RESENHA DE THOR: RAGNAROK
Leandro Vilar
Doutorando em ciências das Religiões pela UFPB
Membro do NEVE
Após enfrentar a ameaça do
Destruidor em Thor (2011), salvar a
cidade de Nova York de uma invasão alienígena em Os Vingadores (2012), impedir que uma das Joias do Infinito caísse
nas mãos do sombrio Malekith em Thor: O
Mundo Sombrio (2013), e evitar que Ultron destruísse a humanidade em Os Vingadores: A Era de Ultron (2015), o
fim do mundo ocasionado pela profecia do Ragnarök, seria a maior ameaça que o
deus do trovão Thor estaria para enfrentar, ou pelo menos era o esperado pelos
leitores de quadrinhos, fãs dos filmes e a crítica cinematográfica, já que o
Ragnarök, antigo mito nórdico diz respeito a um tempo de guerras e cataclismos
que destruiria o mundo conhecido.
Entretanto, o terceiro
longa-metragem do deus nórdico do trovão da Marvel
Comics chega aos cinemas de forma bem diferente. Ao invés de se esperar por
um filme sério, sombrio e tenso, pois abordaria catástrofes, guerras, morte e
sofrimento, nos primeiro trailer de Thor
Ragnarok (2017), nos deparamos com um trailer frenético, que misturava
cenas de luta, perseguição, a aparição da deusa Hela, a qual destrói o
Mjöllnir, a queda de Thor em Sakaar, mais cenas de ação apresentando os demais
personagens até culminar na luta de Thor e Hulk. Tudo isso embalado pela música
Immigrant Song do Led Zeppelin,
primeira composição baseada em temática viking e mitológica nórdica de uma
grande banda de rock, a se tornar popular em 1970.
A
primeira vista poderíamos dizer que ação e lutas estavam presentes no filme,
porém, onde estavam as criaturas mitológicas que marcam o Ragnarök? Apesar de
que Surtur, Fenrir e Jormungand aparecerem em trailers posteriores, ainda
assim, havia certo receio quanto ao que esperar do Ragnarök. Nos trailers
posteriores começou a ficar cada vez mais visível que o filme teria um tom
leve, aventuroso e engraçado. Uma jornada espacial de queda e ascensão do
herói, bem inspirado no conceito de jornada do herói de Joseph Campbell. Apesar
de tal aspecto ser interessante, pois mostrou um Thor debilitado pela falta de
seu martelo, desacreditado pelos outros e por si mesmo, essa jornada do herói
não foi bem aquilo que se esperaria de alguém que estava para evitar o fim de
seu mundo.
O
terceiro longa-metragem do deus do trovão chega aos cinemas como um thriller
animado, extravagante, marcado com cenas de ação, luta, perseguição de naves,
mas recheado por doses de piada, as vezes bem excessivas. O Ragnarök nunca foi
tão divertido. Enquanto nos filmes anteriores havia uma dúvida da Marvel em definir o tom dos filmes do
Thor, se seriam filmes de ação, mitologia e ficção científica, sérios e menos
cômicos, pois o personagem nos quadrinhos apesar de ser simpático, nobre,
educado, nunca foi sarcástico e irônico como o Tony Stark, ou o Peter Parker,
ou o Stephen Strange, mas em Thor
Ragnarok, o protagonista definitivamente abraçou de vez toda a irreverência
do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). E essa mudança derradeira foi
apresentada a partir de várias referências dos quadrinhos.
A
primeira advém do visual. O planeta Sakaar que é pouco conhecido dos não
leitores de quadrinhos, o qual consiste num planeta ferro-velho, tornou-se o
cenário para homenagear o quadrinista, roteirista, desenhista e editor Jacob
Kurtzberg (1917-1994), mas conhecido pelo nome artístico de Jack Kirby, um dos
grandes nomes da Marvel Comics, que
inclusive ao lado de Stan Lee e Larry Lieber criaram o Poderoso Thor em 1962.
Em
homenagem ao centenário de Jack Kibry, Thor
Ragnarok visualmente lhe prestou várias homenagens a começar pelo logotipo
do título (ver imagem 1), que lembra os logotipos de marcas e filmes dos anos
70 e 80, além do visual colorido e extravagante do Grão-Mestre (Jeff Goldblum),
e de sua residência, um enorme arranha-céu que exibe as cabeças de seus
campeões como o Hulk, o Bill Raio-Beta e o deus Ares, e no interior os
ambientes são bem coloridos e extravagantes. É preciso lembrar que Kirby o qual
foi o desenhista de várias edições das hqs do Poderoso Thor, seus traços eram
bem exagerados concedendo uma forte presença de elementos futuristas nas
construções, objetos e trajes dos personagens. Algo que notamos neste filme,
especialmente na arquitetura de Sakaar e nos trajes de seus habitantes.
Inclusive
esse visual colorido e futurista, somado ao tom cômico do filme, levou alguns a
compararem com os filmes dos Guardiões da
Galáxia, lançados em 2014 e 2017, os quais introduziram no UCM essa equipe
pouco conhecida fora dos quadrinhos, embora que a formação da equipe no cinema
seja uma das várias versões que aparecem nas hqs. De qualquer forma os Guardiões da Galáxia tornaram-se filmes
de ficção científica espaciais bem cômicos, embora que nos quadrinhos
necessariamente essa equipe fosse tão engraçada. Ainda assim, essas comparações
sugeridas por fãs possui fundamento. Possivelmente haja de fato influência
destes filmes com a terceira aventura de Thor, que apresenta um tom bem
parecido.
Outras influências que estão presentes
no filme advêm de algumas histórias em quadrinhos, como Planeta Hulk (2006), na qual apresenta o gigante verde bem falante,
racional e que acabou sendo escravizado, tornando-se um gladiador em outro
planeta (ver imagem 2). O plot essa
história foi adaptado para o filme, inclusive é um dos pontos altos da trama
como sugerido nos trailers e entrevistas com os atores. Ver os dois Vingadores
se digladiando no Torneio dos Campeões (Contest
of Champions). Campeonato esse que também advém de outra hq, O Torneio dos Campeões (1982), história
na qual o Grão-Mestre desafia a Morte, num torneio que reúne alguns dos mais
poderosos lutadores do universo. Evidentemente que o torneio nos quadrinhos tem
uma escala bem mais colossal da qual aparece no filme.
Imagem 1: arte conceitual do embate entre Thor e
Hulk. Tal conflito foi baseado nas hqs Planeta
Hulk e O Torneio dos Campeões.
A presença de outros personagens no
filme como o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e o Executor (Karl Urban) são
também referências a estes personagens que aparecem em distintas histórias do
Thor. No caso Doutor Estranho, personagem apresentado no UCM em 2016, já havia
apresentado nas cenas pós-crédito uma ligação com os acontecimentos de Thor Ragnarok, entretanto, a presença do
Mago Supremo neste filme tornou-se uma forma do personagem ser relembrado, mas
também foi pretexto para momentos engraçados. Basicamente o Doutor Estranho fez
apenas uma participação especial, a qual se fosse retirada não teria feito
falta.
Quanto ao Executor, cujo nome
verdadeiro é Skurge, consiste em um dos vilões que já apareceu várias vezes nas
histórias do Poderoso Thor, inclusive fazendo parceria com a feiticeira
Encantor, para destruir o deus do trovão. No caso, o Executor é um vilão
carrancudo, bastante forte, petulante e agressivo. Porém, no filme temos uma
versão menos bruta e mais leve. Algo que descaracterizou o papel desse
personagem, que inclusive no filme nem se comporta como um vilão.
Além
dessas referências advindas da arte de Jack Kirby, das hqs Planeta Hulk, O Torneio dos
Campeões, e a presença de personagens como Doutor Estranho e o Executor, o
filme também se baseou nas histórias em quadrinhos que abordam o Ragnarök. Neste
caso vejamos o que consistiu este mito, para depois comentar como tais
histórias foram adaptadas pela Marvel para
suas revistas, para depois comentar como ficou essa adaptação no cinema.
Ragnarök é uma palavra que possui
distintas traduções, apesar de normalmente ser traduzida como "crepúsculo
dos deuses", hoje em dia os estudiosos preferem traduzir como
"julgamento dos deuses", "destino dos deuses",
"consumação dos poderes antigos" etc. Neste caso o mito do Ragnarök é
narrado em duas fontes medievais, cujos manuscritos mais antigos conhecidos
datam do século XIII, os quais tratam-se da
Edda Poética e da Edda em Prosa.
