciais, mas estão associados a inteligência, ainda mais, considerando que seus nomes significam Pensamento (Hugin) e Memória (Munin). (LINDOW, 2001).


Imagem 1: Corvos rodeiam Amleth.


No entanto, os corvos também possuíam um simbolismo marcial, algo que advém sobretudo de dois aspectos: o primeiro, era sua associação com os campos de batalha, atuando como carniceiros, o segundo, era o fato de Odin, uma divindade associada com a guerra e os guerreiros, possuir dois corvos de estimação. O próprio deus também era conhecido pelo epíteto de Hrafnaguð (deus-corvo).

O filme se inicia com dois corvos sobrevoando o mar, o que pode ser uma alusão a Hugin e Munin. Além disso, o personagem do rei Aurvandil (Ethan Hawke) é conhecido pelo epíteto de Corvo de Guerra (War-Raven), algo que claramente evoca o simbolismo da marcialidade. E em distintos momentos da trama, o protagonista Amleth (Alexander Skarsgård) avista corvos e ele considera que tais aves seriam presságios de seu pai, o qual vigiava por ele.

Mas também poderia ser um sinal de Odin, pois Hugin e Munin costumavam observar a humanidade, e algumas narrativas contam que Odin intervia para ajudar alguns guerreiros estimados. E como a trama embasa-se na questão da vingança e do destino, é algo que faz sentido, considerando que Amleth ao aceitar seu destino, esperava se mostrar digno de ir para Valhalla, o salão de Odin. Por conta disso, os corvos o observando era sinal de que o deus dos guerreiros o avaliava. Inclusive há uma cena importante no filme, em que sugere claramente que o deus poderia ter auxiliado o personagem para dar continuidade ao seu destino.

O lobo

Outro animal marcante na trama são os lobos. Embora esses canídeos não apareçam propriamente, mas são retratados simbolicamente através dos gestos dos guerreiros, os quais andam de quatro, uivam e rosnam, e alguns deles usam peles de lobo.

Na cultura nórdica o lobo era um animal que possuía um simbolismo ambíguo, pois poderia representar algo bom ou ruim. Na mitologia isso é perceptível nas figuras de Fenrir, Skoll e Hati, em que esses três lobos durante o mito do Ragnarök, matam alguns deuses e contribuem para o caos no mundo. Neste aspecto, esses lobos simbolizam ameaça, violência, punição, sofrimento e destruição. (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2017).

Por sua vez, nos mitos também se informa que Odin possuía dois lobos de estimação, chamados de Geri e Freki, os quais se comportam mais como cães do que lobos. No entanto, esses dois animais não possuem expressividade na mitologia escandinava, mas a condição de serem bichos de estimação de um deus ligado a guerra, reforça sua conexão com a mesma.

No campo sociocultural, os lobos simbolizam força, bravura e ferocidade, atributos evocados e desejados pelos guerreiros, condição essa que alguns guerreiros utilizavam mantos de pele de lobo, sendo chamados de ulfhdinn (ulfheðnar no plural), os quais invocariam através de ritos o espírito guerreiro do lobo. Na Volsunga saga (Saga dos Volsungos) temos o caso do rei Sigmund e seu filho Sinflioti, os quais usam capas de pele de lobo para atacar inimigos numa floresta, massacrando-os. (SIMEK, 2007a).

E essa ideia é retratada no Homem do Norte, no segundo ato do filme, quando Amleth e seus companheiros de armas, participam de um rito marcial noturno, usando capas feitas de pele de lobo, e eles rosnam e uivam. E no dia seguinte, quando ocorre o ataque à uma vila eslava, eles lutam com selvageria.


Imagem 2: Amleth como um ulfheðinn. 


Algumas narrativas citam ulfheðnar e berserkir participando de ritos marciais para entrar em transe e serem possuídos por um furor animal. Mas não há descrições de como isso seria feito, em que contexto eram executados, e quem poderia participar, além de que não é possível precisar a historicidade de tais ritos.

