segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

NEVE realiza parceria com arqueólogos espanhóis







O NEVE acaba de firmar parceria com mais uma entidade internacional: o LAEX (Laboratório de Arqueologia Experimental), ligado à Universidad Autónoma de Madrid, Espanha. O LAEX é dirigido pelo professor dr. Javier Baena Preysler e se dedica a várias pesquisas envolvendo a Arqueologia Experimental, especialmente da Pré-História europeia, sendo constituído por estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores. O LAEX é responsável pelo Boletín de Arqueología Experimental e participa ativamente de vários eventos internacionais na área.

O projeto de parceria vai especialmente envolver duas atividades em 2020: uma disciplina de pós graduação e a realização de  oficinas.

A disciplina optativa "Arqueologia Experimental das Religiões" será oferecida no Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões da UFPB (PPGCR, mestrado e doutorado), fundindo duas perspectivas teórico-metodológicas: a Arqueologia das Religiões e a Arqueologia Experimental. O seu conteúdo envolverá o estudo dos mitos, crenças e ritos do Neolítico, Idade do Bronze e Idade do Ferro na Escandinávia (incluindo a Era Viking), adotando a metodologia experimental para reprodução de certos aspectos como alimentação, cerâmica e tecnologia. O LAEX fornecerá auxílio bibliográfico e videográfico, além de assessoria na elaboração da disciplina, que será ministrada pelos professores Dr. Johnni langer e Dra. Luciana de Campos. Ambos os professores atualmente trabalham em um projeto de pesquisa sobre alimentação ritual na Idade do ferro germânica.





Atividade realizada no LAEX/UAM sobre reconstituição de moagem de cereais para elaboração de pão pré-histórico.

A oficina de Arqueologia Experimental será realizada nas dependências da UFPB em João Pessoa. A sua duração e conteúdo serão divulgadas futuramente.



Última edição do Boletín de Arqueología Experimental, periódico mantido pelo Laboratório de Arqueologia Experimental da UAM.






Vídeo das atividades do Laboratório de Arqueologia Experimental da UAM




Página do LAEX(Laboratório de Arqueologia Experimental)





quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

UFPB oferece disciplina sobre mitologia medieval


The Death of King Arthur, James Archer, 1860.


Disciplina optativa "Mito, magia e literatura no medievo", Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões da UFPB, ministrada pelo prof. Dr. Johnni Langer e Profa. Dra. Luciana de Campos.

A disciplina tem como objetivo a análise das representações sobre magia na mitologia e literatura da Idade Média, mais especificamente no corpus literário céltico e escandinavo. A ementa e bibliografia estão disponíveis clicando aqui.

O cadastro para os discentes regulares do PPGCR será de 11 a 14 de feveiro pelo SIGAA. Para os alunos especiais (é necessário ser graduado) as matrículas serão de 18 a 21 de fevereiro diretamente na secretaria do PPGCR-UFPB. As aulas terão início no dia 25 de fevereiro. Informações: ppgcr@ce.ufpb.br


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A memória anglo-escandinava na literatura oitocentista


The viking ship, 1883-1884, arte em vitral do artista pré-rafaelita Edward Burne-Jones.




Stories That Make Things Real

Palestra proferida por Tim W. Machan em 10 de janeiro de 2019 na sala 101 da Lögberg, na Universidade da Islândia.


Pablo Gomes de Miranda
Doutorando em Ciências das Religiões pela UFPB
Membro do NEVE
pgdemiranda@gmail.com


            No dia 10 de janeiro de 2019, o prof. Dr. Tim W. Machan, medievalista na Universidade de Notre Dame, realizou uma apresentação para a comunidade acadêmica referente à sua pesquisa sobre a Memória Anglo-Escandinava representada na literatura e nos relatos dos viajantes ingleses do século XIX. Machan, cuja a pesquisa é centrada no intercâmbio cultural entre diversas culturas, dentre as quais a nórdica é certamente uma parte integrante, procurou demonstrar como o Reino Unido, através da construção imagética e de tropos literários, criou uma memória persistente em conjunto com os escandinavos de pertencimento identitário em comum.
            A ideia de um passado em comum, entre britânicos e escandinavos foi alimentado por um sentimento de nostalgia, onde um passado ainda estaria não só vivo, mas disponível à visita do homem que se dispusesse a viajar e conhecer suas paisagens. A literatura inglesa antiga e a literatura nórdica antiga dividiam assim uma origem em comum e visitar os países nórdicos também era contemplar o passado anglo-saxão ou britânico, de uma forma geral.
A Islândia representou um caso especial para os viajantes do século XIX que, procurando visitar os lugares mencionados nas Sagas Islandesas, acabou por reforçar a ideia de uma ancestralidade facilmente evocada. A própria noção de etnicidade em comum alimentou o entusiasmo dos ingleses que acompanhavam de perto os guias locais que lhes apontavam, com confiança, os exatos locais onde passagens memoráveis de personagens das sagas haviam concretizado seus feitos.



Desse modo também é possível traçar uma curiosa polarização onde de um lado está a Inglaterra industrial e do outro a Islândia medieval. A ponte entre ambas teria sido alimentada por uma noção de pertencimento em comum de antigas tribos góticas que dividiram uma língua gótica em comum (como já mencionado anteriormente, as literaturas inglesa antiga e nórdica antiga estavam sendo examinadas juntas). Muito se absorveu do Gylfaginning de Snorri Sturluson (em especial no tocante às Kenningar), enquanto aparato linguístico para uma análise profunda de tais conexões.
O famoso escritor J. R. R. Tolkien, ao escrever o capítulo Adivinhas no Escuro no livro O Hobbit, fez uso de modelos da poética gnômica nórdica, entre elas o Vafþrúðnismál, poema éddico encontrado no manuscrito islandês antigo Codex Regius (GKS 2365 4to). Não há paralelos dessa passagem em fontes anglo-saxãs, portanto restou à consulta ao mundo cultural nórdico para preencher tais lacunas. Um exemplo muito concreto do alcance e promoção dessa memória persistente, foi a construção da Casa Vermelha em Bexleyheath (Londres), onde William Morris e Jane Burden não só traduziram várias sagas islandesas, como ele também escreveu seus próprios trabalhos baseados na Saga dos Völsungos.
A palestra de Tim W. Machan foi particularmente interessante não só por mostrar as polarizações da memória persistente entre a Inglaterra e a Escandinávia, mas também pela solidez com a qual articulou as várias citações de viajantes e intelectuais que viajaram pela Europa Setentrional em busca das raízes germânicas dos ingleses, ecos que ainda persistem no pensamento de muitos diletantes do mundo nórdico.



sábado, 19 de janeiro de 2019

NEVE reconstitui peixe assado da Era Viking



O grupo NEVE realizou mais uma experiência de reconstituição da alimentação nórdica da Era Viking. 
O experimento foi realizado pela professora Dra. Luciana de Campos. Ela utilizou uma técnica mista de assar com defumação, obtida de reconstituições realizados em Birka, Suécia.
Para substituir o peixe encontrado comumente na Escandinávia (salmão, truta, bacalhau, arenque) foi utilizado vermelho (no Brasil pode-se também usar namorado, dourado, anchova, tainha ou cavala).







Para temperar o peixe, foram usados limão siciliano, cebola roxa (pode usar também chalota), alecrim, salsa e coentro fresco.





Corta-se a cabeça e o rabo do peixe e abre-se ele pela metade, inserindo os condimentos.





O peixe é pregado em uma tábua, utilizando pequenos cravos de madeira, fechado com os temperos por dentro.






A tábua com o peixe é  colocada próxima de um fogueira, apoiada com pedras. É necessário virar a tábua após esta estar com as pontas queimadas, aproximadamente após meia hora no fogo.






Para acompanhar o peixe, foram assados pães feitos de farinha, aveia, sal, mel e cominho (padrão utilizado na Escandinávia da Era Viking).


Esta não era uma refeição cotidiana, mas utilizada especialmente em dias festivos e consumida preferencialmente durante o verão escandinavo - época onde se poderia obter com mais facilidade as ervas para condimentos.


Para saber mais sobre a alimentação nórdica na Era Viking, consulte a resenha do livro de Daniel Serra, clicando aqui.