Prof. Dr. Leandro Vilar Oliveira
Introdução: o que são os trolls?
A origem dos trolls é incerta,
mas remontaria a falta de conhecimento sobre a natureza. Logo, sons estranhos à
noite, advindos de florestas, campos, cavernas e montanhas, somados a visão de
animais como ursos, alces e lobos em momentos de baixa visibilidade, facilmente
eram interpretados como sendo monstros.
Como salientou Umberto Eco (2007)
em História da Feiura, uma das
características mais básicas dos monstros era de serem horrendos e possuir
aspectos e comportamentos animalescos. Assim, entre diferentes povos do mundo,
existem uma diversidade de monstros que são animais ou seres híbridos. Por
conta disso, os trolls serem descritos como criaturas feias, horrendas,
animalescas, sendo brutos e sem racionalidade. Todavia, nem sempre os trolls
tiveram essa descrição física.
Nas Eddas, as duas principais
fontes da mitologia nórdica, consistindo em livros redigidos na Islândia do
século XIII, a palavra troll aparece em alguns momentos, sendo empregada como
sinônimo de gigante (jötun, thurs), por sua vez, trollesa (trollkona) designa a
sua fêmea. Sendo assim, o troll que aparece na Edda Poética ou na Edda em
Prosa, seria um gigante, logo, ele não teria uma aparência animalesca, já que
os gigantes nos mitos nórdicos tinham a forma humana. Por outro lado, os gigantes
não necessariamente eram grandes, podendo ter o tamanho humano. Eles sabiam
falar, usavam roupas, viviam em casas ou cavernas, tinham família, criavam
animais de fazenda, produziam armas, viviam em comunidades. Alguns gigantes e
gigantas sabiam usar alguns tipos de magia. (LINDOW, 2015).
Porém, quando foi que o troll se
tornou aquilo que hoje estamos mais familiarizados? Rudolf Simek (1993)
salienta que foi em algum momento da Baixa Idade Média, possivelmente entre os
séculos XIII e XV, época em que o folclore escandinavo ganhava mais contornos,
alguns inclusive antagônicos, pois com a consolidação do cristianismo na
Escandinávia, as antigas crenças pagãs foram marginalizadas e demonizadas.
Assim, os espíritos da natureza se tornaram demônios, o que evidentemente
incluiu os gigantes, que por aquela época passaram a serem mais conhecidos como
trolls, palavra que designaria “criatura”, “monstruosidade”, “demônio” etc.
Mas à medida que os trolls eram
depreciados pela nova mentalidade religiosa dominante, eles se tornaram
criaturas menos humanas em aparência e comportamento, passando a serem como
dito anteriormente, seres cada vez mais horrendos e animalescos, além de
personificarem elementos negativos como o medo, a violência, a destruição e a
morte. Assim, chegamos a concepção mais comum que ainda temos hoje de trolls
como seres horrendos e cruéis. Entretanto, o folclore não é estático. Ele vai
se moldando com o tempo e o lugar, já que muito de suas narrativas eram de
tradição oral, pelo fato de não estarem fixadas, isso ajudava a sua
maleabilidade para serem reinventadas. (JAKOBSSON, 1998).
No entanto, nem sempre os trolls
foram descritos como seres horrendos e selvagens. Algumas sagas lendárias, as
quais possuem teor fantástico, redigidas entre os séculos XIV e XV, nos
apresentam outras versões de trolls. Um exemplo é a Saga de Grim Bochecha Peluda (Gríms saga loðinkinna), datada do
século XIV, na qual Grim confronta trolls numa baía remota no norte do mundo,
situada entre a Finlândia e a Rússia. Nesta saga os trolls são grandes e
horrendos, mas não são tolos, sendo espertos, inclusive sabem usar magia. Além
disso também somos apresentados a horrendas irmãs trollesas. (LARRINGTON,
2017).
Não obstante, quando adentramos a
Idade Moderna e o folclore vai se expandindo para mais tarde servir de base
para os contos de fadas, nos deparamos com outros tipos de trolls e suas
características também vão se alterando. Nos contos de fadas os trolls surgem
ora como criaturas totalmente cruéis e desprovidas de razão, mas também como
seres tolos, bobos e ardilosos. Por outro lado, nos contos de fadas do século
XIX, época do nacionalismo e do romantismo, temos narrativas que apresentam
trolls e trollesas sendo belos e conseguindo assumir a aparência humana, embora
não conseguissem ocultar sua cauda. Assim, uma pessoa com cauda era considerada
um troll. Além disso, temos trolls bondosos, trabalhadores, aliados dos humanos
etc. Características bem distintas da versão tradicional de seres grotescos e
agressivos. (LINDOW, 2015).
