Símbolos
mágicos nórdicos: guia visual e histórico*
Imagem
1:
Skivarpstenen, Lundagård, Lund/Suécia.
Prof. Dr. Johnni
Langer (UFPB/NEVE)
Índice
de símbolos: 1. Suástica e triskelion; 2. Triquetra e
Valknut; 3. Espiral e labirinto; 4. Nó quadrifólico; 5. Pentagrama; 6. Cruz
Troll; 7. Cruz élfica; 8. Vegvísir e ægishjálmr.
Introdução
O
uso de símbolos para práticas mágicas variadas é atestado desde a Antiguidade,
mas ainda verificamos a sua extrema abundância nos dias de hoje. A finalidade
deste ensaio é possibilitar ao público de língua portuguesa o acesso a um
mostruário parcial da imensa riqueza visual e histórica de símbolos mágicos e
religiosos utilizados na área escandinava. A mesmo tempo, aproveitamos para
corrigir vários equívocos sobre o tema, abundantes em livros e na internet.
Nosso levantamento possui alguns critérios: incluímos apenas símbolos mágicos
com morfologia geométrica não figurativa e que foram utilizados na Antiguidade
e Medievo, alguns com continuidade após a cristianização, também sendo
utilizados no folclore e tradição popular moderna. Atualizamos algumas considerações
já realizadas em nosso anterior estudo acadêmico (Langer, 2010) mas com várias
adições e correções.
Com
o intuito de apontar interpretações equivocadas, mas não confundir o leitor,
separamos as formas de referência em dois tipos: livros e sites com teor
esotérico, neopagão e jornalístico são descritos com autoria e título completo no
texto; obras acadêmicas e científicas são referenciadas no texto como sobrenome
da autoria, data e paginação – sendo a bibliografia completa descrita ao final
do ensaio.
O
estudo dos símbolos é uma área complexa e que requer alguns cuidados. Primeiro,
evitamos generalizações, referenciais diacrônicos e universalistas em excesso.
Símbolos extremamente difundidos na área euro-asiática (como a suástica)
necessariamente não tem os mesmos significados, variando conforme o contexto histórico,
geográfico, social e cultural: “O símbolo é sempre proteiforme, polivante,
ambíguo (...) no mundo dos símbolos, tudo é cultural e deve ser estudado em relação à sociedade
que dele faz uso (...) nada funciona fora do contexto” (Pastoreau, 2002, p.
495, 505, 507). Outra questão é o conceito de magia. Aqui empregamos noções
relacionadas ao caráter pragmático dos simbolismos, onde magia envolve uma
série de recursos materiais para o controle do sobrenatural e a natureza,
também empregando mitos e tradições orais; diversas práticas, rituais e
simbolismos para tentar encontrar em contato com poderes invisíveis, para
conhecer o futuro ou influenciar eventos (Mitchell, 2015, p. 59). E neste
sentido, a magia medieval não pode ser entendida enquanto oposta à religião,
tanto erudita quanto popular (Jolly, 1996, p. 18), mesclando-se e
hibridizando-se com as tradições religiosas.
Algumas
considerações gerais também são necessárias. Primeiro, a de que não sabemos o
nome original da maioria dos símbolos antigos, sendo utilizadas designações
genéricas, posteriores à Era Viking ou de outros recortes históricos e
geográficos. Em segundo, o estudo dos símbolos nórdicos ainda é muito precário
na academia, sendo objeto de poucas investigações científicas. Para o caso de
símbolos presentes na Era Viking, estamos preparando um material acadêmico mais
detalhado e analítico, a ser publicado futuramente. Neste pequeno ensaio,
concederemos apenas algumas considerações sistematizadoras de base diacrônica,
enfatizando um recorte da Antiguidade à modernidade.
1. Suástica
e Triskelion
A
suástica é um símbolo complexo, existindo em várias culturas euroasiáticas
desde a Antiguidade. No mundo germânico antigo ela aparece especialmente entre
as bracteatas: pingentes feito de ouro ou prata que foram encontrados em tumbas
no período de migrações e merovíngio. Elas possuem um caráter mágico-religioso
e geralmente contém motivos relacionados com o mundo do guerreiro. Várias
imagens de bracteatas contém performances de guerreiros dançando ou então
representações do deus Wotan e seus animais auxiliares. O êxtase e a dança
ritual parecem estar particularmente relacionadas com o símbolo da suástica,
que em algumas bracteatas possui pequenas arestas em suas extremidades,
sugerindo movimento e êxtase (Franceschi, 2005, p. 55). Em várias inscrições
rúnicas da Antiguidade, a suástica aparece como um símbolo de sorte e proteção
ou então como instrumento para aumento do poder mágico do amuleto, possuindo
uma funcionalidade semelhante às palavras de encantamento (MacLeod & Mees,
2006, p. 21, 74, 86, 94).
Imagem 2: Bracteata
Djupbrunns I, Suécia (SHM 4877), séc. V-VI. Fonte. A imagem
apresenta uma figura masculina (geralmente identificada a Wotan), onde seu
cabelo se transforma em pássaro, com um cavalo logo abaixo, portanto chifres
(talvez parte de antigo ritual). A suástica está logo abaixo.
Durante
a Era Viking a suástica continua particularmente associada com os sítios e
contextos monumentais do deus Odin. Ela aparece relacionada com Ygdrasill em
várias tapeçarias suecas, mas também a outros símbolos, como o triskelion de
cornos (Snoldelev, DR 248). Apesar de muitos autores, representações artísticas
e obras popularizarem o deus Thor vinculado à suástica, não existe nenhum
contexto iconográfico ou material que comprove isso. Essa associação parece ter
sido criada no final do medievo, mas durante o período Viking não existem
evidências iconográficas deste vínculo.
