Leandro Vilar Oliveira
Quando
ouvimos a palavra viking automaticamente uma série de ideias e imaginários nos
vêm em mente: a figura do bárbaro, do pirata, do bruto, do guerreiro audaz, do
navegador, do desbravador, do pagão sombrio, do invasor cruel, entre outras
ideias que se combinam com novas percepções como a do mercador, do artesão, do
colonizador, do escaldo, da guerreira, do sacerdote, da profetisa, do rei e do
escravo.
Viking
é uma palavra que se difundiu mundialmente tornando-se um identificador étnico,
ou seja, um termo genérico para designar os povos escandinavos que viveram
entre os séculos VIII e XI, os quais se identificavam como dinamarqueses,
noruegueses, suecos, gutas, gotlandeses, faroeses, islandeses, groenlandeses
etc.
Apesar
de falarem o mesmo idioma (ressalvado suas variações regionais), terem as
mesmas características basilares culturais, sociais e religiosas, tais povos
possuíam suas particularidades, uma delas era a atividade de ser viking, a
grosso modo, poderíamos compará-la ao do saqueador ou pirata.
O
presente livro do professor Dr. Johnni Langer, Heroicos Guerreiros: a
história da Era Viking (2025), nos apresenta um estudo aprofundado sobre o
conceito da palavra viking, seu emprego no medievo, suas ressignificações e
desenvolvimento, além de mergulhar no desenvolvimento do imaginário desse
“povo”, ora tido como bárbaros sanguinários que partiram do Norte da Europa
para tocar o terror pelo continente, mas também vistos como exitosos
comerciantes e colonos, inclusive sua cultura marcial, moral e religiosa foi
ressignificada tornando-os até mais “pacíficos”.
Dessa
forma, o livro do professor Langer nos apresenta o desenvolvimento do conceito
da palavra viking passando pelo Renascimento Nórdico na Dinamarca do século
XVIII, período em que os vikings começaram a chamar a atenção, retratados como
bárbaros ou nobres pagãos, os quais no XIX, no despontar do Romantismo Nórdico
ele surgiram usando os icônicos elmos com chifres ou asas, imaginário marcante.
O
livro também estuda o desenvolvimento do conceito da Era Viking, a
popularização dos estudos arqueológicos sobre eles, incluindo o Brasil, que
mesmo na América do Sul não ficou de fora da onda da Vikingmania que se
espalhava por parte da Europa e da América do Norte, fundamental para
popularizar o interesse pelos vikings através das Artes, da História e da
Arqueologia, influenciando não apenas imagens, mas costumes, impressões,
políticas e ideologias.
O
trabalho do professor Langer se revela essencial para todo aquele que estuda
sobre a Escandinávia da Era Viking ou para aquele que tem curiosidade sobre
quem foram os vikings e como sua figura se tornou popular na História e na
cultura contemporânea e os desdobramentos gerados por conta disso, tratando-se
do primeiro estudo brasileiro e em língua portuguesa sobre a temática.
Leandro
Vilar Oliveira é graduado, mestre e doutorando em História pela UFPB, doutor em
Ciências das Religiões pela UFPB e diretor geral do Museu Virtual Marítimo
EXEA.