E essas características múltiplas
sobre os trolls, desenvolvidas da Idade Média ao século XIX, foram adaptadas
para os filmes. A respeito, Andrea Caselli escreveu como o cinema ajudou a
difundir temas folclóricos e mitológicos salientando que:
“Os gêneros que compõem o
folclore são o fantástico e o maravilhoso. Estes sempre tiveram grande espaço
no audiovisual devido ao poder de encantamento que despertam no imaginário do
espectador. A literatura e o audiovisual são artes que dialogam de forma
complementar, principalmente quando são feitas adaptações dos livros para as
telas. Para tanto, há inúmeros agenciamentos e financiamentos possíveis, que
podem determinar o que o filme vai abordar ou não. O que se delineia nas
adaptações dos contos noruegueses para o audiovisual pode ser elencado em três
principais aspectos: • A continuidade da tradição; • A intersecção entre as
temporalidades e as espacialidades; • A criação de novas narrativas com o mesmo
tema. Ao abordarem os contos com todos os seus elementos folclóricos, os filmes
promovem a valorização da tradição nacional, como também o conhecimento desta a
nível internacional; constituindo-se em uma forma de divulgação cultural muito
rápida e eficaz. A relação entre tempo e espaço se dá através da releitura dos
contos em um espaço internacional, de fácil alcance do espectador (cinema,
serviços de streaming, internet, entre outros); além de serem inseridas ideias
e costumes em uso no período de produção do filme (ideias sobre ecologia,
feminismo, política, entre outras)”. (GOMES, 2021, p. 188).
Assim, a seguir dividimos em três
seções representações de trolls em filmes de terror, desenhos animados, filmes
de fantasia e aventura, perfazendo um levantamento de produções audiovisuais da
década de 1960 até recentemente o ano de 2025. O que revela como o interesse
por trolls ainda persiste ao longo das décadas.
Trolls mágicos e traiçoeiros
O primeiro filme de terror sobre
trolls, segundo o extenso catálogo de Kenneth Muir (2010), é Olhos de Gato
(Cat’s Eye - 1985), produção baseada em contos de Stephen King, dirigido por
Lewis Teague (que dirigiu obras de gêneros diversos, incluindo filmes de
terror) e contando com roteiro do próprio King. O filme é dividido em três
pequenas narrativas que não se conectam, exceto a condição de que um gato está
presente nas três. Todavia, o que nos interessa é o terceiro ato em que o gato
General chega na casa de uma família de classe média em Wilmington, sendo
adotado pela pequena Amanda (Drew Barrymore).
A mãe de Amanda não gosta da
ideia de ter um gato em casa, pois ela cria um pássaro e teme que o felino coma
o animal. Então ela coloca o gato para dormir fora de casa. Durante à noite, um
misterioso pequeno troll surge de uma fenda na parede do quarto de Amanda e
tenta roubar a alma dela, sugando-a pela boca. Porém, o gato percebe o
monstrinho e faz barulho, impedindo-o de concretizar seu ato. Porém, na noite
seguinte o ardiloso troll mata o pássaro no intuito e culpar o gato, isso leva
a família a expulsar novamente o felino, levando-o para mais longe. Todavia,
General consegue voltar para casa e confronta o troll que tentava novamente
sugar a alma da menina.
Figura
1: O troll do
filme Olhos de Gato (1985).
Neste filme o troll é uma
criatura bastante pequena, tendo o tamanho de um gnomo. Inclusive ele foi feito
como um boneco e animatrônico. O monstrinho possui aspecto horripilante e
pequenos olhos vermelhos. Suas expressões transpassam crueldade. Ele utiliza
uma roupa de bobo da corte (reflexo do humor em filmes de terror dos anos 80 e
90) e porta uma adaga, com a qual mata o pássaro e tenta matar o gato General.
Esse troll possui algum tipo de
magia, pois consegue sugar almas, embora use uma adaga como arma de ataque e
defesa. Além disso, a criatura é traiçoeira, pois arquiteta um plano para se
livrar do gato.
No entanto, o filme de terror
mais expressivo envolvendo um troll como salientado por Muir (2010) consiste na
urban fantasy trash Troll: o mundo do
espanto (Troll - 1986), filme estadunidense dirigido e roteirizado por John
Carl Buechler, especialista em efeitos especiais para filmes de terror, além de
ter participado e dirigido filmes B de terror e fantasia. O filme é produto
direto daquela década em que filmes de terror, aventura e fantasia estavam em
alta. Sendo influenciados por produções de terror como Poltergeist (1982), Gremlins
(1984) e o próprio Olhos de Gato (1985), as quais mostram tramas sinistras que
afligem uma típica família americana branca de classe média, que é assolada por
algum mal.
Além disso, os filmes possuem
seus clichês como: crianças possuídas, adolescentes babacas, família em crise,
mulher sensual, cena de nudez rápida, humor ácido, bizarrices etc. Ademais,
nota-se influência no uso de atores com nanismo para interpretar criaturas
pequenas, algo visto em filmes não de terror, mas de aventura como como E.T
(1982), O Cristal Encantado (1982) e A história sem fim (1984). Inclusive o
visual do troll parece ter influenciado os anões do filme Labirinto: a magia do
tempo (1986), em que os anões têm aparência envelhecida e feia.
