sexta-feira, 31 de março de 2017

Entrevista com membro do NEVE


Acabou de ser publicada mais uma entrevista com o professor Johnni Langer, membro do NEVE.
A idealização do mundo viking: entrevista com Johnni Langer. Guia O mundo dos Vikings, São Paulo: Editora Online, 2017, pp. 94-95.

 A entrevista está disponível online, clique aqui.
 
 

quinta-feira, 30 de março de 2017

Afinal, qual era a língua dos vikings?


 

Afinal, qual era a língua dos "vikings"?
 

Andressa Furlan Ferreira (PPGCR-UFPB/NEVE)

A Linguística Histórica é uma complexa área que se ocupa do estudo de linguagens passadas. Naturalmente, entender o modus operandi de línguas antigas requer muito estudo e dedicação. Este post não tem a ambição de explanar todas as particularidades das línguas nórdicas, mas de divulgar e simplificar um tema que pode ser nebuloso para muitos leitores brasileiros. Tendo em vista esse objetivo, resolvemos disponibilizar em língua portuguesa o texto a seguir, que foi retirado do site The Dockyards. Trata-se de um texto curto e didático para que o leitor tenha uma noção da língua e do sistema de escrita empregados pelos antigos povos nórdicos.

O nórdico antigo (em inglês, "Old Norse", comumente abreviado por ON) foi uma língua germânica falada pelos antigos habitantes indo-europeus da Escandinávia, assim como por seus descendentes nas colônias do Atlântico Norte durante a Era Viking (por exemplo, as Ilhas Faroé, Islândia, Groenlândia, Inglaterra, Irlanda e "Vinland", área correspondente ao Canadá atual). Foi a língua predominante na maioria desses territórios entre os séculos IX e XII, tendo sido usada como um dos principais meios de comunicação no que concerne à diplomacia, comércio e religião.

De acordo com pesquisas da Linguística Comparativa, o nórdico antigo foi descendente do proto-nórdico, uma língua indo-europeia anterior ao nórdico antigo que era falada na Europa Setentrional da Antiguidade Tardia até o início da Era Viking (século II até o século VIII). Dessa forma, temos: proto-nórdico >> nórdico antigo >> línguas nórdicas modernas (dinamarquês, sueco, islandês, norueguês).

O alfabeto usado pelo proto-nórdico e pelo nórdico antigo não era a escrita latina, a qual somos familiarizados, mas uma escrita rúnica (isto é, que emprega runas), conhecida como "futhark". A grosso modo, pode-se entender "runa" como uma letra do "alfabeto nórdico", que também poderia apresentar funções mágicas quando empregada para determinados fins. O site do Museu Nacional da Dinamarca fornece mais informações sobre magia rúnica (em inglês, clique aqui).
 
 
Havia algumas diferenças entre o sistema rúnico do proto-nórdico e do nórdico antigo e, para tanto, criou-se o nome "Elder Futhark" (Futhark mais antigo) para referenciar a escrita rúnica do proto-nórdico e "Younger Futhark" (Futhark mais novo) para a escrita do nórdico antigo. O "Elder Futhark" foi empregado até o século VIII, seguido do "Younger Futhark" (século IX ao XII), que perpassou a Era Viking. Após a cristianização da Escandinávia, o uso do "Younger Futhark" gradualmente desvaneceu e foi substituído pelo alfabeto latino.

O nórdico antigo englobava três dialetos principais:

· Nórdico antigo do Leste ("Old East Norse"; era falado nas regiões atuais da Dinamarca, sul da Suécia, Normandia e escassamente no Leste da Europa)

· Nórdico antigo do Oeste ("Old West Norse"; era falado na região costeira da atual Noruega, Islândia, Ilhas Faroé, partes da Irlanda, Escócia e País de Gales)

· Gotlandês antigo ("Old Gutnish"; era falado especificamente em Gotland, a maior ilha da Suécia)

Depois do fim da Era Viking, os dialetos do nórdico antigo se desenvolveram para as línguas germânicas do Norte modernas (dinamarquês, sueco, norueguês, islandês, feroês...).
 
 

Para mais leituras em português sobre runas e runologia, confira a edição 7 do Notícias Asgardianas Boletim do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, clique aqui.

Texto original (inglês), clique aqui.


 
Tradução e adaptação de Andressa Furlan Ferreira.

 
 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Curso de extensão sobre bruxaria na UFPB

 
 
 
O grupo VIVARIUM-UFPB e o NEVE estão promovendo o curso de extensão História da Bruxaria, onde serão examinados diversos conteúdos relativos ao fenômeno histórico e cultural da bruxaria na Escandinávia Medieval e Moderna, além de outras regiões da Europa. As inscrições para ouvintes são gratuitas e podem ser realizadas online pelo site do evento (clique aqui). O curso terá a carga horária de 30 horas.

Vestanspjǫr e o recriacionismo nórdico no Brasil


Cozinhando com os vikings, VICE, março de 2017
 
Vestanspjǫr e o recriacionismo nórdico no Brasil
 

O interesse pelo passado nórdico está cada vez maior em nosso país. Nos últimos anos vem surgindo no Brasil diversos grupos dedicados ao denominado Reenactment (recriacionismo), especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro. A listagem já é muito grande, contando além do pioneiro Hednir, os grupos Haglaz, Escudo dos Vales, entre muitos outros pelo Brasil. Entre esses grupos, podemos destacar o trabalho do Vestanspjǫr Viking Reenactment, do qual o NEVE realizou uma pequena matéria e entrevista, sintomática da presença do recriacionismo nórdico no meio brasileiro.

Segundo o Vestanspjǫr, o recriacionimo é "uma atividade em que são feitas pesquisas e estudos a fim de reconstruir e difundir aspectos de um determinado evento ou período histórico. Portanto, nosso trabalho consiste em recriar, da melhor maneira possível, a cultura material e imaterial dos antigos povos do norte da Europa temporalmente localizados na Era Viking, que corresponde ao período do VIII ao XI século d.C. na história da Escandinávia. Estudamos diversos costumes, saberes e características desses povos, como linguagem, pintura, música, indumentária, gastronomia, religião, esporte, até a prática do ´combate viking´, utilizando armas adequadas à recriação". Aqui o recriacionismo se aproxima muito das ações do Living History, uma prática que já vem sendo adotada em várias partes do mundo e que foi matéria em nosso blog (Living History: uma nova forma de ensinar e pesquisar História).


 
 
O Vestanspjǫr é composto pelos seguintes membros:

- Lucas Carvalho, 26, graduando em engenharia e operário de construção civil.

- Natália Bianco, 26, arquiteta e urbanista.

- Matheus Pastrello, 23, graduando em História, estudante de direção de arte e estagiário no Centro de Documentação e Memória do Museu Judaico de São Paulo.

- Felipe Pedoneze, 25, graduando em História, professor, ferreiro e técnico em mecânica.

- Juan Oliveira, 26, designer gráfico e web designer.

- Paulo César Revuelta, 30, gestor de contratos e assistente jurídico na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.

 

Noite medieval de Rio Claro/SP, setembro de 2016.
 


1. Quando o grupo surgiu?


O Vestanspjǫr começou a ser idealizado no final de 2015, mas tornamos nosso trabalho público a partir de julho de 2016.




2. Porque foi criado o grupo e quais os objetivos?


O Vestanspjǫr surgiu da ideia comum entre amigos (que tiveram experiências prévias no recriacionismo histórico e que mantinham interesse em voltar à prática) de criar um grupo para estudar a cultura dos povos escandinavos da Era Viking e praticar o Viking Reenactment. Portanto, o trabalho do grupo consiste em recriar, da melhor maneira possível, a cultura material e imaterial dos antigos povos do norte da Europa, mais conhecidos como "vikings".


3. Como o grupo realiza suas pesquisas de reconstituição?


As pesquisas partem de um acervo básico construído ao longo de diversas oficinas de estudo que discorrem sobre aspectos básicos e fundamentais da Era Viking, pintando um panorama geral do período e dando base ao aprofundamento de pesquisas específicas como, por exemplo, as de recorte. A partir disso, os membros do grupo pesquisam individualmente em diversas fontes para a construção e aprimoramento de seus recortes. Uma vez que o grupo não é composto única e exclusivamente por historiadores, as pesquisas individuais são apresentadas, discutidas e analisadas em grupo, com o objetivo de aferir sua precisão e credibilidade. Como o recriacionismo histórico é uma atividade em compromisso com a assertividade histórica, é sempre recomendado que as pesquisas se fundamentem em trabalhos e artigos acadêmicos, fontes escritas, visuais e de cultura material.


4. Como o grupo percebe o futuro do recriacionismo medieval brasileiro?


Acreditamos estar presenciando, ao menos nos últimos anos, o momento de maior interesse sobre a figura do "viking" e do período medieval como um todo. Isso graças ao sucesso midiático de recentes produções cinematográficas como as séries Vikings, Game Of Thrones e O Último Reino. Além dessas, há também a grande influência de jogos eletrônicos como Skyrim e o mais recente For Honor e também a profusão de bandas do gênero denominado "viking metal" na última década, como Amon Amarth, Turisas, Arkona, entre outras. Por mais que não sejam tão enfáticos em relação à precisão histórica, todos esses produtos de entretenimento trazem em suas temáticas elementos da cultura "viking", que despertam interesse por parte daqueles que os consomem.

De modo geral, a prática do recriacionismo histórico cresceu bastante nas últimas décadas, especialmente em regiões que possuem uma identificação cultural e/ou geográfica com o período medieval. Tal identificação permite que muitos grupos tenham acesso a apoio acadêmico e financeiro de instituições culturais, de pesquisa e de ensino, fator que contribui para manutenção dos mesmos através da própria recriação histórica. Já no Brasil, sabemos que o incentivo às atividades culturais é escasso (situação esta que não tem apresentado sintomas de melhoras), especialmente quando nos referimos a apoio ao estudo e pesquisa de elementos culturais externos à nossa história. Devido a isso, a atividade de recriação histórica ainda habita o campo do entretenimento e é tratada como hobby pela esmagadora maioria dos recriacionistas nacionais.

Parte do grupo é otimista em acreditar que a cena recriacionista medieval do Brasil crescerá significantemente a ponto de alcançar o patamar de atividades como o RPG e que pode ter um "boom" similar ao do E-Sports, porém, obviamente, o recriacionismo é uma atividade que move muito menos dinheiro se comparado às duas. Já outra parte do grupo acredita que, uma vez passado o impulso midiático gerado pelos produtos de entretenimento previamente mencionados, a cena recriacionista medieval brasileira passará por um processo de "refinamento" que resultará em um número menor de entusiastas, porém, um aumento no número de recriacionistas mais dedicados e compromissados com a qualidade de seus trabalhos. Ainda há a questão de que a cena se encontra fragmentada devido a desalinhos que não necessariamente correspondem à prática do recriacionismo histórico e, infelizmente, isso interfere em seu crescimento e estabilidade. Enquanto grupo, acreditamos que essas sejam questões fáceis de serem resolvidas e que suas resoluções beneficiariam o cenário do recriacionismo brasileiro como um todo. Com isso, poderíamos atingir patamares maiores do que os atuais.
 
Treino de combate viking
 
 

Links:

 
 
 
 
 
 

domingo, 26 de março de 2017

Membro do NEVE é citado em tese francesa



O professor Johnni Langer, membro do NEVE, teve seu artigo The origins of the imaginary viking citado em uma tese de doutorado na França. A pesquisa foi defendida em novembro de 2016 na Universidade de Lorraine e teve como título: Du mythe au jeu Approche anthropo-communicationnelle du Nord. Des récits médiévaux scandinaves au MMORPG Age of Conan: Hyborian Adventures, por Laurent Di Filippo, na área de Ciências das Informações, Comunicações e Estudos Nórdicos. A tese pode ser acessada clicando aqui.

 

O artigo de Johnni Langer já vem sendo citado por diversos livros e artigos em várias línguas, como inglês, francês, espanhol, alemão e polonês (para acessar esses trabalhos, clique aqui).


quinta-feira, 23 de março de 2017

Membro do NEVE publica estudo sobre conto islandês medieval

 
O historiador José Lucas Cordeiro Fernandes, membro do NEVE, acaba de publicar o capítulo "Entre a Profecia e a Conversão: tradução e análise da representação literária cristã na Þiðranda þáttur og Þórhalls" no livro Entre Fronteiras: múltiplas abordagens em História Cultural, publicado pela Editora da Universidade Estadual do Ceará.
 
O estudo pode ser acessado online clicando aqui.
 
 

terça-feira, 21 de março de 2017

10 romances sobre os vikings

 
 
 10 ROMANCES SOBRE OS VIKINGS
                                      
 Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

Desde que surgiu como gênero literário durante o século XIX, o romance histórico, especialmente o ambientado na idade Média, se tornou uma constante no gosto dos leitores ávidos de reviver o passado. Em especial, ainda neste século, surgiram as narrativas que utilizavam o ambiente, os personagens, a época e o cotidiano nórdico durante a Era Viking, geralmente influenciados pelas sagas islandesas. Mas com a diferença de geralmente retratarem o medievo dentro da visão romântica sobre os vikings, algo que permeia nosso imaginário até hoje. A bibliografia em torno deste tema é muito longa, motivo que selecionamos apenas alguns clássicos e alguns destaques mais recentes, além dos poucos títulos disponíveis em língua portuguesa.
 
 
Capa de edição moderna do romance Eric Brighteyes; ilustração de Lancelot Speed da edição original de 1890.
 
 
 
1. The Saga of Eric Brighteyes

O escritor britânico Henry Rider Haggard, autor dos célebres romances As minas do rei Salomão (1885) e Ela (1886), clássicos do gênero aventura e mistério, também se enveredou pela literatura de temática nórdica. Seu livro The Saga of Eric Brighteyes, publicado em 1890, é o primeiro romance cujo tema é centrado em aventuras da Era Viking. Haggard foi influenciado pelas traduções ao inglês das sagas islandesas, realizadas pelo pré-rafaelita William Morris. No livro, Eric Thorgrimursson (apelidado “olhos brilhantes”), esforça-se para conseguir a união com Gudrid, mas seu pai, o sacerdote Asmund, se opõe ao casamento. Com as intrigas da meia irmã de Grudrid e de uma feiticeira que se apaixona por Eric, o romance é repleto de batalhas e traições, bem ao gosto do público vitoriano.
 
 

 
Capa de edição moderna do romance; cartaz do filme The viking, inspirado no romance
 
 
2. The thrall of Leif the Lucky, a story of Viking days

Em 1902 a escritora Ottilie A. Liljencrantz publicou um dos romances mais influentes nos Estados Unidos, baseado nas sagas do Atlântico Norte e influenciado pelas ideologia da presença nórdica na Nova Inglaterra, incluindo a torre de Newport. Mais tarde, o cinema iria adaptar o livro com o filme The viking (1928), conservando a mescla do referencial cristão, do papel civilizatório do imigrante e da valentia do povo escandinavo, mas destacando essencialmente o “culto” norte-americano em torno da figura de Leik Erikson. 
 

 
Capa da edição original do romance; cartaz do filme The long ships, baseado no romance.
 
3. Röde Orm (Serpente vermelha)

Talvez o mais famoso romance moderno sobre os vikings, traduzido para 23 línguas e adaptado para o cinema em 1964 com o título The long ships. Escrito pelo sueco Frans G. Bengtsson e publicado em 1941, o livro conta a história do viking ruivo chamado de Röde Orm, em suas intrigas pela Escandinávia, Península Ibérica, Rússia e Inglaterra. Röde é sequestrado por um grupo de piratas e vendido para os muçulmanos, onde torna-se mercenário e depois saqueador nas ilhas britânicas. O livro mescla aventura com cenas de humor e drama psicológico.
 
 
 
4. Gerpla: The happy warrior

Em 1952 o islandês Halldór Kiljan Laxness, prêmio Nobel de literatura, puplicou o romance Gerpla, enfocando a Era Viking. O livro de Laxness utiliza as Eddas, diversas sagas islandesas (especialmente Fóstbrœðra saga), para descrever a vida de dois meio irmãos, Thormod e Thorgeir. Ao contrário de Frans G. Bengtsson e dos romances predecessores, Laxness ironiza e satiriza a Era Viking, especialmente o ideal de herói, simpatizando com ideais socialistas. Os vikings do romance são brutos, pequenos, grotesco, cruéis: Santo Olavo, um dos personagens mais importantes da narrativa, é caracterizado como um grande torturador.
 
 
 
5. The Greenlanders

Escrito por Jane Smiley em 1988. Dramatização ficcional dos últimos anos do assentamento nórdico na Groelândia medieval. A narrativa foca na vida de Asgeir Gunnarsson, sua filha Margret e seu neto Gunnar. Ao invés de grandes aventuras e batalhas épicas, Jane Smiley leva o leitor a um mundo de agricultores, sacerdotes e legisladores, de caçadas, festas e longas disputas. Jane Smilley é doutora em estudos nórdicos pela Universidade de Iowa (onde é atualmente professora) e escreveu o prefácio do livro The sagas of ícelanders: a selection (Penguin, 1997).
 
 
 
6. Eiriksdottir: A Tale of Dreams and Luck: A Novel.

Em 1994 a escritora Joan Clark escreveu Eiriksdottir, outro romance baseado nas sagas do Atlântico Norte, centrado na vida da personagem Freydís Eiríksdóttir, criança bastarda de Eiríkr, o vermelho, e meia-irmã a Leifr Eiríksson e uma das mais marcantes personalidades femininas da literatura nórdica medieval.
 
 
 
 
7. O último reino: crônicas saxônicas

O primeiro volume da série crônicas Saxônicas, do escritor britânico Bernard Cornwell (2004). O livro conta a estória de um personagem nórdico na Inglaterra anglo-saxônica e foi adaptado recentemente para a televisão. Para uma resenha mais detalhada deste volume, clique aqui.
 
 
 
 
 
8.  Devoradores de mortos

Livro escrito pelo norte-americano Michael Crichton em 1976 e adaptado ao cinema em 1999 (O 13º. Guerreiro). O escritor funde as narrativas de Beowulf e a crônica do viajante árabe Ibnd fadlan, criando uma narrativa envolvente e cativante sobre o mundo nórdico da Era Viking, mas se aproximando muito mais da fantasia medieval do que do romance histórico.



9. La saga de Yago

Um dos mais conhecidos romances do pesquisador espanhol Manuel Velasco Laguna e publicado em 1999. Na Galícia, o personagem Yago é capturado por invasores vikings e com o tempo torna-se também um membro das expedições marítimas, vivendo diversas aventuras pelo mundo nórdico.

 
 
10. Angus: o primeiro guerreiro

Primeiro livro do escritor brasileiro Orlando Paes (2003), contando a história do clã escocês MacLachlan durante a Era Viking. O livro é repleto de estereótipos, clichês, anacronismos e fantasias que comprometem a qualidade da narrativa.
Para uma resenha mais detalhada deste livro,
clique aqui
 
 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Novo vídeo do NEVE no Youtube

O canal do NEVE  no Youtube está com mais um vídeo, desta vez tratando do tema da Cosmética, plantas e saúde na Era Viking. O vídeo pode ser acessado abaixo:


domingo, 12 de março de 2017

Vikings na National Geographic Brasil: algumas notas

 
 
 
Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)
 
Com o estrondoso sucesso da série Vikings, as bancas de jornais e revistas do Brasil vem sendo tomadas por diversas publicações envolvendo o tema, algumas com razoável conteúdo, mas a maioria realizada por jornalistas escrevendo matérias superficiais para aproveitar o modismo. Mas não pode passar despercebida a recente matéria de capa da edição de março de 2017 da revista National Geographic, um dos mais importantes meios de divulgação científica do mundo.
 
O tema não é novidade nesta revista, que já realizou algumas matérias primorosas em diversos momentos. O descobridor do sítio de Newfoundland, Helge Ingstad, escreveu o famoso artigo Vinland ruins prove vikings found the New World, na edição de novembro de 1964. Em 1970, a edição 137 publicou a matéria The vikings, de Howard Lafay, com as sensacionais pinturas do artista Tom Lovell, enfatizando como o passado e a memória da Era Viking intervia na sociedade escandinava contemporânea. Outro excepcional artigo foi escrito por Robert Jordan, When the Rus invaded Russia: Viking trail East (março de 1985), com uma extensa reconstituição da trajetória dos suecos no mundo eslavo e oriental. Em 2000, na estreia da edição brasileira, foi publicada o artigo Na trilha dos vikings, de Priit Vesilind, concedendo um panorama geral da história da Era Viking, mas com uma atenção especial para as sagas islandesas.
 
A atual matéria da edição 204, A volta dos vikings, foi escrita por Heather Pringle e contém um panorama extremamente atual das pesquisas arqueológicas envolvendo sítios nórdicos pelo mundo. O artigo é muito bem escrito e realiza uma boa síntese de aspectos ainda pouco conhecidos ou então, recentemente descobertos pelos pesquisadores. Alguns mostram-se inovadores, como a primeira evidência arqueológica de uma ação à viking, em sítio da Estônia, no ano de 750 d.C., antecipando não somente em muitas décadas o início da tradicional Era Viking, como também evidenciando o uso abundante de espadas. Outra novidade, ainda pouco conhecida do grande público, são as pesquisas do arqueólogo Neil Price sobre as evidências de mudanças climáticas causadas por vulcanismo ou impacto de corpos celestes antes da Era Viking e que podem ter auxiliado nas motivações da expansão nórdica e na criação do mito do Ragnarok. Outras informações reveladoras provém de sítios da Suécia, Leste europeu e América do Norte.
 
Os infográficos e ilustrações da edição são excelentes, além das costumeiras fotografias de alta qualidade, que garantem aos leitores um ótimo mergulho no universo desse período formidável da história europeia. A publicação é recomendada a todos os interessados na Escandinávia e seu passado.
 
 
                          

sábado, 4 de março de 2017

Chamada para dossiê: Estudos Nórdicos Medievais

 
 
Chamada para dossiê: Estudos Nórdicos Medievais
Roda da fortuna: Revista eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, qualis B2, ISSN: 2014-74030
Prazo para envio: 30 de abril de 2017.
 
Escandinávia. Uma região que envolve uma grande carga histórica e cultural, mas tradicionalmente tratada como marginal ou periférica na Medievalística de forma geral. No entanto, há algumas décadas, o interesse por essa região tem se ampliado de forma impressionante pelo mundo, e os estudos nórdicos têm crescido especialmente nos países de língua neolatina. Uma das últimas publicações do renomado medievalista Jacques Le Goff, por exemplo, foi um prefácio para a edição francesa de Viking Age Iceland [1].

A busca pelas narrativas das sagas islandesas, dos mitos nórdicos e das Eddas, da história das explorações nórdicas, entre outros aspectos, ultrapassa interesses unicamente escandinavistas e germanistas. A Escandinávia da Era Viking vem tornando-se cada vez mais popular devido ao cinema e à televisão, despertando um vívido interesse nas novas gerações de pesquisadores. Para captar essas tendências sociais e acadêmicas, empregamos uma noção abrangente de Escandinávia, incluindo as regiões da Islândia, Finlândia e as Ilhas Féroe [2].

O presente dossiê tem como interesse a expansão e os confrontos, as relações e o intercâmbio histórico e cultural dos povos nórdicos com outras áreas geográficas do mundo, como o Mediterrâneo, o Báltico, o Leste Europeu, o Oriente Médio, as Américas e as Ilhas Britânicas [3]. As propostas podem tratar de temas da Literatura, História, Iconografia, Arqueologia, Mitologia e Religiosidade, Política e Cultura. O período abarcado pode envolver o início das migrações germânicas (século IV d.C.) até o apogeu da Liga Hanseática (séc. XV d.C.). A revista também aceitará contribuições acerca das ressignificações, representações e/ou imaginários que têm a Escandinávia (ou os temas nórdicos) como objeto na escrita da História, na Arte, na mídia e no entretenimento, desde o Medievo até os dias atuais.

As submissões podem adentrar estudos comparativos, História do Imaginário, História Social e Cultural, análises literárias e linguísticas, traduções, análise do discurso, cultura material e visual, hibridismo cultural, História das Ideias e Política, entre outras áreas. Desse modo, este dossiê (2017/1) da Revista Roda da Fortuna tem o propósito de reunir pesquisas que envolvam diferentes perspectivas acerca da Escandinávia Medieval e dos estudos nórdicos.

[1] BYOCK, Jesse. L´Islande des Vikings. Paris: Aubier, 2007.
[2] SAWYER, Birgit; SAWYER, Peter. Medieval Scandinavia. Minneapolis/London: University of Minnesota Press, 2006, p. IX-X.
[3] BRINK, Stefan (org.). The Viking World. London: Routledge, 2012, p. 1-3.



sexta-feira, 3 de março de 2017

Normas para filiação ao NEVE


 
NORMAS PARA FILIAÇÃO AO NEVE

- O interessado deve ser pós-graduando em Ciências Humanas (mestrado ou doutorado), com projeto de pesquisa em temas relacionados aos estudos nórdicos medievais.

- Envio de dados completos (endereço do currículo Lattes, cpf, rg, endereço), projeto de pesquisa ou dissertação/tese finalizada.

- Identificar seu interesse em uma das linhas de pesquisa do NEVE no CNPQ (ver abaixo).

Os novos membros passarão por um período de estágio probatório de seis meses onde será observada a sua produção e participação no grupo. Após esse período, o candidato será incluído no DGP/CNPQ e no blog do NEVE.

Atividades a serem cumpridas no período de estágio probatório:

1. Pelo menos uma publicação anual no boletim Notícias Asgardianas.

2. Ao menos um ensaio, artigo, resenha, nota ou matéria escrita para o blog do NEVE no período de seis meses.

3. Participação efetiva no CEVE (Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos, V edição em outubro de 2017), tanto científica como na organização do evento. Em caso do candidato ser residente fora da cidade sede do evento e na impossibilidade de participação presencial, enviar ao menos um resumo para comunicação oral (a ser apresentada por outro membro do grupo).

4. Atualização constante do Lattes.

5. Intercâmbio, discussão e troca de informações bibliográficas com os outros membros do NEVE.

Após a inclusão do candidato como membro do NEVE no CNPQ e no Blog, ele deverá identificar sua filiação em publicações, eventos e atividades acadêmicas.

Os membros que não colaborarem efetivamente com o grupo num período de dois anos, serão advertidos e em caso de reincidência, desligados do grupo.


 
LINHAS DE PESQUISA DO NEVE

 
História e Arqueologia da Escandinávia Medieval
 
Análise da História e cultura material escandinava do medievo, por meio de resultados de pesquisas arqueológicas de campo e laboratório. Estudo do cotidiano material da sociedade nórdica, e sua interface com outras dimensões sociais. Estudo da Arqueologia Experimental (reconstrucionismo acadêmico), especialmente de reconstituições de alimentação e vestuário da Era Viking. Identificação das regiões ocupadas por povos de origem escandinava durante a Era Viking (793-1066).

Mitos, ritos, magias: as religiosidades na Escandinávia
 
O estudo das tradições religiosas, mitológicas e mágicas na Escandinávia, desde a Pré-história até o final do medievo. As interações, influências e contatos entre as religiosidades escandinavas, bálticas, eslavas, finlandesas, celtas e cristãs. As transformações sociais e culturais com o advento do cristianismo. As permanências e rupturas na religiosidade medieval nórdica. Formação e consolidação da estrutura episcopal e eclesiástica nos reinos escandinavos.

Literatura e sagrado na Escandinávia Medieval
 
O estudo das praticas literárias no momento de sua composição oral até o estabelecimento de suas compilações e preservação por escrito, buscando suas criações, recriações, variações e adaptações que permitam o melhor estudo de cada período. Levando em consideração não apenas o binômio cristianismo/paganismo, mas buscando evidenciar as mudanças e a heterogeneidade dentro de múltiplos momentos políticos, sociais e religiosos. A relação entre sagrado e literatura medieval.

Ressignificações da religiosidade medieval no mundo contemporâneo
 
A linha tem como objetivo o estudo e a reflexão sobre as reapropriações, ressignificações e representações das diversas formas simbólicas, míticas e rituais do medievo nas manifestações religiosas do mundo contemporâneo, seja com religiões do Velho e Novo Mundo, no sincretismo e hibridismo das religiões tradicionais, como em novos movimentos religiosos, além das reapropriações simbólicas do imaginário artístico (reelaborações e reinterpretações das religiosidades medievais com o sagrado no mundo

Arqueoastronomia, Etnoastronomia e Astromitologia na Antiguidade e Medievo
 
A linha de pesquisa pretende realizar uma análise dos mitos e narrativas folclóricas da Antguidade e Medievo envolvendo o cosmos, o céu noturno, fenômenos celestes, cosmologia e cosmogonias. Utilizamos como referencial teórico as recentes discussões sobre Etnoastronomia e Astronomia Cultural desenvolvidas nos Estados Unidos após os anos 1970, em especial a obra de Elisabeth Chesley Baity, John Carlson e Anthony Aveni. Para o referencial metodológico aplicamos referenciais culturalistas.