O grupo interinstitucional NEVE (NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS, criado em 2010) tem como principal objetivo o estudo e a divulgação da História e cultura da Escandinávia Medieval, em especial da Era Viking, por meio de reuniões, organização de eventos, publicações e divulgações em periódicos e internet. Parceiro internacional do Museet Ribes Vikinger (Dianamarca), Lofotr Viking Museum (Noruega), The Northern Women’s Art Collaborative (Universidade de Brown, EUA), Reception Research Group (Universidad de Alcalá) e no Brasil, da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais) e PPGCR-UFPB. Registrado no DGP-CNPQ. Contato: neveufpb@yahoo.com.br

quarta-feira, 23 de julho de 2025

O Bom, o Mau e o Viking

 

Leandro Vilar Oliveira

Quando ouvimos a palavra viking automaticamente uma série de ideias e imaginários nos vêm em mente: a figura do bárbaro, do pirata, do bruto, do guerreiro audaz, do navegador, do desbravador, do pagão sombrio, do invasor cruel, entre outras ideias que se combinam com novas percepções como a do mercador, do artesão, do colonizador, do escaldo, da guerreira, do sacerdote, da profetisa, do rei e do escravo.

Viking é uma palavra que se difundiu mundialmente tornando-se um identificador étnico, ou seja, um termo genérico para designar os povos escandinavos que viveram entre os séculos VIII e XI, os quais se identificavam como dinamarqueses, noruegueses, suecos, gutas, gotlandeses, faroeses, islandeses, groenlandeses etc.

Apesar de falarem o mesmo idioma (ressalvado suas variações regionais), terem as mesmas características basilares culturais, sociais e religiosas, tais povos possuíam suas particularidades, uma delas era a atividade de ser viking, a grosso modo, poderíamos compará-la ao do saqueador ou pirata.

O presente livro do professor Dr. Johnni Langer, Heroicos Guerreiros: a história da Era Viking (2025), nos apresenta um estudo aprofundado sobre o conceito da palavra viking, seu emprego no medievo, suas ressignificações e desenvolvimento, além de mergulhar no desenvolvimento do imaginário desse “povo”, ora tido como bárbaros sanguinários que partiram do Norte da Europa para tocar o terror pelo continente, mas também vistos como exitosos comerciantes e colonos, inclusive sua cultura marcial, moral e religiosa foi ressignificada tornando-os até mais “pacíficos”.

Dessa forma, o livro do professor Langer nos apresenta o desenvolvimento do conceito da palavra viking passando pelo Renascimento Nórdico na Dinamarca do século XVIII, período em que os vikings começaram a chamar a atenção, retratados como bárbaros ou nobres pagãos, os quais no XIX, no despontar do Romantismo Nórdico ele surgiram usando os icônicos elmos com chifres ou asas, imaginário marcante.

O livro também estuda o desenvolvimento do conceito da Era Viking, a popularização dos estudos arqueológicos sobre eles, incluindo o Brasil, que mesmo na América do Sul não ficou de fora da onda da Vikingmania que se espalhava por parte da Europa e da América do Norte, fundamental para popularizar o interesse pelos vikings através das Artes, da História e da Arqueologia, influenciando não apenas imagens, mas costumes, impressões, políticas e ideologias.

O trabalho do professor Langer se revela essencial para todo aquele que estuda sobre a Escandinávia da Era Viking ou para aquele que tem curiosidade sobre quem foram os vikings e como sua figura se tornou popular na História e na cultura contemporânea e os desdobramentos gerados por conta disso, tratando-se do primeiro estudo brasileiro e em língua portuguesa sobre a temática.

Leandro Vilar Oliveira é graduado, mestre e doutorando em História pela UFPB, doutor em Ciências das Religiões pela UFPB e diretor geral do Museu Virtual Marítimo EXEA.