Mas voltando para o filme Troll
(1986), a trama ocorre num bairro de San Francisco, onde a menina Wendy Potter
é atacada por um pequeno troll chamado Torok, inclusive a criatura foi
interpretada por um ator com nanismo. O troll em questão possui um anel mágico,
que permite se transformar nos humanos, no caso, ele assume a aparência de
Wendy, passando a enganar a família dela. Aproveitando-se disso, o troll também
transforma outras pessoas em plantas, goblins, ninfas e elfos.
A narrativa se complica quando a
bruxa Eunice St. Clair aparece e começa a contatar os Potter, levando Harry
Potter Jr (ironicamente o nome do famoso bruxo da franquia de J. K. Rowling) a
se unir a ela, para caçar o troll Torok, que planeja se vingar da bruxa e
transformar o mundo humano numa terra dos contos de fadas, mesmo que
significasse matar algumas pessoas neste processo.
Figura
2: O troll
Torok do filme Troll (1986).
Nesse filme observa-se que o
troll em questão é um ser pequeno e feio, com aparência animalesca e
envelhecida, características encontradas no folclore escandinavo. Todavia, não
se trata de um troll bobo, mas ele é esperto, pois consegue enganar vários
humanos, somente sendo desmascarado pela bruxa Eunice. Outra característica
interessante é a condição desse troll usar magia, algo visto no folclore, e
também ter a capacidade de se transformar em humano, pois como salientado
anteriormente, alguns trolls conseguiam assumir a aparência humana.
Anos depois foi lançado Trolls 2
(1990), dirigido por Claudio Fragasso, um diretor italiano especializado em
filmes B de terror. Originalmente o filme foi intitulado Goblins, mas por
motivos de comercialização foi renomeado para Troll e vendido como sendo uma
continuação indireta do filme de 1986. Embora na prática não tenha conexão
alguma. (COLLIS, 2010).
Em Trolls 2 ao invés de apenas um
monstro, temos vários deles, os quais também invadem uma região dos Estados
Unidos, agora sendo a zona rural de Nilbog. Assim, como a produção anterior,
ambas carregam a estética de filmes de terror dos anos 80 com seus clichês e
alguns momentos de humor.
Neste filme, Michael Watts é
advertido pelo fantasma de seu avô que a família Presents esconde um terrível
segredo, eles não são humanos, mas trolls disfarçados, os quais sob comando da
feiticeira Creedence Leonore Gielgud, pretende transformar os humanos em
plantas, para servirem de alimentos aos trolls, pois eles são vegetarianos.
Michael e seu primo Joshua tentam alertar a população de Nilbog do plano dos
trolls, mas alguns humanos estão sendo controlados pela feiticeira ou são
trolls disfarçados.
Assim como na produção anterior,
os trolls são criaturas pequenas, grotescas, violentas, mas sabem usar magia,
podendo se transformar em humanos. Todavia, diferente do filme anterior em que
os efeitos especiais eram bem melhores, em Trolls 2, as criaturas aparecem
usando roupas para compensar o baixo orçamento com maquiagem.
Todavia, esse visual influenciou
outra obra, o filme de fantasia A busca pela espada poderosa (Quest for the
Mighty Sword - 1990), que ganhou distintos títulos em alguns países como Ator
III: The Hobgoblin, L'Épée du Saint-Graal e Troll 3 na Alemanha. Toda essa
confusão se deve por conta de o filme ter sido dirigido pelo diretor italiano
Joe D’Amato, o qual havia trabalhado nos filmes anteriores da franquia Ator.
Além disso, um dos vilões é um hobgoblin (duende macabro em tradução para o
português), também referido como troll. (KINNARD; CRNKOVICH, 2017).
O filme Em busca da espada
poderosa tem narrativa baseada no enredo da Saga dos Volsungos, em que Ator
equivale a Sigurd, sua esposa Dejanira seria Brunhilde, por sua vez, o troll
Thorn corresponde ao anão Rigen. Neste caso, o troll Thorn é retratado como um
ser pequeno, usando uma roupa esfarrapada, ele tem um aspecto grotesco, mas
sabe falar, além de ter habilidades de ferreiro e com magia, já que forjou uma
espada mágica para Ator. No entanto, ele é traiçoeiro e vem a enganar o herói.
A condição de Thorn ser ora
referido como hobgoblin ou troll se deve ao fato de que as máscaras usadas no
filme Troll 2 (1990), foram reutilizadas para se fazer esse filme, por conta
disso, os trolls terem a mesma aparência nos dois filmes e isso levou a ele ser
chamado de “Troll 3” em alguns países, apesar que o filme não tenha nenhuma
conexão com os outros dois. (COLLIS, 2010).
Trolls bobos e fofinhos
Embora os trolls sejam retratados
como ameaças em vários filmes, mas nem sempre isso acontece. Em produções
voltadas para o público infantil, há trolls bonzinhos, além dos trolls
malvados. Aqui escolhemos alguns filmes mais relevantes entre várias produções
existentes.