Imagem 3: Suástica e
triskelion de Snoldelev (DR 248), séc. IX, original e reconstituição gráfica,
Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague. Foto de Johnni Langer/NEVE, 2018. Trata-se
da representação mais famosa de uma suástica na Era Viking. O triskelion feito
de cornos relaciona o conjunto imagético ao deus Odin (remete ao mito do
hidromel).
Imagem 4 e 5: DR 337 (Valleberga,
Lundagård, Lund/Escânia, Suécia), séc. XI, erguida em memória de Manni e
Sveini. Uma das inscrições cita a cidade de Londres, porém o detalhe mais
interessante é a suástica esculpida no meio de uma cruz latina. Foto de Johnni
Langer/NEVE (julho de 2019). A suástica possui extremidade curvas, gerando uma
ideia de movimento circular interno. Aqui o Sol pode ter sido relacionado a
Cristo? Na área irlandesa medieval, o simbolismo solar em suásticas foi
reinterpretado dentro da noção cristã de ressureição (Rynne, 1990, p. 3-18).
Imagem 6: Pedra rúnica do aeroporto
de Arlanda, Séc. XI (L2013:3081 Runristning), descoberta em 1990. É relacionada
às expedições de Ingvar. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE (2019). A cruz com
suástica é inserida dentro do padrão tradicional de entrelaçados com serpentes,
típica da área sueca. O simbolismo das serpentes em pedras rúnicas da Suécia
foi tema de uma recente tese de doutorado no Brasil: Oliveira, 2020.
A
maior quantidade de suásticas em pedras rúnicas surge em um contexto cristão,
ao final da Era Viking. Geralmente ela foi esculpida no centro de uma grande
cruz e seu significado ainda não é conhecido neste caso. Pesquisando sobre o
significado de suásticas na área das ilhas britânicas na Idade Média Central,
Rynne (1990, p. 3-18) conclui que ela possuía um significado relacionado com a
ressureição, retomando valores solares antigos e as conectando ao contexto dos
valores cristãos. Esse referencial talvez possa ser adotado no contexto
escandinavo em novas pesquisas, especialmente em representações de suásticas em
cruzes e igrejas.
Imagem 7 e 8: Escultura de rosto
humano e pássaros, Santa Maria, Great Canfield (Essex, Inglaterra), séc. XII.
Foto de Susan Tsugami/NEVE (2019). A escultura é tradicionalmente interpretada
como sendo Odin e seus dois corvos, ao lado de um conjunto de cinco suásticas
(foto abaixo), mas também como dois pombos alimentando a face de Cristo. As
suásticas seriam signos de boa sorte (Wilson, s.d., p. 12).
Imagem 9 e 10: A pedra do Sol, séc.
IX-X, Igreja de Govan Old Parish, Escócia. Fotos de Susan Tsugami/NEVE (2019) e
Barbara Keeling (2010). A suástica do monumento possui seus terminais com
cabeças de serpentes e é interpretada como sendo um símbolo da redenção humana
(Ritchie, 2011, p. 14). Esta suástica é muito semelhante a representações de
triskelions com terminais em forma de animais, comuns na Escandinávia antiga,
como na estela de Smiss, Gotland.
Imagem 11: Triskelion, estela
de Smiss, Museu de Gotland, Suécia, séc. V-VI. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE,
2019. O tiskelion aqui possui terminais em forma de javali, águia e serpente,
animais relacionados ao deus Odin. A figura abaixo, muito polêmica, geralmente é
interpretada como um ser feminino e segura em suas mãos duas serpentes. Recentemente
a cena foi relacionada ao parto e o simbolismo da serpente-dragão na transição
de mundos (durante o nascimento da criança) (Mitchell, 2019, p. 125-126.
Imagem 12: Þórshmar,
Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 24v, 1860. Fonte.
Nos
tempos modernos a suástica foi associada ao martelo de Thor (MacLeod &
Mees, 2006, p. 252). Este instrumento continuou a ter um papel importante em
comunidades rurais suecas na modernidade. Um martelo utilizado em confrarias
possui vários caracteres gravados em sua cabeça (semelhantes a marcas de
propriedade), incluindo uma suástica. Não sabemos se existe alguma continuidade
folclórica entre este símbolo e o martelo pagão ou se possui alguma
similaridade com a área islandesa. Em todo caso, este objeto demonstra a
perpetuação do símbolo na vida cotidiana dos escandinavos.
Imagem
13: Fattigklubba, martelo de madeira
utilizada em confrarias rurais na Suécia, século XVIII. Fonte: Mejborg, 1889,
p.16.
Imagem 14: Sinais mágicos
encontrados em um livro de nascimentos e batismos de Ytterlännäs, 1680. A
suástica é o terceiro sinal marcado da direita para a esquerda. Fonte da
imagem: Wijk, 2020.
A
suástica nórdica também continua nos tempos modernos com usos diferentes. Em 1680,
um padre da igreja de Ytterlännäs (Ångermanland, Suécia), anotou vários
símbolos em um livro de registro de nascimentos e batismos. Entre letras
romanas, quadrados e sinais variados, ocorre uma suástica - aqui ela teria
funções repulsivas, de afastar o mal das crianças, segundo alguns historiadores
(Wijk, 2020). Marcas antigas eram utilizadas como substitutos de assinaturas na
Suécia e as vezes elas misturavam runas e símbolos antigos, mas também proviam
de letras da liturgia e tradição bíblica, com o sentido de afastar o mal. E a
suástica muitas vezes estava incluída.
