Entrevista realizada
por Sara Monteiro com prof. Dr. Johnni Langer para monografia em Teoria da
História pela UFPR.
1) Nome
completo, titulação e trajetória institucional:
Johnni Langer,
Bacharel, Mestre e Doutor em História pela UFPR; Pós-Doutor em História pela
USP. Fui professor de História Antiga na Faculdade Estadual de União da Vitória
(PR) e História Medieval no Centro Universitário de Palmas (PR); professor de
História Medieval na UFMA e atualmente docente do curso de Pós Graduação em
Ciências das Religiões na UFPB.
2) Como você
definiria sua área de atuação no campo da História?
A Escandinavística
é uma área específica dos estudos medievais, que vem recebendo amplo respaldo
em diversos países do mundo, inclusive México, África do Sul e Japão, e mais
recentemente no Brasil. Ela engloba diversas metodologias, algumas comuns ao
estudo da História em geral na atualidade, como as perspectivas culturalistas e
da História Cultural; Antropologia Cultural; Semiótica e discurso; estudos
literários e História da linguagem; História e cultura material; Cultural
visual e história da arte, entre outras.
Meu interesse
começou na infância, com a leitura de quadrinhos e o contato com filmes épicos,
como Vikings, os conquistadores. Academicamente, minha trajetória teve início
durante a graduação, quando iniciei minhas leituras sobre mitologia medieval, a
partir de um curso de extensão ministrado pelo prof. Dr. Hilário Franco Júnior
na UFPR em 1986. Posteriormente, realizei estágio pós-doutoral na USP com esse
mesmo pesquisador a respeito dos mitos nórdicos.
O
desenvolvimento é promissor, já foi conquistado muito, mas ao mesmo tempo, a
área ainda necessita crescer muito mais. Ocorre a necessidade da criação de
mais centros de pesquisa, de pesquisadores e professores atuando em cursos de
graduação e pós graduação, com orientações voltadas diretamente para a área.
Existem muitos alunos interessados em desenvolver pesquisas neste campo, mas
desistem pelo fato de não existirem especialistas ou então, ao menos,
medievalistas interessados em orientar o tema.
A
Escandinavística é uma área tradicionalmente multidisciplinar. Quem estuda a
mitologia nórdica, por exemplo, recorre a vários outros campos, como estudos de
imagem, a relação entre literatura e mito, a tradição oral, as perspectivas da
Antropologia, os estudos folclóricos, a codicologia e a paleografia e muitas
outras. Os estudos de religiosidade englobam também várias áreas do
conhecimento, como a Arqueologia, a geografia e a espacialidade, a relação
entre cultura material e a sociedade.
Ainda é muito
marginalizada. Em geral, os estudos medievais estão bem consolidados, mas a
área escandinava ainda sofre pela falta de profissionais e de uma maior
inserção nos grandes centros e laboratórios universitários em geral. Mas o
panorama tende a mudar, especialmente pelo amplo interesse popular e de uma
nova geração acadêmica ávida pelo mundo nórdico.
7) Trata-se de
uma área internacionalizada? Como você vê a inserção dos pesquisadores
brasileiros em redes de pesquisas internacionais?
A
Escandinavística é amplamente internacionalizada nos grandes centros de
pesquisa do mundo, mas no Brasil ainda caminhamos a passos pequenos. Muitos
membros do NEVE (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos) mantém contato
direto com diversos escandinavistas norte-americanos e europeus há muitos anos.
Alguns fazem parte de grupos estrangeiros, como Pablo Miranda (integrante do
grupo Valland da França). E também temos colaboradores estrangeiros do grupo
NEVE registrados no CNPQ, como Neil Price, Terry Gunnnell e Teodoro Antón. Muitos
trabalhos produzidos no Brasil já receberam diversas citações internacionais, o
mais conhecido é o artigo “The origins of the imaginary viking” (publicado na
revista Viking Heritage em 2002) e que recebeu cinco citações em livros e seis
em artigos em língua inglesa e francesa. Mais recentemente, uma tese de doutorado
na Noruega citou um artigo em português de autoria brasileira. A produtividade
brasileira já recebe atenção de pesquisadores europeus e a tendência é que isso
aumente ainda mais. O panorama futuro é que alguns brasileiros participem de
estágios na Europa e que colaborem diretamente com pesquisas em andamento ou
tenham inserção maior em grupos estrangeiros.