A primeira que comentaremos
trata-se de filmes infantis noruegueses usando a técnica do stop-motion, consistindo
em adaptações dos contos de Asbjørnsen e Moe (importantes contistas
noruegueses), intitulados O sétimo pai da casa (Sjuend far i huset - 1966) e O menino que correu contra troll (Gutten
som kappåt med trollet – 1967), ambos os filmes foram dirigidos por Ivo Caprino
e apresentam trolls grandes, mas em aspecto humano, parecendo muito mais
gigantes do que a visão o senso comum que temos de trolls. Por sua vez, os
trolls nessas narrativas são serem bondosos e sábios (GOMES, 2021).
Figura
5: Askelladen
e o troll no filme de 1967.
Já no filme animado Valhalla
(1968), adaptação da história em quadrinhos homônima, criada pelo desenhista
dinamarquês Peter Madsen, somos apresentados a uma trama baseada em mitos da
mitologia nórdica. O desenho possui uma série de personagens entre deuses,
humanos, gigantes e monstros, mas o que destacaremos aqui é o pequeno troll
Quark, que é retratado como a aparência humanoide, se parecendo com um garoto
gorducho que possui duas presas invertidas. Quarke nas hqs de Valhalla é um dos
alívios cômicos dessas revistas, sendo amigo dos irmãos Tjalfe e Roskva,
participando de algumas das aventuras deles e até na presença de Thor e Loki.
Figura
6: O troll
Quark no filme Valhalla (1986).
Quark é um troll com aparência
humana, exceto suas duas presas. Ele não possui cauda. Ele é descrito como
sendo meigo, brincalhão, um pouco covarde e as vezes traquina, além de ser
comilão. Nota-se uma representação de troll bem diferente de outras versões
vistas neste texto, ou que habitualmente estamos acostumados a pensar quando
ouvimos a palavra troll. No entanto, essas características foram reaproveitadas
em outras animações como veremos adiante.
Na animação natalina O pequeno
príncipe troll (1987), produzido pelo renomado estúdio Hanna-Barbera (famoso
por várias franquias de sucesso como Tom & Jerry, Scooby-Doo, Os
Flintstones, Os Jetsons etc.), a trama apresenta o príncipe Bu, o qual se
parece com um gnomo, condição essa que algumas crianças o confundem com essa criatura.
Todavia, ele não é totalmente igual a um gnomo pela condição de possuir uma
cauda (novamente a referência as lendas em que os trolls não conseguiam ocultar
suas caudas).
Ademais, a trama por ser um
especial natalino exibido na TV americana, possui todo um discurso religioso
voltado para o público infantil, incentivando a bondade, a caridade e os
ensinamentos cristãos. No filme é dito que os trolls vivem nas montanhas, detestam
o cristianismo e são ateus e malvados. O Natal é proibido entre eles, porém, Bu
é um troll diferente, sendo mais gentil e bondoso. Isso irrita seu pai, irmãos
e o povo, pois Bu é o herdeiro direto ao trono, sendo inconcebível nas leis dos
trolls existir um troll bondoso e cristão. Em meio a esse dilema que envolve
perseguição e intolerância religiosa. Ressalva-se que o filme possui influência
do livro O Pequeno Príncipe (1943), tanto no título, quanto no comportamento de
Bu.
Um aspecto a ser salientado é a
condição de Bu ser um troll pequenino como um gnomo, além de ter uma aparência
humanoide e fofinha. Além disso, ele também é meigo e ingênuo. Por sua vez, sua
família e povo são representados como trolls maiores, com diferentes aparências
e feios, pois expressa a ideia de que os trolls malvados são feios e até
grotescos em alguns casos, enquanto trolls bons são bonitos e fofos.
Essa percepção foi mantida no
filme seguinte, intitulado Um duende no
parque (1994), cujo título original é A
troll in Central Park. Por conta a palavra troll evocar uma criatura
perigosa, na época os responsáveis pela comercialização e tradução do filme no
Brasil, decidiram mudar o título e a identidade do troll Stanley, tornando-o em
um duende. O filme foi dirigido por Don Bluth, um produtor independente nos
anos 1980 e 1990 de filmes animados, tendo lançado sucessos na época, tendo
trabalhado até com Steven Spielberg.
No filme, o troll Stanley é
bonzinho, tem um aspecto humanoide, sendo pequeno, gorducho e fofinho, parecido
com o Quark de Valhalla (1986). Ele possui o poder do “dedo verde”, o qual faz
as plantas crescerem, porém, a rainha Gnorga e os demais trolls detestam a
natureza. Então Gnorga bane Stanley do reino dos trolls e ele vai parar no
Central Park em Nova York, onde conhece os irmãos Gus e Rosie, se tornando
amigos deles.
Mas diferente de Stanley, Gnorga
e os outros trolls são representados como sendo feios e mais monstruosos, além
de serem brutos e atrapalhados, já que o desenho tem um viés cômico, logo,
todos os trolls são representados como sendo seres bobos. Essa tendência de
abobalhar os trolls se tornou comum em produções animadas até recentemente.
No filme Frozen: Uma aventura
congelante (2013), grande sucesso do estúdio Walt Disney, temos trolls
pequenos, fofinhos e engraçados, os quais aparecem principalmente durante uma
cena musical, na qual eles cantam para Anna e Kristoff.