Algumas
tapeçarias modernas usaram a suástica talvez como um ornamento tradicional, sem
maiores vinculações mágicas ou religiosas, como em um manto de 1874 sueco,
constante do acervo do Nordiska Museet (Mejborg, 1889, p. 14). Nesta mesma
instituição, porém, existem duas pranchas de madeira para dobrar roupas, do
Setecentos, que possuem inscrições de vários signos, sigilos, desenhos e
marcações, possivelmente de caráter mágico ou protetor, incluindo vários tipos
de suásticas. Suásticas também eram gravadas em portas de casas suecas como
sinais profiláticos (Mejborg, 1889, p. 15).
Imagem 15: Dobrador de roupa,
Igreja de Djura (Dalarna, Suécia); dobrador de roupa, Leksand (Dalarna,
Suécia). Ambos os objetos são do acervo do Nordiska Museet e datados entre 1600
e 1700. Fonte das imagens: Mejborg, 1889, p. 13.
2. Triquetra
e Valknut
Existem
vários símbolos nórdicos denominados de valknutar (termo do norueguês
moderno) com a forma entrelaçada entre si. Nesta categoria, entram tanto as
formas conhecidas como triquetra e nó quadrifólico quanto o pentagrama
(especialmente em ornamentações medievais) e o valknut “clássico” (constante
nas estelas gotlandesas da Era viking). Para aumentar ainda mais a confusão,
também tanto a triquetra quanto o valknut são identificados ao único símbolo
nórdico registrado na literatura medieval (Boyer, 1986, p. 114), o Hrungnis
hjarta (coração de Hrungnir, Skáldskaparmál 7). Em nossas pesquisas,
temos diferenciado todos estes símbolos, especialmente para a Era Viking.
Imagem 16: Triquetra, runestone
de Sanda I (G 181), séc. X-XI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe
Ayoub/NEVE, 2019. O símbolo aparece junto ao que se acredita ser uma figuração
do deus Odin, segurando uma lança (Gungnir ?).
A
triquetra é uma forma geométrica cujos terminais entrelaçam-se a partir de um
centro em comum, projetando suas extremidades em três pontos diferentes. Em
nossa opinião, é o principal candidato a ser o símbolo descrito por Snorri
Sturluson (Hrungnis hjarta). Já o valknut são três triângulos que se
encaixam entre si, mas ao contrário da triquetra, não formam uma figura única e
possuem seis pontas, não se encaixando na descrição de Snorri.
Imagem 17: Triquetra, runestone
U 937, séc. XI, parte do conjunto das pedras rúnicas de Funbo, atualmente
situada no jardim da Universidade de Uppsala, Suécia. Fonte da imagem. É a representação mais famosa de uma triquetra durante a Era Viking, possuindo
traços uniformes e bem definidos.
Tanto
a triquetra quanto o valknut foram associados ao deus Odin na Era Viking. Mas
enquanto a triquetra é mais antiga e sobreviveu muito mais tempo na Europa
(extremamente comum nas regiões celtas), o valknut é quantitativamente
encontrado quase que exclusivamente na ilha de Gotland e somente entre os
séculos VIII ao X. Em objetos móveis (como pentes, bastões, moedas, pingentes)
e sem o contexto de figurações e iconografias mais complexas, é muito difícil
de tentar entender o significado da triquetra e do valknut nos tempos
pré-cristãos e saber se possuíam algum sentido mágico (talvez também fossem
apenas motivos de decoração nestes materiais móveis). Em monumentos, porém, a sua relação com mito
e ritual é bem definida, a exemplo das estelas gotlandesas de Hammars I (valknut,
acima de um sacrifício) e Sanda I (triquetra, ao lado de Odin recebendo um
morto). A triquetra também foi adotada como símbolo da trindade no medievo
nórdico (MacLeod & Mees, 2006, p. 128; Historiska, 2020).
Imagem 18: Detalhe da cena sacrificial,
estela de Stora Hammars I, séc. IX-X, Museu aberto de Bunge, Gotland, Suécia. Foto
de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. É talvez a representação mais famosa de um
valknut, totalmente inserido dentro de um contexto ritual e religioso – cercado
de pássaros, sacrifício e guerreiros armados, uma situação objetivamente relacionada
ao deus Odin.
Equívocos
contemporâneos: “Valknutr (...) expressa pela lei
evolutiva do nascer/ser/desaparecer, rumo a um novo começo” (Mistérios
nórdicos, Mirella Faur, 2007, p. 410).
O conceito de evolução na religiosidade e espiritualidade é moderno,
derivado do evolucionismo oitocentista, sem qualquer tipo de evidência na Era
Viking.
“Valknut
(...) era utilizado como amuleto de proteção” (Símbolos Vikings, Educacional.com).
Não existem evidências objetivas do uso do valknut como amuleto na Era Viking.
3. Espiral
e labirinto
Na
Idade do Bronze Nórdica o espiral era conectado ao culto solar e a guerra, com
a carruagem, embarcações e ao movimento do Sol. Na Idade do Ferro, o Sol passa
a ser personificado e figurado, diminuindo as abstrações e elementos não
figurativos (Wang, 2017, p. 6, 10).
Imagem 19: Estela de Väskinde,
séc. V-VI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. A espiral
no período Vendel era geralmente representada associada a figuras de animais,
mais comumente serpentes, mas também a seres humanos em cavalos.