No entanto, é perceptível que o lobo no contexto do filme invoca também um simbolismo ambíguo, pois além de representar valores marciais, ele também representa a violência desmedida, algo apresentando no ataque à vila na terra dos Ru’s.

 

O urso

O urso é outro animal totêmico associado com a guerra, mas diferente do corvo e do lobo, ele não aparece no filme de forma clara. Embora possa se sugerir que alguns guerreiros do grupo que Amleth fazia parte, usariam peles de urso, e assim, seriam berserkir, entretanto, o maior destaque para o urso se encontra no epíteto do próprio protagonista, o qual é algumas vezes referido como Björnulfr (Urso-Lobo).



Imagem 3: Guerreiros num rito marcial.


Neste nome observa-se a combinação das características do urso e do lobo. No caso da mitologia escandinava, ursos praticamente não aparecem nos mitos, não sendo animais expressivos como o lobo. Já nas sagas, citam ursos como animais a serem caçados ou se reportam a eles quando citam os berserkir, guerreiros que faziam uso de peles de urso, os quais entravam num frenesi selvagem. A Ynglinga saga (Saga dos Ynglingos) sugere que Odin concederia esse estado alterado a tais guerreiros. (DUBOIS, 2012).

A ideia dos berserkir é similar aos do ulfheðnar, em que nos dois casos os guerreiros através de ritos, incorporavam o furor marcial desses animais, entrando num estado de brutalidade desmedida. (OLIVEIRA; SILVA, 2020).

As próprias sagas como Egil saga (Saga de Egil) chega a relatar que os berserkir podiam se descontrolar quando estivessem em estado de berserkgangr. (OLIVEIRA; SILVA, 2020). Uma ideia do tipo é vista no ataque à vila dos Ru’s, em que determinado momento Amleth golpeia um guerreiro, derrubando no chão e depois morde sua garganta como se fosse um animal. Nesse aspecto, o urso no contexto do filme também representa valores marciais como força, bravura e ferocidade, mas também a violência selvagem.

O cão

O cachorro foi um dos animais domésticos mais comuns na Escandinávia, desde a Antiguidade, sendo usado para a caça, a proteção e a companhia. No entanto, os nórdicos usavam cachorros também em ritos funerários, sacrificando-os. (JENNBERT, 2009).

No caso do filme, os cães se destacam em dois momentos na trama. O primeiro ocorre quando Amleth e seu pai participam de um rito iniciático conduzido por Heimr (Willem Dafoe). O ritual ocorre numa caverna abaixo de um templo, tendo um aspecto sujo e sinistro, pois rei e príncipe estão seminus, eles uivam e rosnam. Durante o processo, Heimr pergunta se o jovem Amleth (Oscar Novak) era um cachorro ou lobo?

A pergunta é interessante, pois remete a questão simbólica. Lobos representam o canídeo selvagem, mas o cachorro é o canídeo domesticado. O cão para os antigos nórdicos era animal que simbolizava guarda e lealdade, características compartilhadas com outros povos também. (JENNBERT, 2009). No entanto, a pergunta do feiticeiro remete a condição de que no contexto do filme, o cachorro representa lealdade e submissão.


Imagem 4: Aurvandil e Amleth durante um rito iniciático.


Isso fica mais claro quando conectamos a pergunta a fala da rainha Gudrun (Nicole Kidman), que anteriormente pergunta ao filho se ele seria um chefe como o pai ou um filhotinho, aqui a palavra filhotinho remontaria a ideia de ser um cachorrinho, de ser alguém submisso, mas um rei não deve ser submisso.

Em outro momento no filme, quando Amleth já inicia sua vingança, cogumelos são usados para intoxicar a comida dos guardas e cães da fazenda do tio dele, o usurpador Fjölnir (Claes Bang). Durante à noite, homens e animais devido aos efeitos alucinógenos causados pelos cogumelos, entram em desespero e ficam agressivos. Os guardas ficam desorientados, mas os cães se rebelam contra seus donos.

