Em diversas fontes dos mitos nórdicos,
menciona-se a existência de nove mundos (Níu
heimar) na cosmografia após a morte de Ymir: Vafþrúðnimál 43, Völuspá
2, Gylfaginning 34, mas não se
detalha exatamente quais seriam estes mundos. Alguns especialistas percebem
isso como uma deficiência nas fontes e de que não existiria uma concepção
definida ou clara sobre a constituição cosmográfica; outros, no entanto,
acreditam que os nove mundos eram bem definidos.
Para Enrique Bernárdez, a referência ao
número nove deve ser entendida em sentido simbólico e não necessariamente matemático:
a importância sacra e poética do número nove suplantou a lista real dos mundos,
que deveria ter sido originalmente sete (como pensa também Hilda Davidson).
O poema éddico Alvíssmál 20 enumera como o vento era conhecido nas diferentes
famílias de seres, do qual podemos aferir seis mundos: homens, deuses, vanes,
gigantes, elfos, mortos. Assim, os seis mundos que a maioria dos especialistas
concorda que fazia parte da cosmovisão pagã são: Midgard, Asgard, Vanaheim,
Jotunheim/Utgard, Álfheim, Hel. A lista é completada pelo mundo dos anões Nídavellir
(ou Svártalfaheimr), a terra primordial do gelo (Niflheim) e a terra do fogo
(Muspelheim). Para Hilda Davidson, entraria também na lista o Valhalla. E
ainda, autores como Brian Branston que dividem o mundo dos elfos em escuros e
claros, mas eliminam Niflheim da lista.
As
representações visuais dos nove mundos tiveram início somente durante o século
XIX. Em 1847, o artista dinamarquês Oluf Olufsen Bagge, na pintura Yggdrasill, integrante do livro Northern Antiquites, reproduziu sua
interpretação dobre a cosmografia nórdica. Como a ilustração em cores não possui
legendas ou denominações é difícil saber quantos mundos o autor quis elencar,
mas alguns são óbvios: a terra resplandescente ao alto, certamente é Asgard,
enquanto Midgard fica ao centro e o submundo de Hel mais abaixo, nas raízes de
Yggdrasill. Em 1886, outra imagem foi criada por Friedrich Wilhelm Heine (Die eiche Yggdrasill), mas como na obra
de Bagge, não possui qualquer alusão direta aos mundos, centrando-se na representação
do bestiário cósmico: os animais situados no topo da árvore, a grande serpente
do mundo rodeando o mundo central, e abaixo de tudo, a serpente Nidhog
entrelaçada às raízes de Yggdrasill.
Durante
o século XX surgem as mais variadas tentativas de criar uma imagem coerente dos
nove mundos, nem sempre com bons resultados. A maioria é anônima e se encontra
reproduzida em livros, revistas, quadrinhos e internet, sendo que quase todas
são devedoras do referencial criado por Bagge e Heine: o cosmos é dividido em
três planos, todos tendo como base a árvore Yggdrasill; Asgard ocupa o topo,
acompanhada de perto por Vanaheim e Alfaheim; mais abaixo, no centro de tudo,
localiza-se Midgard e em seu entorno, Jotunheim; a divisão do submundo é muito
mais confusa, em várias ilustrações reproduzindo Hel junto a Niflheim e próximo
a estes, Svartálfaheimr e Nidavellir; em muitas imagens, o mundo de Muspelheim
é incluído no submundo.
Johnni Langer
Ver
também: Álfheim; Asgard; Cosmogonia
nórdica; Cosmologia nórdica; Hel; Jötunheim;
Midgard; Muspell; Niflheim e Niflhel; Vanaheim.
Referências Bibliográficas:
BERNÁRDEZ, Enrique. La geografia mitológica. Los mitos germánicos.
Madrid: Alianza, 2010, p. 281-288.
BRANSTON, Brian. Los nueve mundos. Mitología germánica ilustrada.
Barcelona: Vergara, 1960, pp. 181-183.