domingo, 24 de janeiro de 2021

Vikings, supremacistas e símbolos nórdicos

Manifestação "Unite the Right" de 2017, cidade de Charlottesville, Virgínia, Estados Unidos





Pablo Gomes de Miranda (NEVE)
Doutorando em ciências das Religiões pela UFPB
pgdemiranda@gmail.com


Susan Tsugami (NEVE)
Doutoranda em ciências das Religiões pela UFPB
tsugamisanae@gmail.com


Na terça-feira do dia 6 de janeiro de 2021, o mundo teve a oportunidade de assistir à invasão do Capitólio, em Washington, Estados Unidos, por apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump em reação aos resultados das eleições que deram vitória ao candidato Democrata Joe Biden. Convocados a se manifestar pelas redes sociais, compareceram e invadiram o complexo uma massa heterogênea de apoiadores que em comum, além da crença de que o processo eleitoral havia, de alguma maneira, sido viciado, entregando a vitória ao candidato errado, a crença em um conjunto de teorias conspiracionistas formada em fóruns de internet e que hoje são conhecidas como QAnon. 

Entre os indivíduos que invadiram o Capitólio dos Estados Unidos, e que tiveram as suas imagens veiculadas, seja pelos veículos de imprensa presentes, seja pelos próprios participantes, ao menos um se destacou internacionalmente pelo conjunto de vestimentas, ornamentos e símbolos ostentados: utilizando um cocar Sioux e com a bandeira americana pintada na face, Jake Angeli, pseudônimo de Jacob Anthony Angeli Chansey, partidário conspiratório QAnon, logo chamou a atenção, com a sua imagem estampando as matérias de diversos meios de comunicação que no ato ainda gravavam a invasão, ou a própria turba que veiculava suas imagens nas redes sociais.

No Brasil, a pecha de viking foi reproduzida pelos portais de notícias que se dedicaram a comentar o episódio da invasão do Capitólio, ou por quem buscasse esclarecer a estranha figura do conspiracionista QAnon. A BBC Brasil lançou uma matéria com o título ‘Tribalismo Masculino’: a seita violenta ligada ao ‘viking’ em invasão ao Congresso dos EUA, no dia 7 de janeiro; a ISTO É relatou a prisão de Jake na matéria com título em letras garrafais “Apoiador de Trump que Invadiu Capitólio Fantasiado de Viking é Preso”; em uma coluna para o Época, encontramos os comentários com o título As Ideias Extravagantes do Viking do Capitólio, no dia 13 de janeiro. Claro, esses são exemplos rápidos e de modo algum nada exaustivos, mas são exemplos de como um traje que nada há de viking acabou ainda assim sendo veiculado como parte da identidade desse invasor.




É necessário lembrar que alguns laboratórios de estudos medievais no Brasil, principalmente aqueles preocupados com a recepção do medievo, realizaram suas análises e comentários em torno dessa figura, justamente pelo termo viking e aproveitando a onda de apropriações do imaginário medieval por indivíduos que se posicionam no espectro político à direita ou extrema direita, como foi o caso picaresco de um vídeo produzido pelo instituto “Lux Brasil” onde um tosco cavaleiro templário convoca os correligionários do atual presidente a se manifestar.

A crítica é pertinente, mas Jake Angeli representa um fenômeno abrangente, que é a do cerceamento também de símbolos religiosos considerados primitivos. Após suas próprias entrevistas, os veículos de imprensa o tratam como Xamã (ou o Xamã de QAnon), seja pelo seu cocar Sioux, seja pelo alegado consumo de substâncias psicotrópicas, ou supostos poderes místicos. Contudo, é inegável que as suas tatuagens façam referência a elementos da mitologia escandinava. Que tatuagens são essas? Jake Angeli traz no torso um Valknut, uma representação da Yggdrasill e o que parece ser um Mjöllnir. O que cada uma dessas tatuagens representa dentro do que sabemos da simbologia escandinava pré-cristã?

O Valknut, ou o nó dos mortos, é uma denominação moderna para os três triângulos unidos possui uma ligação com o cosmos e com o destino dos homens, um símbolo muito provavelmente ligado ao culto odínico e cuja forma também era encontrada em diversos contextos materiais, incluindo o nós em cabelos de mulheres, em ornamentos de pedra e amuletos pessoais:

Segundo alguns pesquisadores, o significado desta imagem religiosa seria o de ligamento ou conexão entre as deidades, o cosmos e o destino humano, de modo semelhante ao Herfjoturr, a paralisia de guerra - um tipo de magia onde o guerreiro por influência de Odin, não poderia se mexer durante a batalha. Assim, o valknut simbolizaria o destino inevitável que existe entre o deus supremo e cada indivíduo: “um símbolo do poder que o deus tem de atar e desatar” (LANGER, 2015b, p. 538).

A Yggdrasill, logo abaixo, é também um símbolo de extrema importância para as narrativas míticas escandinavas, representando uma árvore que conecta todos os mundos, e é um elemento presente em cultos ao redor do templo de Uppsala, como descrito por Adão de Bremen, na Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum, sendo também descrita em fontes islandesas medievais, como um fundamental pilar cósmico:

O Freixo-mundo se encontra somente em fontes literárias islandesas, porém tem origem em um material mais antigo, além da Islândia (a ilha não tem freixos, o que faz supor que não foi uma criação local). Tem sido conectada ao culto arbóreo antigo pelos escandinavos, como aparece na descrição da árvore ao redor do templo de Uppsala de Adam de Bremen (em sua Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum, IV, 1073-1076). Na dita árvore se ofereciam como sacrifício as pessoas que eram executadas por enforcamento. Além disso, as decorações das paredes da igreja de Sogne, na Noruega, tem sido interpretadas como representações de Yggdrasill sendo comida por Níðhöggr e serpentes. Ilustrações similares se encontram no manuscrito AM 738 4to de 1680. (POILVEZ, 2015, p. 568).

Por sua vez, o que parece ser um Mjöllnir, ou o martelo do deus Thor, um pouco mais estilizado, também aparece tatuado no corpo de Jake Angeli. O Mjöllnir é talvez um dos símbolos religiosos mais antigos da Escandinávia e que possui diversas variações regionais, sendo utilizado principalmente em ritos guerreiros ou como pingentes pessoais:

“O martelo deve ter sido uma variação do machado, símbolo do raio na Escandinávia. Várias representações rupestres do Neolítico e idade do Bronze mostram guerreiros portando machados cerimoniais. Não há registros de martelos sendo utilizados em batalhas durante a Era Viking, o que nos leva a acreditar que as achas continuaram a ser conectadas ao culto de Thor - exemplo é a famosa Lâmina de Mamen decorada com um rosto barbudo - e pingentes de machado ao lado de pequenos martelos (como no colar votivo de Birka). Na estatueta islandesa de Akureyri, datada do ano mil, uma figura masculina segura um machado, cujo cabo se funde na sua barba, demonstrando não somente que a barba e o martelo eram símbolos fálicos, mas que o culto a Thor pode ter ligação com sacerdotes barbudos ou a barba como elemento fundamental da masculinidade. Outras conexões relacionam Thor com o xamanismo, os ferreiros e os cultos de guerreiros, como em Horagales, na área lapônica, cujos tambores mostravam uma figura masculina com um martelo ou suástica, altamente relacionado aos cultos xamânicos. Desta maneira, não há como desvincular o mjöllnir de ser tanto um objeto heróico, como mágico e protetor” ( LANGER, 2015a, pp. 302 e 303)

Apesar das discussões sobre esse conjunto simbólico revelarem uma profunda conexão espiritual e ritualística, consoante com as narrativas míticas entre os escandinavos, é preciso questionar até que ponto figuras como Jake Angeli realmente traça alguma reflexão sobre esses valores. Os desenhos dessas tatuagens são facilmente encontrados em uma pesquisa rápida utilizando instrumentos de busca na internet e podem ter sido escolhidas apenas por representar superficialmente um ideal de espiritualidade primitiva como uma alternativa de despertar religioso. Em qual momento isso pode ter sido captado por um viés político extremista? A relação entre Paganismo Contemporâneo e grupos supremacistas tem sido uma temática demasiadamente discutida nos estudos acadêmicos sobre Paganismo Contemporâneo, em especial, as vertentes nórdicas, a exemplo do Odinismo, Wotanismo, Ásatrú, Forn Seidr. 




Diversos autores, como Stefanie Von Schnurbein, Jeffrey Kaplan, Mattias Gardell, dentre outros, trazem, em suas pesquisas, olhares que proporcionam uma compreensão panorâmica a respeito da complexidade que se manifesta na relação entre o Paganismo Nórdico Contemporâneo e as ideias supremacistas. Torna-se importante ressaltar que a comunidade Pagã Contemporânea, em âmbito global, também expressa suas opiniões a respeito do assunto. Para muitos grupos, ideias racistas e supremacistas não fazem parte do contexto religioso, concluindo que os grupos supremacistas se apropriam dos símbolos e mitos pagãos de forma distorcida, com a intenção de justificarem seus discursos.

No entanto, apesar de inúmeros grupos ou praticantes solitários se manifestarem contra as ideias supremacistas, os adeptos estão sujeitos a refletir e a manifestar suas próprias interpretações religiosas e suas posições políticas. Kaplan (2016) compreende que, com as intenções de aproximação e reconstrução cultural daquilo que os grupos julgam como a forma mais substancial de vivenciar as tradições religiosas – a exemplo das tradições nórdicas –, suas ideais muitas vezes se convergem e se consubstanciam enquanto compreensões radicais, como ocorre com muitos grupos Odinistas e outros tantos grupos que se identificam com ideologias supremacistas. Diante de discursos romantizados e imaginários a respeito dos povos nórdicos, muitos grupos supremacistas demonstram orgulho sincero pelo patrimônio cultural e étnico dos povos germânicos e nórdicos, entretanto, manifestam suas crenças de modo a construir uma linha muito tênue que separa o orgulho étnico do misticismo racial.

No contexto estadunidense, a relação do Paganismo Contemporâneo com as ideias supremacistas emergiu e se fortaleceu durante a década de 90. Gardell (2003) explica que o “paganismo racista” ganhou espaço e chamou atenção da nova geração, tornando-se, na época, uma tendência em grupos radicais. Diversos símbolos esotéricos, assim como os símbolos nórdicos, runas, imagens dos deuses e deusas, são utilizados e mencionados como forma de manifestação dessas ideologias, podendo ser encontrados em blogs, redes sociais e letras de música relacionadas ao white-power. Com o objetivo de criar e recriar suas concepções sobre etnia e interpretações históricas, os grupos supremacistas utilizam-se do paganismo, do misticismo e do esoterismo. No entanto, as ideias e interpretações realizadas pelos grupos, de forma consciente ou não, possuem influências do Romantismo Nacionalista.

Em sua pesquisa, Schnurbein (2016) constatou que os discursos apresentados pelos grupos Pagãos Nórdicos Contemporâneos com ideias supremacistas possuem influências de ideias oriundas de Johann Gottfried von Herder (1744-1803), um dos fundadores do nacionalismo germânico. O filósofo argumentou que a nacionalidade era um produto dos fatores climáticos, geográficos e linguísticos. Com isso, surgiram interpretações da existência de uma “cultura orgânica”, ideias que são frequentemente utilizadas como justificativas para justificar as concepções ideológicas de muitos grupos que possuem ideias extremistas. Essas influências podem ser encontradas nas concepções religiosas e/ou ideológicas de muitos grupos ao redor do mundo. Ainda que haja diferenças entre os países, proporcionadas pelas suas peculiaridades e por seus contextos, a pesquisa realizada por Tsugami (2019) constatou que alguns vieses problemáticos relacionados às ideias supremacistas também foram identificadas no cenário brasileiro, no qual se observam, por exemplo, ideias sobre “raça”, ancestralidade e justificativas do sentido de pertencimento cultural.

Os processos de identificação com a cultura nórdica muitas vezes são apresentados de forma confusa; acredita-se que um dos fatores que influenciam esse processo está no fato de que, diante do mundo globalizado, as ideias sobre pertencimento cultural se tornam um fenômeno cada vez mais complexo e paradoxal. Segundo Gardell (2003), isso ocorre, porque o mundo contemporâneo permite facilidades de acesso a outras culturas, através do turismo ou o uso da internet, o que viabiliza, cada vez mais, que as pessoas se identifiquem e se sintam pertencentes a outros lugares e outras culturas.

Gardell (2003) ressalta que, diante da globalização, as compreensões sobre “nação” passaram a ser definidas por meio de um processo imaginário, assim, as interpretações sobre uma “nação imaginada” produzem novas interpretações sobre a mitologia e as sociedades antigas, trazendo, para esse imaginário, compreensões de um tempo lendário que não era “contaminado” pelos males do mundo moderno. Com isso, as respectivas concepções imaginárias sobre os povos “arianos” e os discursos de “pureza”, para Gardell (2003), transcendem as delimitações nacionais. Nesse contexto, as facilidades de acesso a informações, à música, a histórias de heróis, a teorias da conspiração, a táticas militantes, a religiões, e mitologias proporcionam, às pessoas, possibilidades de identificação enquanto pertencentes, por descendência, aos “arianos”, justificando, assim, um senso de pertencimento.

Apesar das associações do Paganismo Nórdico Contemporâneo com discursos racistas e supremacistas ser um fator que constantemente tenta ser desconstruído por muitos grupos e praticantes, trata-se de uma tarefa complexa e árdua. Parte dessa associação, segundo Schnurbein (2016), ocorre devido ao fato de grupos relacionados a supremacia branca se utilizarem de símbolos da mitologia nórdica, já que muitos desses símbolos foram utilizadas e associadas durante anos para representar as ideologias do Movimento Nacional Socialista, como ocorreu com a swastika, com as runas, dentre outros. Ademais, muitos grupos supremacistas utilizam a justificativa de que suas ideias políticas estão relacionadas a crença de uma “religião ancestral”, cultuada por povos de “raça branca”, além de se considerarem enquanto sujeitos que possuem relação direta com os povos germânicos.

Em último caso também é necessário considerar a produção do Xamã dentro do imaginário ocidental sobre essa figura, principalmente como parte da fascinação iluminista durante o século XVIII, diante do conceito do Nobre Selvagem e no interesse cada vez maior dos europeus pela prática esotérica, e do fascínio com um passado distante, romântico, próprio ao século XIX, como nos lembra ZNAMENSKI, 2007. Se por um lado o Iluminismo, diante dos relatos de viajantes, olhou para esses xamãs que surgiam nos confins do mundo com um sentido de estranhamento, por outro não deixaram de tecer pesadas críticas, os chamando de charlatões, uma situação que só iria mudar com a chegada do século XX e a produção de novas atitudes espirituais em torno dessas figuras. O Ocidente, contudo, produziu relatos sobre o xamanismo desde muito cedo: os relatos na França circulam entre 1632 e 1637, como Lettres édifiantes et curieuses entre 1702 e 1773, no mesmo período em que também são divulgados na Inglaterra. Flaherty (1992) nos alerta para o crescimento na busca por terapias alternativas xamânicas durante todo o século XIX, onde se rejeitam os costumes indígenas, ainda dentro da perspectiva do selvagem (ou como o nobre selvagem), mas tenta-se salvaguardar os usos medicinais de suas práticas, dentro da ótica do exótico.

A ideia ocidental sobre o Xamanismo é moldada a partir das várias experiências europeias sobre culturas alheias. Como nos alerta a pesquisadora, são discursos modernos que traçam perfis a partir de “areias movediças” sobre o que outrora havia sido observado ou escrito, ignorando a palavra daqueles indivíduos que estavam inseridos nas culturas onde o Xamã, de fato, existiam. No final das contas, restou a imagem do Xamã QAnon, adornado de símbolos diversos, sem respeitar ou conviver qualquer uma das culturas das quais pegou de rapto esses elementos. Mais preocupante do que suas tatuagens vikings, deveria ser a figura do extremista que utiliza um Cocar Sioux e se diz Xamã, como se representasse a coletividade de crenças desse povo, mas aí são linhas de discussões para outros especialistas, os quais estamos sempre dispostos a ouvir e ler.

Notas:

1 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55582226 acesso no dia 20 de janeiro de 2021.
2 https://istoe.com.br/apoiador-de-trump-que-invadiu-capitolio-fantasiado-de-viking-e-preso/ acesso no dia 20 de janeiro de 2021.
3 https://epoca.globo.com/jeronimo-teixeira/coluna-as-ideias-extravagantes-do-viking-do-capitolio-24836214 acesso no dia 20 de janeiro de 2021.

Referências bibliográficas:

GARDELL, Mattias. Gods of the Blood: The Pagan Revival and White Separatism. United States: Duke University Press, 2003.
FLAHERTY, Gloria. Shamanism and The Eighteenth Century. Nova Jersey: Princenton University Press, 1992.
KAPLAN, Jeffrey. Radical Religion and Violence: Theory and case studies. London: Routledge, 2016.
LANGER, Johnni. Martelo de Thor (Mjöllnir). In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia Nórdica - Símbolos, Mitos e Ritos. São Paulo: Hedra, 2015a, pp. 301-304.
LANGER, Johnni. Valknut (Triquetra, Coração de Hrungnir), In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia Nórdica - Símbolos, Mitos e Ritos. São Paulo: Hedra, 2015b, pp. 537 e 538.
MIRANDA, Pablo Gomes de Miranda. Xamanismo euroasiático. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História das Religiões na Antiguidade e Medievo. Petrópolis: Editora Vozes, 2020, pp. 559-563.
POILVEZ, Marion. Yggdrasill. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia Nórdica - Símbolos, Mitos e Ritos. São Paulo: Hedra, 2015, pp. 567 e 568.
PORTO, Maria Emília M.; MIRANDA, Pablo Gomes de. Discutindo o Xamanismo no Mito e na Literatura Escandinava: uma breve revisão historiográfica. Revista Brasileira De História Das Religiões, 8 (23), 2015, pp 73-86.
TSUGAMI, Susan. Paganismo. In: LANGER, Johnni (Org.). Dicionário de História das Religiões na Antiguidade e Medievo. Petrópolis: Editora Vozes, 2020, p. 452-455.
TSUGAMI, Susan. Deus para mim é Odin: O Paganismo Nórdico Contemporâneo no Brasil. (Dissertação de Mestrado em Ciências das Religiões). Universidade Federal da Paraíba, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/18407?locale=pt_BR 
VON SCHNURBEIN, Stefanie. Norse Revival: Transformations of Germanic Neopaganism. Boston: Brill, 2016.
ZNAMENSKI, A. A. The Beauty of the Primitive - shamanism and the western imagination. Nova York: Oxford University Press, 2007.