O acontecimento simbolicamente serve para quebrar a ideia dos cachorros como animais leais e protetores, retratando-os como ameaças. E isso combina com a proposta do enredo, já que ele aborda traição e vingança. Sendo assim, Amleth coloca cães e mestres, um contra o outro.

O cavalo

Cavalos aparecem em distintos momentos. No entanto, para além de serem meios de transporte e tração, na cultura escandinava da Alta Idade Média, cavalos eram animais associados a questões sociais e religiosas. Em determinadas épocas os cavalos estavam entre os animais associados com a elite, assim como, os falcões, águias e cães de caça. Logo, ter muitos cavalos era sinal de status. (SIMEK, 2007b).

Por outro lado, os equinos também era animais usados em sacrifícios. A prática de sacrificar cavalos e até de consumir sua carne, foi algo comum na Escandinávia da Era Viking e antes desse período. Por serem animais associados com status social, ser enterrado com um cavalo era algo prestigioso, não sendo prática destinada a qualquer um. (JENNBERT, 2009).

No entanto, o uso de cavalos em sacrifícios funerários também era algo que remontava ideias encontradas na própria mitologia. O deus Balder foi cremado em seu navio com seu cavalo, o herói Sigurd, em algumas versões do mito, foi também cremado com seus cavalos e cães de caça. Na mitologia também temos a condição de que Odin e Hermord usam Sleipnir para viajar à Hel, um dos mundos dos mortos, estando esse situado no subterrâneo. (OLIVEIRA, 2020a).

Por conta disso, o cavalo foi um animal considerado também um psicopompo (condutor de almas), pois ele seria uma montaria para os vivos e para os mortos (DUBOIS, 2012). Essa condição é encontrada no filme, já próximo do final, quando durante um velório, um cavalo é decapitado e seu corpo é estirado ao lado dos corpos, servindo de sacrifício para auxiliar aquelas almas a encontrarem o caminho na outra vida.


Imagem 5: Cena com cavalo

A raposa

A presença da raposa no filme é também sutil como do cavalo, embora mais explícita do que a do urso, serpente e cisne. O pequeno animal aparece brevemente já na Islândia, enquanto Amleth vivendo na fazenda de seu tio, sob disfarce de escravo, procura meios para executar sua vingança. Em alguns momentos, ele ouve alguns dos moradores reclamarem que uma raposa azul estava matando as galinhas. Até que certa noite ele se depara com a raposa e ela sugere que ele a seguisse.

As raposas são animais sem influência na mitologia nórdica, e na cultura escandinava da Era Viking, eram principalmente lembradas como um incômodo para os criadores de aves domésticas, além de serem cobiçadas por sua pele. (JENNBERT, 2009).

Mas o que a raposa azul do filme poderia significar? Neste aspecto se trataria mais de uma intervenção de roteiro do próprio Sjón, um dos roteiristas do filme, o qual escreveu o livro Skugga-Baldur (2003) traduzido para o inglês como The Blue Fox (2008). No Brasil, o livro foi intitulado A raposa sombria (2014). O livro consiste numa narrativa de fantasia em que uma raposa de pelagem cinza-azulada guia um pastor de volta para sua casa, numa típica jornada de obstáculos. Dessa forma, Sjón aproveitou essa ideia de seu livro e a inseriu no filme O Homem do Norte, colocando a raposa azul para auxiliar Amleth.



Imagem 6: A raposa que guia Amleth.


Apesar da referência ao livro de Sjón, o próprio autor se baseou no folclore para usar a raposa. Na religiosidade escandinava referenciada em algumas sagas, encontramos informações sobre espíritos os quais assumiam a forma de animais como os landvættir e as fylgjur. Os primeiros são espíritos da natureza, mas os segundos são espíritos protetores.