A
maioria das representações simbólicas em formato espiralado da Escandinávia
apareceram durante os períodos das migrações e Vendel, especialmente na ilha de
Gotland. A grande parte dos especialistas a conectam ao culto solar. O súbito
desaparecimento de suas representações neste local é visto por alguns
pesquisadores como indício de catástrofes climáticas (535-536 d.C.,
relacionadas ao mito do Fimbulwinter, advinda das consequências climáticas do
vulcanismo, como perda das colheitas, fome, frio, abandono das vilas, etc). As
imagens de discos solares e espirais solares em movimento (conectadas ao culto
do Sol) das estelas pintadas da ilha de Gotland do século V e VI d.C. diminuem
dos monumentos da ilha após o século VI e cederam lugar a imagens de heróis e
deuses da Mitologia Nórdica, muito comuns no posterior período Viking. Após um
período de grandes erupções vulcânicas, a visibilidade do Sol é interrompida
por meses e até mesmo por anos (Price; Gräslund, 2012, pp. 428-443).
Imagem 20: Detalhe da estela
Stenkyrka Lillbjärs III (G 268), Gotland, Suécia, séc. IX, atualmente parte do
acervo do Historiska Museet, Estocolmo. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019.
Uma das representações figurativas mais complexas realizadas durante a Era
Viking, possuindo três símbolos geométricos (valknut, triskelion e espiral), um
cavaleiro e uma valquíria portando um corno. O tema de escudos com espirais
também foi representado em pingentes de valquírias: Wickham Market (Suffolk,
séc. IX, Museu Colchester); Vrejlev (séc. IX, Museu Nacional da Dinamarca);
Tissø séc. IX, Museu Nacional da Dinamarca).
Apesar
de ter diminuído muito na iconografia do período Viking, a espiral ainda ocupa
posição em alguns monumentos. Em Lillbjärs, um cavaleiro porta um escudo com
uma espiral, ao lado de um valknut e um triskelion de cornos e em sua frente,
uma valquíria o recepcionando. Aqui o sentido solar talvez não seja tão
importante, mas pode ser que neste caso, simbolismos solares foram transferidos
a Odin – pois o contexto da cena é totalmente odinista. A espiral seria assim
uma proteção ao guerreiro? Em amuletos encontrados em tumbas femininas de
Birka, onde observamos a representação central de uma espiral, arqueólogos
identificam este objeto como sendo uma representação de escudo – neste caso, o
objeto teria sido utilizado para proteção mágica individual (Gräslund, 2005, p.
385). Snorri Sturluson menciona que escudos eram denominados de “Sol no navio”.
Vários elementos da literatura e mitologia nórdica indicam que escudos eram
vistos como símbolos do Sol (a exemplo do kenning para escudo: skipsól,
Wang, 2017, p. 14, 25). Talvez tenha ocorrido uma continuidade na
vinculação do astro rei com espirais e escudos, mas na iconografia foram
transferidos para contextos odinistas.
Imagem 21: Amuleto em forma
de escudo com suástica espiralada, tumba feminina de Birka (Bj 954), Era Viking
(Gräslund, 2005, p. 385).
Imagem 22: Labirinto da igreja
de Fröjel, Gotland, Suécia, séc. XIV. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. A
ilha da Gotlândia possui mais de 500 labirintos de pedra criados na Idade
Média.
Imagem
23: Labirinto
(trojaborgar) em Maria kirkko (Igreja de Santa Maria), Turku, Finlândia,
séc. XV. Foto de Vitor Menini/NEVE (2019).
Uma
forma diferenciada de espiral que ocorria na Escandinávia eram os labirintos Sámi.
Geralmente eram estruturas de pedra, seguindo uma tendência circular, em
formato oval ou em forma de ferradura de cavalo. A função destes locais é
controversa, mas geralmente são atribuídas relações com rituais e práticas
mágicas (Sampaio, 2017). Também são encontradas pinturas, esculturas e
ornamentações de labirintos de estilo Sámi em dezenas de igrejas da
Escandinávia Medieval.
Os
labirintos que ocorrem nas igrejas nórdicas não seguem o padrão europeu,
conhecido como modelo de Chartres (comum em pinturas e pavimentações). Em vez
disso, são frequentemente encontrados os trojaborgar. Pesquisas
efetuadas nas igrejas medievais de Gevninge, Båstad e Östra Karup indicam que elas
possivelmente foram utilizadas como símbolos apotropaicos, protegendo o portão
e a abertura para o coro da igreja. No momento em que estes labirintos foram
perdendo espaço nas igrejas, eles continuaram a existir no ambiente costeiro
como protetores da pesca e caça até pouco tempo (Swärd, 2012 p. 40).
Equívocos
contemporâneos: “Espiral: o movimento cíclico da
introversão e extroversão, involução e evolução” (Mistérios nórdicos,
Mirella Faur, 2007, p. 410). A extroversão e introversão são conceitos
modernos, derivados da Psicologia e Psicanálise, enquanto a evolução é um
produto do Oitocentos. Nenhuma delas pode ser aplicada ao medievo nórdico.
4. Nó
quadrifólico - Símbolo de Hablingbo (Tetragrama, Nó de Salomão, St. Hanskors, Bandknutar,
Tristramsknoten)
Um
enigmático símbolo que está pintado na estela Hablingbo Havor II (SHM 21879),
datada entre os séculos V ao VII d.C. Não existem estudos que comprovem
exatamente qual o significado deste símbolo neste monumento. Uma publicação,
analisando o motivo de serpentes logo abaixo ao quadrifólio do monumento,
relaciona as imagens com relação a simbolismo marinhos no mundo nórdico, onde a
figura do dragão estaria vinculada a proteção de viagens e das embarcações (Pearl,
2014, p. 149). O nó quadrifólico também aparece na arte germânica do período
Vendel em outros materiais, como bracteatas (IK 297, Lyngby, Dinamarca), o que
sugere um simbolismo mágico em amuletos de uso pessoal, mas com significado
ainda indefinido.