Figura
9: Os trolls
no filme Frozen (2013).
Como visto pela imagem anterior,
os trolls do filme Frozen são seres bem pequenos, atarracados, cinzentos,
possuem grandes orelhas e narizes, características citadas em algumas
narrativas folclóricas sobre trolls. Além disso, eles possuem fisionomia bem
parecida, fato esse que machos e fêmeas pouco se distinguem. Por fim, tais
trolls são retratados como seres bons e inofensivos.
Já o filme Os Boxtrolls (2014) é
uma adaptação do livro Aqui há monstros! (Here
be Monsters - 2006) de Alan Snow, cuja narrativa apresenta o órfão Eggs que
vive com os boxtrolls, os quais são trolls que se escondem nos esgotos da
cidade de Cheesebridge, pois eles são temidos e odiados, considerados monstros
cruéis que sequestram e devoram crianças. Essa percepção negativa inclusive é
baseada no folclore, em que alguns trolls eram referidos como sendo
bichos-papões de crianças. (MARTÍN ALEGRE, 2021).
Todavia, nesta história, os
trolls são seres bons e mal compreendidos pela sociedade, por conta disso, Eggs
e seus amigos tentam mostrar a verdade para o povo de Cheesebridge. Mas
enquanto isso não acontece, os boxtrolls, os quais se escondem em caixas de
papelão, continuam a serem caçados e odiados. A versão deste filme apresenta os
trolls como seres pequenos, cinzentos, estranhos e fisicamente bem parecidos
entre si. Eles são gentis, fracos e bobos. Embora tenham perdido o aspecto de
serem fofos.
Na animação Trolls (2016), desenvolvida
pelo estúdio DreamWorks, dos mesmos criadores da franquia Shrek, somos
apresentados a trolls coloridos e fofinhos, já que esse desenho é bem mais
infantilizado do que o filme de 1994, além de que o visual desses trolls foi
baseado num tipo de boneco popular na década de 1960, o troll doll. Esse boneco
foi inventado pelo artesão e designer dinamarquês Thomas Dam (1915-1989), o
qual em meados dos anos 50, confeccionou um boneco de troll com cabelo espetado
e colorido, baseado em algumas ilustrações de contos de fadas. Após vender os
direitos para empresas americanas, o boneco virou um sucesso. (MARTÍN ALEGRE,
2021).
De qualquer forma, neste filme
existem algumas diferenças: os trolls bonzinhos são coloridos, estranhos e
pequenos como se fossem gnomos, por sua vez, os trolls malvados são maiores,
mais feios e cinzas. Isso ajuda o público infantil a distinguir quem são os
mocinhos e vilões na narrativa. Ademais, neste filme, os trolls vivem em seu
próprio mundo fantástico, não tendo contato com os humanos. (MARTÍN ALEGRE,
2021).
A ideia da DreamWorks de
transformar monstros do folclore escandinavo em serem carismáticos e adoráveis
para crianças e vender brinquedos, deu certo. Se Shrek é uma sátira aos contos
de fadas, podemos dizer que a franquia Trolls também tem seu lado não satírico,
mas de paródia a tais monstros. E a ideia deu certo, pois o filme ganhou
continuações com Trolls 2 (2020) e Trolls 3: Juntos Novamente (2023), além de
especiais natalinos e duas séries animadas.
Outro filme animado é Trolls: Uma
aventura mágica (2018), uma produção norueguesa-dinamarquesa, dirigida por
Kevin Munroe, que possui alguns trabalhos com filmes animados. Neste filme
somos apresentados a um mundo fantástico em que o jovem príncipe troll Trym
reúne seus amigos para ir resgatar seu pai, o rei Grom.
O filme apresenta os trolls com
aspecto bem humano, a principal diferença é a condição de eles terem rabo,
presas e quatro dedos nas mãos e pés. Como salientado anteriormente, em algumas
lendas diziam que os trolls que se transformar em humanos, somente não eram
totalmente idênticos, pois não conseguiam ocultar suas caudas.
Além dessas características, o
filme também mostra um troll com duas cabeças, algo visto em algumas lendas.
Mas embora a maior parte dos trolls sejam pequenos nesse filme, existem alguns
trolls maiores e mais monstruosos. Mas no geral por se tratar de uma animação
infantil, repete-se a tendência de se apresentar trolls como bons, atrapalhados
e bobos. Embora existam os trolls que hajam como vilões.
“Personagens reconfortantes ou
ameaçadores, os trolls até se converteram em bonecos divertidos, de tão ampla
que é a força de sua magia selvagem e natural. E, embora sejam onipresentes na
atualidade, durante séculos ficaram sob a proteção da paisagem escandinava.
Eles eram seres culturais de um ambiente pré-industrial e não globalizado, mas
seu grande poder mágico de mudar de forma os fez evoluir para ilustrações no
mercado nórdico de livros e depois para o teatro, o cinema e mais além. Desde
então, eles nunca mais foram embora e, sob suas várias formas, continuam a
estimular a imaginação ao redor do mundo”. (GOMES, 2021, p. 186).