As fylgjur (fylgja no singular) são espíritos que podem assumir a forma de mulheres jovens ou de animais. Tais seres costumam ser citados mais nas sagas no que nas Eddas. Esses espíritos atuam na proteção individual ou de uma família. Existem diferentes interpretações para as fylgjur, em que em alguns casos avistá-las era um mau presságio, pois significaria morte; por outro lado, ver sua fylgjur poderia significar que ela estaria ali para avisar sobre um perigo iminente ou oferecer ajuda. (TURVILLE-PETRE, 1964).

No caso, as fylgjur poderiam se transformar em animais diversos como águias, falcões, ursos, lobos, cavalos, bodes, raposas, serpentes etc. (MUNDAL, 1993). Por tal perspectiva, a raposa que aparece no livro de Sjón e no filme visivelmente possui referência a essa ideia de ser um animal auxiliador, algo visto na crença da fylgja-animal.

A serpente

O caso da serpente é similar ao do urso e do cisne, pois sua presença é bem breve. Mas se por um lado não temos um urso e um cisne que apareçam propriamente no filme, temos a cena em que uma cobra aparece. No entanto, no contexto do filme a serpente expressa dois significados distintos.

Primeiramente é preciso comentar que no contexto escandinavo a serpente também era um animal de significados ambíguos, podendo representar algo bom ou ruim. Por exemplo, nas Eddas é comum as serpentes estarem associadas com o perigo, o castigo, a morte, os mortos e a trapaça. Nas sagas as serpentes personificam também castigo, morte, desafio, traição, mas há casos em que elas aparecem como símbolo de proteção e boa sorte. (OLIVEIRA, 2020b).

O primeiro momento também é relativo a Aurvandil e Fjölnir, em que o rei indignado com a traição do irmão, mas sem mostrar fraqueza, pede que ele terminasse com aquilo e cravasse sua espada como se fosse uma serpente. Aqui temos um caso interessante, que é o uso da palavra serpente (ormr em nórdico antigo) como metáfora para armas. Isso é mais comum nas sagas, em que encontramos a palavra serpente como metáfora para espada, lança, perfuração, estocada, batalha, morte etc. (BRUNNING, 2015).

O segundo momento ocorre quando Amleth conversa com um feiticeiro, o qual recomenda que o príncipe precisa conseguir uma espada chamada Draugr (morto-vivo), a qual estava guardada num túmulo. Após a explicação, o feiticeiro pega uma pequena cobra e a atira aos pés do guerreiro, esse ao olhar para o chão, nota que o animal virou uma corda. Aqui temos um exemplo interessante, pois serpentes eram animais associados com o subterrâneo e o mundo dos mortos, atuando como uma conexão entre ambos, e no caso do filme, a cobra se transformar numa corda, permitiu que Amleth desce-se ao túmulo.


Imagem 7: O feiticeiro segurando uma serpente.


O cisne

O último animal a ser citado, assim como, o urso, também não aparece no filme. A presença do cisne também é sutil e pode passar facilmente despercebida. Esse animal é representado na capa vermelha da valquíria, a qual possui penas dessa ave.

Na mitologia escandinava o cisne não é uma ave que possui grande destaque como no caso do corvo, da águia, do falcão e do galo. O cisne aparece raramente. No entanto, em algumas histórias essa ave branca possuía conexão com as valquírias, os espíritos responsáveis por conduzir as almas dos guerreiros mortos para o Valhalla e o Folkvang.

Primeiro, é importante salientar que nem sempre as valquírias aparecem como espíritos, há narrativas em que elas assumiam um corpo humano e viviam entre a humanidade, chegando a se casar. Algo do tipo é visto no poema Völundarkviða (Poema de Volund), o qual se narra a história do príncipe Volund, o qual era um hábil ferreiro e ourives, e que foi sequestrado pelo rei Níðuðr, e obrigado a trabalhar para ele. Na trama, o protagonista e seus irmãos se casam com valquírias que se transformavam em cisnes. (DALY, 2009).


