sexta-feira, 22 de setembro de 2017

GRUPO ULFHEDNAR NO V COLÓQUIO DE ESTUDOS VIKINGS



O grupo Ulfhednar irá participar do V Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos, a ser realizado na UFPB de 3 a 6 de outubro de 2017, com apresentações de lutas, oficinas e ações de Living History. O grupo foi criado a cerca de um ano em Salvador e já vem se destacando no cenário nacional, como em sua recente participação no Festival Medieval Brasil, realizado em Brasília, com grande sucesso e repercussão.

 
O grupo é formado por Igor Oliveira Braga (Bardo, 30 anos, bacharel em direito e graduando e m História pela PUC-BA), Gabriel de Oliveira Gamma (Celta, 36 anos, graduando em Ciências Sociais/Antropologia), Leonardo de Oliveira Freitas (Homem urso, 25 anos, graduando em Engenharia Civil) e Alan Augusto Dacah Bichara (Mão de martelo, 38 anos, graduando em História e Direito).

NEVE: Como o grupo realiza seus treinos?

ULFHEDNAR: Os treinos são realizados aos finais de semana, nas tardes de sábado e domingo. Tivemos a sorte de encontrar um local com uma energia propícia ao nosso propósito, onde árvores e bons ventos contribuem para que as atividades se desenrolem numa atmosfera agradável e, de certa forma, ritualística. Basicamente, iniciamos os treinos com um toque de berrante e gritos com o nome do clã; seguimos com alongamentos e funcional com armas e escudos de madeira em punhos; então, treinamos técnicas de ataque, defesa, esquiva, sequências de golpes etc. Por fim, realizamos os combates ao som do tambor – nosso velho companheiro de batalhas. Dentre as modalidades de luta que fazemos, podemos citar: Combate entre dois oponentes, combates dois contra um, utilizando espada e escudo/ machado e escudo, dois machados, montante, bastão/lança etc; e combates com facas. Estamos nos aprimorando para logo realizarmos combates em duplas e o “free for all” – onde todos enfrentam todos.



Estamos sempre em busca de aperfeiçoar nossas técnicas e táticas de combate, assim como nossa metodologia de treino, para isso usamos nossas experiências com outras artes marciais que já praticamos e as vivências nos nossos treinos; também procuramos aproveitar as práticas dos outros grupos, na medida em que possam se encaixar na nossa forma de combate, mas nos resguardamos no direito de rejeitar formas e práticas mesmo que amplamente utilizadas por outros grupos, justamente por nossas especificidades. Podemos não utilizar certas técnicas do uso de armas por não se adequarem ao nosso estilo ou mesmo porque elas podem exigir uma habilidade que podemos não ter ainda dominado da maneira que consideramos satisfatória para a adequada aplicação na nossa forma de luta. Sabemos que temos muito a desenvolver, mas acreditamos no caminho que estamos trilhando. 

NEVE: Quais as intenções básicas e motivações do grupo?

ULFHEDNAR: Sempre procuramos deixar claro que somos um grupo voltado para combates, e esse é o nosso foco. Não somos um grupo recriacionista, por isso não somos rigorosos quanto a escolha das vestimentas e equipamentos de um local e período específicos. Nos entendemos como guerreiros que se inspiram em diversos povos/grupos guerreiros, principalmente os Berserkir e os Ulfhednar; entendemos nossa prática de combate como uma arte marcial. Desta forma, temos uma proposta um pouco diferente da maioria dos grupos do cenário medieval – lutamos de busto nu, e utilizamos o mínimo de proteção possível, uma vez que prezamos por mobilidade e o máximo de realidade possível nos combates e também pela nossa inspiração nos guerreiros Berserkir e os Ulfhednar. Talvez possa parecer para algumas pessoas que somos um bando de loucos que saímos distribuindo porrada para todo lado, de forma irresponsável. Mas queremos deixar claro que, ao contrário do que talvez possa parecer, agimos com consciência, e quando somos vistos bradando e desferindo golpes contundentes nos eventos, sabemos o que estamos fazendo, uma vez que nos preparamos para tal através de uma rotina exaustiva de treinos. Como nas artes marciais de origem oriental, encaramos essa prática ainda como uma forma de autodesenvolvimento. Para nós, ela é também um caminho ou modo de vida, mas, diferente das artes orientais influenciadas principalmente pelo taoismo e o zen, que remete, em última instância, a uma liberação e reeducação da intuição na busca de uma harmonia com o cosmos, através, entre outras coisas, do equilíbrio das emoções. No nosso caso, como os berserkir/ ulfhednar e ainda diversos outros povos guerreiros, treinamos para deixar vir à superfície nosso animal interior, também afrouxando o controle da consciência, mas potencializando as emoções. Não controlando o medo e a raiva, mas deixando a fúria fluir com toda a força sobre nós sobrepondo-se até ao sentimento de autopreservação. Mas, não diferente das outras artes marciais asiáticas (ou não), treinamos para extrair energia da força da vontade, mesmo após o cansaço físico; para vivenciar o mais intenso presente; para absorver novas informações com o corpo, agir sem precisar pensar. Isso, inclusive, tem uma função terapêutica, nos fortalece e nos torna melhores pessoas em vários aspectos além do puramente físico. Até por isso temos interesse em mergulhar cada vez mais profundamente nos ritos e, dentro do possível, no modo de vida dos berserkir/ulfhednar, nos submetendo a vivências espirituais, experiências, para que possamos cada vez mais nos aproximar desses guerreiros. Assim, buscamos a cada dia nos aperfeiçoar e nos fortalecer como combatentes, seja espiritualmente, seja fisicamente – e é isso o que mais nos motiva. Cada nova amizade em eventos temáticos, cada novo contato, cada nova experiência, cada cicatriz em nossas lutas, nos ensinam bastante e nos levam a reflexões deveras produtivas. Sempre que retornamos para nossos lares, regressamos mais engrandecidos em sabedoria e força! Temos planos de fundar uma sede do Clã, onde teremos uma taverna, um local para treinos e diversas outras atividades voltadas para a temática viking, e seguimos firmes com esse propósito! 

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