Se nas produções cinematográficas
anteriores vimos trolls pequenos, sendo bem menores do que humanos, nos
próximos filmes eles são maiores e até mesmo gigantescos, além de terem uma
aparência mais baseada nas versões horríveis vistas nas lendas.
O primeiro filme também uma
animação, tratando-se da adaptação de O Hobbit (1977), baseado no clássico
livro juvenil de J. R. R. Tolkien. Na trama a companhia de Bilbo Bolseiro foi
capturada à noite por três trolls, os quais pretendiam comer ele, os anões e os
cavalos.
Nesta animação, os trolls são
retratados como grandes, feios, tendo cabeças com focinhos. A aparência desses
trolls foi baseada em algumas pinturas do pintor e ilustrador sueco John Bauer
(1882-1918), o qual possui algumas obras retratando contos de fadas
escandinavos, em que se ver trolls com longos cabelos, usando trajes rústicos,
possuindo aspecto humanoide e narizes enormes. Pois características
desproporcionais nos trolls como orelhas, narizes, bocas e dentes, são citadas
em relatos desde a Idade Média.
Figura 15: Desenho de trolls por
John Bauer, 1915, para um livro infantil.
Por sua vez, em O Hobbit, os trolls devoram pessoas,
animais e outras raças da Terra-Média. Ou seja, são criaturas cruéis. Ademais,
os trolls neste desenho usam roupas e sabem falar. Todavia, eles são
vulneráveis à luz solar, pois se tornam estátuas se forem iluminadas por ela.
Outra obra de fantasia famosa e
já do século XXI é Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001), baseada no livro
homônimo de J. K. Rowling. Em um momento a narrativa a bruxa Hermione Granger é
atacada por um trasgo (tradução oficial em português para troll nessa franquia)
no banheiro, quando Harry Potter e Rony Weasley surgem para resgatá-la. A cena
é uma das mais famosas no primeiro filme.
No filme de Harry Potter e a
Pedra Filosofal, o troll é representado como uma criatura grande, tendo mais de
três metros de altura, bastante forte, usando uma roupa rústica e um porrete
como arma. O troll tem a aparência feia, porém, sua face lembra uma criatura
boba, condição essa que no filme e no livro é informado que os trolls apesar de
serem monstros grandes, eram criaturas pouco inteligentes, somente recebendo
ordens básicas e alguns não sabiam falar as línguas humanas.
Todavia, nos jogos mais recentes
da franquia Harry Potter, os trolls aparecem com um visual diferente, sendo
mais brutos e com aspecto de malvadez. Condição essa vista em outro filme
famoso de fantasia, no caso, O Senhor dos
Anéis: A Sociedade do Anel (2001). Na adaptação do famoso livro de J. R. R.
Tolkien, temos a aparição de um troll da caverna que ataca a Sociedade do Anel
durante sua travessia pelos salões rochosos de Minas de Moria. Ali, o troll
procura por Frodo Bolseiro, que tinha se tornado o portador do Um Anel.
Na trilogia de O Senhor dos Anéis
aparecem distintos tipos de trolls, cuja aparência muda ligeiramente, se eles
habitam montanhas, cavernas, florestas e a neve. No geral, são criaturas
grandes e corpulentas, bastante fortes, brutas, não falam e são pouco
inteligentes. Diferente dos orcs que possuem mais inteligência do que eles. Os
trolls também são usados como armas de guerra no exército de Sauron e seus
aliados, especialmente os Olog-hai, criados para servirem como tropas
especiais. Esses trolls usam diferentes tipos de armas e armaduras, além de
serem maiores um pouco mais inteligentes, embora não falem.
Todavia, dentro da Terra-Média
existiam trolls que falavam e que também eram vulneráveis a luz solar. Enquanto
os trolls criados por Sauron não seriam petrificados, os trolls vistos na
narrativa de O Hobbit (1937), ainda
eram vulneráveis a luz do sol. Isso perceptível no filme animado de 1977 e no
live-action de O Hobbit: Uma jornada inesperada (2012), em que a companhia de
Bilbo Bolseiro foi capturada à noite por três trolls.
Por se passar cerca de 60 anos
antes dos acontecimentos de O Senhor dos
Anéis, ainda haviam trolls na Terra-Média que eram vulneráveis a luz solar,
como o caso dos trolls Tom, Bert e William, os quais Bilbo, os anões e Gandalf
encontraram em sua jornada. O mago cinzento para conseguir resgatar o grupo,
enganou os trolls, ganhando tempo até que o dia amanhecesse e as criaturas
fossem transformadas em pedra. Essa condição de trolls serem petrificados com a
luz do sol era algo ausente nos filmes anteriores, mas é retomado nas próximas
produções que veremos.
Mas deixando as adaptações de
famosos livros de fantasia, passemos para produções norueguesas ambientadas no
tempo presente. O primeiro filme é O Caçador de Troll (2011), dirigido e
roteirizado por André Øvredal, o qual fez alguns filmes B de terror e suspense.