Imagem
24: Estela
Hablingbo Havor II (SHM 21879), séc. V-VII d.C., Museu de Gotland, Suécia. Foto
de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019.
Imagem 25: Fragmento da
tapeçaria de Oseberg, Suécia, séc. IX d.C., reconstituição de Mary Storm
(1939-1940). Fonte da imagem. O nó quadrifólico
foi representado ao lado de suásticas. Ambos os símbolos parecem estar
relacionados ao contexto fúnebre da cena. Um nó quadrifólico isolado foi
representado ao lado de uma figura masculina portando um elmo com cornos e
espada na mão.
Durante
a Era Viking este símbolo permaneceu com esparsas aparições, a exemplo da tapeçaria
de Oseberg (datada do século IX d.C.). Várias representações foram realizadas de
forma isolada e em outras, ele aparece ao lado de suásticas, sugerindo um
significado próximo ou relacionado ao contexto fúnebre do conjunto. Em todo
caso, é possível que ele também tivesse vínculo com os rituais a Odin (sem
maiores evidências) ou então a rituais de morte (mais provável).
Imagem 26: Nós quadrifólicos
na pia batismal de arenito da Igreja de Näs, Västergötland, Suécia, 1200 d.C.
Fonte da imagem: Höök, 2015, p. 33. Os símbolos integram-se a um conjunto de
esculturas de nós que perfazem quase toda a superfície do objeto, dando um
sentido estético ao significado de proteção.
Após
a cristianização escandinava, seu uso foi relacionado a João Batista e
denominado de Sankt Hanskors na Suécia. Era esculpido em pias batismais como
objeto de proteção contra os males que poderiam afligir a criança antes do
batismo, considerada ainda pagã. Os pais queriam proteção, ao mesmo tempo que
buscavam que o filho pudesse adentrar aos céus no futuro. As cordas e os nós do
símbolo possuíam o significado de amarração e controle (Höök, 2015, p. 33).
Nos
calendários medievais suecos, o dia de João Batista (24 de junho) era marcado
com este símbolo. Também era gravado em portas para impedir a entrada de forças
malignas e infortúnios para os seus habitantes (Cronsioe, 2010). Os ornamentos
pagãos em forma de nós foram transformados em símbolos pela arte românica,
tornando-se instrumentos de proteção contra o mal (Ullén & Ljungstedt,
2003, p. 34), mas ao mesmo tempo, são também decorativos (Historiska, 2020).
Imagem 27: Triquetra, Nó
quadrifólico e bandknutar, Pia batismal, Igreja de Remmarlöv (Escânia, Suécia),
1200 d.C., Fonte da imagem.
As
pias batismais são excelentes fontes iconográficas para o estudo do simbolismo
animal e sua associação com bestiários medievais, hagiografia, narrativas
bíblicas, história da Escandinávia, etc. Elas apresentam farto simbolismo
geométrico, figuras animais e humanas, cenas históricas e cotidianas, possuindo
extensa morfologia e variações. Na Escandinávia, elas apresentam muitas vezes
conjugadas a runas, imagens e símbolos do paganismo (como em Norum, Suécia).
Essa ambiguidade religiosa possuía contextos políticos e sociais, refletidos na
arte monumental (Boyer, 1987, p. 61).
5. Pentagrama
(hekselås, marekross, tussestjerne)
O
pentagrama não é um símbolo presente na Escandinávia antes da cristianização. De
origem oriental, ele se torna comum após o século XII, tanto com a posterior popularização
dos grimórios, quanto pela presença do folclore mágico popular, presente em
diversas igrejas sob a forma de grafites e marcas. Estas tanto podem significar
expressões de agradecimento (embarcações), quanto marcas de proteção contra o
mal (especialmente formas circulares) (Heath, 2014). O pentagrama foi utilizado
para afastar o diabo, as bruxas e os demônios (hekselås) e identificado
a Maria (Marekross) nas Igrejas medievais suecas (Källström, 2017, p. 6).
Nos registros rurais, ele foi denominado de trollfot, markors,
älvkors, häxlås (Historiska, 2020). O símbolo também foi
utilizado na Escandinávia medieval para identificação da posse de objetos,
contra roubos, marcas de gado e conjuração do mal, sendo associado aos gigantes
(trolltegn, tussestjerne) (Boyer, 1986, p. 115).
Outra
utilização do pentagrama na Escandinávia medieval foi em marcas de tijolos na
construção das igrejas, especificando associações dos pedreiros a corporações,
mas ao mesmo tempo, também utilizados como símbolos da proteção popular contra
os males, como na catedral de Turku (Stenlund, 2017, p. 479-486).
Imagem 28 e 29: Pentagrama da
igreja de Ala, Gotlândia, Suécia, séc. XII (Fonte: Källström, 2017, p. 5); Símbolos
encontrados na Catedral de Turku, Finlândia (séc. XIV). As marcas abaixo do
pentagrama simbolizam as chaves de São Pedro (Stenlund, 2017, p. 482).
No
medievo nórdico o pentagrama possuía dois tipos de representações: uma
tradicional, com a forma da estrela de Salomão na posição normal ou invertida
(a associação desta inversão com o diabo foi produzida na modernidade),
geralmente gravada na forma de grafites nas paredes de Igrejas e casas. Outra,
mais elaborada e artística, esculpida entrelaçada com um círculo central, seguia
a tradição de esculturas em forma de nós de períodos mais antigos e quase
sempre inseridas em pias batismais.
Imagem 30: Fonte batismal,
Igreja de Ekeby (Escânia, Suécia), 1200 d.C., Fonte da imagem. O pentagrama é
integrado a um círculo central e encontra-se ao lado de relevos de nós ornamentais.