Nestes códices redigidos na Islândia, são apresentadas as profecias que
prenunciam essa época de guerra e catástrofe, assim como, também narram os
principais eventos dessa guerra e o que ocorrerá depois. Assim, o Ragnarök não é
o "fim do mundo" literalmente, mas é a destruição do velho mundo e o
surgimento de um novo. Podemos dizer que se trata de um período de renovação e
restauração.
Com isso, as Eddas narram distintas profecias que envolvem longos invernos,
guerras, fome, fratricídios, o assassinato de Balder, a prisão de Loki, sua
vingança, a morte dos deuses Sól e Mani, devorados pelos lobos Skoll e Hati, a
fuga de Fenrir de sua prisão, a saída da serpente gigante Jormungand das
profundezas do mar; a morte de alguns deuses como Odin, Thor, Freyr e Heimdall;
a marcha dos gigantes, a destruição causada pelo fogo de Surt etc. Esses são
alguns acontecimentos que marcam o conflito que ocorre durante o Ragnarök.
Entretanto não se pode esperar que essa mesma história fosse contada pela Marvel. A editora e seus autores fizeram
suas próprias versões. No caso, nos quadrinhos existem duas versões do
Ragnarök.
A primeira versão foi publicada
entre as edições 272 e 278 da revista O
Poderoso Thor, no ano de 1978, escrita por Roy Thomas e desenhada por John
Buscema e Tom Palmer (ver imagem 3). Das três versões produzidas pela Marvel Comics, essa do final da década
de 1970 é a mais próxima dos acontecimentos dos mitos, por trazer o maior
número de elementos que são narrados na mitologia nórdica a respeito do
Ragnarök. Mas evidentemente que adaptados para o século XX e o contexto sci-fi do quadrinho. Nesta versão, o
Ragnarök é iniciado por Loki, e conta com o apoio do gigante de fogo Surtur e
da deusa dos mortos Hela.
Imagem 2: Capa da revista The Mighty Thor #274 (1978). Nessa edição é contada a morte de
Balder, um dos fatores para o início do Ragnarök.
A
segunda versão foi publicada em seis volumes no ano de 2004, intitulada Thor Ragnarok, escrita por Michael Avon
Oeming e Daniel Berman, desenhado por Andrea Divito e colorido por Laura
Villari (ver imagem 4). Com traços
menos extravagantes e design atualizado para o século XXI, mas sem
descaracterizar o visual clássico dos personagens. Nessa nova versão sobre o
mito nórdico, os autores da revista trazem elementos mitológicos para contar a
origem do martelo Mjöllnir e outros acontecimentos passados até chegarem ao
Ragnarök em si. Enquanto a versão de 1978 mantinha um cenário de ficção
científica típico daquela fase, a versão de 2006 traz um cenário mais próximo
de épicos de fantasia. Nesta segunda versão apesar de Loki, Surtur e Hela serem
os principais vilões, existe algo a mais por traz de tudo isso, fato este que
concede uma originalidade a trama.
Imagem 3: capa de Thor Ragnarok, vol. 6 (2004)
Apresentada
as duas versões do Ragnarök da Marvel,
chegamos à terceira, a qual foi apresentada em formato de filme. A trama como
salientado anteriormente, consiste numa adaptação própria, inclusive de todas
as três é a que menos traz referências aos mitos. Ao invés de Loki e Surtur
serem os principais vilões, no filme, a deusa dos mortos Hela (Cate Blanchett)
torna-se a grande ameaça para Thor e o povo de Asgard. Ameaça essa tamanha ao
ponto de Hela destruir o Mjöllnir como visto nos trailers. Apesar de que nos
quadrinhos o Mjöllnir já foi destruído várias vezes, mas nunca antes por Hela.
Tal condição foi usada no filme como mecanismo para mostrar o quão poderosa era
essa vilã. Algo que realmente deu certo, pois Hela de fato é uma oponente
formidável, embora que ela tenha destruído o Mjöllnir facilmente.
Mas
além de destruir a poderosa arma de Thor e bani-lo acidentalmente para Sakaar,
a furiosa deusa que estava aprisionada não se sabe onde, pois o filme não
informa isso, surge em busca de vingança (ver imagem 5). Seu objetivo é
destruir Asgard e conquistar os Nove Reinos. Todavia, o Ragnarök não diz respeito
apenas à vingança de Hela, mas também a profecia na qual o gigante de fogo
Surtur irá destruir Asgard. Com isso, unindo-se estes dois poderosos inimigos,
Thor se ver em graves apuros.
Imagem 4: O visual de Cate Blanchett como Hela,
manteve-se fiel ao dos quadrinhos.
Evidentemente
que o deus do trovão neste terceiro filme é bastante testado, ao ponto de ter
seus poderes questionados e seu martelo destruído. Desprovido de sua arma,
desacreditado e ferido psicologicamente, Thor vai parar em Sakaar, onde é
capturado pela Valquíria, conhecida na região como Catadora 142 (Tessa
Thompson), sendo vendido como escravo de luta, para combater o Hulk, no Torneio
dos Campeões do Grão-Mestre. Enquanto boa parte da trama se desenrola em
Sakaar, onde Thor tenta escapar para impedir Hela, a outra parte da narrativa
se passa em Asgard, onde Hela massacra o exército asgardiano, e convoca seu
exército de mortos e o lobo gigante Fenrir. Heimdall que se tornou um rebelde tenta
salvar seu povo da morte.
Nota-se
por tais características como o Ragnarök do filme se difere das hqs. O deus
Balder, o Bravo que aparece em algumas histórias em quadrinhos, o qual está
relacionado com a profecia ragnoriakana, está ausente no filme, nem se quer ele
existe no UCM. Hela que é filha de Loki nos mitos e nas hqs, ganha uma nova
origem no filme, mudança essa importante para entender sua vingança e o seu
passado. Surtur que é o senhor de Muspellheim tem seu passado pouco revelado.
Jormungand a grande serpente marinha que várias vezes confrontou Thor nos
quadrinhos, no filme tornou-se um dragão irrelevante. Fenrir, o qual nos mitos
e nas hqs é outro dos filhos de Loki, tornou-se apenas um monstro sob comando
de Hela.
Outras
mudanças também são visíveis nesta terceira versão, mas além dessas diferenças
quanto ao material dos quadrinhos e mitológico, o próprio tom do filme também
se tornou mais leve e engraçado. As duas versões em quadrinhos apresentam um
Ragnarök mais sério e pautado na ação. Inclusive a versão de 2004 é mais
sombria do que a versão de 1978. Todavia, o filme tornou-se uma narrativa
espacial de ação e comédia. Um Ragnarök que apesar de gerar preocupação a Thor,
Heimdall e os asgardianos, acabou por perder sua imponência e temeridade para a
irreverência da trama.
No
entanto, não foi apenas o Filho de Odin que ganhou esse lado cômico, os demais
personagens como Loki, Valquíria, Executor o próprio Hulk ganharam tons mais
hilariantes. Loki nos quadrinhos é um personagem sonso, cínico, sarcástico,
maquiavélico e debochado. Embora tais características ainda foram perceptíveis
nos filme de Thor (2011) e em Os Vingadores (2012), em Thor Ragnarok (2017), Loki deixa de lado
sua vilania para se tornar um anti-herói sonso e engraçado. Porém, as maiores
mudanças foram visíveis com a Valquíria, o Executor e o Hulk. Comentamos
anteriormente como o Executor deixou de ser um vilão para se tornar um
coadjuvante descaracterizado de sua essência, o mesmo se deu com a Valquíria.
Uma
das polêmicas iniciais foi a mudança de cor da personagem, que nos quadrinhos é
branca e loura dos olhos azuis, para ser interpretada no filme por Tessa
Thompson, uma atriz negra (ver imagem 6). Apesar de ter havido reclamações nas
redes sociais e em sites de entretenimento por parte dos fãs, a Marvel não voltou atrás a respeito da
escala da atriz. Porém, além dessa mudança de visual, o próprio caráter da
personagem foi drasticamente alterado. Enquanto nas hqs ela é descrita como uma
mulher forte, audaz, nobre e honrada, tornou-se no filme uma personagem
ressentida pelas mágoas passadas, a qual para tentar esquecer sua tragédia,
largou-se ao vício da bebida. A ideia de uma Valquíria alcoólatra poderia ter
fornecido certa carga de dramaticidade à trama, mas pelo contrário, o fato da
Valquíria tornar-se uma caçadora de escravos para lutar na arena do Grão-Mestre,
uma briguenta e alcoólatra foram fatores para fazê-la ser mais um alívio cômico
do filme.
Imagem 5 - No filme a Valquíria além
de visual alterado, teve sua personalidade mudada também.
E no caso do Hulk isso foi uma grande surpresa, já que o personagem nos
quadrinhos e animações é conhecido por ser uma pessoa de poucas palavras,
apresentando-se revoltado, raivoso ou triste. No filme o Gigante Esmeralda
ganha ares mais leves e até engraçados. Ele fala bastante, mas boa parte de
suas falas possui um teor irônico ou cômico. O Hulk torna-se um brutamonte
ingênuo e pateta. Inclusive essa característica engraçada é vista também com o
Bruce Banner, o qual não costuma ser um personagem engraçado nas hqs, desenhos
e filmes.
Não
obstante, o fato de Loki, Hulk e Valquíria terem se tornado personagens
engraçados em Thor Ragnarok é ainda
mais reforçado pela paródia que eles fazem com os Vingadores (Avengers), quando Thor sugere chamar sua
equipe de os Vingativos (Revengers)
(ver imagem 7). Inclusive os Vingativos existem nos quadrinhos, mas assumindo
várias formações diferentes, porém, a formação no filme é inédita. E apesar da
luta dos quatro contra Hela e seu exército de mortos, ser uma das grandes cenas
de ação, como sugerida antecipadamente nos trailers, ainda assim, o viés cômico
do quarteto não deixa de ser percebido durante a viagem deles para Asgard.
Imagem 6: Neste cartaz do filme,
vemos os Vingativos sobre a ponte Bifrost, diante da ameaça da deusa Hela.
Nota-se pelo colorido do cartaz a influência da arte de Jack Kirby.
Por outro lado, a formação dos
Vingativos pôs de lado a velha equipe de Thor presente nos quadrinhos, a qual é
formada pelos guerreiros Fandral, Hogun, Volstagg, Lady Sif e Balder. Neste
caso, nos dois filmes anteriores, com exceção de Balder que não aparece os
demais estão presentes. Porém, neste terceiro filme, Lady Sif está ausente,
enquanto Fandral, Hogun e Volstagg fizeram apenas participações especiais. Neste
ponto, outra mudança também deve ser mencionada. Com a ausência de Lady Sif
(Jaime Alexander) do terceiro filme, além da personagem ser desfalque da antiga
equipe do Thor, sua presença como potencial romântico também está ausente.
Inclusive isso é algo que foi posto de lado. Enquanto nos dois filmes
anteriores se tentou formar um triângulo amoroso entre Thor, Sif e Jane Foster
(Nathalie Portman), em Thor Ragnarok a ideia foi abandonada. Nenhuma das
personagens aparece, e o protagonista não tem preocupação em protegê-las o dividir
seu tempo com as mesmas.
Entretanto,
não foram todos os personagens do filme que ganharam personalidade mais animada
ou foram excluídos da trama. Odin (Anthony Hopkins) apresenta-se bem sério como
de costume. Heimdall (Idris Elba) também manteve sua seriedade, inclusive ele
aparece descaracterizado neste filme, tendo abandonado a armadura futurista e
com capacete com cornos, para usar uma roupa de fugitivo, além de estrelar
algumas cenas de combate. Embora que no mito Heimdall seja o responsável por
alertar Asgard acerca do início do Ragnarök, no filme, isso não ocorre.
Em
consideração final, as mudanças de visual e de tom do filme vem dividindo a
opinião dos fãs e dos críticos. Para os fãs mais tradicionais do personagem,
embora as homenagens a Jack Kirby sejam válidas, no entanto, o tom cômico do
filme foi um grande problema, ainda maior pelo fato de abordar o Ragnarök,
acontecimento dramático de forma simples e pouco preocupante. Todavia, para
alguns fãs ou admiradores dos filmes, o tom cômico tornou a produção divertida
de ser assistida.
No
caso dos críticos a divisão de opinião também é similar. A fórmula Marvel de fazer filmes engraçados de
heróis, para alguns é bem aceita, pois produções como Os Vingadores (2012), Homem
de Ferro 3 (2013) e Os Vingadores: A
Era de Ultron (2015) conseguiram arrecadar mais de 1 bilhão de dólares,
apesar de serem filmes de super-herói com altas doses de ação e comicidade.
Entretanto para alguns críticos ela já se mostra saturada. As últimas produções
lançadas este ano como Guardiões da
Galáxia 2 e Homem-Aranha: De Volta ao
Lar.