Neste filme, os trolls são considerados apenas lendas, mas um grupo de amigos
que investigavam o sumiço de ursos, descobrem que os trolls estavam caçando-os.
Os amigos se unem ao caçador Hans
em sua missão de caçar os últimos trolls. Na trama é dito que os trolls possuem
diferentes tamanhos, mas geralmente são maiores do que os humanos, são
monstruosos e feios (alguns possuem duas ou três cabeças), não falam e temem a
luz solar, pois se tornam pedra. Porém, o filme traz uma novidade: os trolls
odeiam cristãos, fato esse que o caçador Hans diz que eles conseguem sentir o
cheiro de “sangue cristão”. Isso se deve a condição de que no passado os
cristãos caçaram os trolls quase extinguindo-os.
Outra produção norueguesa sobre
trolls, mas voltada para um viés de fantasia é o filme O Rei da Montanha (Askeladden:
I Dovregubbens hall – 2017), dirigido por Mikkel Brænne Sandemose, diretor de
filmes de alguns filmes de fantasia. No caso, O Rei da Montanha é uma adaptação
do conto folclórico de Askeladden, mas diferente do filme infantil de 1967, em
que o troll era um ser bonzinho, nesta versão ele é gigantesco e selvagem,
tendo um aspecto rochoso, parecido com o do filme anterior.
“Askeladden - I Dovregubbens hall” conta a história de Espen Ash
Lad, filho de um pobre agricultor, que embarca em uma missão perigosa com seus
irmãos para salvar a princesa de um vilão conhecido como o Rei da Montanha (o
troll). O objetivo é ganhar uma recompensa e salvar a fazenda da sua família da
ruína. O filme apresenta a família original apresentada nos contos, com os dois
irmãos de Askeladden e a casa de madeira no campo. Porém, no filme, a princesa
não foi sequestrada, mas ela fugiu de casa para não casar e também para não ser
entregue ao rei da montanha. O filme apresenta uma estética e uma inspiração
artística muito aproximada e inspirada nos ilustradores do século XIX,
principalmente Kittelsen. O troll do filme, a paisagem, as aparências dos
personagens e a arquitetura foram inspiradas na obra dele. Fica perceptível que
os produtores do filme objetivaram um resgate do material folclórico e
nacionalista do século XIX, através da nova linguagem digital e dos efeitos
especiais cinematográficos. (GOMES, 2021, p. 192).
Figura 20: Detalhe do cartaz do filme O Rei da Montanha (2017).
O cinema norueguês nos últimos
vinte anos vem se notabilizando em produções diversas, sejam filmes e séries de
aventura, fantasia, policial, suspense, drama, terror, romance, comédia etc.
Por conta disso, temos somente desses país quatro filmes sobre trolls. Dois
deles foram apresentados anteriormente, cada um seguindo estilo diferente: o
primeiro ambientado nos tempos atuais, mostrando trolls monstruosos numa
produção ligeiramente sombria; o segundo tratando-se de um filme de fantasia
medieval. Todavia, os demais filmes que foram abordados, seguiram a estética de
O Caçador de Troll (2010).
Influenciado pela estética e
algumas ideias do filme de 2010, o filme Troll da Montanha (2022), lançado
exclusivamente na Netflix, apresenta um troll gigantesco que até então estava
hibernando, mas ao ser despertado inicia uma onda de destruição em busca de
vingança. Na trama do filme os trolls eram tratados apenas como lendas,
monstros do folclore e dos contos de fadas, porém, algumas pessoas acreditavam
que fossem criaturas reais como o Professor Tidemann e sua filha Nora. Condição
essa que ela se torna consultora na operação de combater o Troll chamado de Rei
da Montanha, o qual está assolando a cidade de Oslo.
Assim, Nora explica que os trolls
são personificações da natureza, por conta disso, possuírem uma pele rochosa e
com vegetação crescendo nela. Não obstante, eles se tornam pedra ao serem
afetados diretamente pela luz solar, podendo até mesmo se queimar com ela.
Ademais, os trolls odeiam o cristianismo, pois os cristãos medievais os
caçaram, por conta disso, eles não suportam o barulho dos sinos das igrejas, o
que os deixa enfurecidos.
Neste filme o troll é uma
criatura monstruosa, mas com traços humanoides. Ele possui pele rochosa, cauda,
cabelos e barba, os quais são verdes por serem feitos de vegetação. O troll é
uma criatura terrível e não fala, apenas urra e rosna. Embora tais
características já tenham sido apresentadas no filme O Caçador de Trolls
(2010), a principal novidade em Troll da Montanha (2022) é a influência de
filmes recentes de monstros gigantes como a franquia Godzilla. (CASELLI, 2022).
Já em Troll da Montanha 2 (2025)
mais algumas condições sobre o passado dos trolls noruegueses são apresentadas.
