O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Haglaz e a divulgação da Era Viking

 


Dando sequência à nossa sistematização sobre o recriacionismo brasileiro, hoje trazemos um dos mais empolgantes grupos dedicados ao mundo nórdico no Estado do Rio de Janeiro: Haglaz. Eles nos contam um pouco de sua trajetória e experiência, fonte de inspiração para os muitos grupos que recentemente vem se formando em nosso país.
 
 

Membros efetivos:
- Alberto Dória, 37 anos, Aeronauta, Bacharel em Ciências Aeronáuticas
- Fabiane Fontes, Comandante de embarcações, Técnica em Navegação
- Bernardo Lepore, 33 anos, Advogado, Bacharel em Direito
 
- Gabriel Domingues, 33 anos, Eletricista, Técnico
- Giovane Tomaz, 26 anos, Engenheiro de Software
- Marcelo Casariego, 30 anos, Fotógrafo/Marceneiro
- Marcelo Segall, 30 anos, Biólogo, Mestre em Biologia
- Roberta Baptista, 37 anos, Analista Financeiro, Bacharel em Relações Internacionais
Útlandr (Aspirantes a membro):
- Dyego Meireles, 26 anos, Estudante de Ciências Contábeis
- Frederico Cavadas, 29 anos, Técnico de Som
- Gisele Souza, 28 anos, Professora, Bacharel e Licenciatura em História
 
 

1. Quando e como se formou o grupo e quais foram os motivos de sua criação.
Parte de nós teve um primeiro contato com recriação histórica quando em 2013 o grupo paulista Hednir fez uma apresentação na Oenach na Tailtiu, que é uma festa carioca de temática celta que já é tradicional e acaba por ser um ponto de encontro de pessoas interessadas em recriação histórica. Inicialmente o Hednir nos ofereceu apoio para começarmos o projeto aqui no Rio.
Começamos inicialmente com um ênfase em lutas e esgrima medieval, mas depois de pouco tempo fomos dando importância cada vez maior à recriação histórica, que hoje é a atividade principal do grupo.


2. De que maneira o grupo realiza suas atividades e pesquisas sobre o recriacionismo nórdico?
 
A nossa abordagem é bastante ampla. Temos interesse em vestimentas, luta, culinária, marcenaria, artesanato, poesia e outros aspectos da cultura da Escandinávia medieval. Fora os nossos trabalhos mais coletivos, os integrantes acabam tendo aptidões e interesses bastante específicos e a gente enxerga o grupo também como uma rede de apoio para a concretização dos projetos dos membros.
Atualmente os membros se encontram pessoalmente pelo menos duas vezes por mês para atividades como: grupos de estudo, treinos de luta ou oficinas para a produção de itens baseados em achados arqueológicos e descrições históricas.
Fazemos as nossas pesquisas através da leitura de livros e artigos, tanto de natureza mais acadêmica quanto material produzido por outros recriadores históricos. Temos também contato com historiadores, arqueólogos e também com outros grupos de recriação brasileiros e estrangeiros. Iniciativas como a do Museu de História da Suécia de disponibilizar online informações, fotografias e desenhos de achados arqueológicos também são muito importantes ao nos dar acesso a fontes primárias de informação.
Ao reproduzir itens, tomamos cuidado em considerar suas dimensões, material, datação e provável processo de fabricação e usar de forma crítica informações vindas de sagas, tapeçarias e iluminuras. No caso de achados históricos que só existem na forma de fragmentos, prezamos por consultar a opinião de especialistas. A busca por fidelidade histórica do que produzimos e divulgamos é um valor importante para o grupo e ao expor nosso material, procuramos ter cuidado em deixar explícito ao público eventuais adaptações que temos que fazer em algumas peças.



3. Quais as maiores dificuldades em divulgar a cultura nórdica da Era Viking no Brasil e particularmente, no Rio de Janeiro? 
Uma das dificuldades é a disparidade entre o nosso clima e o clima da Escandinávia. Alguns materiais históricos para se fazer vestimentas podem ser muito quentes para o clima local, como por exemplo lã ou peles. Acabamos por priorizar roupas de materiais mais leves, como o linho e mesmo estas podem ser quentes demais em boa parte do ano aqui no Rio de Janeiro. 
Esta questão do clima e a óbvia separação geográfica entre Brasil e a Escandinávia também dificulta o acesso a alguns materiais, o que fica bem evidente em relação a ingredientes para culinária. A distância da Escandinávia também dificulta nosso acesso a museus, acervos e outras fontes de dados primários.
Outra dificuldade é em relação a custos. Dependendo de sua escolha, o "kit" completo de um recriador pode custar milhares de reais. O metro da lã ou do linho puro podem ser bem caros, assim como itens em metal, como lanças, elmos, espadas e armaduras. A importação destes itens é especialmente complicada, tanto pelo câmbio que não nos favorece quanto pelas taxas alfandegárias. Felizmente já há no Brasil alguns ferreiros confeccionando peças baseados em achados históricos.

 

4. Como vocês percebem o futuro do recriacionismo nórdico em nosso país? 
Já há vários grupos espalhados pelo Brasil país e a atividade da recriação histórica vem se fortalecendo nos últimos anos. Queremos no futuro, a união dos grupos para desenvolver atividades e criar uma identidade nacional de recriação histórica nórdica que esteja no nível de ser reconhecida mundialmente.
Esperamos que em um futuro nem tão distante, já ocorra por aqui festivais grandes e voltados a recriadores, como acontece na Europa.

 
Links do Haglaz: