O
grupo Ulfhednar irá participar do V Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos, a ser realizado na UFPB de 3 a 6 de outubro de 2017, com
apresentações de lutas, oficinas e ações de Living History. O grupo foi
criado a cerca de um ano em Salvador e já vem se destacando no cenário
nacional, como em sua recente participação no Festival Medieval Brasil,
realizado em Brasília, com grande sucesso e repercussão.
O
grupo é formado por Igor Oliveira Braga (Bardo, 30 anos, bacharel em direito e
graduando e m História pela PUC-BA), Gabriel de Oliveira Gamma (Celta, 36 anos,
graduando em Ciências Sociais/Antropologia), Leonardo de Oliveira Freitas
(Homem urso, 25 anos, graduando em Engenharia Civil) e Alan Augusto Dacah
Bichara (Mão de martelo, 38 anos, graduando em História e Direito).
NEVE: Como o grupo realiza seus treinos?
ULFHEDNAR: Os treinos são realizados aos finais de semana, nas tardes de sábado e domingo. Tivemos a sorte de encontrar um local com uma energia propícia ao nosso propósito, onde árvores e bons ventos contribuem para que as atividades se desenrolem numa atmosfera agradável e, de certa forma, ritualística. Basicamente, iniciamos os treinos com um toque de berrante e gritos com o nome do clã; seguimos com alongamentos e funcional com armas e escudos de madeira em punhos; então, treinamos técnicas de ataque, defesa, esquiva, sequências de golpes etc. Por fim, realizamos os combates ao som do tambor – nosso velho companheiro de batalhas. Dentre as modalidades de luta que fazemos, podemos citar: Combate entre dois oponentes, combates dois contra um, utilizando espada e escudo/ machado e escudo, dois machados, montante, bastão/lança etc; e combates com facas. Estamos nos aprimorando para logo realizarmos combates em duplas e o “free for all” – onde todos enfrentam todos.
Estamos sempre em busca de aperfeiçoar nossas técnicas e
táticas de combate, assim como nossa metodologia de treino, para isso usamos
nossas experiências com outras artes marciais que já praticamos e as vivências
nos nossos treinos; também procuramos aproveitar as práticas dos outros grupos,
na medida em que possam se encaixar na nossa forma de combate, mas nos
resguardamos no direito de rejeitar formas e práticas mesmo que amplamente
utilizadas por outros grupos, justamente por nossas especificidades. Podemos
não utilizar certas técnicas do uso de armas por não se adequarem ao nosso
estilo ou mesmo porque elas podem exigir uma habilidade que podemos não ter
ainda dominado da maneira que consideramos satisfatória para a adequada
aplicação na nossa forma de luta. Sabemos que temos muito a desenvolver, mas
acreditamos no caminho que estamos trilhando.
NEVE: Quais as intenções básicas e motivações do grupo?
ULFHEDNAR: Sempre procuramos deixar claro que somos um grupo
voltado para combates, e esse é o nosso foco. Não somos um grupo
recriacionista, por isso não somos rigorosos quanto a escolha das vestimentas e
equipamentos de um local e período específicos. Nos entendemos como guerreiros
que se inspiram em diversos povos/grupos guerreiros, principalmente os
Berserkir e os Ulfhednar; entendemos nossa prática de combate como uma arte
marcial. Desta forma, temos uma proposta um pouco diferente da maioria dos
grupos do cenário medieval – lutamos de busto nu, e utilizamos o mínimo de
proteção possível, uma vez que prezamos por mobilidade e o máximo de realidade
possível nos combates e também pela nossa inspiração nos guerreiros Berserkir e
os Ulfhednar. Talvez possa parecer para algumas pessoas que somos um bando de
loucos que saímos distribuindo porrada para todo lado, de forma irresponsável.
Mas queremos deixar claro que, ao contrário do que talvez possa parecer, agimos
com consciência, e quando somos vistos bradando e desferindo golpes
contundentes nos eventos, sabemos o que estamos fazendo, uma vez que nos
preparamos para tal através de uma rotina exaustiva de treinos. Como nas artes
marciais de origem oriental, encaramos essa prática ainda como uma forma de
autodesenvolvimento. Para nós, ela é também um caminho ou modo de vida, mas,
diferente das artes orientais influenciadas principalmente pelo taoismo e o
zen, que remete, em última instância, a uma liberação e reeducação da intuição
na busca de uma harmonia com o cosmos, através, entre outras coisas, do
equilíbrio das emoções. No nosso caso, como os berserkir/ ulfhednar e ainda
diversos outros povos guerreiros, treinamos para deixar vir à superfície nosso
animal interior, também afrouxando o controle da consciência, mas
potencializando as emoções. Não controlando o medo e a raiva, mas deixando a
fúria fluir com toda a força sobre nós sobrepondo-se até ao sentimento de
autopreservação. Mas, não diferente das outras artes marciais asiáticas (ou
não), treinamos para extrair energia da força da vontade, mesmo após o cansaço
físico; para vivenciar o mais intenso presente; para absorver novas informações
com o corpo, agir sem precisar pensar. Isso, inclusive, tem uma função
terapêutica, nos fortalece e nos torna melhores pessoas em vários aspectos além
do puramente físico. Até por isso temos interesse em mergulhar cada vez mais
profundamente nos ritos e, dentro do possível, no modo de vida dos
berserkir/ulfhednar, nos submetendo a vivências espirituais, experiências, para
que possamos cada vez mais nos aproximar desses guerreiros. Assim, buscamos a
cada dia nos aperfeiçoar e nos fortalecer como combatentes, seja
espiritualmente, seja fisicamente – e é isso o que mais nos motiva. Cada nova
amizade em eventos temáticos, cada novo contato, cada nova experiência, cada
cicatriz em nossas lutas, nos ensinam bastante e nos levam a reflexões deveras
produtivas. Sempre que retornamos para nossos lares, regressamos mais
engrandecidos em sabedoria e força! Temos planos de fundar uma sede do Clã,
onde teremos uma taverna, um local para treinos e diversas outras atividades voltadas
para a temática viking, e seguimos firmes com esse propósito!
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