Existiram mulheres guerreiras na
Era Viking? Essa é a pergunta central do artigo “Warrior woman in Viking Age
Scandinavia?”A preliminary archaeological study. In: Analecta
Archaeologica Ressoviensia, Rzeszow 2013, Vol. 8, pp. 273-309, realizado pelo pesquisador Leszek Gardela.
Ele realiza uma síntese sobre as
investigações arqueológicas envolvendo sepulturas femininas com armamento até o
presente momento. Em primeiro lugar, nunca foram encontradas sepulturas femininas simples
(com somente um corpo) com espadas – o principal símbolo marcial na Era Viking.
Em algumas sepulturas foram encontrados vestígios de machado, em outras de
lança. É possível que estes objetos não tenham sido utilizados em sentido
prático e marcial – machados foram símbolos do culto a Thor e as lanças a Odin (ou associadas
com bastões mágicos de ritos femininos). Não podemos esquecer que sepulturas são demarcadoras de
crenças em vida após a morte – a conexão entre objetos e religiosidade é muito
grande.
O tipo mais comum de objetos
belicosos encontrados nas sepulturas são facas e punhais dos mais variados
tipos e tamanhos – algo totalmente condizente com a maioria das sagas
islandesas (especialmente as sagas de
família). Foram utilizadas tanto para uso doméstico e no cotidiano das
fazendas, quanto para matar pessoas (mesmo por mulheres, seja por vingança ou
proteção). Também foram encontrados vestígios de projéteis de arquearia –
condizente com caça e defesa feminina das comunidades, não necessariamente uso
em guerra.
E Gardela também alerta para a
problemática da interpretação dos vestígios arqueológicos no contexto funerário
– não sendo “espelhos” da vida cotidiana (reflete muito mais as estruturas
sociais, políticas e religiosas da comunidade que enterrou o defunto do que a
vida cotidiana do defunto em si). Assim, ele afirma que os vestígios
arqueológicos ainda não podem auxiliar a definitivamente conceder um quadro
afirmativo para a questão da mulher ter participado ativamente de batalhas e
expedições predatórias.
Ele mesmo afirma que a questão
pode ter um contexto mais definido quando forem realizados exames osteológicos
em corpos nórdicos encontrados mais recentemente – como nas mulheres sármatas (pesquisa
efetuada pela arqueóloga Davis-Kimball na região da Ásia Central), onde foi
comprovada em exames dos ossos que elas estiveram em diretamente em batalhas (como cortes, fraturas e sinais de contusão causados por armamentos bélicos do período).
Mas até o presente momento, a Arqueologia não comprova a questão para a área escandinava, que está em
aberto. Gardela promete novas publicações sobre o tema para 2016.