Imagem 8: A capa da Valquíria com penas de cisnes.


O cisne para os antigos nórdicos simboliza o céu, mas estaria associado com o destino, algo visto nas valquírias, pois elas eram psicopompos que conduziam as almas dos guerreiros mortos. No Gylfaginning da Edda em Prosa, é informado que cisnes viviam no Poço de Urd, local onde habitavam as Nornas, as deusas do destino. Sendo assim, percebe-se que essa ave possuía uma conexão celeste e com o destino. (DALY, 2009).

E no caso do filme esse simbolismo duplo foi mantido, pois Amleth em um estado de alucinação, ele ver uma valquíria o conduzindo em seu cavalo, enquanto ela cavalga pelo céu noturno, iluminado por uma aurora, rumo aos portões de Valhalla. O que significava que seu destino havia se concluído.

 

Referências

BRUNNING, Sue. ‘(Swinger of) the Serpente of Wounds’: swords and snakes in the Viking Mind. In: BINTLEY; Michael D. J; WILLIAMS, Thomas J. T (eds.). Representing beasts in early Medieval England and Scandinavia. Woodbrige: The Boydell Press, 2015, p. 53-70. (Anglo-Saxon Studies 29).

DALY, Kathleen N. Norse Mythology A to Z. 3. ed. New York: Chelsea House Publishers, 2009.

DUBOIS, Thomas A. Diet and Deities. Contrastive livelihoods and animal symbolism in Nordic Pre-Christian Religions. In: RAUDVER, Catherine; SCHJØDT (eds.). More than Mythology: narrative, rituals pratices and regional distribution in Pre-christian Scandinavian Religions. Lund: Nordic Academic Press, 2012, p. 65-96.

JENNBERT, Kristina. Animals and Humans: Recurrent symbiosis in archaeology and Old Norse religion. Lund: Nordic Academic Press, 2009. (Vägar Till Midgård 14).

LINDOWN, John. Hugin and Munin. In: Norse mythology: A guide to the gods, heroes, rituals, and beliefs. Oxford: Oxford University Press, 2001, p. 186-188.

MUNDAL, Else. Fylgja. In: PULSIANO, Phillip; WOLF, Kristen (eds.). Medieval Scandinavia: An Encyclopedia. London: Routledge, 1993, p. 624-625.

OLIVEIRA, Leandro Vilar. O barco dos mortos: um estudo sobre o rito de cremação dos vikings. Caminhos, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 202-219, jan./abr. 2020a.

OLIVEIRA, Leandro Vilar; SILVA, Monicy Araujo. A fúria berserkr: a relação entre violência e religião no contexto da Religião Nórdica Antiga. Sacrilegens, Juiz de Fora, v. 17, n. 1, p. 276-301, jan-jun/2020.

OLIVEIRA, Leandro Vilar. A guardiã dos mortos: o simbolismo religioso da serpente em monumentos na Era Viking (sécs. VIII-XI). Tese (Doutorado em Ciências das Religiões), Universidade Federal da Paraíba, 2020b.

OLIVEIRA, Leandro Vilar; OLIVEIRA, Angela Albuquerque de. O simbolismo do lobo e da serpente no Ragnarök. Diversidade Religiosa, João Pessoa, v. 7, n. 1, p. 216-240, 2017.

SIMEK, Rudolf. Horse. In: Dictionary of Northern Mythology. Translated by Angela Hall. Cambridge: D.S. Brewer, 2007b, p. 157-158.

SIMEK, Rudolf. Úlfhđenar. In: Dictionary of Northern Mythology. Translated by Angela Hall. Cambridge: D.S. Brewer, 2007b, p. 338-339.

TURVILLE-PETRE, E. O. G. Myth and Religion of the North: The Religion of Ancient Scandinavia. Westport: Greenwood Press, 1964.


Videografia: