sábado, 26 de fevereiro de 2022

A Freydis da série Vikings: Valhalla e a idealização da mulher nórdica

                            


A FREYDIS DA SÉRIE VIKINGS: VALHALLA E A IDEALIZAÇÃO DA MULHER NÓRDICA 


Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)
johnnilanger@yahoo.com.br

Os Vikings voltaram - mais uma produção midiática representando os nórdicos está disponível ao grande público. Nosso objetivo neste ensaio é refletir sobre as idealizações em torno da sociedade e de personagens específicos da literatura nórdica pela série Vikings: Valhalla. O texto será dividido em três partes: a primeira, analisando aspectos genéricos; a segunda, refletindo especificamente a personagem Freydis. E por último, um vislumbre sobre as origens culturais da guerreira nórdica idealizada.

Aspectos gerais da série Vikings: Valhalla

O primeiro e óbvio elemento a ser considerado é o uso do sentido étnico da palavra Viking. Em toda a primeira temporada da série, se utiliza Viking enquanto sinônimo de identidade cultural para todas as populações nórdicas, da Groelândia à Noruega, sejam pagãs ou cristãs. Essa generalização idealizada provém do Romantismo, popularizada a partir do poema Vikingen de 1811 (Langer; Menini, 2020, pp. 709-738). Este referencial se afasta do sentido original, preservado pelas inscrições rúnicas: Viking seria uma atividade ocupacional definida pelas incursões náuticas (Langer, 2018, pp. 705-718). Mais especificamente, alguns diálogos aprofundam um referencial estereotipado: "um Viking verdadeiro busca a glória" (episódio 1), "como Viking meu objetivo é a vingança" (episódio 3). A primeira frase provém diretamente da imagem criada por Erik Gustaf Geijer no aludido poema Vikingen, enquanto a segunda é uma síntese de algumas situações de conflito presentes nas sagas islandesas, transferida para a imagem genérica do Viking.

A cultura material apresentada na série possui vários equívocos: indumentárias, equipamentos, arquitetura, urbanismo, etc., do qual não vamos detalhar aqui. Algumas são produtos de simples desconhecimento, outras foram ocasionadas pelo reaproveitamento de equipamentos de outras filmagens pelo estúdio. E ainda, possivelmente vários elementos da cultura material foram exagerados ou fantasiados para conceder efeito estético ou de impacto visual.

No tocante à religiosidade, o confronto entre cristianismo e paganismo foi exagerado para criar tensões e situações dramáticas. O processo de conversão da Escandinávia nem sempre foi violento e nem sempre constituiu um fenômeno social "de cima para baixo" (conversão em massa a partir de uma liderança) (Oliveira, 2018, pp. 153-157). Em Ribe, na Dinamarca, ocorreu convívio pacífico entre as duas religiões décadas antes da conversão oficial e da construção da primeira igreja (860). O exagero fica ainda maior na criação de personagens ditos berserkir cristãos que exterminam pagãos na rota ao santuário de Uppsala na Suécia. Todas as referências presentes nas sagas islandesas representam os berserkir enquanto campeões (e inclusive fanáticos) do paganismo, devotos do culto de Odin. Essa possivelmente é a primeira referência midiática de berserkir cristãos, criada com o intuito de promover uma maior tensão ao espectador (o visual deles é sinistro e lembra cavaleiros maléficos de outras mídias). 

Em relação ao paganismo, houve algumas repetições e algumas novidades. Os fantasiosos sacerdotes de Uppsala estão menos macabros do que na série original (tendendo ao um visual "xamânico"), mas a exacerbada violência associada aos rituais pagãos ainda é conservada - o sacrifício voluntário ocorrido dentro de um salão da fictícia cidade de Kattegat (episódio 8) é totalmente fantasioso, recordando as antigas torturas ocorridas até o século XVIII. Uma velha forma de representação fílmica sobre o paganismo (presente na maioria das produções épicas dos anos 1940 a 1960) ainda é presente na série: o exotismo - na fictícia cidade de Kattegat, no salão principal, repleto de convidados,  um velho maquiado realiza movimentos furtivos com uma serpente (recorda muito a situação de exotismo com as danças sinuosas de salão da produção The Saga of the Viking Women and Their Voyage to the Waters of the Great Sea Serpent, 1958). Algumas alterações (como a tríade de deuses de Uppsala descrita por Adão de Bremen, modificada para Odin, Thor e Freyja) são reflexos da importância que o roteiro vai conceder ao feminino. A deusa Freyja é citada em várias situações ao longo da temporada, algumas de forma equivocada, como no episódio 3, no qual se afirma que ela conduziria os mortos em batalha ao Valhalla, mas na verdade, ela conduziria a metade dos mortos ao seu próprio salão divino. Outra confusão é com a deusa Syn, guardiã do salão de Freyja e que na série se transforma na receptora dos mortos no Valhalla (episódio 6) e guardiã do mar (episódio 6).

Mas em especial, a criação da personagem Estrid Haakon reforça esse feminismo. Estrid é uma africana que foi levada para a Escandinávia, casou e acabou se tornando Jarl, obviamente uma situação fantasiosa do ponto de vista histórico, mas que condiz com a atual situação de inclusão social e étnica das mídias modernas (basta lembrar de Heimdal, dito o mais branco dos deuses nas fontes medievais, e que foi interpretado por um ator negro no filme Thor, 2011). Também Estrid lidera um bando de donzelas do escudo, da qual Freydis será treinada (episódio 6).

Fig. 1: Freydis na nova série Vikings: Valhalla, durante prova para se tornar uma donzela do escudo (episódio 6)


A representação de Freydis na série Vikings: Valhalla

Freydís Eiríksdóttir é uma personagem que vai surgir em duas sagas islandesas: a saga dos groenlandeses e a saga de Erik, o vermelho. Com elas duas, temos uma diferença objetiva com relação à série: nas sagas, Freydis somente transita entre a Groelândia e a América do Norte, enquanto na série ela vai para a Noruega. Outra diferença também diz respeito aos próprios habitantes da Groelândia e Vinlândia: em nenhum momento as sagas os caracterizam como Vikings. Nestas duas regiões, não existiram piratarias, conquistas ou guerras (no sentido extensivo de batalhas territoriais, como as apresentadas na série com Canuto e sua empreitada na Inglaterra). As expedições islandesas com destino à Groelândia se trataram de empreendimentos colonizadores. O objetivo dos viajantes era o de se tornarem fazendeiros e criadores de animais. Podemos definir os personagens das duas sagas mencionadas como colonos armados. Na série, Fredyis é apresentada originalmente como tendo sido uma caçadora (episódio 6), o que condiz muito mais com a sua  posterior transformação em uma guerreira. A caça fazia parte do cotidiano na Groelândia, por certo, mas a vida na fazenda era mais importante. Freydis não era uma caçadora, e sim uma fazendeira. Ela acabou se envolvendo em situações de conflito e chega a matar outras colonas. Mas isso não faz dela uma guerreira. Em outra cena famosa, ela pega uma espada e espanta os indígenas invasores, mas sem derramar uma gota de sangue. Fica a imagem de uma mulher destemida.

Fig. 3: Reconstituição de Freydis no Saga Museum, Islândia.


Outro detalhe muito importante para entendermos a nova ressignificação da personagem é o fato de tanto Leif quanto Freydis já serem cristãos de nascimento, por parte de mãe. O último pagão na Groelândia foi Erik, o vermelho, mas a sua mulher logo tratou de construir uma igreja na região, cujos remanescentes são visíveis até hoje. Essa transformação de Freydis em uma campeã do paganismo, por certo, faz parte de uma nova visão da religião nórdica antiga pela mídia, tornando-a positiva para os espectadores. Tradicionalmente, dos anos 1920 até a década de 1980, o paganismo nórdico sempre foi representado de forma amplamente negativa pelo cinema (Langer, 2015b, pp. 155-180). Apesar de na série existirem guerreiros tanto pagãos quanto cristãos, mulheres armadas só ocorrem no contexto pagão, especialmente na fictícia cidade de Kattegat. A referência constante da deusa Freyja, as cenas com donzelas do escudo e a trajetória de Freydis representam o triunfo de uma mulher representada unicamente no espaço bélico (tipicamente masculino em grandes produções fílmicas de 1940 a 1960). Apesar de existirem mulheres poderosas na política (em especial rainhas), Freydis vai dar continuidade ao sucesso da mulher guerreira (e rainha) protagonizado por Lagertha na série original. Mas esse sucesso público não é recente, na realidade tem raízes muito distantes, ainda no século XVIII.



Fig. 4: Freydis, ilustração de Stebba Ósk Ómarsdóttir para o livro Vinland, 2017. O navio está representado de forma tradicional (como na maioria dos filmes, livros didáticos e de História), onde a embarcação nórdica idealizada foi o langskip, com escudos laterais e figura de proa e popa. Mas na realidade, as embarcações utilizadas na Groelândia e América do Norte eram do tipo comercial (knǫrr), muito diferentes das embarcações longas de pirataria e guerra. Mas uma vez, o fazendeiro e colono nórdico foram retratados como Vikings (heróis e conquistadores).


As origens populares da guerreira nórdica idealizada

Foi após o Renascimento Nórdico (1750), fenômeno cultural onde as sagas islandesas e as Eddas foram traduzidas para as línguas modernas, que a representação visual da mulher marcial teve início. As artes visuais modernas praticamente não se interessaram pela mulher nórdica comum (especialmente a camponesa): a que trabalhava nas fazendas nos teares, cuidava da economia doméstica e dos animais. Ou então lidava com o comércio e a vida urbana nas grandes cidades-portos da Era Viking. As personagens preferidas para os artistas eram as donzelas de escudo e as valquírias, constantes das sagas lendárias e das Eddas. Neste sentido, a arte dinamarquesa vai privilegiar a personagem Hervör em várias pinturas e ilustrações do final do século XVIII até meados do século XIX. Em 1813 estreou em Copenhague a apresentação do balé Lagertha, com cenários e estrutura épica. Com a consolidação do protótipo do nórdico antigo com o poema Vikingen em 1811 - guerreiro, aventureiro, herói, conquistador (Langer; Menini, 2020, pp. 709-738), consequentemente os artistas passam a valorizar qualquer referencial feminino que tenha relação com o bélico.

Mas dentre as narrativas literárias disponíveis, nada fez mais sucesso do que as valquírias, seja na pintura, na música ou na escultura oitocentista. Na Alemanha e em toda a Escandinávia as valquírias tornam-se os modelos da própria nação, onde cada país vai criar modelos visuais inspirados nas belicosas ajudantes do deus Odin. Elas também acabam servindo como um referencial para países onde a marcialidade eram necessária para o discurso político e social do período. Mesmo que o campo de guerra no Oitocentos fosse estritamente masculino, elas inspiravam o sucesso nas batalhas (Langer, 2021, p. 2-13).


Fig. 5: Mor Danmark (Mãe Dinamarca),  Elisabeth Jerichau Baumann, 1851; Fig. 6: Moder Svea (Mãe Suécia), Rolf Adlersparre, 1892; Fig. 7: Mor Norge (Mãe Noruega), Andreas Bloch, 1905.


No século XX o cinema mudo, ainda nos anos 1920, também representou a mulher nórdica como uma intrépida guerreira, vestida aos moldes da ópera wagneriana (The viking, 1928). Esse modelo ainda vai continuar nos anos 1950, mas somente nos filmes B, como The Saga of the Viking Women and Their Voyage to the Waters of the Sea Serpent (1958). No cinema de grande produção envolvendo os "Vikings" dos anos 1950 a 1990, a mulher nórdica foi retratada somente como meiga, subserviente, doméstica. Isso muda com o sucesso da série de fantasia Xena (1995). O modelo da mulher guerreira antiga e medieval volta a fazer sucesso, inspirando na criação de personagens belicosas nos filmes Coração de Dragão (1996) e Lenya, a guerreira (2001). Esta mudança nas representações midiáticas talvez tenham sido influenciadas pelos novos padrões femininos e feministas, algo a ser pesquisado.

A guerreira nórdica ressurge no filme Outlander (2008), onde a personagem Freyja é a filha de um rei, atuando ao mesmo tempo na vida doméstica/palaciana, quanto lidando com armas. Dentro da série de quadrinhos Northmen, foi publicado o suplemento Irmãs de Escudo (2010) onde podemos observar um grupo de mulheres nórdicas que se transformam em guerreiras e mercenárias, abolindo e maldizendo a "vida doméstica", entre os quais, a tecelagem. Além de idealizarem uma vida sem a influência objetiva de qualquer homem (Langer, 2012, p. 287). Aqui percebemos nitidamente modelos e referenciais tipicamente advindos do feminismo moderno, transferidos para o passado. No próprio modelo de valquíria, imaginado pelas sagas lendárias, as guerreiras teciam - como Brynhild na Saga dos Volsungos, não necessariamente ocorria um modelo antagônico de atividades para a fantasia social daquela época (ela tecia e guerreava). É a nossa sociedade que acaba criando representações baseadas nas experiências contemporâneas (Para mais detalhes, Langer, 2012). 

Algumas crônicas medievais citam  guerreiras nórdicas atuando em regiões exteriores à Escandinávia, além de recentes pesquisas arqueológicas que vem confirmando a realidade destas mulheres. Mas como era o seu papel na sociedade? Como eram os seus relacionamentos? Como eram vistas socialmente de um ponto de vista do gênero? Não sabemos. As dezenas de sagas de família, mais realistas e "históricas" (até certo ponto),  são absolutamente silenciosas sobre estas mulheres. Eram poucas e não tinham tanta importância? Não sabemos. Elas abundam nas sagas lendárias e nos mitos - mas até que ponto estas fontes servem para uma reconstituição histórica e social? O que podemos afirmar é que a maioria das imagens criadas sobre as guerreiras escandinavas da Era Viking provém da fantasia, seja no passado, seja no presente (*). E a partir de 2013, Lagertha torna-se o principal referencial imaginário, fantástico e ficcional para a nossa época representar o tema. E é por ele que temos que refletir a Freydis da série Vikings: Valhalla. Fruto ao mesmo tempo de releituras das sagas do Atlântico Norte, a nova Freydis também é perpetuadora do modelo ideal de mulher nórdica antiga elaborado a partir da modernidade.

Nota:
(*) Talvez seja possível utilizar algumas descrições da Gesta Danorum de Saxo Grammaticus como um contraponto interessante para as pesquisas das guerreiras nórdicas antigas, apesar de sua influência classicista e grandes doses de fantasia.

Fontes primárias:

ANÔNIMO. Três sagas islandesas. Tradução de Théo de Borba Moosburger. Curitiba: Editora da UFPB, 2007.

ANÔNIMO. The Vinland Sagas: The norse discovery of America. Tradução de Magnus Magnusson e Hermann Pálsson. London: Penguin, 1965.

Fontes secundárias:

BOYER, Régis. Mulheres viris. In: BRUNEL, Pierre (Org.). Dicionário de Mitos literários. Brasília: UNB, 1997, pp. 744-746. 

CAMPOS, Luciana de. Freydis Eiriksdóttir. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra, 2018, pp. 287-289.

FERNANDES, José Lucas Cordeiro. Sagas do Atlântico Norte. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra, 2018, pp. 617-621. 

FERNANDES, José Lucas Cordeiro. Leif Eriksson. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra, 2018, pp. 471-473.



LANGER, Johnni. Viking. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. são Paulo: Hedra, 2018, pp. 705-718.

OILIVEIRA, André Araújo de. Conversão ao cristianismo. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. são Paulo: Hedra, 2018, pp. 153-157

LANGER, Johnni. Mulheres guerreiras nórdicas. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de Mitologia Nórdica. São Paulo: Hedra, 2015a, pp. 321-324.




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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Qual o significado da palavra VIKING?

Em continuidade às nossas postagens curtas sobre cultura material da Era Viking e aproveitando a eminente estreia da série VIKING: VALHALLA, esclarecemos as origens da complexa e ambígua palavra VIKING.




domingo, 20 de fevereiro de 2022

Novo vídeo: o cotidiano em um barco da Era Viking


O novo episódio da série Cotidiano e História apresenta o dia a dia em um barco da Era Viking: a alimentação, a higiene e as principais diversões e entretenimentos. Clique aqui para assistir ao vídeo.


IMAGENS DO VÍDEO:








BIBLIOGRAFIA: 

ATKINSON, Ian. La vida y la muerte a bordo de um barco. In: Los barcos vikingos. Madrid: Akal, 1986, pp. 33-36. 

BOYER, Régis. La vida en el barco, In: La vida cotidiana de los vikingos. Barcelona: José Olañeta, 2002, pp. 103-148. 

SHORT, William R. Transportation and navegation. In: Icelanders in the Vikinge Age: the people of the sagas. London: McFarland, 2010, pp. 133-134.




sábado, 12 de fevereiro de 2022

As nove melhores sagas islandesas

 

Imagem de fundo: Mapa da Islândia de Abraham Ortelius, 1590.


Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)
johnnilanger@yahoo.com.br

A sagas islandesas constituem um  dos maiores patrimônios literários advindos do Medievo. Após o seu imenso sucesso receptivo com o advento do Romantismo, as sagas tornaram-se uma das principais fontes para a modernidade pensar modelos e referenciais para o nórdico e a Era Viking. Esta presente seleção tem como principal intuito auxiliar na divulgação das sagas para o público brasileiro. A seleção foi baseada em alguns critérios: a sua tradução para a língua portuguesa; a importância história e receptiva de cada saga para o Ocidente; a qualidade literária de cada saga dentro dos referenciais do próprio selecionador. Para as edições, nos concentramos somente nas traduções ao português, inglês, espanhol e francês, que possuem maior interesse e acesso pelos brasileiros. Os títulos ao português e outras neolatinas variam, conforme os critérios dos tradutores. Para uma introdução ao estudo das sagas islandesas clique aqui.


1. A saga de Njál

A saga de Njál é uma das mais famosas Íslendingasögur (comumente conhecidas como sagas de famílias ou de islandeses). Teodoro Antón  a considera a mais extensa e complexa das Íslendingasögur. Ela foi traduzida integralmente do nórdico antigo ao português pelo pesquisador Théo de Borba Moosburger em sua tese de doutorado pela UFSC. Em 2021 ela foi transformada em livro. Anteriormente, no ano de 1986 (mas publicada em 2003 pela editora Siruela) o escandinavista Enrique Bernardez realizou uma grandiosa tradução desta saga, incluindo vários mapas geográficos que auxiliam o leitor na identificação das cenas e situações do enredo. Também vale a menção à tradução ao inglês pela dupla Magnus Magnusson e Hermann Pálsson (editora Penguin).






2. A saga dos groelandeses/3. A saga de Eirikr vermelho

As duas sagas do Atlântico Norte são as principais da obra Três sagas islandesas, traduzidas por Théo de Borbsa Moosburger e publicado pela editora da UFPR em 2007. Elas narram a trajetória de alguns dos personagens mais famosos da literatura nórdica medieval: Erik, o vermelho, seu filho Leif Erikson e a sua intrépida filha Freydis. Estes dois últimos tenderão a ser ainda mais populares com a estreia da série Vikings: Valhalla. Uma popular tradução ao inglês (também pela dupla Magnusson e Pálsson) é The Vinland Sagas.






4. A saga dos Volsungos

Certamente a mais conhecida saga islandesa publicada no Brasil, devido à popular tradução de Théo de Borba Moosburger pela Editora Hedra. Também constitui uma das sagas lendárias (ou dos tempos antigos, fornaldarsögur) mais célebres. Foi a que recebeu a maior quantidade de estudos acadêmicos, em vários níveis, realizados em nosso país até hoje. A narrativa de Sigurd foi muito importante para a sociedade nórdica antiga, refletida em inúmeras representações visuais no Medievo. A Völsunga saga também é extremamente relevante pela sua recepção artística, desde as inúmeras recriações literárias até as pinturas românticas, passando é claro pelas óperas wagnerianas. A saga também recebeu uma estupenda tradução na França, realizada pelo maior escandinavista francês de todos os tempos, Régis Boyer.





5. A saga de Hervör

A saga de Hervör é maravilhosa, seja por se tratar de uma das poucas sagas com protagonistas femininos, seja pela sua narrativa forte, trágica e heroica. A tradução de Mariano Gonzales Campo ao espanhol é primorosa, mas também a de Régis Boyer ao francês vale a menção.



6. A saga do povo de  Eyr

Tradicional saga de família, onde a narrativa é repleta de conflitos e disputas entre personagens rivais. É de se destacar a importância que esta saga concede às práticas mágicas antigas e o papel da völva, sempre dentro de um referencial cristão e literário. A tradução de Maria Álvarez e Teodoro Antón é muito competente e inclui uma introdução de Else Mundal. A coleção de sagas da Penguin também incluiu uma tradução de Pálsson e Edwards.




7. A saga do Vale dos Salmões

Segundo o historiador Guðbrandur Vigfússon, a Laxdœla saga seria a segunda melhor saga, só ficando atrás da saga de Njál. A principal trama é centrada pelas figuras de Guðrún Ósvífursdóttir, Kjartan Ólafsson e Bolli Þorleiksson, formando um triângulo amoroso (um referencial talvez influenciado pelo continente). Geralmente os pesquisadores consideram a alta qualidade literária desta saga, a sua trama muito consistente, bem como uma minuciosa descrição dos personagens. Apesar de muitos anacronismos referentes aos equipamentos e cultura material, bem como discrepâncias em genealogias, vários historiadores consideram que alguns acontecimentos importantes narrados nesta obra foram históricos.






8. A saga dos Ynglingos

A saga dos Ynglingos se tornou muito famosa pela inclusão de informações sobre deidades (especialmente Odin) e também por aquela que talvez seja a sua mais famosa passagem - a referente aos berserkir. A edição ao espanhol de Santiago Ibañez Lluch é acompanhada de um longo e primoroso prefácio (comum em várias edições de literatura medieval nórdica realizada por espanhóis). Também vale a citação da obra completa Heimskringla (da qual a Ynglinga saga se inclui originalmente, logo no início da magistral obra de Snorri Sturlusson) traduzida ao inglês por Lee M. Hollander.






9. A saga de Egil Skallagrimsson

A minha saga de família (ou dos islandeses) preferida.  Egil é o maior protótipo do nórdico antigo em todos os seus aspectos: Viking, aventureiro, comerciante, herói, fazendeiro. O momento da morte dos filhos e da interferência de sua filha Þorgerðr - e a consequente criação do poema Sonatorrek, é uma das passagens mais belas da prosa e poesia medieval. A tradução de Enrique Bernardez ao espanhol é maravilhosa, mas também a tradução ao inglês da dupla Hermann Pálsson e Paul Edwards deve ser conhecida.


  


Referências bibliográficas:

ANTÓN, Teodoro Manrique. Egils saga; Eyrbyggja saga; Laxdaela saga; Njáls saga. In: LANGER, Johnni (Ed.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra, 2018.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A cultura material mágica na Era Viking

 

Figura feminina de prata, encontrada em Tissø, Dinamarca. 


A CULTURA MATERIAL DA MAGIA NÓRDICA NA ERA VIKING

Me. José Ricardo Claudino da Silva (UFPB/NEVE)

ricardo.claudino.silva@hotmail.com


Alguns dos vestígios materiais de que dispomos em relação à magia nórdica na Era Viking (sécs. VIII ao XI d. C.), estão relacionados, por exemplo, à divinação (seiðr), invocação, proteção, práticas mágicas exercidas através de cânticos (galdr), “feitiços” e “entoações”, bem como a certos conjuros mágicos (trolldómr). Dentre os artefatos arqueológicos em torno da materialidade da religião nórdica pré-cristã, também estão abarcados objetos que diziam respeito ao modo de vida de maneira geral, como utensílios de cura, receitas para doenças e enfermidades, dentre outros. 

Por “cultura material da magia” entendemos as diversas experiências compartilhadas entre indivíduos, nas quais certos materiais feito conchas, ossos, bolsas, itens pessoais/compartilhados, restos de animais etc., adquirem significados novos atribuídos pelo seu contexto. Outro tópico relevante da cultura material é a coleta e a reflexão de como certos objetos foram qualificados em tais contextos com o passar do tempo e do espaço (THWAITE, 2020). Essa área de estudo emergiu mediante o progresso de várias disciplinas conjuntas, como a História, a Antropologia, a Arqueologia, os Estudos Literários e outras abordagens indispensáveis. 

No Oitocentos, os escandinavistas também foram precursores na formulação de tipologias e métodos para a compreensão da Arqueologia pré-histórica; os vestígios funerários serviam de base para obras como Danmarks Oldtid (Pré-História da Dinamarca), de Jens Worsaae, publicado em 1843, cujos objetos recuperados foram prontamente encaminhados para instituições como o Museu Nacional da Dinamarca (LANGER, 2015). No curso do século XX as pesquisas acerca dos sepultamentos sofreram influências de outras áreas, que trouxeram o aperfeiçoamento das técnicas forenses, exames osteológicos e laboratoriais (LANGER, 2015). 

Assim, a arqueologia como material fonte para o estudo da magia medieval nos direciona para questões teóricas e metodológicas nas quais rituais de magia evidenciados por arqueologia dificilmente foram registrados em textos medievais, entre o conteúdo documentado e a cultura material; por outro lado, as fontes complementares reúnem quadros socialmente particulares, próximo às ações dos agentes pouco representados em textos (ambientes domésticos, mulheres, campesinos), onde o aporte dado pela arqueologia favorece a visualização de condutas religiosas, mesmo prevalecendo a complexidade de considerar se essas atividades foram proibidas pela igreja ou considerada magia ilícita, em consequência da falta de comentário textual (GILCHRIST, 2019). Isto posto, ressaltamos que alguns hábitos de proteção doméstica pós-medieval não foram relatados em registros literários e muitos dos sítios arqueológicos domésticos pouco revelam os detalhes de seu entorno; deste modo, pela literatura é que terminamos por descobrir que palavras, orações e encantos eram ditos durante algum momento do ritual doméstico (DAVIES, 2015). 

Neste caso, “Vagamente definida, a magia natural era uma arte prática que usava os poderes naturais das coisas para alcançar certos efeitos desejados, incluindo mudanças fisiológicas que poderiam curar corpos humanos ou animais de doenças” (THWAITE, 2020, p. 34). Assim, as chamadas práticas apotropaicas são, por sua vez, símbolos materiais mágicos que repelem o mal em busca de proteção de alguma coisa ou de alguém, a exemplo das contas na forma de olhos, encontradas em um assentamento da Era Viking, localizado no importante centro urbano da Noruega; esse tipo de material de cunho protetivo (a utilização do preto-azul-branco) está presente também no Mediterrâneo Oriental e em regiões do Oriente Médio desde a antiguidade (BILL, 2016). 

Figura 1: Contas no formato de olhos, descobertas durante escavações em Kaupang em Vestfold, Noruega; assentamento urbano da Era Viking. Museu de História Cultural da Universidade de Oslo. Fonte: BILL, 2016, p. 143. 


A magia simpática em amuletos rúnicos terminou por se expandir a expressões simbólicas mais híbridas, popular na tradição germânica e nos remédios domésticos, que constantemente exibem certos tipos de vegetais, animais, flores ou ervas selecionadas por causa dos atributos e benefícios a eles ligados, tendo sido registrados em receitas de cura na literatura nórdica antiga quanto em obras médicas anglo-saxãs (MACLEOD; MEES, 2006). Outras das inscrições rúnicas antigas em objetos que podem ter sido amuletos são as esculturas que representam peculiaridades do pensamento e crença religiosa do período pré-cristão, similares aos filactérios da época. São como itens com inscrições moderadamente votivas, ao invés de unicamente amuléticas (MACLEOD; MEES, 2006). 

Outros objetos mágicos nórdicos são aos pingentes, talismãs, pedras rúnicas e anéis, dentre outros. Dentre eles, alguns são caracterizados como nativos, assim como diversos tipos de fontes arqueológicas (particularmente as inscrições rúnicas) e alguns poemas escáldicos (literatura oral da Noruega e da Islândia), por exemplo. A questão com a qual nos deparamos reside na dificuldade de interpretar determinadas fontes de forma que elas nos permitam vislumbrar parte da religião pagã, seja que temos acesso a meros recortes ou fragmentos dos mitos. No que concerne a mitologia dessas fontes, e aquela que vem da poesia escáldica; muitos dos materiais disponíveis foram redigidos por autores cristãos e alguns, poucos, muçulmanos, sendo a maior parte as fontes escritas desenvolvidas na Islândia no século XIII em diante, mais de dois séculos após o processo de cristianização, durante o tempo em que “contemporâneos” compuseram a partir do contato com escandinavos pagãos; por fim, as fontes escritas, especialmente os poemas éddicos (difíceis de datar), remontando aos tempos pagãos e durante o período cristão (SCHJØDT, 2013); constando a poesia éddica (LARRINGTON, 2014) e a prosa éddica (STURLUSON; FAULKES, 1995). 

Muitas das fontes a respeito da mitologia nórdica são chamadas de “estrangeiras”, por terem sido escritas por pessoas pertencentes a outra cultura que não a escandinava. Existem, contudo, as fontes nórdicas (sobretudo islandesas) (SCHJØDT, 2017). Isso sem levarmos em conta as influências xamânicas e de práticas religiosas dos povos de etnia Fino-Úgrica, habitantes de regiões como a Suécia, Noruega, Finlândia e Península de Kola, Rússia, com quem os escandinavos mantiveram contato (principalmente sámis e finlandeses). 

A respeito dos achados rúnicos, apontados como amuletos na Dinamarca medieval, encontramos objetos de metal (comumente feitos de chumbo), abrangendo uma sucessão de dificuldades para datação arqueológica (maiormente os de metal), já que este é um campo de estudos que lida em sua maioria com achados perdidos; levam-se em conta também contextos arqueológicos periféricos, da mesma maneira que locais de assentamento. Estes podem evidenciar alguma atividade humana; em outros acontecidos, a datação de amuletos se dá pelas características linguísticas, tipologia fundamentalmente rúnica; então, por se versar de achados perdidos, não se sabe ao certo se foram desaparecidos ao solo ou expostos de forma intencional, em virtude que alguns desses amuletos foram encontrados em igrejas, capelas, túmulos ou cemitérios (STEENHOLT OLESEN, 2010). 


Figura 2: Amuleto de chumbo (Lille Myregård). Museu Nacional de Copenhague, Dinamarca. Fonte: STEENHOLT OLESEN, 2010, p. 166.


Nesse caso, a arqueologia busca perceber como os indivíduos medievais tratavam suas crenças sobrenaturais por intermédio de costumes e manipulações materiais de existência e morte, tendo em consideração os manuseios apotropaicos encontrados em sepulturas de membros de comunidades medievais posteriores em Grã-Bretanha (propósito de afastar o mau agouro), concernindo às tradições funerárias anteriores, tal qual o aumento e uso de amuletos na fase de conversão para o cristianismo e de gerações mais antigas que utilizavam elementos naturais próprios ou manejos antigos dentro de túmulos (GILCHRIST, 2008). 


Figura 3: Folha de chumbo contendo pelos de animais marrons, agarrado a perna de um homem adulto enterrado no cemitério de St. Mary Spital, Londres. Museu de Londres Serviço de Arqueologia. Fonte: GILCHRIST, 2008, p. 136.


Gilchrist (2008) aponta quatro categorias de item “mágico” que foram encontrados em sepulturas medievais: feitiços de cura e amuletos de proteção; peças consideradas detentoras de poder natural oculto; artefatos “antigos”; e uma possível mágica demoníaca em torno da adivinhação. Enfatiza-se a importância de distinguir essas elaborações mágicas quanto ao cadáver, isto é, relacionado à proximidade direta com o corpo dentro da mortalha ou caixão, ou no túmulo, à frente da cadeia de acontecimentos em que o artigo foi depositado, seja em casa durante a preparação do corpo ou, seguidamente, quanto ao domínio eclesiástico do pátio perto de alguma igreja ou cemitério (GILCHRIST, 2008). 

Nesta circunstância, a região da Polônia foi grandemente desapreciada no meio dos principais estudos sobre a Era Viking e, por isso, recentemente pesquisadores começaram a proporcionar cuidados às complexas multiplicidades percebidas entre as sociedades nórdicas e eslava ocidental. Durante a última década, diversos aspectos dessas interações foram investigadas por historiadores e arqueólogos e, assim, há escavações em curso em locais de importantes portos comerciais como Wolin (município da Polônia) e Truso (centro medieval), que renderam abundantes achados. Foram descobertos indicativos de habitações constantes ou grandes redes de comércio intercultural e troca com a cultura escandinava, tornando claro não somente que havia uma diversidade de artefatos ornamentados em estilos artísticos tradicionalmente escandinavos (Borre, Mammen ou Ringerike), mas também em formatos diferentes de arquitetura e evidências funerárias. Até o presente momento, surpreendentemente pouca dedicação foi dada às crenças dos nórdicos viajantes que se alocaram na costa sul do Mar Báltico (GARDEŁA, 2015). 


Figura 4: Amuletos da Era Viking da Polônia; a. Martelo de Thor de Wolin (prata); b. Martelo de Thor de Łupawa (prata); c. Martelo de Thor de Gdańsk (âmbar); d. Martelo de Thor de Wolin (âmbar); e. pé/calçado em miniatura de Wolin (âmbar); f-h. figuras antropomórficas de Truso. Fonte: GARDEŁA, 2015, p. 105.


Por vezes, dicionários e museus costumam acomodar os termos “amuleto”, “encanto” e “talismã” incertamente, optando por seguir os primeiros autores modernos que adotaram uma posição e abordagem um tanto inconsistente para as definições taxativas dessas palavras, possibilitando a abertura para algum tipo de sobreposição; enquanto isso, as três palavras mantinham significados relacionados, mas não eram sinônimos (THWAITE, 2020). 

Essa discussão aponta o problema da ocorrência contínua de se agrupar qualquer temática superficialmente esotérica, miraculosa ou sobrenatural na categoria de “amuletos”, sendo uma tendência expressada em instituições, no caso de catálogos de museus e literatura secundária que enquadram esses artefatos como simplesmente “mágicos” e “supersticiosos” (THWAITE, 2020). Portanto, a Arqueologia das Religiões propõe discussões, metodologias e teorias nas buscas de rituais e religiosidades. O olhar voltado à cultura material da religiosidade nórdica deve compreender a visão cosmológica pré-cristã, baseada em particular no desempenho e versatilidade do fenômeno religioso conforme manifesto no cenário escandinavo, interpretando certas transformações no tempo, espaço e hibridismos culturais que possam surgir ao longo dos anos (LANGER, 2015). 


Referências Bibliográficas:

Fontes primárias


LARRINGTON, Carolyne (Trad.). The Poetic Edda. USA: Oxford University Press, 2014.

STURLUSON, Snorri; FAULKES, Anthony (Trad.). Edda. London: Everyman Paperback Classics, 1995. 


Fontes secundárias


BILL, Jan. Protecting Against the Dead? On the Possible Use of Apotropaic Magic in the Oseberg Burial. Cambridge Archaeological Journal, v. 26, n. 1, p. 141-155, 2016.

DAVIES, Owen. The material culture of post-medieval domestic magic in Europe: evidence, comparisons and interpretations. In: BOSCHUNG, Dietrich; BREMMER, Jan N. (Eds.). The Materiality of Magic. Paderborn: Wilhelm Fink, 2015, p. 379-417.

GARDEŁA, Leszek. Viking Age Amulets in Poland: Symbolism and Context. In: GLAUSER, Jürg et al. (Ed.). The Sixteenth International Saga Conference Sagas and Space. University of Zurich and University of Basel; Preprints of Abstracts: Schweizerische Gesellschaft für Skandinavische Studien, 2015. p. 104-105. 

GILCHRIST, Roberta. Magic and Archaeology: Ritual Residues and “Odd” Deposits. The Routledge History of Medieval Magic, Routledge: Abingdon, p. 383-401, 2019.

GILCHRIST, Roberta. Magic for the Dead? The Archaeology of Magic in Later Medieval Burials. Medieval Archaeology, v. 52, n. 1, p. 119-159, 2008.

LANGER, Johnni. A Arqueologia da Religião Nórdica na Era Viking: perspectivas teóricas e metodológicas. Revista Signum, v. 16, n. 1, p. 4-27, 2015.

MACLEOD, Mindy; MEES, Bernard. Runic amulets and magic objects. London: The Boydell Press, 2006.

SCHJØDT, Jens Peter. Pre-Christian Religions of the North and the Need for Comparativism: Reflections on Why, How, and with What We Can Compare. Old Norse Mythology-Comparative Perspectives, p. 3-28, 2017.

SCHJØDT, Jens Peter. The Notions of Model, Discourse, and Semantic Center as Tools for the (Re) Construction of Old Norse Religion. RMN Newsletter, v. 6, p. 6-14, 2013.

STEENHOLT OLESEN, Rikke. Runic Amulets from Medieval Denmark. Futhark: International Journal of Runic Studies, v. 1, p. 161-176, 2010.

THWAITE, Ann-Sophie. Magic and the material culture of healing in early modern England. 2020. Doctoral Thesis. University of Cambridge, Reino Unido, 2020. 


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Curso digital: Na cozinha das deusas, a alimentação antiga e medieval

 


Curso digital:
Na cozinha das Deusas: a alimentação Antiga e Medieval

Informações - E-mail: fadacelta@yahoo.com.br      Instagram: @fadacelta

Inscrições pelo Google Drive 

Inscrições somente até o dia 16 de março, vagas limitadas.

O curso tem como objetivo apresentar um panorama geral e introdutório da gastronomia desde a Antiguidade até a Idade Média, enfocando principalmente os alimentos e pratos consagrados às deusas de diversos panteões.

O curso abrangerá oito aulas, onde serão abordadas uma visão geral da história da alimentação na Antiguidade, Era Viking e Idade Média, bem como a reconstituição de um prato de cada época em cada módulo. Também serão analisadas as suas ligações com as deidades femininas de cada um dos pratos abordados.

As aulas serão ministradas sempre às quintas feiras, no horário das 19h:30m às 21h:30m. O curso tem o total de dezesseis horas.

As aulas serão totalmente digitais e o curso tem o custo total de R$ 60,00. Será conferido um certificado para os ouvintes que possuírem o total de 75 % de presença (seis aulas). O certificado será emitido pelo Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, grupo cadastrado no DGP-CNPQ (clique aqui para ver o espelho do grupo) e vinculado ao PPGCR-UFPB e PPGH-UFRN.

Cronograma/programação do curso:

Aula 1 (17 de março): Uma introdução à História da Alimentação. Alimentos sagrados. A cozinha das deusas.

aula 2 (24 de março) A Alimentação na Mesopotâmia

Aula 3 (31 de março): A Alimentação no Egito.

Aula 4 (07 de abril): A Alimentação na Grécia antiga.

Aula 5 (14 de abril): A Alimentação na Roma antiga.

Aula 6 (28 de abril): A Alimentação na Era Viking I

Aula 7  (05 de maio): A Alimentação na Era Viking II

Aula 8 (12 de maio): A Alimentação na Idade Média


Sobre a ministrante do curso:

Luciana de Campos é graduada em letras pela UNESP/Araraquara; Mestre em História pela UNESP/Franca, Doutora em Letras pela UFPB e possui estágio pós doutoral em ciências das Religiões pela UFPB. É autora do livro Na mesa com a História: a alimentação na Antiguidade, Era Viking e Medievo (2021). É membro do NEVE (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos) e The Northern Women’s Art Collaborative (página pessoal neste grupo).

Seus artigos acadêmicos sobre História da Alimentação estão disponíveis neste site: AcademiaEdu.



Video: Reportagem sobre o livro "Na mesa com a história" (TV Itararé)



Vídeo: Entrevista sobre Hidromel com Luciana de Campos (NEVE) na TV correio/Record


Vídeo: Os pães da Era Viking (com Luciana de Campos)





Vídeo: Como fazer carne na cerveja e pão da Era Viking (com Luciana de Campos)