Após
o medievo, a popularidade do símbolo tem continuidade. Parteiras da Suécia do
Setecentos utilizavam pentagramas para proteção de crianças; elas também eram colocadas
em portas de casas, estábulos, camas, berços, esculpidas com faca na madeira ou
pintadas com giz ou cera vermelha (Hendriks, 2016, p. 2).
Imagem 31: Pentagrama, pia
batismal, Igreja de Fulltofta (Escânia, Suécia), séc. XII. Fonte da imagem. Esta bela
representação de pentragrama filia-se à antiga tradição de símbolos entrelaçados
em nós, presentes especialmente em triquetas e valknutes.
6. Cruz
Troll (Trollkors)
No
medievo cristão existia a visão de que uma criança recém nascida era “pagã” e
que corria o risco de ser levada pelo diabo – um verdadeiro risco de vida.
Havia o medo de que um feiticeiro substituísse a criança antes do batismo, o
que gerava a necessidade do uso de vários objetos mágicos para proteção da
criança. Estes também seriam usados para conceder uma boa vida futura para o
pequeno cristão. Essas crenças e práticas perduraram do medievo até o século
XIX na Suécia (Höök, 2015, p. 13). A grande maioria das proteções mágicas era
direcionada para os trolls e feiticeiras – que poderiam substituir os filhos. O
recém-nascido (“pagão”) era vigiado de perto, o fogo nas lareiras devia queimar
constantemente para afugentar os poderes do mal, objetos de ferro e livros
sagrados eram colocados no berço. Na casa do recém-nascido ainda não batizado,
todas as janelas e portas deviam ficar permanentemente fechadas e nenhum
estranho podia entrar (Höök, 2015, pp. 13-15).
Imagem 32: Cruz Troll (Trollkors),
Brogården, Suécia, sem datação, provavelmente século XIX. Fonte da imagem. Esta
representação de cuz geralmente era esculpida em portas, janelas e locais
próximos a caminhos.
As
cruzes troll eram amuletos com uma cruz latina incisa ou ainda, marcas de
cruzes realizadas em portas, janelas e objetos móveis, realizadas com a
intenção de proteger contra malefícios. Sua origem provém do folclore
escandinavo moderno. Estas marcas também são inseridas em potes ou recipientes
para proteger alimentos (Ålenius, 1943, p. 91).
Imagem 33: Pingente “Futhark
troll cross”, vendido no Brasil pelo site Philip Mead como sendo “antigo
amuleto dos povos escandinavos”
Na
década de 1990 o artesão sueco Kari Erlands inventou um novo símbolo com o nome
de Trollkors, utilizando a runa Othala (Odal) do Futhark antigo
(Frej, 2016). O símbolo se propagou pela internet e transforma-se
equivocadamente num suposto “objeto da Era Viking”, propagado mesmo no Brasil: “Acreditavam
-se que a Cruz de troll tinha o poder de afastar os trolls e elfos dos povos
vikings” (Símbolos nórdicos e seus significados, Elizangela Assis,
internet). O verbete Asatru da Wikipedia em português, inseriu a cruz
troll como sendo um pingente do folclore sueco (ao lado de uma imagem do
Valknut e Mjollnir), o que também é um erro.
Equívocos
contemporâneos: “Cruz Troll (...) usado por los
primeiros pueblos escandinavos como uma protecion contra los trolls y elfos” (Símbolos
de poder nórdicos). A cruz troll é uma invenção moderna (em sua forma
rúnica) e a folclórica é muito posterior ao cristianismo ser introduzido na Escandinávia.
7. Cruz
élfica (ellakors, ellakors, älvkors)
Amuletos
criados para prevenir doenças entre as crianças, geralmente feitos de prata e
utilizados na Dinamarca e Suécia do século XVI até o século XIX (Höök, 2015, p.
19). Os elfos eram considerados originadores de vários tipos de doenças, como
erupções cutâneas, doenças de pele até mau hálito. Para ser eficiente, a cruz ou
amuleto deveria ser de prata e carregada junto ao corpo e dentro da roupa, sem
ser visível externamente. Podia também ser utilizada por adultos doentes. Não
podia ser vendida e era alojada junto ao túmulo do seu usuário, quando este
morria (Höök, 2015, p. 20).
Imagem 34: Cruz élfica
(Ellakors), pingente de prata, Västergötlands Museum, Suécia. Sem datação,
provavelmente depois do século XVIII. Fonte da imagem.
8. Vegvísir
e ægishjálmr
Dois símbolos
mágicos que surgem nos tempos modernos, não sendo conhecidos durante a Era
Viking.
O Vegvísir foi um
signo mágico utilizado para encontrar o caminho e devido ao seu formato
semelhante a uma rosa dos ventos, foi comparado a uma bússola (Zarrillo, 2018,
p. 29).
O
Ægishjálmur foi citado primeiramente no Fáfnismál 16, 17 e 19 (Codex
Regius da Edda Poética). Neste poema éddico, o símbolo traria vitória a
seu possuidor (segundo o dragão Fáfnir), e no mesmo poema, alude-se a pertencer
ao tesouro de Sigurðr, de onde se deduz que estaria gravado em um elmo. Ao
mesmo tempo, essa descrição de um objeto mágico na cabeça de Fáfnir tem relação
com uma tradição européia que remonta aos gregos e que sobreviveu até o fim da
Idade Média: de uma pedra que os dragões possuíam em suas cabeças (snakestone
ou dracontite), utilizada para fins curativos; e por outro lado, com o olhar
mortífero que este tipo de monstro teria (o “olhar de fogo”). Em algumas sagas
islandesas, como Sverris saga 38, o símbolo também é citado como
proteção nas batalhas.
Imagem 35: Ægishjálmur no
manuscrito GKS 2367 4to, página 14r (Codex Regius da Edda em Prosa),
séc. XIV. Segundo o pesquisador Kári Pálsson (comentário na internet), trata-se
de um acréscimo posterior ao manuscrito, pela diferença de cor e textura,
possivelmente realizado no século XVI. Segundo os pesquisadores Teresa Dröfn
Freysdóttir Njarðvík e Rune Hjarnø Rasmussen (comentários na internet), o
desenho foi realizado ao lado do texto de Snorri – na cena onde o deus Thor
enfrenta a serpente do mundo. Ainda não existem estudos publicados sobre este
tema. Foto de Rune Hjarnø Rasmussen (Universidade de Uppsala, internet, 2019).
Imagem 36: Ægishjálmur no
manuscrito AM 756 4to, 10v, séc. XV (transcrição da Edda em Prosa). Possivelmente
trata-se de uma inserção imagética posterior à escrita do manuscrito, talvez no
século XVI, ainda sem estudos. Os desenhos foram realizados na parte inferior
da página. Fonte
Para
o pesquisador alemão Rudolf Simek (2007, p. 2) as características terríveis do
Ægishjálmur foram originadas do classicismo, derivados do grego aigis (como
o escudo de Zeus e a capa de Pallas Atenas). A palavra grega aigis pode ter se
tornado elmo do terror na etimologia folclórica como resultado da similaridade
fonética com o nórdico œgr, terrível. E apesar da derivação etimológica,
Ægishjálmur não teria relação com o gigante marinho Ægir. Alguns especialistas
traduzem Ægishjálmur como leme do pavor ou de Æegir, devido ao seu formato nos
grimórios, um círculo formado de oito braços em forma de tridentes,
assemelhando-se ao leme de roda das embarcações. O problema é que esse tipo de
instrumento náutico só foi conhecido na Escandinávia a partir do século XIII:
os vikings utilizavam um remo transversal como leme. Como Æegir era uma
divindade relacionada ao mar, talvez os eruditos nórdicos do final do medievo
tenham fundido a este folclore o tridente de Netuno, explicando a sua
morfologia (ou mesmo o tridente do demônio, utilizado no imaginário cristão). Segundo Macleod e Mees (2006,
p. 252), o Ægishjálmur foi uma forma cruzada e adaptada do símbolo tvímadr,
presente no calendário rúnico do século XIII.
Imagem
37: Ægishjálmur,
Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 25v, 1860. Fonte.
Imagem 38: Vegvísir, Manuscrito
Huld (ÍB 383 4to), 26v, 1860, Fonte.
Recentemente encontramos uma referência de um vaso cerâmico encontrado em Hedeby na década de 1970, apresentando suásticas e uma figura muito semelhante ao Ægishjálmur. Portanto, graficamente este símbolo já era conhecido durante a Era Viking, mas talvez com significados diferentes do registrado pela literatura medieval e depois pelos grimórios islandeses. A cena inclui cinco cervídeos, junto a três suásticas e o dito símbolo cruciforme, logo acima de um dos cervos. Referência da imagem: Hahn, K-D. 1973: Ein GefaB mit Tierfries aus Haithabu. Berichte iiber die Ausgrabungen in Haithabu. Bericht 6. Das archaologische Fundmaterial Il. Neumtinster.
Equívocos
contemporâneos: em vários sites, canais do youtube,
livros e revistas é generalizado que o vegvísir foi uma bússola viking:
“Era utilizada pelos vikings para diversas viagens como um guia para que o
caminho não fosse perdido” (Símbolos nórdicos, Dicionário de Símbolos).
Em primeiro lugar, este símbolo é bem posterior à Era Viking. Em segundo, os
nórdicos da Era Viking não conheciam a bússola e nem o timão (leme redondo)
para navegação. Foi somente a partir do século XIII que a Europa começou a
utilizar um eixo magnetizado inserido em uma rosa dos ventos (a bússola como
conhecemos e não apenas um ponteiro/imã) (Hernández, 2020).
*Nota
Este ensaio faz parte da pesquisa Simbolismo religioso nórdico em monumentos da Era Viking e na Europa Medieval(Lattes/PPGCR-UFPB). Vários
resultados desta pesquisa já foram apresentados em eventos acadêmicos: Conferência:
A religião dos vikings: novas perspectivas, III Feira Medieval e VI Simpósio
de História, Cultura e Política. da PUC-PR, 2019; Conferência: La religion
nórdica en la Era Vikinga, Universidad Complutense de Madrid, 2018; Conferência:
As relações culturais entre Escandinávia e Eurásia na Era Viking, I Simpósio
Nacional de Estudos Medievais da UFSJ, 2018; Palestra: Animais, suásticas e
símbolos celestes na Escandinávia (séc. V-XI d.C.), V Colóquio de Estudos
Vikings e Escandinavos, 2017.
Agradecimentos:
Helena
Bure Wijk, Eirik Westcoat, Susan Tsugami (NEVE), Vitor Menini (NEVE), Victor
Hugo Sampaio (NEVE), Munir Lutfe Ayoub (NEVE), Pablo Gomes de Miranda (NEVE) e
Leandro Vilar Oliveira (NEVE).
Referências
bibliográficas:
ÅLENIUS, Nils Olof. Skyddet för födan. Årsboken
Uppland, 1943, pp. 86-91.
BOYER, Régis. Le Christ des barbares:
le monde mordique (IX-XIII siècle). Paris: Les Éditions du Cerf, 1987.
BOYER, Régis. Le monde du double:
la magia chez les anciens Scandinaves. Paris: L´Ile Verte, 1986.