A trama narra que na época do rei Olavo II (995-1030), que mais tarde se tornou
Santo Olavo, ele iniciou uma caça aos trolls no país, levando-os quase à beira
da extinção. Por conta disso, os trolls passaram a odiar o Cristianismo. Dessa
forma, o segundo filme aprofunda um pouco mais essa percepção dos trolls na
Idade Média, tidos como criaturas monstruosas e perigosas.
Conclusões
Nessa breve análise sobre filmes
apresentando trolls, indo da década de 1960 até 2025, percebe-se como os trolls
foram adaptados de diferentes formas, havendo o uso de várias ideias contidas nas
lendas e nos contos folclóricos. Assim, temos trolls pequenos que são
confundidos com goblins, duendes e gnomos, por sua vez, vimos trolls gigantes,
alguns do tamanho de uma árvore pequena, outros mais altos do que alguns
prédios. Encontramos também trolls ardilosos, que sabem usar magia, outros são
bastante bobos, com pouco nível de intelectualidade, sendo mais selvagens e nem
falam.
Também temos trolls retratados de
diferentes formas, desde os mais horrendos, alguns com chifres, cascos e duas
ou três cabeças, passando por trolls com uma fisionomia humanoide ou realmente
humana. Além das versões de trolls fofinhos e coloridos, baseada nas bonecas
trolls. Essa tendência de trolls pequenos, bobos e as vezes fofos, se propagou
bastante nos filmes animados dirigidos ao público infantil, algo visto em
produções dos anos 1960 até recentemente. A qual revela que nas produções infantis, os
trolls normalmente não são vilões ou ameaças, e isso quando ocorre, os trolls
malvados são mais feios. Além disso, nesses filmes, as tramas ocorrem em mundos
fantásticos, exceto o filme O duende no parque (1994), no qual se passa em
parte em Nova York.
Por sua vez, trolls em filmes de
terror e fantasia entre os anos de 1985 e 1990, eram representados como
criaturas grotescas, pequenas, traiçoeiras e cruéis. Seja o troll ladrão de
almas no filme Olhos de Gato (1985), passando por Torok e seu anel mágico e
plano vingativo em Troll 1 (1986), a invasão os trolls (goblins) em Troll 2 (1990)
e o traiçoeiro Thorn no filme Em busca da espada poderosa (1990). Nesses quatro
filmes os trolls são vilanescos e representados de forma horrenda, enfatizando
a característica malvada que eles possuem no folclore.
Não obstante, os trolls gigantes
apareceram inicialmente em obras de fantasia, sendo adaptações de importantes
livros como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e Harry Potter e a Pedra Filosofal,
além da adaptação de contos do Askelalden. Porém, temos produções de trolls
gigantes ambientadas na Noruega do século XXI, algo visto em três filmes, dois
mais recentes, os quais exploram a atual fase do cinema norueguês.
“O historiador Tommy Gustafsson
(2015, p. 06-14), em sua pesquisa sobre filmes nórdicos, elucida que os
cineastas dos países escandinavos costumam fazer suas produções com temas
culturais e sociais das suas próprias localidades, a exemplo dos filmes de
terror sobre o inverno sueco ou das séries adolescentes norueguesas que abordam
o cotidiano dos imigrantes de diversas nacionalidades. Ele também aponta para o
fato de que a Noruega produz muito conteúdo audiovisual com temática
adolescente voltada ao romance, ao suspense e às aventuras devido à tradição
folclórica de contações de histórias sobre jovens aventureiros como Askeladden.
O autor também comenta que, na década de 1980, a Escandinávia produziu muitos
filmes com temática política por causa dos grandes financiamentos dos governos
e ao surgimento de vários partidos políticos em disputa. Sendo assim, os filmes
com temática de fantasia e folclore tiveram maior produtividade a partir da
década de 1990”. (GOMES, 2021, p. 187-188).
Salienta-se que alguns filmes
foram importantes para lançar padrões estéticos de como retratar os trolls,
como o caso do filme Troll: o mundo do espanto (1986) que influenciou duas
produções do ano de 1990, o filme Valhalla (1968) que influenciou O duende no
parque (1994). O O Caçador de Trolls (2010) que influenciou a ideia de trolls
gigantes, algo visto em O Rei da Montanha (2017) e mais recentemente na
franquia Troll da Montanha (2022) e Troll da Montanha 2 (2025), embora ambas as
produções também foram influenciadas pelos filmes de Godzilla e King Kong, como
demonstrado.
Por fim, nota-se que os trolls
bons e mais humanos ou menos grotescos, tendem a aparecer em filmes infantis. Já
nos live-actions, eles continuam sendo monstruosos e selvagens, e mais
recentemente ganharam grandes proporções, tornando-se uma ameaça nacional, já
que conseguem agora destruir cidades.
Referências
CASELLI, Andrea. Um grande TROLL e um feliz natal para todos.
2022. Disponível em: https://neve2012.blogspot.com/2022/12/um-grande-troll-e-um-feliz-natal-para.html.
COLLIS, Clark. The 'Troll' trilogy: Is this really the
'Best Worst' movie franchise of all time? 2010. Disponível em: https://ew.com/article/2010/05/08/troll-2-best-worst-movie/.
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London: McFarland, 2017.
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