CASELLI, Andrea. Amuletos e talismãs. In:
LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História das Religiões na Antiguidade e
Medievo. Rio de Janeiro: Vozes, no prelo.
CHAPPLE, Robert M. Swastikas from the
Oseberg Ship Burial, Norway & Time Travelling Nazis. Robert Chapple
Archaeologist, 2017.
COIMBRA, Fernando. Symbols for protection
in war among European societies (1000 BC - 1000 AD). Late Prehistory and
Protohistory: Bronze Age and Iron Age. Proceedings of the XVII UISPP World
Congress, Burgos, Spain. Oxford: Archaeopress Publishing Ltd, 2016, pp. 15-26.
CRONSIOE, Igor. Riksantikvarieämbetets
symbol. Viavinga, 2010.
FRANCESCHI, Gérad et al. Men, gods and
masks in Nordic Iron Age art. Koln: Verlag der Buchhandlung, 2005.
FREJ, Prinz. “Cock-and-Bullcient” the art
of inventing folklore. The Principality of Lorenzburg, 2016.
GRÄSLUND, Anne-Sofie. Symbolik för lycka
och skydd: vikingatida amuletthängen och deras rituella kontext. In: Fra
funn til samfunn: Jernalderstudier tilegnet Bergljot Solberg på
70-årsdagen, Universitetet i Bergen, 2005, pp. 377-392.
HENDRIKS, Cor. De pad en de heks, Rob
Scholte Museum, 2016, pp. 1-10.
HÉRNANDEZ, Bernart. A invenção da bússola.
National Geographic, 2020.
HÖÖK, Lena Kättström. Från foster till dop
Hur man skyddar en hedning. In: SE ÅLDERN: Nordiska museets och Skansens
årsbok. Stockholm: Nordiska museets förlag, 2015, pp. 13-37.
JOLLY, Karen Louise. Popular religion
in late Saxon England: elf charms in context. The University of North
Carolina Press, 1996.
KÄLLSTRÖM, Magnus. Undersökning av
oregistrerade runinskrifter i Ala kyrka, Gotland. Riksantikvarieämbetet,
2014, pp. 1-7.
LANGER, Johnni. Símbolos religiosos dosVikings: guia iconográfico. História, Imagem e narrativas 11, 2010.
MACLEOD, Mindy & MEES, Bernard. Runic
amulets and magic objects. London: Boydell Press, 2006.
MEJBORG, Reinhold Frederik Severin. Symbolske
figurer i Nordiska Museet. Norstedt: Nordiska Museet, 1889.
MITCHELL, Stephen. Ormhäxan, Dragons,
Partuition and Tradition. In: EDHOLM, Klas et al (Ed.). Myth, Materiality,
and Lived Religion In Merovingian and Viking Scandinavia. Stockholm: Stockholm
University Press, 2019.
MITCHELL, Stephen. Leechbooks, Manuals,
and Grimoires. ARV 70, 2015.
OEHRL, Sigmund & PESCH, Alexandra. Runen,
Thorshämmer und Schwarze Sonnen: rezeption und Missbrauch frühgeschichtlicher
Symbole und Zeichen. Archäologische Nachrichten, Schleswig-Holstein,
2017, pp. 110-121.
OLIVEIRA, Leandro Vilar. A guardiã dos
mortos: um estudo do simbolismo religioso da serpente em monumentos da Era
Viking (sécs. VIII-XI). Tese de doutorado em Ciências das Religiões, UFPB,
2020.
PASTOREAU, Michel. Símbolo. In: LE GOFF,
Jacques & SCHMITT, Jean-Claude (Ed.). Dicionário Temático do Ocidente
Medieval. São Paulo: Educs, 2002, pp. 495-510.
PEARL, Frederic B. The water dragon and
the snake witch: two Vendel period Picture Stones from Gotland, Sweden. Current
Swedish Archaeology 22, 2014, pp. 137-156.
PRICE, Neil; GRÄSLUND, Bo. Twilight of the
gods? The dust veil event of AD 536 in critical perspective. Antiquity
86, 2012, pp. 428-443.
RITCHIE, Anna. Govan and its carved
stones. Glasgow: The Friends of Govan Old, 2011.
RYNNE, Etienne. The swastika at Ennis –
symbol of resurrection. North Munster Antiquarian Journal 32, 1990, pp. 3-18.
SAMPAIO, Victor Hugo. Mistérios de pedra:os labirintos Sámi. Blog do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos,16 de novembro de 2017.
SIMEK, Rudolf. Dictionary of Northern
Mythology. London: D.S. Brewer, 2007.
STENLUND, Per-Erik. Tegelslagarmärken i
Åbo domkyrkans kor. Teologinen Aikakauskirja 5-6, 2017, pp. 479-486.
SWARD, Maria. I skydd av labyrinten: Labyrintmålningar
i tre medeltida danska kyrkor. Lunds Universitet, Centrum för teologi och
religionsvetenskap, 2012.
ULLÉN, Marian & LJUNGSTEDT, Sune. Östergötlands
medeltida dopfuntar. Studier till Sveriges Kyrkor nr 1. Stockholm: Riksantikvarieämbetets
förlag, 2003.
ZARRILLO, Dominick. The Icelandic Witch
Craze of the Seventeenth Century. The College of New Jersey, 2018.
WANG, Lan. Freyja and Freyr: successors
of the Sun. On the absence of the sun in Nordic saga literature. Universidade
de Oslo, 2017.
WIJK, Helena Bure. Bomärket, ett forntidapersonligt sigill. Släktforskning, 2020.
WILSON, J. Maryon. The church of St.
Mary the Virgin. Essex: M & B Limited, s.d.
Leia também: